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os róticos intervocálicos na gramática individual de

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Essa distinção marcou tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> <strong>de</strong> maior influência da fonologia até hoje<br />

em dia. Ohala (1991:8) comenta que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, há uma ênfase no aspecto<br />

sistêmico (fonológico) pelo qual a fonologia se livrou parcialmente da preocupação<br />

com a fonética física e <strong>os</strong> seus métod<strong>os</strong> <strong>de</strong> ciência exata. Porém, Ohala julga o<br />

conceito <strong>de</strong> fonética <strong>de</strong> Trubetzkoy um tanto estereotipado, e reclama que este falha<br />

por igualar o objeto imediato e visível ao objeto superp<strong>os</strong>to. “[...] equating the<br />

immediate, visible object of study to the ultimate object of study.” (OHALA, 1991:8).<br />

Para Ohala, o objeto imediato é formado pel<strong>os</strong> sons e sua articulação. O objeto<br />

“último” seriam as causas fundamentais do comportamento d<strong>os</strong> sons das línguas<br />

em um sentido bem amplo 84. É justamente nessa direção que argumentam as<br />

abordagens apresentadas <strong>na</strong>s seções 4.2.1, 4.2.2 e 4.2.3 – a separação da fonologia<br />

e a criação <strong>de</strong> uma representação do sistema abstraído da realida<strong>de</strong> fonética não<br />

po<strong>de</strong>m ser mantidas em uma abordagem funcio<strong>na</strong>l no sentido prop<strong>os</strong>to pel<strong>os</strong><br />

autores acima referid<strong>os</strong>.<br />

Apesar <strong>de</strong>ssa separação tradicio<strong>na</strong>l, a fonologia nunca se afastou por completo da<br />

fonética, seja <strong>na</strong> perspectiva estruturalista ou <strong>na</strong> gerativista. O próprio conceito <strong>de</strong><br />

fonema, tanto <strong>na</strong> linha européia, fortemente ligada a Trubetzkoy, quanto <strong>na</strong> linha<br />

norte-america<strong>na</strong>, ligada a Bloomfield (2001) 85, envolve conceit<strong>os</strong> fonético-<br />

articulatóri<strong>os</strong>. Estes aparecem também <strong>na</strong> noção <strong>de</strong> traç<strong>os</strong> (CLEMENTS, HUME,<br />

1995) presente <strong>na</strong>s abordagens da fonologia gerativa aut<strong>os</strong>segmental como, por<br />

exemplo, <strong>na</strong> teoria aut<strong>os</strong>segmental e métrica 86 e <strong>na</strong> fonologia articulatória 87<br />

(BROWMAN, GOLDSTEIN, 1993). Hayes (2000) propõe uma classificação <strong>de</strong><br />

diferentes mod<strong>os</strong> <strong>de</strong> a<strong>na</strong>lisar a interface entre fonética e fonologia como se<br />

encontram em tratament<strong>os</strong> recentes, <strong>na</strong> maioria fonológic<strong>os</strong>, e mencio<strong>na</strong>, entre<br />

outr<strong>os</strong>, o mo<strong>de</strong>lo da Fonologia Funcio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Boersma (1998). Boersma, por sua vez,<br />

sustenta que a fonologia, quando leva em consi<strong>de</strong>ração a fonética, não po<strong>de</strong> se<br />

limitar a aspect<strong>os</strong> articulatóri<strong>os</strong>, e sim, <strong>de</strong>ve incluir também a área da fonética<br />

perceptual. Eis um d<strong>os</strong> element<strong>os</strong> em que esta perspectiva funcio<strong>na</strong>l está mais<br />

distante d<strong>os</strong> enfoques formais. No Brasil, <strong>os</strong> trabalh<strong>os</strong> <strong>de</strong> Silva (1999; SILVA et alii<br />

84 Lindblom (1999:13), que recusa a distinção entre comportamento digital (fonológico) e<br />

análogo (fonético), afirma que “[...] phonology remains behaviour and continues to be<br />

a<strong>na</strong>log.” Assim po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> enten<strong>de</strong>r o comportamento e as últimas causas como pertencentes<br />

ao âmbito fonético-fonológico.<br />

85 Tradução para o alemão do origi<strong>na</strong>l inglês <strong>de</strong> 1933.<br />

86 Nesta tese representado pelo estudo <strong>de</strong> Mo<strong>na</strong>retto (1997), <strong>de</strong>scrito no capítulo 2.<br />

87 Abordagem aplicada por Silva (1999, 2000), a qual apresentam<strong>os</strong> <strong>na</strong> seção 4.3.<br />

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