10.01.2013 Views

os róticos intervocálicos na gramática individual de

os róticos intervocálicos na gramática individual de

os róticos intervocálicos na gramática individual de

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

2.3.1 A questão do número <strong>de</strong> fonemas <strong>de</strong> rótico no PB<br />

O primeiro a a<strong>na</strong>lisar o sistema <strong>de</strong> fonemas do PB sob uma abordagem<br />

estruturalista, tal como prop<strong>os</strong>ta por Trubetzkoy (1989), foi Matt<strong>os</strong>o Câmara Jr. em<br />

sua publicação <strong>de</strong> 1953 “Para o Estudo da Fonêmica Portuguesa”. Sobre o<br />

problema da “líquida vibrante”, como ele a <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>, consta o seguinte:<br />

“A primeira solução fonêmica, que para logo ocorre, é distinguir dois fonemas<br />

vibrantes em português, que ape<strong>na</strong>s contrastem em p<strong>os</strong>ição intervocálica, e em<br />

p<strong>os</strong>ição inicial se reduzem a um arquifonema representado pelo tipo “forte”. [...] Um<br />

exame fonêmico mais <strong>de</strong>tido, porém, dá-n<strong>os</strong> outra orientação [...].” (CÂMARA JR.<br />

1953:105-106).<br />

Em seguida, Câmara Jr. <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a p<strong>os</strong>ição <strong>de</strong> que haja somente um fonema <strong>de</strong><br />

rótico, o qual, para o autor, é o chamado “r-forte”, e <strong>de</strong> que o “r-fraco” é um alofone<br />

<strong>de</strong> p<strong>os</strong>ição intervocálica (CÂMARA JR., 1953:110). Com uma argumentação <strong>de</strong> base<br />

diacrônica, comparando o PB atual com o sistema consonântico do latim, Câmara<br />

Jr. interpreta o “r-fraco” como uma forma enfraquecida do r-simples do latim. O “r-<br />

forte” é interpretado como a forma que mantém a gemi<strong>na</strong>ção lati<strong>na</strong> <strong>de</strong> r-duplo,<br />

embora o autor admita que a op<strong>os</strong>ição d<strong>os</strong> rótic<strong>os</strong>, no PB atual, se manifeste<br />

foneticamente <strong>de</strong> forma diferente do latim, e não por gemi<strong>na</strong>ção propriamente dita.<br />

O argumento diacrônico é <strong>de</strong>fendido também por Wetzels (1997), que aponta para a<br />

existência <strong>de</strong> outras consoantes no PB <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> gemi<strong>na</strong>das lati<strong>na</strong>s como /nh/ e<br />

/lh/.<br />

Porém, em publicações p<strong>os</strong>teriores (1970 e 1977), o próprio Câmara Jr. revisa a sua<br />

p<strong>os</strong>ição e passa a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r dois fonemas <strong>de</strong> rótic<strong>os</strong> no PB. O mais interessante a<br />

respeito <strong>de</strong>ssa mudança <strong>de</strong> opinião é a aparente priorida<strong>de</strong> que o argumento<br />

sincrônico ganha em comparação com o diacrônico, origi<strong>na</strong>lmente utilizado pelo<br />

autor em sua publicação <strong>de</strong> 1953. Câmara Jr. sustenta, em seu último trabalho<br />

(1977), que a realida<strong>de</strong> fonética apresenta, <strong>de</strong> fato, a realização <strong>de</strong> dois fonemas<br />

diferentes. Já em 1970, em uma análise sistêmica, Câmara Jr. afirma que<br />

“[...] aumentar o número <strong>de</strong> consoantes portuguêsas, [...] é justificado porque é<br />

compensado, porque por outro lado resulta em [...] diminuir <strong>os</strong> tip<strong>os</strong> portuguêses <strong>de</strong><br />

sílaba que cabe <strong>de</strong>screver” (CÂMARA JR., 1970:36).<br />

41

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!