os róticos intervocálicos na gramática individual de
os róticos intervocálicos na gramática individual de
os róticos intervocálicos na gramática individual de
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
1 Introdução<br />
O objeto <strong>de</strong>ste estudo são <strong>os</strong> rótic<strong>os</strong> 1 intervocálic<strong>os</strong> do português brasileiro<br />
(doravante PB). A<strong>na</strong>lisam<strong>os</strong> as variantes fonéticas utilizadas para o r-simples e o r-<br />
duplo em itens lexicais como “carinho”, “carrinho”, “muro”, “murro”, “pêra”, “gorro”,<br />
etc. <strong>na</strong> fala <strong>de</strong> indivídu<strong>os</strong> oriund<strong>os</strong> das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Blume<strong>na</strong>u (SC) e Lages (SC).<br />
Os rótic<strong>os</strong>, tanto no PB como também em gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> línguas, formam um<br />
conjunto <strong>de</strong> sons bem divers<strong>os</strong>. No PB, há realizações fonéticas, entre outras que<br />
verem<strong>os</strong> no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste trabalho, <strong>de</strong> tepe, vibrante e fricativa, esten<strong>de</strong>ndo-se por<br />
várias zo<strong>na</strong>s <strong>de</strong> articulação diferentes como <strong>os</strong> alvéol<strong>os</strong>, o véu palatino, a úvula e a<br />
epiglote. N<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> do PB predomi<strong>na</strong>m duas preocupações principais<br />
concernentes ao fenômeno d<strong>os</strong> rótic<strong>os</strong>. A primeira diz respeito à sua classificação<br />
fonológica, e a segunda está voltada para o mapeamento sociolingüístico ou dialetal<br />
das suas variantes fonéticas.<br />
Na discussão fonológica, é comum a referência a duas categorias <strong>de</strong> rótico,<br />
contrastando a realização do tepe ápico-alveolar, <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>do <strong>de</strong> “r-fraco”, com as<br />
<strong>de</strong>mais variantes <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>das <strong>de</strong> “r-forte”. Julgam<strong>os</strong> esta classificação um tanto<br />
problemática por apresentar uma relação parcialmente opaca com o status<br />
fonológico d<strong>os</strong> rótic<strong>os</strong> sobre o qual existe controvérsia entre <strong>os</strong> estudi<strong>os</strong><strong>os</strong> da área.<br />
Nas análises fonológic<strong>os</strong> d<strong>os</strong> rótic<strong>os</strong> há basicamente duas p<strong>os</strong>ições. Câmara Jr.<br />
(1953), Mo<strong>na</strong>retto (1997) e Bonet e Mascaró (1997), entre outr<strong>os</strong>, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a<br />
interpretação d<strong>os</strong> rótic<strong>os</strong> como pertencentes a um só fonema subjacente, enquanto<br />
Câmara Jr. (1970) e Mateus (1984), esta última para o português europeu<br />
(doravante PE), tomam a p<strong>os</strong>ição op<strong>os</strong>ta concebendo dois fonemas <strong>de</strong> erre distint<strong>os</strong><br />
no português. Entre <strong>os</strong> <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong> um só fonema há discordância quanto à<br />
forma representada <strong>na</strong> subjacência. Esta é vista ou como o “r-forte” (por CÂMARA<br />
Jr., 1953), ou como o “r-fraco” (entre outr<strong>os</strong>, por MONARETTO, 1997), ou como<br />
segmento subespecificado (BONET, MASCARÓ, 1997).<br />
1 Neste estudo dam<strong>os</strong> a preferência ao termo “rótic<strong>os</strong>” porque abrange indiscrimi<strong>na</strong>damente<br />
todas as p<strong>os</strong>síveis realizações fonéticas d<strong>os</strong> erres, sem limitar-se ex ante a uma das suas<br />
classes, como acontece com o termo “vibrante”, e sem englobar <strong>os</strong> sons laterais d<strong>os</strong> eles,<br />
como acontece com o termo “líquida”.<br />
22