os róticos intervocálicos na gramática individual de
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parecido com o que vim<strong>os</strong> no experimento <strong>de</strong> De Boer (1997). Enquanto à<br />
p<strong>os</strong>teriorização tem<strong>os</strong> 3 cas<strong>os</strong> <strong>de</strong> variantes que <strong>de</strong>vem<strong>os</strong> avaliar. O caso da fricativa<br />
glotal, n<strong>os</strong> falantes <strong>de</strong> Blume<strong>na</strong>u, po<strong>de</strong> ser interpretado como uma tendência <strong>de</strong> se<br />
afastar da variante uvular, já que esta se conforma men<strong>os</strong> com a noção das<br />
variantes padrão no PB, conforme expom<strong>os</strong> no capítulo 2. O segundo caso, o da<br />
vibrante espirantizada, também permite sua interpretação como uma<br />
p<strong>os</strong>teriorização. Por último, tem<strong>os</strong> um caso <strong>de</strong> uma variante, não <strong>de</strong>scrita ainda,<br />
pelo que saibam<strong>os</strong>, <strong>na</strong> literatura afim, que não se encaixa <strong>na</strong> tendência à<br />
p<strong>os</strong>teriorização sem porém. Trata-se do tepe alveolar espirantizado. Pelas suas<br />
características <strong>de</strong>scritas no capítulo 6, ele aparenta ser uma articulação<br />
p<strong>os</strong>teriorizada do tepe alveolar propriamente dito, realizado com um aumento <strong>de</strong><br />
força no gesto articulatório. Entretanto, do ponto <strong>de</strong> vista do uso <strong>de</strong>ssas duas<br />
variantes, salienta-se a aplicação predomi<strong>na</strong>nte do tepe espirantizado para a<br />
realização do r-duplo. Nesse aspecto, essa variante assemelha-se mais à vibrante<br />
alveolar, que é categoricamente aplicada para o r-duplo, em todo o n<strong>os</strong>so corpus, do<br />
que com o tepe alveolar, cuja aplicação para o r-simples predomi<strong>na</strong> fortemente<br />
entre <strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> falantes. Portanto, o tepe espirantizado p<strong>os</strong>sui características<br />
ambíguas concernentes a<strong>os</strong> seus aspect<strong>os</strong> fonétic<strong>os</strong> e fonológic<strong>os</strong> e, conforme<br />
acabam<strong>os</strong> <strong>de</strong> argumentar, po<strong>de</strong>r-se-ia ser i<strong>de</strong>ntificado também <strong>de</strong> uma articulação<br />
mais anterior da vibrante alveolar.<br />
É interessante observar que há variantes <strong>na</strong>s quais se nota uma aproximação entre<br />
as realizações do r-simples e do r-duplo, porém, em n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> dad<strong>os</strong>, não se<br />
encontram variantes muito próximas <strong>de</strong> outr<strong>os</strong> sons, não-rótic<strong>os</strong>. Se compararm<strong>os</strong>,<br />
por exemplo, a gama das variantes <strong>de</strong>scritas neste trabalho com o comportamento<br />
d<strong>os</strong> rótic<strong>os</strong> no alemão, a língua em contato com o PB em Blume<strong>na</strong>u, vem<strong>os</strong> que,<br />
nesse caso, o espaço articulatório do alemão “livre” para h<strong>os</strong>pedar variantes <strong>de</strong><br />
rótic<strong>os</strong> está mais limitado do que no PB. Conforme <strong>de</strong>talham<strong>os</strong> no capítulo 3, no<br />
alemão, as formas [x] e [h] são atribuídas a outras classes <strong>de</strong> sons. No PB, o<br />
espraiamento das variantes, resultando nessa gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> que a literatura<br />
afim reflete, provavelmente é p<strong>os</strong>sibilitado pelo número inferior <strong>de</strong> fronteiras com<br />
outras classes <strong>de</strong> som, no caso, a fricativa velar e glotal.<br />
A tendência <strong>de</strong> ocupar, não somente diferentes zo<strong>na</strong>s <strong>de</strong> articulação, mas também<br />
<strong>os</strong> espaç<strong>os</strong> entre variantes, g<strong>os</strong>taríam<strong>os</strong> <strong>de</strong> avaliá-la n<strong>os</strong> term<strong>os</strong> <strong>de</strong> Boersma (1998)<br />
e d<strong>os</strong> princípi<strong>os</strong> funcio<strong>na</strong>is. Pela parte da percepção, o princípio atuante influencia<br />
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