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Governo Electrónico - Universidade do Minho

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94 Capítulo 3: Fundamentação e Descrição <strong>do</strong> Estu<strong>do</strong><br />

Wimmer et al. 2001]. Segun<strong>do</strong> Boyne [2002, p. 101], esta multiplicidade de objectivos ―puxa e<br />

empurra os organismos públicos simultaneamente em várias direcções‖, muitas vezes difíceis de<br />

acomodar e conciliar, o que coloca sérias dificuldades e grandes desafios à sua gestão.<br />

De acor<strong>do</strong> com a literatura, a diferença entre organismos públicos e priva<strong>do</strong>s manifesta-se<br />

também no que concerne à estrutura de incentivos e mecanismos de valorização <strong>do</strong>s seus<br />

colabora<strong>do</strong>res [Bozeman e Bretschneider 1986; Rainey et al. 1976]. Como notam Rainey et al.<br />

[1976] e Rainey [1979], nos organismos públicos há grande dificuldade em dar incentivos e<br />

recompensas pelos bons desempenhos consegui<strong>do</strong>s, quer ao nível de programas, quer em termos<br />

pessoais. Da mesma forma, é também difícil e pouco frequente a imputação de responsabilidades e<br />

a consequente aplicação de penalizações pela prestação de desempenhos mais medíocres.<br />

Adicionalmente, Banfield [1975] e Boyne [2002] sugerem que os tipos de incentivos mais<br />

pratica<strong>do</strong>s e mais valoriza<strong>do</strong>s nos <strong>do</strong>is sectores também são diferentes: no caso <strong>do</strong> sector priva<strong>do</strong> o<br />

incentivo geralmente mais utiliza<strong>do</strong> e mais valoriza<strong>do</strong> é o material, principalmente dinheiro; já no<br />

sector público, as questões mais relevadas são a segurança no emprego bem como a possibilidade<br />

de poder participar em projectos e iniciativas de dimensão e complexidade consideráveis e com<br />

acentuada projecção mediática.<br />

Para além das diferenças individuais que existem em termos de percepções detidas acerca<br />

<strong>do</strong>s incentivos, alguns estu<strong>do</strong>s sugerem, ainda, que os colabora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sector público e priva<strong>do</strong><br />

exibem, regra geral, diferentes atitudes e percepções no que concerne ao nível de motivação e de<br />

satisfação com o seu trabalho e ao nível de empenhamento organizacional demonstra<strong>do</strong> [Bozeman<br />

e Bretschneider 1986; Rainey 1979]. Segun<strong>do</strong> Rainey [1979], os menores níveis de satisfação, de<br />

comprometimento organizacional e de motivação geralmente evidencia<strong>do</strong>s pelos gestores públicos,<br />

são devi<strong>do</strong>s, em grande parte, à inflexibilidade <strong>do</strong>s procedimentos de gestão de carreiras e à fraca<br />

ligação que existe entre o desempenho e as recompensas.<br />

Para além das diferenças já referidas, outra particularidade frequentemente apontada aos<br />

organismos da administração pública é a forte exposição pública a que estes estão sujeitos, sen<strong>do</strong><br />

alvo de uma atenção, monitorização e crítica apertadas por parte <strong>do</strong>s meios de comunicação social<br />

e de outros grupos de interesse [Bozeman e Bretschneider 1986; Rainey et al. 1976; Wilson 1989].<br />

Com efeito, as organizações públicas têm mais dificuldade em ―manter os seus segre<strong>do</strong>s‖ <strong>do</strong> que<br />

as organizações privadas, sen<strong>do</strong> o escrutínio de que são alvo muitas vezes imposto pela própria<br />

legislação, que obriga os organismos a disponibilizar e divulgar um conjunto de informação

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