os róticos intervocálicos na gramática individual de
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Essa visão se distancia muito da idéia gerativa da representação fônica pel<strong>os</strong><br />
traç<strong>os</strong>. Lembram<strong>os</strong> que, no capítulo 2, discutim<strong>os</strong> uma análise d<strong>os</strong> rótic<strong>os</strong> no PB<br />
por Mo<strong>na</strong>retto (1997). Essa autora não atribui a força distintiva entre o r-simples e<br />
o r-duplo ao nível <strong>de</strong> traç<strong>os</strong>, mas sim, em dimensão ainda inferior, às linhas <strong>de</strong><br />
associação do traço (uma vs. duas) à camada temporal. Adotando a prop<strong>os</strong>ta da<br />
teoria <strong>de</strong> exemplares, chegam<strong>os</strong> a uma interpretação muito mais holística. Antes <strong>de</strong><br />
exami<strong>na</strong>r essa prop<strong>os</strong>ta em relação à n<strong>os</strong>sa própria abordagem, g<strong>os</strong>taríam<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />
expô-la <strong>de</strong> forma mais <strong>de</strong>talhada. Em Bybee (2001:6-8) encontram<strong>os</strong> <strong>os</strong> princípi<strong>os</strong><br />
básic<strong>os</strong> do Usage-Based Mo<strong>de</strong>l, termo adaptado por Cristófaro-Silva (2002:212)<br />
como Fonologia <strong>de</strong> Uso.<br />
1. A experiência afeta as representações.<br />
2. As representações mentais <strong>de</strong> objet<strong>os</strong> lingüístic<strong>os</strong> têm as mesmas proprieda<strong>de</strong>s<br />
das representações mentais <strong>de</strong> outr<strong>os</strong> objet<strong>os</strong>.<br />
3. A categorização é baseada em i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e similarida<strong>de</strong>.<br />
4. Generalizações em relação a formas não são separadas das representações<br />
gravadas, e sim emergem a partir das formas.<br />
5. A organização lexical oferece generalizações e segmentações em vári<strong>os</strong> níveis <strong>de</strong><br />
abstração e generalização.<br />
6. O conhecimento gramatical é um conhecimento procedural. 98<br />
Para a n<strong>os</strong>sa análise, a adoção da teoria d<strong>os</strong> exemplares, traz duas questões<br />
importantes <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar aqui. A primeira é o papel que, <strong>na</strong> visão <strong>de</strong> Bybee<br />
(2001 e 2005), a freqüência exerce sobre a formação da <strong>gramática</strong> (<strong>individual</strong>) e, a<br />
segunda, em que forma n<strong>os</strong> <strong>de</strong>vem<strong>os</strong> imagi<strong>na</strong>r o mapeamento <strong>de</strong> itens freqüentes<br />
em relação a<strong>os</strong> seus aspect<strong>os</strong> fonético-fonológic<strong>os</strong>.<br />
No que concerne à primeira questão, há, no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Bybee (2005), duas<br />
características d<strong>os</strong> itens mais freqüentes, que po<strong>de</strong>m ter um impacto sobre a<br />
emergência <strong>de</strong> novas formas <strong>na</strong> <strong>gramática</strong>. Bybee (2005:22) mencio<strong>na</strong>, por um lado,<br />
o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> inovações que se espraiam a partir das formas e construções mais<br />
freqüentes. “Certain higher frequency exemplars of constructions domi<strong>na</strong>te<br />
formation of categories of items within constructions.“ Por outro lado, justamente<br />
as construções (ou, em n<strong>os</strong>so caso, <strong>os</strong> itens) mais freqüentes po<strong>de</strong>m manifestar<br />
98 Acrescida <strong>de</strong> algumas peque<strong>na</strong>s alterações, essa listagem se orienta, basicamente, pela<br />
adaptação para o português <strong>de</strong> Cristófaro-Silva (2002:212).<br />
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