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os róticos intervocálicos na gramática individual de

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Além da preocupação com a realida<strong>de</strong> fonética que dificilmente po<strong>de</strong> ser admitida<br />

como uma gemi<strong>na</strong>ção propriamente dita 22, há um outro argumento interessante em<br />

favor da interpretação <strong>de</strong> dois fonemas <strong>de</strong> rótico no português. Mateus (1982 e<br />

1984) chama a atenção para um aspecto raramente consi<strong>de</strong>rado <strong>na</strong>s análises do<br />

fenômeno: a autora afirma que <strong>os</strong> falantes leig<strong>os</strong> enten<strong>de</strong>m <strong>os</strong> rótic<strong>os</strong> como duas<br />

formas distintas (MATEUS, 1982:85). Um olhar muito mais funcio<strong>na</strong>l do que<br />

sistêmico.<br />

No entanto, Mateus é mais um caso <strong>de</strong> revisão da sua própria p<strong>os</strong>ição perante a<br />

questão d<strong>os</strong> rótic<strong>os</strong>. Em Mateus e Andra<strong>de</strong> (2000), <strong>os</strong> autores passam a argumentar<br />

a favor <strong>de</strong> um só fonema subespecificado, a saber, o tepe [ɾ] <strong>na</strong> estrutura<br />

subjacente, baseando-se, principalmente, <strong>na</strong> teoria da Geometria d<strong>os</strong> Traç<strong>os</strong><br />

(feature geometry) <strong>de</strong> Clementes e Hume (1995), e <strong>na</strong> teoria da subespecificação<br />

radical (radical un<strong>de</strong>rspecification theory) <strong>de</strong> Kiparsky (1982) e Archangeli (1988).<br />

Essa p<strong>os</strong>ição é assumida também por Bonet e Mascaró (1997), que discutem<br />

exempl<strong>os</strong>, principalmente do catalão, do castelhano e do PE. Esses autores<br />

igualmente interpretam o rótico como elemento subespecificado, no entanto, tomam<br />

a variante vibrante ou fricativa como elemento principal. “Our claim is that the<br />

exceptio<strong>na</strong>l case is precisely the intervocalic flap” (BONET, MASCARÓ, 1997:107). A<br />

manifestação do tepe <strong>na</strong> superfície é explicada como resultado <strong>de</strong> uma especificação<br />

adicio<strong>na</strong>l do traço [+f] 23. É interessante, nessa obra, a recusa à interpretação das<br />

formas vibrantes e fricativas como gemi<strong>na</strong>das. “[...] for us the intervocalic trill is not a<br />

gemi<strong>na</strong>te; it is a single segment.” (BONET, MASCARÓ, 1997:122).<br />

22 Se compararm<strong>os</strong> a fonética do “r-forte” do PB com uma língua que mantém gemi<strong>na</strong>das<br />

lexicais, p. ex., o italiano, vem<strong>os</strong> que, neste caso, a gemi<strong>na</strong>da se manifesta por uma<br />

consoante longa, produzida por uma fase mais prolongada <strong>de</strong> obstrução antes da expl<strong>os</strong>ão<br />

(no caso das pl<strong>os</strong>ivas e africadas) ou por uma prolongação da fase <strong>de</strong> ruído (no caso das<br />

<strong>de</strong>mais consoantes). A gemi<strong>na</strong>da italia<strong>na</strong> muitas vezes é pronunciada com maior<br />

intensida<strong>de</strong> do que a consoante simples (LICHEM, 1969:105). Sendo assim, tem<strong>os</strong> dois<br />

aspect<strong>os</strong> suprassegmentais, a duração e a intensida<strong>de</strong>, a<strong>os</strong> quais é atribuída a distinção<br />

fonológica. No caso do contraste entre o tepe alveolar [ɾ] e a fricativa velar [x] no PB não<br />

encontram<strong>os</strong> essas características.<br />

23 [f] <strong>de</strong> flap.<br />

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