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os róticos intervocálicos na gramática individual de

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Já mencio<strong>na</strong>m<strong>os</strong> a crença, bastante comum, <strong>de</strong> que <strong>os</strong> falantes bilíngües, ou <strong>os</strong><br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> alemães, <strong>de</strong> Blume<strong>na</strong>u não fazem uma distinção nítida entre as<br />

duas formas <strong>de</strong> rótico usadas no português para si<strong>na</strong>lizar a op<strong>os</strong>ição fonológica no<br />

contexto intervocálico, como no exemplo “muro” vs. “murro”, e que não pronunciam<br />

<strong>os</strong> rótic<strong>os</strong>, n<strong>os</strong> <strong>de</strong>mais context<strong>os</strong> do vocábulo, conforme a expectativa do padrão 48.<br />

Mo<strong>na</strong>retto (1997) atribui a variação no “r-forte” <strong>na</strong> fala do Sul à influência das<br />

línguas em contato com o português <strong>na</strong> região que, em muit<strong>os</strong> cas<strong>os</strong> d<strong>os</strong> dialet<strong>os</strong><br />

italian<strong>os</strong> 49 e no caso do alemão em geral, não p<strong>os</strong>suem uma op<strong>os</strong>ição fonológica n<strong>os</strong><br />

rótic<strong>os</strong>. Sendo assim, a varieda<strong>de</strong> do PB <strong>de</strong> Blume<strong>na</strong>u po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rada um<br />

caso extremo <strong>de</strong> uma tendência reportada como geral para a fala do Sul.<br />

Explicar a variação <strong>na</strong> fala <strong>de</strong> Blume<strong>na</strong>u pela interferência <strong>de</strong> uma outra língua<br />

que, como no caso do alemão, apresenta um sistema fonológico fundamentalmente<br />

diferente no caso d<strong>os</strong> rótic<strong>os</strong>, é uma argumentação, em princípio, bastante<br />

esclarecedora. A questão da interferência é um assunto muito discutido, no âmbito<br />

da lingüística aplicada ao ensino e da psicolingüística, há décadas. Por interferência<br />

ou transfer enten<strong>de</strong>-se, em geral, a aplicação <strong>de</strong> características, regras e estruturas<br />

da língua mater<strong>na</strong> à língua estrangeira <strong>na</strong> hora da aprendizagem. Sem entrar em<br />

<strong>de</strong>talhes, g<strong>os</strong>taríam<strong>os</strong> <strong>de</strong> comentar três aspect<strong>os</strong> <strong>de</strong>ssa discussão.<br />

1. Embora tenham sido <strong>de</strong>scartad<strong>os</strong> com veemência <strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> mo<strong>de</strong>l<strong>os</strong> que<br />

visavam explicar err<strong>os</strong> <strong>na</strong> língua alvo pela influência da língua mater<strong>na</strong>, como,<br />

p.ex., a hipótese <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (KRASHEN, 1982) e a hipótese contrastiva (BAUSCH,<br />

KASPER, 1979), a interferência continua um tópico central <strong>na</strong> lingüística aplicada<br />

ao ensino <strong>de</strong> línguas estrangeiras.<br />

2. Para a maioria d<strong>os</strong> domíni<strong>os</strong> lingüístic<strong>os</strong> (PUPP SPINASSÉ, 2005:216) constata-<br />

se, atualmente, que err<strong>os</strong> <strong>de</strong> produção <strong>na</strong> língua alvo são muito men<strong>os</strong> motivad<strong>os</strong><br />

por formas <strong>de</strong> transfer do que <strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> mo<strong>de</strong>l<strong>os</strong> sugeriam. Não obstante, é<br />

justamente no âmbito fonético-fonológico que o transfer da língua mater<strong>na</strong> é<br />

bastante significante.<br />

48 Referimo-n<strong>os</strong>, neste momento, ao padrão conforme exp<strong>os</strong>to por Mo<strong>na</strong>retto (1997),<br />

compare seção 2.3.2.<br />

49 Os dialet<strong>os</strong> italian<strong>os</strong> investigad<strong>os</strong> por Margotti (2004) são, sobretudo, a coiné vêneta e o<br />

lombardo, entre outr<strong>os</strong>.<br />

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