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os róticos intervocálicos na gramática individual de

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3. Neste trabalho, concluím<strong>os</strong> ape<strong>na</strong>s que <strong>na</strong>quela geração <strong>de</strong> blume<strong>na</strong>uenses que<br />

apren<strong>de</strong>ram o português como segunda língua após a aquisição do alemão como<br />

língua mater<strong>na</strong>, <strong>de</strong>ve ter existido uma interferência. Porém, não po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> saber, ao<br />

certo, em que grau e por quais formas se <strong>de</strong>u essa interferência, e tampouco<br />

po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> assumir que gerações p<strong>os</strong>teriores que começaram a apren<strong>de</strong>r o português<br />

paralelamente ao alemão (bilingüismo), e muito men<strong>os</strong> ainda as gerações<br />

predomi<strong>na</strong>ntemente luso-falantes, estivessem sujeitas às mesmas interferências.<br />

Em relação a esse terceiro aspecto, é interessante um exemplo discutido por<br />

R<strong>os</strong>enberg (2005), <strong>na</strong> sua comparação <strong>de</strong> ilhas lingüísticas 50, no caso do alemão<br />

volgaico 51 em contato com o russo e do alemão da coiné hunsrückisch, no Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul. Trata-se <strong>de</strong> um exemplo típico que indica que o caso da<br />

interferência não é tão claro quanto p<strong>os</strong>sa parecer. O autor m<strong>os</strong>tra que o alemão<br />

volgaico <strong>de</strong>senvolveu formas <strong>de</strong> <strong>na</strong>salização vocálica, alheias à varieda<strong>de</strong> alemã <strong>de</strong><br />

origem, as quais o alemão hunsrückisch não apresenta, embora este esteja em<br />

contato com o português e aquele em contato com o russo, que não p<strong>os</strong>sui vogais<br />

<strong>na</strong>sais.<br />

Ainda assim, não se po<strong>de</strong> negar <strong>de</strong> antemão a interferência fonético-fonológica do<br />

alemão <strong>na</strong> varieda<strong>de</strong> do PB <strong>de</strong> Blume<strong>na</strong>u; mas se <strong>de</strong>ve atentar, no momento <strong>de</strong><br />

tirar conclusões sobre p<strong>os</strong>síveis interferências <strong>de</strong> um sistema sobre o outro, para a<br />

complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse fenômeno, e a<strong>na</strong>lisá-lo com cautela 52. A p<strong>os</strong>sível interferência<br />

da língua alemã sobre <strong>os</strong> rótic<strong>os</strong> no português <strong>de</strong> Blume<strong>na</strong>u, contudo, fornece uma<br />

pista muito interessante para a análise realizada em n<strong>os</strong>so estudo. Assim,<br />

apresentam<strong>os</strong>, <strong>na</strong> seção 3.3.2, uma <strong>de</strong>scrição do alemão e d<strong>os</strong> dialet<strong>os</strong> alemães<br />

falad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> imigrantes <strong>na</strong> região <strong>de</strong> Blume<strong>na</strong>u, fazendo uma rápida análise<br />

contrastiva do sistema fonético-fonológico <strong>de</strong> ambas as línguas em contato (seção<br />

3.3.3). Antes, porém, <strong>de</strong> n<strong>os</strong> ocuparm<strong>os</strong> da interferência lingüística, introduzim<strong>os</strong>,<br />

<strong>na</strong> seção a seguir, o quadro sócio-histórico do contato entre as duas línguas e <strong>os</strong><br />

seus falantes <strong>na</strong> região <strong>de</strong> Blume<strong>na</strong>u.<br />

50 Com a expressão “ilhas lingüísticas”, R<strong>os</strong>enberg refere-se a peque<strong>na</strong>s comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

falantes, no caso, do alemão, inseridas em context<strong>os</strong> <strong>de</strong> outras línguas majoritárias e sem<br />

contato com o teto do alemão padrão falado <strong>na</strong> Europa.<br />

51 Da região do Rio Volga, <strong>na</strong> Rússia.<br />

52 Os n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> informantes <strong>de</strong> Blume<strong>na</strong>u, <strong>na</strong> sua maioria, adquiriram o alemão antes do<br />

português. Ainda assim, se não conseguirm<strong>os</strong> traçar a influência do alemão sobre o<br />

português <strong>na</strong> comunida<strong>de</strong>, avaliarem<strong>os</strong>, n<strong>os</strong> capítul<strong>os</strong> 6 e 8, uma potencial influencia <strong>na</strong><br />

<strong>gramática</strong> <strong>individual</strong> <strong>de</strong> cada falante bilíngüe.<br />

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