Governo Electrónico - Universidade do Minho

182 Capítulo 4: Itens com Influência no Processo de Implementação de Interoperabilidade entre SI na AP
consideram ser previsível e expectável a ocorrência de situações de conflito, muito especialmente,
em projectos de elevada complexidade [Rahim 1992].
Também no domínio dos sistemas de informação, os conflitos de interesse têm sido
apontados como um aspecto fulcral, constituindo uma das causas associadas aos baixos níveis de
sucesso que caracterizam as iniciativas de utilização de TI nas organizações [Markus 1983]. São
vários os trabalhos neste domínio que têm centrado a sua atenção na temática dos conflitos de
interesse, tentando perceber a forma como o conflito se manifesta no decorrer de projectos de
introdução, desenvolvimento e exploração de TI nas organizações, nomeadamente a existência ou
não de conflitos nesses projectos, os principais agentes de conflito, os motivos associados à
ocorrência de conflitos, a forma como os conflitos se manifestam e os tipos de conflitos e as
estratégias de resolução adoptadas [Carter 2003; Hinds e Mortensen 2002; Joshi 1989; Kumar e
Dissel 1996; Markus 1983; Robey et al. 1993].
Os esforços de desenvolvimento e implementação de sistemas de informação
interorganizacionais, que emergiram com grande ímpeto na década de 80, e cuja ênfase se
colocava na interligação de sistemas de informação de várias organizações, vieram reafirmar e
realçar ainda mais as manifestações de conflito de interesses no decorrer deste tipo de iniciativas e
o impacto que esse conflito pode ter no seu sucesso [Boonstra e Vries 2005; Kumar e Dissel 1996].
Aparentemente, também propício à ocorrência de conflitos de interesse, parece ser o
contexto das iniciativas de interoperabilidade entre os sistemas de informação na Administração
Pública [De 2005; Flak e Nordheim 2006; Hjort-Madsen 2004; Homburg e Bekkers 2002]. Com
efeito, por se tratar de projectos que extravasam uma unidade organizacional têm associada uma
complexidade muito significativa. Esta complexidade é devida, em parte, ao elevado número de
organismos normalmente envolvidos neste tipo de iniciativas, cada um dos quais apresentando
missões e propósitos distintos, necessidades e vontades particulares e díspares, prioridades
específicas, culturas diferentes e experiências de colaboração diversas [Akbulut 2003; Hjort-Madsen
2004; Homburg e Bekkers 2002; Klischewski e Scholl 2006; Roehrig 2002].
Na opinião de Hjort-Madsen [2004], a diversidade de objectivos e interesses existente entre
os diferentes organismos da Administração é, de certo modo, compreensível, dado o facto dos
organismos públicos operarem sob uma estrutura de objectivos complexa e predeterminada,
definida de forma vertical, em conformidade com uma perspectiva funcional da Administração,
tendo cada um deles responsabilidades e atribuições específicas que legalmente se encontram