01.01.2013 Views

De Bach a Kurtág nas fronteiras da clareza - Centro Cultural de Belém

De Bach a Kurtág nas fronteiras da clareza - Centro Cultural de Belém

De Bach a Kurtág nas fronteiras da clareza - Centro Cultural de Belém

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1<br />

<strong>De</strong> <strong>Bach</strong> a <strong>Kurtág</strong><br />

<strong>nas</strong> <strong>fronteiras</strong> <strong>da</strong> <strong>clareza</strong><br />

direcção artística MassiMo Mazzeo<br />

17 > 20 Junho’10


3<br />

Johann seBastian <strong>Bach</strong> 1685\1750<br />

GuillauMe Dufay 1397\1474<br />

Josquin <strong>De</strong>sprez 1450/55-1521<br />

arcanGelo corelli 1653\1713<br />

toMMaso alBinoni 1671\1751<br />

<strong>De</strong> <strong>Bach</strong> a <strong>Kurtág</strong><br />

<strong>nas</strong> <strong>fronteiras</strong> <strong>da</strong> <strong>clareza</strong><br />

coNcerto i<br />

capella pratensis<br />

Miguel Borges coelho \ Marta zabaleta<br />

antonio ViValDi 1678\1741<br />

peDro antónio aVonDano 1714\1782<br />

coNcerto ii<br />

documentário the Matchstick Man<br />

Divino sospiro<br />

c o N c e rt o i i i<br />

imaginarium ensemble<br />

orquestra <strong>de</strong> câmara portuguesa<br />

coNcerto iV<br />

Divino sospiro<br />

orchestrutopica<br />

francisco antónio <strong>De</strong> alMeiDa 1702\1755<br />

franz Joseph hayDn 1732\1809<br />

luDwiG Van BeethoVen 1770\1827<br />

GyörGy liGeti 1923\2006<br />

direcção artística MassiMo Mazzeo<br />

<strong>Centro</strong> <strong>Cultural</strong> <strong>de</strong> <strong>Belém</strong><br />

17 Jun \ 21h30 pág 4 > 13<br />

18 Jun \ 21h pág 14 > 21<br />

19 Jun \ 18h30 \ 21h pág 22 > 26<br />

20 Jun \ 18h30 \ 21h pág 26 > 33<br />

GyörGy KurtáG 1926\


i Parte<br />

programa<br />

GuillauMe Dufay 1397?\1474<br />

Veni creator<br />

Flos florum<br />

Salve flos Tuscae<br />

Christe Re<strong>de</strong>mptor<br />

Nuper rosarum<br />

Josquin <strong>De</strong>sprez 1450/55-1521<br />

Salve regina (à 5)<br />

Illibata <strong>De</strong>i Virgo<br />

Nymphes <strong>de</strong>s bois<br />

O Virgo pru<strong>de</strong>ntissima<br />

17 Jun coNcerto i<br />

i Parte<br />

recePção do ceNtro <strong>de</strong> reuNiões \ 21h30<br />

duração 60’<br />

capella pratensis<br />

Virtute e Canoscenza<br />

iNterValo 15’<br />

ii Parte<br />

PequeNo auditório — sala eduardo Prado coelho<br />

duração 45’<br />

Miguel Borges coelho<br />

Marta zabaleta<br />

PiaNo<br />

Játékok / Jogo<br />

capella pratensis<br />

(música a cappella / 8 cantores)<br />

Stratton Bull<br />

Cantus e direcção artística<br />

Julien Freymuth Cantus<br />

Christopher Kale Altus<br />

Lior Leibovici Altus<br />

Olivier Berten tenor<br />

James Ross Buddie tenor<br />

pieter Stas Bassus<br />

Lionel Meunier Bassus Maximus<br />

4 5<br />

Virtu<strong>de</strong> e Conhecimento<br />

ao longo do século XV, na zona <strong>da</strong> europa que se esten<strong>de</strong> entre dijon e antuérpia,<br />

sob o domínio do ducado <strong>de</strong> Borgonha, surgiram os maiores talentos<br />

que a arte musical alguma vez registou.<br />

No ducado <strong>de</strong> Borgonha, pequeno mas extraordinariamente rico e politicamente<br />

estratégico, dotado <strong>de</strong> uma corte culta, requinta<strong>da</strong> e sensível às temáticas<br />

religiosas, <strong>nas</strong>ceram gerações <strong>de</strong> compositores <strong>de</strong> talento notabilíssimo,<br />

educados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> crianças no seio <strong>da</strong>quelas instituições com características únicas<br />

que foram as Scholae <strong>da</strong>s catedrais. o seu ensino abrangia não só a arte<br />

musical, mas também as outras artes liberais, quer as do Trivium (retórica,<br />

Gramática e dialéctica) quer as do Quadrivium (Música, Matemática, astronomia<br />

e Geometria).<br />

a música flamenga, tal como é hoje <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>, <strong>nas</strong>ceu <strong>da</strong>quela relação profun<strong>da</strong><br />

entre as artes: combinando a Música com a Matemática e submetendo<br />

o resultado <strong>de</strong>sta união às leis <strong>da</strong> retórica.<br />

o sucessivo encontro com o colorismo italiano e a sua exigência expressiva,<br />

propensa a <strong>da</strong>r forma musical aos afectos – o que hoje <strong>de</strong>signamos por sentimentos<br />

– do homem <strong>de</strong>u lugar a uma <strong>da</strong>s épocas artísticas mais significativas<br />

<strong>da</strong> experiência humana.<br />

Guillaume dufay e Josquin <strong>de</strong>sprez foram os maiores e os mais influentes<br />

mestres <strong>de</strong>sta ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira escola e, particularmente <strong>de</strong>terminante para a sua<br />

experiência foi a relação com a itália. os contactos <strong>de</strong> dufay com aquele país<br />

remontam aos anos logo a seguir ao concílio, que teve lugar em constanza,<br />

entre 1415 e 1418. a partir <strong>de</strong> 1419, o compositor, com pouco mais <strong>de</strong> vinte<br />

anos, entra ao serviço <strong>da</strong> corte dos Malatesta <strong>de</strong> rimini, e durante vários anos<br />

<strong>de</strong>senvolve as suas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em itália, entre rimini, Ferrara, roma e Florença,<br />

além <strong>da</strong> estreita relação que mantinha com a corte dos sabóia, entre<br />

chambéry, turim e várias locali<strong>da</strong><strong>de</strong>s do Piemonte. a presença difundi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />

composições <strong>de</strong> dufay nos códigos <strong>de</strong> trento, além dos <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>na, <strong>de</strong> Bolonha<br />

e <strong>de</strong> outras ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s italia<strong>nas</strong>, é um claro testemunho do peso <strong>de</strong>terminante,<br />

que a sua obra teve no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> música italiana, e não só.<br />

a música <strong>de</strong> dufay é uma arte claramente racional e estrutural que representa<br />

o alto nível cultural do seu autor e <strong>da</strong>s elites em que ele se movimenta.<br />

É uma obra paradigmática e representativa <strong>da</strong> época, também do ponto <strong>de</strong><br />

vista político e cronistico, como se verifica <strong>nas</strong> composições Ecclesiae militantis,<br />

Balsamus et mun<strong>da</strong> cera, Vasilissa ergo gau<strong>de</strong>, Lamenti sulla caduta di Costantinopoli,<br />

infelizmente quase to<strong>da</strong>s perdi<strong>da</strong>s, ou nos dois famosos motetes<br />

isorrítmicos hoje aqui apresentados, Salve flos Tuscae gentis e Nuper Rosarum<br />

flores, compostos em Florença entre 1435 e 1436, no período em que dufay


esidiu na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> toscana, integrado no séquito do papa eugénio ii. em Salve<br />

flos é evi<strong>de</strong>nte a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do mestre em suster linhas melódicas maravilhosas<br />

através <strong>de</strong> harmonias límpi<strong>da</strong>s, mas <strong>de</strong> fascínio obscuro, enquanto em Nuper<br />

Rosarum flores é sobretudo a sabedoria construtiva que sobressai.<br />

Neste moteto, a visão cifra<strong>da</strong> do universo criado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma relação entre<br />

o homem e os Planetas, <strong>de</strong> matriz pitagórica, concretiza-se através <strong>da</strong>s correspondências<br />

numéricas entre as várias partes em que se subdivi<strong>de</strong> o moteto<br />

e as medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> catedral <strong>de</strong> santa Maria <strong>de</strong>l Fiore, inspira<strong>da</strong>s por sua vez <strong>nas</strong><br />

do primeiro templo <strong>de</strong> Jerusalém, que ia ser consagra<strong>da</strong> ao som do motete <strong>de</strong><br />

dufay no dia 25 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1436.<br />

enquanto dufay foi o expoente máximo <strong>de</strong> uma forma racional e científica<br />

<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a música, Josquin <strong>de</strong>sprez <strong>de</strong>dicou praticamente todo o seu percurso<br />

artístico ao objectivo <strong>de</strong> restituir e <strong>de</strong>senvolver o potencial expressivo<br />

<strong>da</strong> palavra e dos seus significados através do po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> música, <strong>de</strong> tal forma<br />

que a sua relação, assim entendi<strong>da</strong>, foi capaz <strong>de</strong> representar por intermédio<br />

<strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> arte renova<strong>da</strong> os aspectos mais secretos e íntimos do espírito<br />

humano.<br />

a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> italiana <strong>de</strong> Josquin tem <strong>de</strong> ser remeti<strong>da</strong> aos anos imediatamente<br />

anteriores a 1484, quando o músico começou a trabalhar para o car<strong>de</strong>al<br />

milanês ascanio sforza: foi ao serviço do car<strong>de</strong>al que em 1489 Josquin chegou<br />

a roma, on<strong>de</strong> foi acolhido na capela do então pontífice inocêncio Viii e on<strong>de</strong><br />

viveu a fase talvez, a mais feliz <strong>da</strong> sua criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Foi, por fim, em Ferrara, entre<br />

1503 e 1504, que Josquin escreveu as suas últimas obras-primas italia<strong>nas</strong>,<br />

marcando <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>finitiva os sucessivos <strong>de</strong>senvolvimentos <strong>da</strong> música europeia.<br />

composto a partir <strong>de</strong> um texto <strong>de</strong> agnolo Poliziano, O virgo pru<strong>de</strong>ntissima a 6<br />

vozes é um exemplo <strong>de</strong> classicismo humanista na música, dotado <strong>de</strong> um rigor<br />

estrutural e <strong>de</strong> uma elegância formal tais, que representa um caso particular<br />

na produção josquiniana, semelhante ao estilo <strong>de</strong> isaac ou <strong>da</strong>s mais representativas<br />

arquitecturas re<strong>nas</strong>centistas. os outros três motetos apresentados são<br />

emblemáticos <strong>de</strong>sta capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são total aos significados mais íntimos<br />

dos textos que a música exalta, <strong>de</strong>stacando quer o aspecto humano quer<br />

o teológico. É no sublime pudor <strong>da</strong> pungente invocação Salve regina que,<br />

através <strong>de</strong> sábias simbologias numéricas, se escon<strong>de</strong> a profun<strong>da</strong> fé mariana<br />

do autor.<br />

Illibata <strong>De</strong>i virgo nutrix, brilhantemente <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como o auto-retrato em<br />

música <strong>de</strong> Josquin, é uma oração ao <strong>de</strong>stino dos músicos que escon<strong>de</strong>, no início<br />

dos versos <strong>da</strong> primeira parte, o acróstico do nome e do apelido do autor.<br />

também estruturado sobre intensas simbologias numéricas, Illibata mostra,<br />

sobretudo <strong>nas</strong> hipnóticas reiterações finais, a Graça que inva<strong>de</strong> a obra do<br />

génio <strong>de</strong> condé. Nymphes <strong>de</strong> bois, a lamentação pela morte <strong>de</strong> Johannes<br />

6 7<br />

ockeghem, composta em 1497 a partir <strong>de</strong> um texto <strong>de</strong> Jean Molinet, é talvez a<br />

peça mais famosa <strong>de</strong> Josquin nos dias <strong>de</strong> hoje. trata-se <strong>de</strong> uma chanson francesa<br />

sustenta<strong>da</strong> por um tenor Requiem aeternam, dona eis Domine, em que o compositor<br />

canta o incomensurável luto que atingiu a música com a morte <strong>de</strong> ockeghem.<br />

Consi<strong>de</strong>rais a vossa origem:<br />

feitos não fostes para viver como brutos,<br />

mas para seguir virtu<strong>de</strong> e conhecimento.<br />

<strong>da</strong>Nte aliGhieri, DIVINA COMéDIA, INFERNO, caNto XXVi<br />

MassiMo Mazzeo<br />

tradução: BeNe<strong>de</strong>tta MaXia<br />

Guillaume Dufay<br />

(Beersel, c. 1397/8 – cambrai, 27 Novembro 1474)<br />

Josquin <strong>De</strong>sprez [Josse, Joskin; <strong>de</strong> Prés, a Prato, Pratensis]<br />

(saint quentin, c. 1450/5 – condé-sur-l’escaut, 27 agosto 1521)<br />

os princípios éticos e estéticos do re<strong>nas</strong>cimento são incorporados na música <strong>de</strong><br />

modo faseado, ao longo dos séculos XV e XVi. durante este período, o contacto<br />

com a cultura greco-latina teve um impacto mais rápido nos outros campos<br />

artísticos, enquanto a produção musical erudita, sobretudo aquela quatrocentista,<br />

ficava ain<strong>da</strong> refém <strong>de</strong> uma concepção técnica tardo-medieval, se bem que,<br />

embora lentamente, indiciasse já um processo <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça. esta traduz-se pelo<br />

afastamento gradual do primado do racionalismo pitagórico, em que eram <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s<br />

as consonâncias e proporções que se <strong>de</strong>vem ouvir, para uma matriz<br />

antropocentrista em que o sentido auditivo passa a <strong>de</strong>terminar o que se quer<br />

ouvir. a geração <strong>de</strong> Dufay dá corpo aos primeiros sinais <strong>de</strong>sta mu<strong>da</strong>nça, sintetizando<br />

o mundo antigo com uma sonori<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, enquanto a <strong>de</strong> Josquin<br />

toma esta como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong>, nivelando-se num patamar <strong>de</strong> muito maior<br />

consequência para as gerações vindouras. ambos franceses, partilham o mesmo<br />

percurso profissional, para lá do facto <strong>de</strong> terem sido consi<strong>de</strong>rados, pelos seus<br />

contemporâneos, como os nomes superlativos <strong>da</strong> composição.<br />

Dufay é um dos mestres que realizaram a síntese entre as técnicas medievais<br />

e a nova sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> re<strong>nas</strong>centista para a música, on<strong>de</strong> as emoções passam<br />

a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s. Filho ilegítimo <strong>de</strong> Marie du Fayt e <strong>de</strong> um padre, ain<strong>da</strong> por<br />

i<strong>de</strong>ntificar, teve a sua formação <strong>nas</strong> escolas catedralícias do Norte <strong>de</strong> França,<br />

antes <strong>de</strong> encetar um percurso profissional entre as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s do norte italiano,<br />

França e o ducado <strong>da</strong> Borgonha. além <strong>de</strong> músico, teórico e poeta, formou-se


ain<strong>da</strong> em direito canónico, tendo assim acesso às novas correntes do humanismo,<br />

vindo a <strong>de</strong>sempenhar funções <strong>de</strong> diácono. aquela trajectória dos compositores<br />

franceses, entre o norte e sul, era normal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Gran<strong>de</strong> cisma do oci<strong>de</strong>nte<br />

(1318-1417). era em França que os principais <strong>de</strong>senvolvimentos musicais<br />

tomaram parte entre os séculos Xiii e XV, e quando a cúria papal se <strong>de</strong>slocou<br />

<strong>de</strong> avignon para roma, eram os compositores do norte aqueles mais requisitados.<br />

esta preferência disseminou-se para os círculos aristocráticos italianos,<br />

vindo a <strong>de</strong>terminar gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> dinâmica musical do re<strong>nas</strong>cimento. assim,<br />

Dufay foi sendo recrutado por instituições seculares e religiosas em rimini<br />

(1420-1424); Bolonha (1426-1428); para a capela papal em roma (1428-1433);<br />

sabóia (1434); novamente para a capela papal, quando esta se encontrava em<br />

Florença (1435-1436); ducado <strong>da</strong> Borgonha (1439-1450); sabóia (1452-1458?).<br />

teve oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever em todos os géneros <strong>de</strong> música polifónica que,<br />

segundo a tratadística do final do século XV, apresentava uma hierarquia encima<strong>da</strong><br />

pelas missas, à cabeça <strong>de</strong> outros géneros religiosos como os hinos, seguindo-se os<br />

motetes e, <strong>de</strong>pois, as formas profa<strong>nas</strong> como a chanson, balla<strong>de</strong>, virelai e ron<strong>de</strong>au.<br />

terá escrito o seu ciclo <strong>de</strong> hinos em sabóia, entre 1434 e 1435. Christe Re<strong>de</strong>mptor<br />

omnium e Veni Creator spiritus fazem parte <strong>de</strong>ssa colecção <strong>de</strong> uso litúrgico,<br />

em que o compositor confere um ritmo próprio às melodias gregoria<strong>nas</strong>, ornamentando-as,<br />

e alternando as texturas polifónica e monofónica verso a verso.<br />

Flos florum é um motete-cantilena criado à volta <strong>de</strong> 1430. o título provém <strong>de</strong><br />

uma <strong>da</strong>s divisas que s. Malaquias criou para os papas e o texto, sagrado, é aqui<br />

tratado no formato profano <strong>da</strong> chanson, a três vozes, <strong>de</strong>stacando o registo agudo<br />

por via <strong>de</strong> uma escrita virtuosística. Salve flos Tuscae e Nuper rosarum flores<br />

são motetes isorrítmicos, próprios para cerimónias importantes, e relacionamse<br />

estreitamente com o espírito re<strong>nas</strong>centista florentino. a técnica medieval <strong>da</strong><br />

isorritmia que, estrutura<strong>da</strong> na intertextuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, consistia na repetição <strong>de</strong> um<br />

padrão rítmico (talea) e <strong>de</strong> alturas (color) na voz fun<strong>da</strong>mental (tenor), e os textos<br />

neoclássicos, muito provavelmente <strong>da</strong> autoria do próprio Dufay, formam o<br />

perfeito exemplo <strong>da</strong> encruzilha<strong>da</strong> histórica entre antigo e mo<strong>de</strong>rno. Mais ain<strong>da</strong><br />

se consi<strong>de</strong>rarmos que Nuper rosarum flores foi executado no dia <strong>da</strong> consagração<br />

<strong>da</strong> catedral <strong>de</strong> santa <strong>de</strong>l Fiore, que alberga uma <strong>da</strong>s obras-primas <strong>da</strong> arquitectura<br />

re<strong>nas</strong>centista, como é o caso <strong>da</strong> sua cúpula, cria<strong>da</strong> por F. Brunelleschi<br />

(1377-1446).<br />

Josquin <strong>De</strong>sprez representa o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> compositor para o século XVi. a reputação<br />

que conseguiu em vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve-se a dois factores: a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sua música,<br />

e a sistematização <strong>da</strong> imprensa musical (Veneza, 1502), que passou a permitir a<br />

sua rápi<strong>da</strong> disseminação. Numa altura em que as publicações consistiam maioritariamente<br />

em colecções <strong>de</strong> diversos compositores, por motivos mercantilistas,<br />

foi ele o primeiro a ter uma edição exclusiva <strong>de</strong> obras suas. os humanistas do<br />

8 9<br />

seu tempo preferiam-no a todos os outros compositores e o prestígio póstumo<br />

baseia-se neste mesmo conjunto <strong>de</strong> razões, tendo sido celebrado ao longo do<br />

século XVi pelas maiores individuali<strong>da</strong><strong>de</strong>s intelectuais <strong>da</strong> religião, literatura e<br />

diplomacia, como M. lutero (1483-1546), rabelais (1483-1553) e B. castiglione<br />

(1478-1529). serviu também, recorrentemente, <strong>de</strong> exemplum, para a tratadística<br />

musical.<br />

a carreira longa <strong>de</strong> Josquin alicerçou-se num percurso entre o norte e o sul <strong>da</strong><br />

europa e, tal como Dufay, ocupando os cargos mais importantes que um compositor<br />

po<strong>de</strong>ria alcançar: na corte do duque d’anjou (c. 1475-1483), em aix-en<br />

-Provence; em Milão (1484-1489), como capelão <strong>da</strong> casa do car<strong>de</strong>al a. sforza;<br />

roma, na capela papal (1489-1495), on<strong>de</strong> serviu como cantor aos papas inocêncio<br />

Viii e alexandre Vi e on<strong>de</strong> terá escrito o motete a cinco vozes Illibata <strong>De</strong>i<br />

Virgo nutrix; capela real francesa (1495-1498); Ferrara, como mestre <strong>de</strong> capela<br />

do duque ercole d’este (1503-1504), tendo aqui criado o motete a seis vozes O<br />

Virgo pru<strong>de</strong>ntissima, sobre um poema <strong>de</strong> Poliziano; condé-sur-l’escaut (1504-<br />

-1521). as características <strong>da</strong> sua música <strong>de</strong>correm <strong>de</strong> uma concepção mo<strong>de</strong>rna<br />

que já não conta com a isorritmia, entretanto caí<strong>da</strong> em <strong>de</strong>suso, e <strong>de</strong>senvolve os<br />

vocabulários harmónico e melódico próprios <strong>da</strong> técnica imitativa estrutura<strong>da</strong><br />

na heterarquia entre as vozes. o tratamento que confere aos textos consiste<br />

numa atenção à semântica que, por sua vez, é veicula<strong>da</strong> por pequenos motivos<br />

melódicos expressivos. estes são certamente resultados <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça opera<strong>da</strong><br />

na estética musical, mas ain<strong>da</strong> assim não representam um corte absoluto com<br />

a tradição. se bem que o tratamento vertical <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> tessituras<br />

contíguas, isto é, a técnica <strong>de</strong> escrita a quatro vozes, se vá estabelecendo ain<strong>da</strong><br />

no final do século XV, a utilização do tenor, como suporte estrutural, mantém-<br />

-se, embora seja objecto <strong>de</strong> maior criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: em Illibata <strong>De</strong>i Virgo/La mi la,<br />

esta linha, que correspon<strong>de</strong> musicalmente a Ma-ri-a através <strong>de</strong> um ostinato<br />

naquelas mesmas notas, vai encurtando as durações <strong>da</strong>s notas até se aproximar<br />

<strong>da</strong>s vozes superiores, proporcionando um efeito <strong>de</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> rítmica; O Virgo<br />

pru<strong>de</strong>ntissima/Beata Mater, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma obra-prima, observa um cânone<br />

entre o tenor e o alto, levando a uma varie<strong>da</strong><strong>de</strong> métrica articula<strong>da</strong> com os<br />

contrastes entre solo e tutti, estes reforçados por repetições. Nymphes <strong>de</strong>s bois/<br />

Requiem aeternam é um lamento sobre a morte <strong>de</strong> J. ockeghem (1420-1497),<br />

o compositor mais importante entre as gerações <strong>de</strong> Dufay e Josquin. o tenor<br />

é retirado <strong>da</strong> missa <strong>de</strong> requiem e integrado num conjunto <strong>de</strong> cinco vozes a par<br />

com o poema <strong>de</strong> J. Molinet (1435-1507).<br />

João peDro louro


Veni creator<br />

Veni, creator Spiritus<br />

mentes tuorum visita,<br />

imple superna gratia,<br />

quae tu creasti pectora.<br />

Qui Paraclitus diceris<br />

donum <strong>De</strong>i altissimi<br />

fons vivus, ignis, caritas<br />

et spiritalis unctio.<br />

Tu septiformis munere,<br />

<strong>De</strong>xterae <strong>de</strong>i tu digitus,<br />

tu rite promissum Patris<br />

sermone ditans guttura.<br />

Accen<strong>de</strong> lumen sensibus,<br />

infun<strong>de</strong> amorem cordibus,<br />

infirma nostri corporis,<br />

virtute firmans perpeti.<br />

Hostem repellas longius<br />

pacemque dones protinus;<br />

ductore sic te praevio<br />

vitemus omne noxium.<br />

Per te sciamus <strong>da</strong> Patrem<br />

noscamus atque Filium,<br />

te utriusque Spiritum<br />

cre<strong>da</strong>mus omni tempore.<br />

Gloria Patri Domino<br />

Natoque, qui a mortuis<br />

Surrexit, ac Paraclito,<br />

in saeculorum saecula.<br />

Amen.<br />

flos floruM<br />

Flos florum,<br />

fons hororum,<br />

Regina polorum.<br />

Spes veniae,<br />

lux laetitiea,<br />

medicina dolorum.<br />

Virgo recens,<br />

et virgo <strong>de</strong>cens,<br />

forma bonorum.<br />

Parce reis,<br />

et open fer eis<br />

in pace piorum.<br />

Pasce tuos,<br />

Succurre tuis,<br />

Miserere tuorum!<br />

salVe flos tuscae<br />

TRIPLUM<br />

Salve flos Tuscae gentis,<br />

Florentia, salve,<br />

O salve Italici<br />

gloria magna soli.<br />

Salve quae doctos felix<br />

tot mater alumnos<br />

tot generas magnos consilio<br />

atque fi<strong>de</strong>,<br />

quae tot praestantes mirea<br />

integritudine gignis,<br />

quae tot genera<br />

religione viros.<br />

Salve, cui <strong>de</strong>bet quodcumque<br />

est artis honestae,<br />

in genii quicquid quicuid<br />

et eloquii est;<br />

Salve, quae fama totum<br />

fiffuse per orbem<br />

et vehis et natos mittis<br />

ad astra tuos.<br />

Nunc cecini et gratis<br />

voces placuere canore,<br />

praemia, Merce<strong>de</strong>s<br />

nec petiere simul.<br />

Fessus ego haud cantu,<br />

vos en <strong>de</strong>fessi can<strong>de</strong>ndo,<br />

sed tu carminibus viva<br />

canan<strong>da</strong> meis.<br />

MOTETUS<br />

Vos nunc Etruscorum iubar,<br />

salvete puellae<br />

sic se<strong>de</strong>t hoc animo<br />

nec sine amore moror.<br />

Stant forribus Nymphis similies,<br />

stant Jaja<strong>de</strong>s utque<br />

aut ut Amazoni<strong>de</strong>s<br />

aut procidiva Venus.<br />

Fervet in amplexus atque<br />

oscula dulcia quisque;<br />

si semel has vi<strong>de</strong>rit<br />

captus amore ca<strong>de</strong>t.<br />

Ista <strong>de</strong>ae mundi,<br />

vester per saecula cuncta<br />

Guillermus cecini natus<br />

et ipse fay.<br />

TENOR<br />

Viri men<strong>da</strong>ces.<br />

10 11<br />

christe re<strong>De</strong>Mptor<br />

Christe, Re<strong>de</strong>mptor omnium,<br />

ex Patre, Patris unice,<br />

solus ante principium<br />

natus ineffabiliter,<br />

Tu lumen, tu splendor Patris,<br />

tu spes perennis omnium,<br />

inten<strong>de</strong> quas fundunt preces<br />

tui per orbem servuli.<br />

Memento salutis auctor<br />

quid nostri quon<strong>da</strong>m corpore<br />

ex illibata virgine<br />

<strong>nas</strong>cendo formam sumpseris.<br />

Sic praesens testatur dies,<br />

currens per anni circulum,<br />

quod a solus se<strong>de</strong> Patris<br />

mundi salus adveneris;<br />

Hunc caelum, terra, hunc mare,<br />

hunc omne quod in eis est,<br />

auctorem adventus tui<br />

lau<strong>da</strong>t exsultans cantico.<br />

Nos quoque, qui sancto tuo<br />

re<strong>de</strong>mpti sanguine sumus,<br />

ob diem natalis tui<br />

hymnum novum concinimus.<br />

Gloria tibi Domine,<br />

qui natus es <strong>de</strong> Virgine,<br />

cum Patre et Sancto Spiritu,<br />

in sempiterna saecula. Amen.<br />

nuper rosaruM<br />

Nuper rosarum flores<br />

ex dono pontificis,<br />

hieme licet horri<strong>da</strong>,<br />

tibi, virgo caelica,<br />

pie et sancta <strong>de</strong>ditum<br />

grandis templum machinae<br />

con<strong>de</strong>corarunt perpetim;<br />

hodie vicarius<br />

Jesu Christi et Petri<br />

successor Eugenius<br />

hoc i<strong>de</strong>m amplissimum<br />

sacris templum minibus<br />

sanctisque liquoribus<br />

consecrare dignatus est.<br />

Igitus, alma parens<br />

nati tui et filia,<br />

virgo <strong>de</strong>cus virginum,<br />

tuus te Florentiae<br />

<strong>de</strong>votus orat populus,<br />

ut qui mente et corpore<br />

mundo quicquam exorarit.<br />

Oratione tuo<br />

cruciatus et meritis<br />

tui secunddum carnum<br />

nati Domini sui<br />

grata beneficia<br />

veniamque reatum<br />

accipere mereatur. Amen.<br />

salVe reGina<br />

Salve Regina mater misericordie,<br />

vita dulcedo et spes nostra salve.<br />

Ad te clamamus exules filii Evae.<br />

Ad te suspiramus, gementes<br />

et flentes in hac lacrimarum valle.<br />

Eia ergo advocata nostra<br />

Illos tuos misericor<strong>de</strong>s oculos<br />

ad nos converte.<br />

Et Jesum benedictum<br />

fructum ventris tui<br />

nobis post hoc exilium osten<strong>de</strong>.<br />

O clemens, o pia, o dulcis virgo Maria.<br />

illiBata <strong>De</strong>i VirGo<br />

Illibata <strong>De</strong>i Virgo nutrix<br />

Olimpi Regis o genitrix<br />

Sola parens verbi puerpera<br />

quae fuisti Eva reparatrix,<br />

viri nephas tuta mediatrix,<br />

Illud clara lce <strong>da</strong>t scriptura.<br />

Nata nati alma genitura,<br />

<strong>de</strong>s ut laeta musorum factura<br />

praevaleat ymis et sit ave,<br />

roborando sonos ut guttura<br />

efflagitent lau<strong>de</strong> teque pura,<br />

zelotica arte clament Ave.<br />

Ave virginum, <strong>De</strong>cus hominum,<br />

celique porta.<br />

Ave lilium, flos humilium,<br />

Virgo <strong>de</strong>cora.<br />

Vale ergo tota pulchra ut luna,<br />

Electa ut sol clarissima gau<strong>de</strong>.<br />

Salve tu sola consola amica<br />

La mi la cantentes in tua lau<strong>de</strong>.<br />

Ave Maria, Mater virtutum,<br />

veniae vena. Ave Maria,<br />

Gratia plena, Dominus tecum.<br />

Ave Maria, Mater virtutum.<br />

Amen.


n y M p h e s D e s B o i s<br />

Nymphes <strong>de</strong>s bois déesses<br />

<strong>de</strong>s fontaines,<br />

chantres expres <strong>de</strong> toutes nations,<br />

changes vos voix fors claires<br />

et haultaines<br />

en cris trenchans et lamentations,<br />

car Atropos tres terrible satrappe<br />

votre Ockeghem atrappe en sa trappe,<br />

vray tresorier <strong>de</strong> musiqe et chef<br />

doeuvre, doct elegant <strong>de</strong> corps et non<br />

point trappe, grant domaige est que la<br />

terre le couvre.<br />

Acoultres vous dhabis <strong>de</strong> doeul,<br />

Josquin Piersson Brumel Comper,<br />

et ploures grosses larmes doeul,<br />

perdu aves votre bon pere.<br />

Requiescant in pace.<br />

Amen.<br />

TENOR<br />

Requiem aeternam dona<br />

eis Domine<br />

et lux perpetua luceat eis.<br />

Requiescant in pace.<br />

Amen.<br />

ii Parte<br />

programa<br />

GyörGy KurtáG<br />

piano a Quatro Mãos<br />

Játékok (iV)<br />

Fog-canon<br />

Furious Chorale<br />

Hand in Hand (Hommage à Sárközy)<br />

Bells (Hommage a Stravinsky)<br />

Hommage à Sáry Lásló (Dot and Spot)<br />

Hommage à halmágyi Mihály<br />

Hommage à Soproni<br />

Kyrie<br />

o VirGo pru<strong>De</strong>ntissiMa<br />

O Virgo pru<strong>de</strong>ntissima,<br />

Quam caelo missus Gabriel<br />

Superni Regis nuntius<br />

Plenam testatur gratia.<br />

Te sponsam factor omnium,<br />

Te matrem <strong>De</strong>i Filius,<br />

Te vocat habitaculum<br />

Suum beatus Spiritus.<br />

Tu stella maris diceris,<br />

Semper nos inter scopulos,<br />

Inter obscuros turbines,<br />

Portum salutis indicas.<br />

Per te <strong>de</strong> tetro carcere<br />

Antiqui patres exeunt,<br />

Per te nobis astriferae<br />

Panduntur aulae lumina.<br />

Audi, Virgo puerpera,<br />

Tu sola mater integra;<br />

Audi precantes quaesumus<br />

Tuos Maria famulos.<br />

Beata mater et intact virgo,<br />

Repelle mentis tenebras,<br />

Disrumpe cordis glaciem<br />

Gloriosa Regina mundi<br />

Nos sub tuum praesidium<br />

Confugientes quaesumus:<br />

interce<strong>de</strong> pro nobis.<br />

Alleluia.<br />

CANTUS FIRMUS<br />

Beata mater et innupta virgo,<br />

Gloriosa Regina mundi,<br />

Interce<strong>de</strong> pro nobis ad Dominum.<br />

Miguel Borges coelho<br />

Marta zabaleta<br />

Piano<br />

12 13<br />

IN i N t r o d u ç ã o à e d i ç ã o o r i G i N a l d a Pa rt i t u r a ,<br />

rediGi<strong>da</strong> Por lstVáN Máriássy coM o coMPositor<br />

Prelu<strong>de</strong> and Waltz in f (or F sharp)<br />

Study to “höl<strong>de</strong>rlin”<br />

Játékok (i)<br />

Homage a Verdi<br />

Staggering<br />

Mean<strong>de</strong>ring Tune<br />

Twittering<br />

Hoquetus<br />

Játékok / Jogos<br />

Játékok (iii)<br />

Play with infinity<br />

Silence<br />

Dois pianos<br />

Játékok (iV)<br />

Dirge<br />

Beating<br />

Saraban<strong>de</strong><br />

Hommage a Paganini<br />

Játékok, que em português significa Jogos, é uma maravilhosa introdução à<br />

música <strong>de</strong>safiante <strong>de</strong> György <strong>Kurtág</strong>. contando à <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> hoje 84 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

<strong>Kurtág</strong> consi<strong>de</strong>ra este conjunto <strong>de</strong> peças para piano uma espécie <strong>de</strong> diário <strong>de</strong><br />

bordo do seu percurso enquanto compositor.<br />

“a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> compor os Jogos foi inspira<strong>da</strong> por crianças a tocar espontaneamente piano,<br />

crianças para as quais este instrumento é ain<strong>da</strong> um brinquedo.<br />

experimentam-no, acariciam-no, ‘atacam-no’ por vezes, e <strong>de</strong>ixam correr os seus <strong>de</strong>dos.<br />

aparentemente, juntam sons incoerentes mas, se alguns <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>spertam o seu<br />

instinto musical, tentarão encontrar estas harmonias, <strong>de</strong>scobertas por acaso, e<br />

divertem-se a repeti-las.<br />

assim, esta compilação não <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como um ‘método’ <strong>de</strong> piano,<br />

nem se resume a uma simples sucessão <strong>de</strong> peças. trata-se ‘<strong>de</strong> experimentar’ o<br />

seu instrumento mais do que ‘apren<strong>de</strong>r a tocar piano’.<br />

o prazer <strong>de</strong> tocar, a alegria do movimento, ousar <strong>de</strong>slocações rápi<strong>da</strong>s sobre<br />

to<strong>da</strong> a extensão do teclado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as primeiras lições, em vez <strong>de</strong> um <strong>de</strong>dilhar<br />

<strong>de</strong>sajeitado sobre as teclas contando os tempos. to<strong>da</strong>s estas i<strong>de</strong>ias muito gerais<br />

estão na origem <strong>da</strong> criação <strong>de</strong>sta compilação.<br />

tocar piano [jouer du piano] é também jogar... o jogo necessita <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong><br />

liber<strong>da</strong><strong>de</strong> e do espírito <strong>de</strong> iniciativa do intérprete. o texto musical não <strong>de</strong>ve ser<br />

tomado ‘à letra’ mas é importante estar muito atento ao seu <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos sons e dos silêncios. Permitamos que o grafismo musical produza<br />

efeito e exerça a sua influência sobre nós, e que, nos informe sobre o<br />

<strong>de</strong>senrolar <strong>da</strong>s peças no tempo, mesmo as mais livres.<br />

Não hesitemos em utilizar todos os nossos conhecimentos e as nossas memórias <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>clamação livre, do ‘parlando-rubato’ <strong>da</strong> música popular, do canto gregoriano<br />

e <strong>de</strong> tudo que a prática <strong>da</strong> música improvisa<strong>da</strong> nos traz. e abor<strong>de</strong>mos com coragem,<br />

sem medo do erro, o mais difícil: criar com valores curtos e longos proporções<br />

equilibra<strong>da</strong>s, uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> e uma continui<strong>da</strong><strong>de</strong>... para o nosso prazer...”


18 Jun coNcerto ii<br />

i Parte<br />

PequeNo auditório — sala eduardo Prado coelho \ 21h<br />

duração 52’<br />

docuMeNtário<br />

The Matchstick Man<br />

Visualização <strong>de</strong> um documentário sobre György <strong>Kurtág</strong> <strong>da</strong> autoria <strong>de</strong> Judit Kele<br />

i Parte<br />

Documentário<br />

leGeN<strong>da</strong>do eM PortuGuês<br />

The Matchstick Man<br />

iNterValo 20’<br />

ii Parte<br />

PequeNo auditório — sala eduardo Prado coelho<br />

duração 65’<br />

Divino sospiro<br />

Oferen<strong>da</strong> Musical<br />

retrato atmosférico e perspicaz, The Matchstick Man oferece um olhar esclarecedor<br />

do mundo <strong>de</strong> György <strong>Kurtág</strong>.<br />

homem extremamente reservado, que evita conversar sobre si próprio e sobre<br />

o seu trabalho, György <strong>Kurtág</strong> comunica à realizadora Judit Kele a sua paixão<br />

insaciável pela música e o seu profundo envolvimento no mundo dos sons.<br />

o documentário mostra <strong>Kurtág</strong> a ensinar e a trabalhar com músicos – incluindo<br />

a sua mulher Marta, adrienne csengery e claudio abbado a dirigir a orquestra<br />

Filarmónica <strong>de</strong> Berlim.<br />

o filme conta ain<strong>da</strong> com os contributos do pianista Zoltán Kocsis e, dos compositores<br />

e seus alunos: György ligeti, andras szöllösy, laszlo Vidovsky e Zoltan<br />

Jeney.<br />

14 15<br />

ii Parte<br />

programa<br />

Johann seBastian <strong>Bach</strong><br />

Musikalisches Opfer (Oferen<strong>da</strong> Musical),<br />

BWV 1079<br />

regis iussu cantio et reliqua<br />

canonica arte resoluta:<br />

Ricercar a 3<br />

thematis regii elaborationes<br />

canonicae<br />

Canon perpetuus super Thema Regium<br />

Canon a 2 cancrizans<br />

Canon a 2 Violini in unisono<br />

Canon a 2 per Motum contrarium<br />

Canon a 2 per Augmentationem, contrario<br />

Motu<br />

Canon a 2 per Tonos<br />

Fuga canonica in Epidiapente<br />

Ricercar a 6<br />

Canon a 2, Quaerendo Invenietis<br />

Canon a 4<br />

Sonata Sopr’ Il Soggetto Reale a Traversa,<br />

Violino e Continuo<br />

1. Largo<br />

3. Allegro<br />

4. An<strong>da</strong>nte<br />

5. Allegro<br />

Canon perpetuus<br />

Oferen<strong>da</strong> Musical<br />

Johann Sebastian <strong>Bach</strong><br />

eisenach, 21 Março 1685<br />

leipzig, 28 Julho 1750<br />

Musikalisches Opfer (Oferen<strong>da</strong> Musical), BWV 1079 (c. 55’)<br />

Divino sospiro<br />

Enrico Onofri violino e direcção<br />

Iskrena Yor<strong>da</strong>nova violino<br />

Massimo Mazzeo violeta<br />

Miriam Macaia violeta<br />

Diana Vinagre violoncelo<br />

Ana Raquel pinheiro violoncelo<br />

Fernando Miguel Jalôto cravo<br />

Laura pontecorvo flauta transversal<br />

o legado <strong>de</strong> J. s. <strong>Bach</strong> é a prova cabal <strong>de</strong> uma mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> artística cujo âmbito,<br />

extraordinariamente alargado, se completa entre os planos do virtuosismo e<br />

<strong>da</strong> profun<strong>da</strong> intelectualização do métier. sobre ambos manifesta um amplo<br />

domínio em que consoli<strong>da</strong>, sobretudo <strong>nas</strong> últimas déca<strong>da</strong>s, a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> prática<br />

com a gran<strong>de</strong>za abstracta <strong>da</strong>s obras, e que se concretiza, <strong>nas</strong> dimensões acústica,<br />

visual e simbólica, tanto na esfera local <strong>de</strong> leipzig, como em meios sociais<br />

tão sofisticados quanto a corte <strong>de</strong> Fre<strong>de</strong>rico ii, na capital <strong>da</strong> Prússia.


a Oferen<strong>da</strong> Musical <strong>de</strong>monstra to<strong>da</strong>s as maneiras <strong>de</strong> elaborar um tema, para<br />

um conjunto até três instrumentos, e o título traduz literalmente a razão <strong>da</strong> sua<br />

existência. o <strong>de</strong>stinatário foi, precisamente, o autor do tema, o rei <strong>da</strong> Prússia,<br />

Fre<strong>de</strong>rico ii (1740-1786), que, no Verão <strong>de</strong> 1747, foi presenteado com este conjunto<br />

formado por duas fugas, <strong>de</strong>z cânones e uma trio sonata. as razões para<br />

a elaboração <strong>da</strong> obra dizem respeito a um dos mais memoráveis episódios <strong>da</strong><br />

história <strong>da</strong> música: a visita <strong>de</strong> <strong>Bach</strong> à corte <strong>da</strong>quele monarca, em Pots<strong>da</strong>m, a 7<br />

<strong>de</strong> Maio <strong>da</strong>quele ano.<br />

o rei, compositor, flautista e libretista amador, tinha ao seu serviço, como<br />

cravista, o filho <strong>de</strong> <strong>Bach</strong>, carl Philipp emanuel (1714-1788), e havia-lhe sugerido,<br />

repeti<strong>da</strong>s vezes, a visita <strong>de</strong> seu pai, <strong>de</strong> quem já conhecia, aliás, a reputação<br />

<strong>de</strong> inexcedível músico. Note-se que o monarca, alinhado com o <strong>de</strong>spotismo iluminado<br />

e amante <strong>da</strong>s letras francesas, mantinha uma <strong>da</strong>s cortes mais sofistica<strong>da</strong>s<br />

culturalmente, recebendo intelectuais <strong>da</strong> craveira <strong>de</strong> Voltaire (1694-1778),<br />

coleccionando quadros <strong>de</strong> artistas como J. a. Wateau (1684-1721) e mantendo<br />

um aparato musical <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> escala em que figuravam também J. J. quantz<br />

(1697-1773) e F. Ben<strong>da</strong> (1709-1786), além dos cantores mais bem pagos <strong>da</strong><br />

época. quando J. s. <strong>Bach</strong> finalmente se <strong>de</strong>slocou a Pots<strong>da</strong>m, na companhia<br />

do seu filho mais velho, Wilhelm Frie<strong>de</strong>mann (1710-1784), o rei, ao saber <strong>da</strong><br />

sua vin<strong>da</strong>, interrompeu o habitual concerto que <strong>da</strong>va no palácio para anunciar<br />

aos músicos, que se preparavam para o acompanhar, que “o velho <strong>Bach</strong>” havia<br />

chegado. à entra<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste seguiu-se o convite do rei para que experimentasse os<br />

pianofortes do construtor G. silbermann (1683-1753), o que <strong>Bach</strong> fez, e, como<br />

forma <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento, pedindo ao monarca que lhe fornecesse um tema a<br />

fim <strong>de</strong> improvisar ali uma fuga, o mais exigente dos exercícios <strong>de</strong> composição.<br />

segundo o periódico Spenerche Zeitung <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> Maio, quatro dias após o<br />

encontro, “isto foi feito <strong>de</strong> modo tão satisfatório que, não só sua Majesta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>monstrou a sua felici<strong>da</strong><strong>de</strong>, como também o fizeram todos os presentes”.<br />

o seu contentamento levou-o a propor a <strong>Bach</strong> que improvisasse uma fuga a seis<br />

vozes, tendo este respondido que o tema (thema regium) não era apropriado<br />

harmonicamente e, escolhendo ele próprio um outro, executou o pedido.<br />

exactamente dois meses <strong>de</strong>pois, o compositor preenchia as linhas <strong>da</strong> <strong>de</strong>dicatória<br />

<strong>da</strong> Oferen<strong>da</strong> Musical, justificando que, na altura do encontro, não estava preparado<br />

para o <strong>de</strong>safio lançado, resolvendo trabalhar a posteriori “o tema real<br />

mais atentamente e, <strong>de</strong>sse modo, torná-lo conhecido ao mundo”. Foi o próprio<br />

compositor quem pagou as duzentas cópias <strong>de</strong> uma obra que, <strong>de</strong> resto, foi uma<br />

<strong>da</strong>s poucas a serem impressas durante a sua vi<strong>da</strong>.<br />

o thema regium diz respeito ao harpejo ascen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> dó menor seguido <strong>de</strong><br />

uma <strong>de</strong>sci<strong>da</strong> cromática e é sobre esta que inci<strong>de</strong> a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> no tratamento<br />

imitativo. <strong>Bach</strong> precisou <strong>de</strong> algum tempo para a resolver e fê-lo conceptualizando<br />

uma obra cuja enorme complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> não se que<strong>da</strong> ape<strong>nas</strong> pela solução<br />

16 17<br />

<strong>da</strong> fuga a seis vozes. a sua organização compreen<strong>de</strong> vários graus <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação,<br />

sendo afim do tipo <strong>de</strong> recepção do meio musical erudito a que se <strong>de</strong>stinava e<br />

que <strong>de</strong>pendia do contacto directo com a partitura. esta era, em si, mais do que um<br />

mero recipiente para as i<strong>de</strong>ias organizadoras do som, constituindo um elemento<br />

integrante do sentido <strong>da</strong> obra. isto aju<strong>da</strong> a explicar porque é que não pressupõe<br />

uma execução cíclica, ou seja, não tem estabeleci<strong>da</strong> uma sequência entre<br />

an<strong>da</strong>mentos, e <strong>de</strong>stes, ape<strong>nas</strong> dois têm explicita<strong>da</strong> a instrumentação. Por outro<br />

lado, as indicações ali constantes alu<strong>de</strong>m ao significado alegórico dos dispositivos<br />

musicais utilizados que, meramente ouvidos, não o <strong>de</strong>ixam transparecer.<br />

a página que serve como subtítulo lê Regis Iussu Cantio Et Reliqua Canonica<br />

Arte Resoluta (ao comando do rei, a canção [tema] e o restante [cânones],<br />

resolvidos em arte canónica) o que, tomando as iniciais <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> palavra, perfaz<br />

o acróstico Ricercar, sinónimo arcaizante <strong>de</strong> fuga, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo explicando<br />

o motivo <strong>da</strong> Oferen<strong>da</strong>. refira-se que por cânone se compreen<strong>de</strong> a técnica <strong>de</strong><br />

composição em que, a partir <strong>da</strong> mesma melodia, se extraem várias vozes, sendo<br />

estas trata<strong>da</strong>s por meio <strong>de</strong> vários processos como o <strong>da</strong> alteração <strong>da</strong>s durações<br />

<strong>da</strong>s notas e/ou transposição, tendo-se constituído <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o re<strong>nas</strong>cimento como<br />

uma espécie <strong>de</strong> divisa corporativista dos músicos. o retorno aos i<strong>de</strong>ais re<strong>nas</strong>centistas<br />

foi, aliás, uma marca-d’água do período tardio <strong>de</strong> <strong>Bach</strong>, que se observa<br />

em obras como as Variações Goldberg, ou a Arte <strong>da</strong> Fuga, em que a técnica<br />

canónica passou a ser essencial aos seus <strong>de</strong>sígnios artísticos e expressivos. a<br />

parcial falta <strong>de</strong> instrumentação <strong>da</strong> Oferen<strong>da</strong> também não constituía gran<strong>de</strong><br />

problema e não era, <strong>de</strong> todo, simbólica <strong>de</strong> um exercício <strong>de</strong> música pura. antes<br />

pelo contrário, para <strong>Bach</strong> não havia conflito entre a prática e a teoria, e sendo<br />

a execução <strong>da</strong> partitura algo secundário em relação ao objectivo <strong>de</strong> generosi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

aquela estaria <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos instrumentos disponíveis. a divisão em<br />

três partes é enfatiza<strong>da</strong> pelo próprio compositor no aproveitamento comercial<br />

que faz <strong>da</strong> obra em setembro <strong>da</strong>quele ano sem, contudo, precisar a or<strong>de</strong>m dos<br />

an<strong>da</strong>mentos. a sua tripartição diz respeito às duas fugas (Ricercar a 3, Ricercar<br />

a 6), aos <strong>de</strong>z cânones (Thematis Regii Elaborationes Canonicae), e sonata à trio<br />

(Sonato Sopr’Il Soggetto Reale a Traversa, Violino a Continuo).<br />

Ricercar a 3 é, muito provavelmente, a realização <strong>da</strong> improvisação efectua<strong>da</strong><br />

perante o rei, num pianoforte. o thema inicia a obra, sendo claramente apresentado<br />

no registo agudo. a resposta (tema transposto uma quinta acima)<br />

surge na tessitura média ao décimo compasso, e o thema volta a aparecer nos<br />

graves. esta constitui a primeira <strong>de</strong> quatro secções. a segun<strong>da</strong> <strong>de</strong>staca-se pela<br />

figuração ternária nos agudos, enquanto o thema vai subindo através dos registos.<br />

a secção seguinte coloca-o nos graves e é preenchi<strong>da</strong> brilhantemente por<br />

uma sucessão <strong>de</strong> cromatismos. Finaliza com uma nova exposição, novamente<br />

nos agudos, <strong>de</strong>scendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aí.


Canon perpetuus super Thema Regium tem as duas vozes canónicas separa<strong>da</strong>s<br />

por um compasso. a segun<strong>da</strong> voz tem menos um compasso, <strong>de</strong> modo a coincidir<br />

com a primeira a ca<strong>da</strong> repetição, num processo que se po<strong>de</strong> alongar ad<br />

infinitum.<br />

Canon a 2 cancrizans surge na partitura através <strong>de</strong> uma só melodia <strong>de</strong> <strong>de</strong>zoito<br />

compassos, embora seja tocado por dois instrumentos. Cancrizans alu<strong>de</strong> ao<br />

modo <strong>de</strong> interpretação <strong>de</strong> “caranguejo”, isto é, ca<strong>da</strong> um toca simultaneamente<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os extremos do pentagrama. um começa no primeiro compasso e o outro<br />

no décimo oitavo.<br />

Canon a 2 Violini in unisono apresenta o thema no registo grave, enquanto os<br />

dois violinos tocam um cânone idêntico, mas <strong>de</strong>slocado um compasso.<br />

Canon a 2 per Motum contrario coloca o thema no soprano e faz-se acompanhar<br />

<strong>de</strong> um cânone em movimento contrário, através <strong>de</strong> outros dois instrumentos,<br />

tocando à distância <strong>de</strong> meio compasso. a melodia do primeiro é reproduzi<strong>da</strong><br />

em espelho pelo segundo, ou seja, à escala <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong>quele correspon<strong>de</strong><br />

uma ascen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ste.<br />

Canon a 2 per Augmentationem, contrario Motu tem um tempo muito lento já<br />

que participa do processo <strong>de</strong> duplicação do valor <strong>de</strong> duração <strong>da</strong>s notas. o thema<br />

aparece muito discretamente no registo médio, sendo muito ornamentado. as<br />

vozes canónicas seguem a técnica <strong>de</strong> movimento contrário e o todo resulta num<br />

efeito <strong>de</strong> extraordinário intimismo. <strong>Bach</strong> acrescentou um apontamento explicativo<br />

do dispositivo <strong>de</strong> aumentação: Notulis cresentibus crescat Fortuna Regis<br />

(que a fortuna do rei aumente como aqui as notas).<br />

Canon a 2 per Tonos é o cânone final <strong>da</strong> primeira série, e volta a ter uma indicação<br />

do compositor aludindo à alegoria que significa o processo <strong>de</strong> composição<br />

aqui empregue, isto é, <strong>de</strong> modulação ascen<strong>de</strong>nte por graus conjuntos: Ascen<strong>de</strong>nteque<br />

Modulatione ascen<strong>da</strong>t Gloria Regis (como ascen<strong>de</strong> a modulação, ascen<strong>da</strong><br />

a glória do rei). o thema, no soprano, é apresentado seis vezes, em dó,<br />

ré, Mi, Fá sustenido, lá bemol e si bemol. as vozes canónicas, inferiores, surgem<br />

à distância <strong>de</strong> quinta perfeita.<br />

Fuga canonica in Epidiapente funciona como uma espécie <strong>de</strong> corolário <strong>de</strong>sta<br />

primeira série <strong>de</strong> cânones, mantendo essa estrutura, embora esteja organizado<br />

como uma fuga. a textura, a três vozes, contém um baixo contínuo <strong>de</strong> escrita<br />

livre, sobre o qual o thema se apresenta, para ser seguido pela resposta, <strong>de</strong>z<br />

compassos <strong>de</strong>pois. esta encontra-se uma quinta perfeita (diapente) acima (epi),<br />

18 19<br />

que é, <strong>de</strong> resto, a distância que intitula o an<strong>da</strong>mento. a organização fugal<br />

compreen<strong>de</strong> esta primeira parte como exposição, a que se segue o episódio <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento. <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> repetido este processo, termina com uma co<strong>da</strong>.<br />

Ricercar a 6 é, finalmente, a fuga a seis vozes que o rei havia pedido. o facto<br />

<strong>de</strong>, na edição a si en<strong>de</strong>reça<strong>da</strong>, se encontrar escrita em seis pentagramas, facilita<br />

enormemente a visualização <strong>da</strong> arquitectura <strong>da</strong> obra, ao mesmo tempo<br />

que dificulta a leitura por um só músico, o que, por seu turno, justifica a utilização<br />

mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> uma redução para dois<br />

(...) Os cânones enigmáticos<br />

são como um puzzle<br />

musical, cuja tradição<br />

remonta ao início do<br />

Re<strong>nas</strong>cimento. (...)<br />

pentagramas. a apresentação é <strong>de</strong>veras<br />

significativa do propósito <strong>de</strong> uma obra cujo<br />

<strong>de</strong>dicatário se interessaria sobretudo pelo<br />

processo musical e que, naquela forma, se<br />

encontrava <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente evi<strong>de</strong>nciado. assim,<br />

para além <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong>safio lançado,<br />

<strong>Bach</strong> mostrava ao monarca como é que se<br />

fazia uma fuga <strong>de</strong>ste calibre. o thema surge no registo médio e as diferentes<br />

entra<strong>da</strong>s aparecem a ca<strong>da</strong> quatro compassos. a extrema complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> concepção<br />

leva a que, <strong>de</strong>corridos quase dois minutos do início, a sexta voz entre<br />

no registo mais grave, num momento, aliás, em que as restantes prosseguem<br />

através <strong>de</strong> suspensões e movimentos cromáticos <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> limitação natural<br />

dos <strong>de</strong>z <strong>de</strong>dos. Por aqui se percebe que <strong>Bach</strong> estaria <strong>de</strong> facto a consi<strong>de</strong>rar<br />

um instrumento <strong>de</strong> tecla para a sua execução e que, muito provavelmente, esse<br />

seria um dos pianofortes <strong>de</strong> Fre<strong>de</strong>rico ii. seguem-se várias secções cuja divisão é<br />

quase imperceptível aos ouvidos: a <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento conta com elaborações<br />

basea<strong>da</strong>s no thema que, muito discretamente, vai sendo enunciado; modulações;<br />

e cromatismos. as novas exposições recorrem também a modulações para,<br />

no final, conduzirem a uma recapitulação que volta a aproximar as seis vozes.<br />

<strong>de</strong>scendo as mais agu<strong>da</strong>s e subindo as graves, termina num âmbito <strong>de</strong> ape<strong>nas</strong><br />

duas oitavas. esta sensação <strong>de</strong> recolhimento, embora intelectualmente muito<br />

ousado, resolve-se triunfal e assertivamente na cadência final, a dó maior.<br />

a última série <strong>de</strong> cânones é assinala<strong>da</strong> com a indicação Quarendo invenietis<br />

(procura e encontrarás) que <strong>Bach</strong> aproveitou <strong>da</strong> passagem bíblica do sermão<br />

<strong>da</strong> Montanha, proce<strong>de</strong>nte do evangelho <strong>de</strong> s. Mateus (Mt. 7,7). No contexto<br />

<strong>da</strong> Oferen<strong>da</strong> refere-se ao facto <strong>de</strong>stes dois últimos cânones serem enigmáticos,<br />

ou seja, não têm especificado o intervalo <strong>de</strong> tempo que separa as entra<strong>da</strong>s<br />

<strong>da</strong>s vozes, remetendo ao músico leitor o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> o encontrar. os cânones<br />

enigmáticos são como um puzzle musical, cuja tradição remonta ao início do<br />

re<strong>nas</strong>cimento.


Canon a 2 tem a solução na distância <strong>de</strong> três compassos entre as vozes, que se<br />

relacionam através do processo <strong>de</strong> inversão, e são separa<strong>da</strong>s melodicamente<br />

pelo intervalo <strong>de</strong> quinta. Para isto, <strong>Bach</strong> necessitou ape<strong>nas</strong> <strong>de</strong> escrever uma<br />

melodia, embora com duas claves (Fá e dó), a <strong>de</strong>terminar as alturas respectivas.<br />

Canon a 4 assume o mesmo processo, mas torna-o o expoente máximo dos<br />

puzzles musicais. como em qualquer cânone enigmático, o resultado acústico<br />

não <strong>de</strong>nuncia o autêntico quebra-cabeças que constitui o seu processo <strong>de</strong> leitura<br />

e entendimento. uma melodia, duas claves (<strong>de</strong> Fá e sol), e várias direcções <strong>de</strong><br />

leitura (inversão e retrogra<strong>da</strong>ção). o que se ouve, em ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s quatro<br />

vozes, é a apresentação do thema (exposição), segui<strong>da</strong> <strong>de</strong> três variações contrapontísticas<br />

(<strong>de</strong>senvolvimento).<br />

a Sonata Sopr’Il Soggetto Reale a Traversa, Violino a Continuo contrasta, em<br />

termos <strong>de</strong> concepção, com o conjunto <strong>de</strong> exercícios <strong>de</strong> especulação lógica dos<br />

cânones, apresentando o thema <strong>de</strong> modo mais difuso e seguindo o mo<strong>de</strong>lo <strong>da</strong><br />

sonata <strong>da</strong> chiesa italiana, em quatro an<strong>da</strong>mentos, numa textura <strong>de</strong> trio sonata.<br />

constitui o auge <strong>da</strong> Oferen<strong>da</strong>.<br />

o Largo tem métrica ternária e está dividido em duas secções que se repetem.<br />

a primeira começa com o violino, para logo a flauta entrar em diálogo contrapontístico,<br />

dois compassos <strong>de</strong>pois. a segun<strong>da</strong> inverte esta or<strong>de</strong>m, assim como<br />

também o faz em termos <strong>da</strong> melodia, isto é, ao salto <strong>de</strong> sexta menor ascen<strong>de</strong>nte<br />

pelo violino, do início do an<strong>da</strong>mento, correspon<strong>de</strong> agora um movimento<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte pela flauta. antes <strong>da</strong> repetição <strong>de</strong>sta parte é ain<strong>da</strong> enuncia<strong>da</strong> a<br />

melodia na sua forma original.<br />

o Allegro apresenta uma fuga com dois temas, <strong>de</strong> compasso binário, e está<br />

organizado como uma ária <strong>da</strong> capo (aBa), embora a indicação <strong>da</strong> partitura<br />

seja <strong>da</strong>l segno. No primeiro a, a primeira exposição tem o tema <strong>da</strong>do pelo<br />

violino e a resposta pela flauta, prosseguindo então a alternância com os <strong>de</strong>senvolvimentos,<br />

vindo a ca<strong>de</strong>nciar em dó menor. tipicamente, a parte B, mais<br />

curta, observa uma mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> cor. este con-<br />

O An<strong>da</strong>nte evi<strong>de</strong>ncia<br />

claramente a atenção que<br />

<strong>Bach</strong> <strong>da</strong>va às tendências<br />

mais recentes <strong>da</strong> música,<br />

nomea<strong>da</strong>mente a do<br />

estilo galant, então<br />

em voga na corte <strong>de</strong><br />

Pots<strong>da</strong>m. (...)<br />

traste, após a curta pausa <strong>da</strong>quela cadência, é<br />

<strong>da</strong>do por um conjunto <strong>de</strong> processos: diálogo<br />

canónico entre os solistas, separados por um<br />

compasso e recuperando a técnica <strong>de</strong> inversão<br />

melódica; passagens em terceiras dobra<strong>da</strong>s; e<br />

apresentação do thema, primeiro pelo violino,<br />

<strong>de</strong>pois pela flauta.<br />

o An<strong>da</strong>nte evi<strong>de</strong>ncia claramente a atenção<br />

que <strong>Bach</strong> <strong>da</strong>va às tendências mais recentes <strong>da</strong><br />

música, nomea<strong>da</strong>mente a do estilo galant, en-<br />

20 21<br />

tão em voga na corte <strong>de</strong> Pots<strong>da</strong>m. Numa fase criativa em que se concentrava<br />

sobretudo nos mo<strong>de</strong>los do passado, este é um dos raríssimos exemplos em que<br />

se entregou à estética que a geração dos seus filhos começava então a <strong>de</strong>senvolver,<br />

muito por via <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s expressivas que o novíssimo instrumento<br />

(pianoforte) entretanto já facultava. o tema principal caracteriza-se pelo jogo<br />

<strong>de</strong> eco entre solistas, alternando justamente entre as dinâmicas forte e piano.<br />

Fá-lo sobre um motivo cujos intervalos melódicos, pequenos e cromáticos, fornecem<br />

uma ambiência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> intimi<strong>da</strong><strong>de</strong>, afim <strong>da</strong> recém-cria<strong>da</strong> linguagem<br />

<strong>de</strong>lica<strong>da</strong> e expressiva.<br />

o Allegro final tem um carácter gracioso provi<strong>de</strong>nciado pela métrica ternária<br />

composta, própria <strong>da</strong> giga, que habitualmente tomaria parte numa suite <strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>nças. o thema é recuperado numa versão que evi<strong>de</strong>ncia sobretudo a sua<br />

<strong>de</strong>sci<strong>da</strong> cromática e que fica primeiro a cargo <strong>da</strong> flauta, <strong>de</strong>pois do violino, numa<br />

exposição típica <strong>da</strong> fuga. Prosseguem através <strong>de</strong> um diálogo contrapontístico,<br />

tão subtil quanto <strong>de</strong>licado, em que o thema vai marcando presença em<br />

aparições discretas e elegantes.<br />

Canon perpetuus conta com uma textura <strong>de</strong> trio sonata. sobre o contínuo <strong>de</strong><br />

escrita livre, as duas vozes canónicas apresentam-se à distância temporal <strong>de</strong> dois<br />

compassos e melódica <strong>de</strong> uma quinta perfeita. são relaciona<strong>da</strong>s pela técnica <strong>de</strong><br />

espelho, ou <strong>de</strong> inversão, e trocam <strong>de</strong> funções ao compasso <strong>de</strong>zoito.<br />

João peDro louro<br />

t e X t o s G e N t i l M e N t e c e d i d o s P e l a<br />

FuN<strong>da</strong>ção calouste GulBeNKiaN/serViço <strong>de</strong> Música


19 Jun coNcerto iii<br />

i Parte<br />

PequeNo auditório — sala eduardo Prado coelho \ 18h30<br />

duração 60’<br />

imaginarium ensemble<br />

“Primo Gennaro 1700”<br />

arcangelo corelli e le Sonate Opera Quinta<br />

iNterValo 20’<br />

ii Parte<br />

PequeNo auditório — sala eduardo Prado coelho \ 21h<br />

duração 60’<br />

orquestra <strong>de</strong> câmara portuguesa<br />

Quasi una fantasia<br />

i Parte<br />

programa<br />

arcanGelo corelli 1653\1713<br />

Sonatas para violino e baixo contínuo, op. V<br />

sonata n.º 1 em ré maior<br />

Grave/Allegro/A<strong>da</strong>gio/Grave/Allegro/A<strong>da</strong>gio<br />

Allegro – Allegro – A<strong>da</strong>gio – Allegro<br />

sonata n.º 7 em ré menor<br />

Prelúdio – Corrente – Saraban<strong>da</strong> –Giga<br />

sonata n.º 3 em dó maior<br />

A<strong>da</strong>gio – Allegro – A<strong>da</strong>gio – Allegro – Allegro<br />

sonata n.º 10 em Fá maior<br />

Prelúdio – Alleman<strong>da</strong> – Saraban<strong>da</strong> – Gavotta<br />

sonata n.º 12 em ré menor “Follia”<br />

imaginarium ensemble<br />

Enrico Onofri<br />

violino solo e direcção musical<br />

Alessandro palmeri violoncelo<br />

Margret Köll harpa<br />

Riccardo Doni cravo e órgão<br />

22 23<br />

Arcangelo Corelli<br />

Fusignano, 17 Fevereiro 1653<br />

roma, 8 Janeiro 1713<br />

ao longo do século XVii, roma torna-se o centro cultural <strong>de</strong> excelência na medi<strong>da</strong><br />

em que a igreja investia somas exorbitantes para reforçar o seu po<strong>de</strong>r e propagar<br />

mais eficazmente a fé. esta dinâmica <strong>de</strong> afirmação absoluta ganhava forma<br />

no apelo aos sentidos pelo que eram construí<strong>da</strong>s novas igrejas sumptuosamente<br />

<strong>de</strong>cora<strong>da</strong>s e cuja correspondência musical acontecia principalmente nos géneros<br />

vocais como a oratória, a cantata sacra ou até mesmo a ópera. Não obstante,<br />

também a música instrumental tomava parte neste encantamento e é neste contexto<br />

que corelli <strong>de</strong>sponta, não só como violinista, fazendo parte ou li<strong>de</strong>rando<br />

as orquestras que executavam as oratórias, como através <strong>da</strong>s suas composições<br />

apresenta<strong>da</strong>s nos intervalos <strong>da</strong>quelas.<br />

a fama <strong>de</strong> violinista irá permitir-lhe ter como patronos as personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais<br />

<strong>de</strong>cisivas do panorama cultural romano. em 1679 entra ao serviço <strong>da</strong> rainha<br />

cristina <strong>da</strong> suécia (1626-1689), a quem <strong>de</strong>dica o seu primeiro conjunto <strong>de</strong> obras<br />

(op. 1). exila<strong>da</strong> em roma <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1654, foi <strong>da</strong>s mais importante mece<strong>nas</strong> <strong>da</strong>s artes<br />

do século XVii e as aca<strong>de</strong>mias que promovia no seu Palazzo riario terão, muito<br />

provavelmente, constituído a ocasião para as primeiras audições <strong>da</strong> música <strong>de</strong><br />

corelli. Nos anos oitenta, o seu principal patrono passa a ser o car<strong>de</strong>al Pamphili<br />

(1653-1730) e é a ele que <strong>de</strong>dicará as Sonate, op. 2, em 1685. o terceiro foi o<br />

car<strong>de</strong>al Pietro ottoboni (1667-1740), na déca<strong>da</strong> seguinte. Neste período não é<br />

só a mestria do instrumentista que chama a atenção. Passa a ser conhecido também<br />

através <strong>da</strong> música que escreve. além disso tinha ganho imensa fama como<br />

professor <strong>de</strong> violino atraindo alunos <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a europa, para além dos italianos.<br />

quando, em 1708, se retira <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> pública e se <strong>de</strong>dica ape<strong>nas</strong> à composição e à<br />

revisão <strong>de</strong> obras anteriores, o seu estatuto é o <strong>de</strong> um músico <strong>de</strong> enorme sucesso.<br />

a disseminação <strong>da</strong> sua obra, por via <strong>da</strong> crescente dinâmica editorial, fez <strong>de</strong>le o<br />

compositor que regista mais obras reedita<strong>da</strong>s até ao tempo <strong>de</strong> J. haydn através<br />

dos principais géneros a que se <strong>de</strong>dicou, como a sonata <strong>da</strong> camara e <strong>da</strong> chiesa,<br />

para além do concerto grosso.<br />

o conjunto <strong>de</strong> doze Sonatas para violino<br />

e baixo contínuo op. 5 foi publicado no<br />

primeiro dia <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1700. ca<strong>da</strong> uma<br />

<strong>da</strong>s sonatas justapõe um número <strong>de</strong> an<strong>da</strong>mentos<br />

contrastantes em carácter, tempo e<br />

textura. radicam <strong>da</strong>s tipologias <strong>da</strong>s <strong>da</strong>nças<br />

cortesãs então em voga. a excepção encontra-se<br />

na última, simplesmente <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong><br />

(...) As características <strong>da</strong><br />

sua música rapi<strong>da</strong>mente<br />

se tornaram regra para<br />

os compositores <strong>da</strong><br />

geração seguinte (...)


Follia, e enquadra-se na forma <strong>de</strong> tema e <strong>de</strong> variações. contudo o tema é também<br />

baseado numa <strong>da</strong>nça, embora arcaica e <strong>de</strong> origem portuguesa no século XV,<br />

sendo seguido <strong>de</strong> 22 variações. É consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a peça mais difícil <strong>de</strong> uma colecção<br />

que, no todo, apresenta um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro <strong>de</strong>safio técnico aos executantes, através<br />

<strong>de</strong> cor<strong>da</strong>s duplas e triplas, escalas rápi<strong>da</strong>s, ca<strong>de</strong>nzas e passagens <strong>de</strong>calca<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

estudos <strong>de</strong> estilo moto perpetuo. são acompanha<strong>da</strong>s por baixo contínuo, ou<br />

baixo cifrado, em que é o próprio instrumentista a elaborar a base harmónica e<br />

a sua ornamentação, meramente a partir <strong>de</strong> uma notação que ape<strong>nas</strong> fornece a<br />

nota mais grave do acor<strong>de</strong>.<br />

as inovações que corelli introduziu po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s discretas nos dias <strong>de</strong><br />

hoje. Porém, há que levar em linha <strong>de</strong> conta que se trata <strong>de</strong> um dos compositores<br />

mais originais <strong>da</strong> história. as características <strong>da</strong> sua música rapi<strong>da</strong>mente se tornaram<br />

regra para os compositores <strong>da</strong> geração seguinte, nomea<strong>da</strong>mente através<br />

do estilo que a sua obra, to<strong>da</strong> ela instrumental, <strong>de</strong>monstrava. o seu exemplo foi<br />

seguido por todos os compositores principais <strong>de</strong>sta época, como a. Vivaldi (1678-<br />

1741), J. s. <strong>Bach</strong> (1685-1750) e G. F. han<strong>de</strong>l (1685-1759).<br />

João peDro louro<br />

ii Parte<br />

programa<br />

GyörGy KurtáG<br />

...quasi una fantasia... [12’]<br />

I. Introduzione. Largo<br />

II. Presto minaccioso e lamentoso.<br />

Molto agitato, sempre<br />

III. Recitativo. Grave, disperato<br />

IV. Aria. A<strong>da</strong>gio molto. Lontano, calmo,<br />

appena sentito<br />

franz Joseph hayDn<br />

sinfonia concertante em si bemol maior,<br />

hob.i: 105 [22’]<br />

I. Allegro<br />

II. An<strong>da</strong>nte<br />

III. Allegro con spirito<br />

l u D w i G Va n B e e t h o V e n<br />

sinfonia n.º1, em dó Maior, op.21 [27’]<br />

I. A<strong>da</strong>gio molto — Allegro con brio<br />

II. An<strong>da</strong>nte cantabile con moto<br />

III. Allegro molto e vivace (Minuetto)<br />

IV. A<strong>da</strong>gio – Allegro molto e vivace<br />

orquestra <strong>de</strong><br />

câmara portuguesa<br />

pedro Carneiro direcção<br />

Elsa Marques Silva piano<br />

pedro Lopes violino<br />

Samuel Bastos oboé<br />

Roberto Erculiani fagote<br />

Luís André Ferreira violoncelo<br />

24<br />

Quasi una Fantasia<br />

György <strong>Kurtág</strong> ‹ ...quasi una fantasia...<br />

<strong>Kurtág</strong> <strong>nas</strong>ceu em 1926, na roménia.<br />

...quasi una fantasia... é uma obra<br />

<strong>de</strong> maturi<strong>da</strong><strong>de</strong>, escrita entre 1987 e<br />

1988, já <strong>de</strong>pois dos 60 anos do compositor.<br />

Foi a primeira obra em que <strong>Kurtág</strong> utilizou<br />

o espaço enquanto parâmetro<br />

musical, o que ain<strong>da</strong> hoje não é consensual<br />

na música contemporânea.<br />

(...) Foi a primeira obra em<br />

que <strong>Kurtág</strong> utilizou o espaço<br />

enquanto parâmetro musical,<br />

o que ain<strong>da</strong> hoje não é<br />

consensual na música<br />

contemporânea.(...)<br />

Nesta obra há vários grupos que se divi<strong>de</strong>m pela sala <strong>de</strong> espectáculo em torno do<br />

público, <strong>de</strong> preferência em plataformas com alturas diferentes. esta espacialização<br />

é toma<strong>da</strong> em conta na estrutura <strong>da</strong> própria composição, sobretudo no terceiro an<strong>da</strong>mento.<br />

...quasi una fantasia... foi escrita sob a antiga forma do concerto para piano,<br />

tendo sido <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> ao pianista Zoltán Kocsis e ao maestro Péter eötvös, e teve<br />

a sua estreia com o ensemble Mo<strong>de</strong>rn. a orquestra integra, além <strong>da</strong> formação<br />

tradicional <strong>de</strong> uma orquestra <strong>de</strong> câmara, um cimbalão e cinco harmónicas, o que<br />

lhe confere uma sonori<strong>da</strong><strong>de</strong> particular. o cimbalão é um instrumento tradicional<br />

<strong>da</strong> música romena e é utilizado por <strong>Kurtág</strong> em diversas <strong>da</strong>s suas obras.<br />

o material <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> obra po<strong>de</strong> ser algo tão simples como uma escala<br />

maior, a base <strong>da</strong> tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Neste concerto po<strong>de</strong>remos verificar em dois exemplos<br />

como este recurso é trabalhado em duas épocas muito diferentes. aqui, integra<strong>da</strong><br />

numa técnica atonal, <strong>Kurtág</strong> utiliza a escala <strong>de</strong> dó maior como base do<br />

primeiro an<strong>da</strong>mento, sobrepondo a mesma escala em diferentes an<strong>da</strong>mentos e<br />

ro<strong>de</strong>a<strong>da</strong> <strong>de</strong> ruídos diversos <strong>da</strong> percussão.<br />

franz Joseph haydn ‹ Sinfonia Concertante em Si bemol maior, Hob.I: 105<br />

esta é a única obra do género sinfonia concertante <strong>de</strong>ste compositor e foi escrita<br />

em 1792 em londres. trata-se <strong>de</strong> um concerto com diversos solistas e orquestra; os<br />

solistas, neste caso, são oboé, fagote, violino e violoncelo. havia em londres uma<br />

rivali<strong>da</strong><strong>de</strong> entre os concertos haydn-salomon, organizados por estas duas personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

e pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> concertos “Professional concerts”. esta última, sabendo<br />

que haydn se encontrava em londres a apresentar as suas sinfonias (género<br />

em que era mestre), fez vir Pleyel, seu antigo aluno e também compositor.<br />

a forma musical preferi<strong>da</strong> <strong>de</strong> Pleyel eram as sinfonias concertantes – que foi<br />

apresentar a londres –, e haydn escreveu então a sua única sinfonia concertante<br />

para apresentar nos concertos haydn-salomon. Foi estrea<strong>da</strong> sob a direcção do<br />

compositor e com salomon no violino.


ludwig van Beethoven ‹ Sinfonia n.º 1, em Dó maior, op. 21<br />

No virar do século XViii para o XiX, Beethoven iniciava-se no género em que viria<br />

a ser mestre: a sinfonia. esta primeira sinfonia foi escrita em 1799 e estrea<strong>da</strong> um<br />

ano <strong>de</strong>pois. como viria a tornar-se frequente <strong>nas</strong> estreias <strong>de</strong>ste compositor, as<br />

críticas indigna<strong>da</strong>s fizeram-se ouvir: que esta música “rebentava os ouvidos” ou<br />

que era <strong>de</strong>masiado marcial.<br />

embora esteja ain<strong>da</strong> muito mergulha<strong>da</strong> na tradição do classicismo <strong>de</strong> haydn e<br />

Mozart, há alguns elementos que permitem já adivinhar o virar do século e <strong>de</strong> estilos:<br />

o caminho para o romantismo e o <strong>de</strong>safio lento dos limites <strong>da</strong> tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

a primeira sinfonia <strong>de</strong> Beethoven começa com um acor<strong>de</strong> que soa “errado”, fora<br />

<strong>da</strong> tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>; é <strong>de</strong>pois que to<strong>da</strong> a progressão conduz à tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> dó maior<br />

em que a sinfonia está basea<strong>da</strong>.<br />

É novamente aqui, no terceiro an<strong>da</strong>mento, que voltaremos a ouvir uma forma<br />

diferente – inseri<strong>da</strong> no contexto tonal – <strong>de</strong> utilizar a escala maior enquanto material<br />

para a escrita do tema musical.<br />

helena roMão<br />

20 Jun coNcerto iV<br />

i Parte<br />

PequeNo auditório — sala eduardo Prado coelho \ 18h30<br />

duração 60’<br />

Divino sospiro<br />

Itália e Portugal, um barroco em paralelo<br />

iNterValo 20’<br />

ii Parte<br />

PequeNo auditório — sala eduardo Prado coelho \ 21h<br />

duração 50’<br />

orchestrutopica<br />

Sinais::Mensagens<br />

26 27<br />

i Parte<br />

programa<br />

antonio ViValDi<br />

concerto para cor<strong>da</strong>s em sol menor rV 157 [10’]<br />

Allegro – Largo – Allegro<br />

francisco antónio <strong>De</strong> alMeiDa<br />

Cantata “A quel leggiadro volto” para soprano,<br />

cor<strong>da</strong>s e baixo contínuo [15’]<br />

t o M M a s o a l B i n o n i<br />

concerto para oboé em ré Maior [12’]<br />

An<strong>da</strong>nte – A<strong>da</strong>gio – Presto<br />

peDro antónio aVonDano<br />

sinfonia em ré Maior [8’]<br />

Allegro – Largo - Menuetto<br />

peDro antónio aVonDano<br />

ária “ah non sai bella selene” *<br />

* estreia mundial em tempos mo<strong>de</strong>rnos<br />

Divino sospiro<br />

Massimo Mazzeo direcção musical<br />

Sandra Me<strong>de</strong>iros soprano<br />

Itália e Portugal, um barroco em paralelo<br />

antonio Vivaldi Veneza, 4 Março 1768 – Viena, 28 Julho 1741<br />

francisco antónio <strong>de</strong> almei<strong>da</strong> fl. 1722 – ?1755<br />

tommaso albinoni Veneza, 8 Junho 1671 – Veneza, 17 Janeiro 1750<br />

pedro antónio avon<strong>da</strong>no lisboa, 1714 – lisboa, 1782<br />

a disseminação dos músicos e <strong>da</strong> música italiana, entre 1600 e 1750, grosso modo,<br />

<strong>de</strong>terminou a formação <strong>da</strong> complexa teia musical que se foi formando por to<strong>da</strong> a<br />

europa. o gosto musical italiano converteu-se, durante todo o período barroco,<br />

no paradigma a adoptar pelo público apreciador e pelos músicos <strong>da</strong> geografia<br />

europeia. o gran<strong>de</strong> veículo para esta dinâmica, principalmente no barroco tardio<br />

(1700-1750), era principalmente a ópera, que acabou por abrir caminho a outros<br />

géneros vocais e instrumentais, como a cantata e o concerto. em Portugal, este<br />

período ficou marcado pelo reinado <strong>de</strong> d. João V (1706-1750) que, <strong>de</strong> acordo<br />

com as cúpulas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que mais o inspiraram, como as do rei luís XiV e do<br />

imperador leopoldo i, seu sogro, tinha na música uma estratégia <strong>de</strong> representação<br />

pública <strong>de</strong> prestígio. contudo o monarca português privilegiava a música<br />

litúrgica em <strong>de</strong>trimento <strong>da</strong> ópera e, coerentemente, a prática musical sofrerá


mu<strong>da</strong>nças que a i<strong>de</strong>ntificarão ca<strong>da</strong> vez mais com a <strong>da</strong> capela do Papa. É bastante<br />

significativo o facto <strong>de</strong> ter sido contratado o mestre <strong>de</strong> capela do sumo Pontífice,<br />

domenico scarlatti (1685-1757), que <strong>de</strong>ixou as funções <strong>da</strong> capela Giulia em 1719.<br />

É também neste ano que é imposto o rito romano na capela real. em termos<br />

musicais resultou na importação <strong>de</strong> livros litúrgicos, partituras e contratação <strong>de</strong><br />

excelentes músicos italianos, entre eles P. G. avon<strong>da</strong>no, pai <strong>de</strong> pedro António.<br />

a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> formar uma roma lusitana terá na música uma série <strong>de</strong> iniciativas que<br />

visam actualizar a sua dinâmica ain<strong>da</strong> que centra<strong>da</strong> sobretudo na capela real.<br />

a renovação participa também <strong>de</strong> processos e métodos <strong>de</strong> ensino – <strong>de</strong>ntro e fora<br />

<strong>de</strong> Portugal. em 1713 é cria<strong>da</strong> a escola <strong>de</strong> música <strong>da</strong> capela real, <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong><br />

mais tar<strong>de</strong> como seminário <strong>da</strong> Patriarcal. os seus melhores alunos serão enviados<br />

a roma como bolseiros. João rodrigues esteves, Francisco António <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>,<br />

autor <strong>da</strong> música <strong>da</strong> primeira ópera a ser leva<strong>da</strong> à cena em Portugal, La pazienza<br />

di Socrate (1733), e antónio teixeira terão assim oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r com<br />

os melhores mestres do barroco romano. Proce<strong>de</strong>-se assim a uma relação mais<br />

estreita entre as práticas musicais portuguesas e as europeias.<br />

a música instrumental tinha no concerto o seu género principal. o virtuosismo,<br />

sobretudo do violino, já empregue em géneros anteriores como o <strong>da</strong> cantata<br />

solo, passou para o concerto, conferindo-lhe um traço idiomático. estes factores<br />

estilísticos foram sendo trabalhados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> finais do século XVii, pelos principais<br />

cultores do género, associados a importantes centros <strong>de</strong> produção musical como<br />

roma, com a. corelli (1653-1713), a quem se <strong>de</strong>ve a mo<strong>da</strong>, com larga expressão<br />

em inglaterra, assim como a própria sistematização <strong>da</strong> nomenclatura; Bolonha,<br />

através <strong>de</strong> torelli; e Veneza, por via <strong>de</strong> Albinoni e Vivaldi. estes contam-se entre<br />

os compositores mais profícuos do barroco. o primeiro distinguiu-se sobretudo<br />

por via <strong>da</strong> música instrumental e vocal profana, enquanto o segundo, <strong>de</strong>scriminado<br />

pelos seus conterrâneos muito por via do seu gigantesco sucesso, trabalhou<br />

praticamente em todos os géneros em voga. duas gerações <strong>de</strong>pois, o compositor<br />

e violinista pedro António Avon<strong>da</strong>no, primeiro violino <strong>da</strong> capela real, mantinha<br />

ain<strong>da</strong> traços <strong>da</strong>quele período ensaiando, ao mesmo tempo, uma certa internacionalização<br />

como provam os saraus que mantinha em sua casa para comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

estrangeiras, assim como a publicação, em londres, <strong>de</strong> três colecções<br />

<strong>de</strong> minuetes, patrocina<strong>da</strong>s pela comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> portuguesa ali radica<strong>da</strong>. escreveu<br />

música para os bailados que acompanhavam as óperas e escreveu também para<br />

este género, em 1765, Il mondo <strong>de</strong> la luna. Ah! Non sai bella Selene é um número<br />

retira<strong>da</strong> do conhecido drama <strong>de</strong> Metastasio dido, e terá sido concebido como<br />

uma ária <strong>de</strong> inserção para a produção <strong>de</strong> d. Perez, estrea<strong>da</strong>, provavelmente, no<br />

teatro do Bairro alto naquele mesmo ano.<br />

João peDro louro<br />

28 29<br />

cantata<br />

“a quel leGGiaDro Volto”<br />

recitativo<br />

A quel leggiadro volto sì candido e<br />

vermiglio<br />

Fosco pallore ogni vaghezza ha tolto<br />

Quelle luci serene che spiravan l<br />

etizia<br />

Di duolo e di mestitia oggi ripieni<br />

Di versar largo pianto non cessano<br />

Ó ben parta o rie<strong>da</strong> il giorno<br />

Dal profondo <strong>de</strong>l core escan tronchi<br />

sospiri<br />

Segni di puro e di sincero amore<br />

Di tanti affanni e pene che soffre<br />

l’Idol mio<br />

Pur la cagion son io ma senza colpa<br />

Meco non t’addirar lagnati<br />

o bella<br />

<strong>De</strong>lla perversa mia maligna stella.<br />

aria<br />

Lascia per un momento<br />

caro mio ben di piangere<br />

maggior si fá il tormento<br />

se pensi al tuo dolor<br />

Serena il mesto ciglio<br />

sospiri più non spargere<br />

<strong>de</strong>h! Prendi il bel consiglio<br />

<strong>da</strong>l mio fe<strong>de</strong>le amor<br />

recitativo<br />

Torni alle meste Luci di Nice vagha<br />

e bella<br />

il primiero splendor di lieto viso<br />

mista ora sia la dolce sua favella<br />

cessino omai gli affanni<br />

sen fuggano le pene<br />

ad’on<strong>da</strong> <strong>de</strong> maligni Aspri tiranni<br />

Sotto altro Ciel godrai tranquilla pace<br />

con L’amato tuo Bene vivi<br />

senza dolore in queste pene<br />

aria<br />

Da venti e <strong>da</strong> procelle<br />

se vien turbato il mare<br />

Placi<strong>de</strong> l’on<strong>de</strong> e chiare<br />

tornano al fine un dì<br />

Così l’avverse Stelle<br />

minacciano l’Amante<br />

ma cangiano sembiante<br />

se quella le schernì<br />

cantata<br />

“a quel leGGiaDro Volto”<br />

recitativo<br />

Àquele gracioso rosto tão cândido<br />

e rosado,<br />

Opaca pali<strong>de</strong>z roubou to<strong>da</strong> a beleza<br />

Aqueles olhos serenos que <strong>de</strong>stilavam<br />

júbilo,<br />

<strong>De</strong> dor e <strong>de</strong> tristeza hoje transbor<strong>da</strong>ndo<br />

Não cessam <strong>de</strong> escorrer o pranto,<br />

Quer raie ou parta o dia.<br />

Do fundo do coração saiam amputados<br />

suspiros<br />

Sinais <strong>de</strong> puro e sincero amor<br />

<strong>De</strong> tantas ânsias e pe<strong>nas</strong> que sofre<br />

o meu Bem<br />

A razão sou eu mas sem culpa<br />

Não te zangues comigo, queixa-te<br />

ó bela<br />

Da minha perversa e malfa<strong>da</strong><strong>da</strong> estrela<br />

ária<br />

<strong>De</strong>ixa por um instante<br />

Caro meu bem, <strong>de</strong> chorar.<br />

Maior se faz o tormento<br />

Se pensas na tua dor.<br />

Serena o triste olhar,<br />

Mais suspiros não soltes,<br />

Oh! Aceita o bom conselho<br />

Do meu fiel amor.<br />

recitativo<br />

Volte aos tristes olhos <strong>da</strong><br />

bela Nice,<br />

O primeiro esplendor do alegre rosto.<br />

Que o seu falar seja doce e vivo.<br />

Cessem para sempre as ânsias e fujam<br />

pe<strong>nas</strong><br />

À on<strong>da</strong> <strong>de</strong> malignos e ásperos tiranos<br />

Sob outro céu<br />

Gozarás tranquila paz<br />

Com o teu amado Bem<br />

Ària<br />

Se por ventos e bátegas<br />

é o mar turbado<br />

Pláci<strong>da</strong>s e claras as on<strong>da</strong>s<br />

Voltam por fim um dia<br />

Assim as adversas estrelas<br />

Ameaçam o amante<br />

Mas mu<strong>da</strong>m o semblante<br />

Se aquela as <strong>de</strong>sprezou


ah non sai bella selene<br />

Ah non sai bella Selene<br />

Quanto e barbaro martire<br />

il ve<strong>de</strong>rla oh Dio morire<br />

e doverla oh Dio lasciar.<br />

Come mai <strong>de</strong>ll’idol mio<br />

come udro l’estremo addio<br />

se io mi sento<br />

in sol pensarlo<br />

tutta l’alma lascerar.<br />

ii Parte<br />

programa<br />

GyörGy KurtáG<br />

concerto para Violoncelo e orquestra [ca. 20’]<br />

I. Noire<br />

II. Lo Stesso Tempo<br />

GyörGy KurtáG<br />

Messages of the late R. V. Troussova,<br />

21 poemas <strong>de</strong> rimma <strong>da</strong>los, para soprano e<br />

ensemble <strong>de</strong> câmara, op. 17 [ca. 25’]<br />

I. Solitu<strong>de</strong> (1’-2’)<br />

II. Quelque peu érotique (3’-6’)<br />

III. Expérience amère – Douceur et chagrin (7’-21’)<br />

IV. Epílogo<br />

Sinais<br />

ah nao sabes bela selene<br />

Ah nao sabes bela Selene<br />

quanto e bárbaro o martírio<br />

<strong>de</strong> a ver, o <strong>De</strong>us, morrer<br />

e <strong>de</strong> ter, o <strong>De</strong>us, <strong>de</strong> a <strong>de</strong>ixar.<br />

Como po<strong>de</strong>rei, do meu amor<br />

ouvir o último a<strong>de</strong>us<br />

se sinto,<br />

só <strong>de</strong> o pensar<br />

to<strong>da</strong> a minha alma lacerar-se.<br />

orchestrutopica<br />

Cesário Costa direcção<br />

Marco pereira violoncelo<br />

Julia Henning soprano<br />

ligeti e <strong>Kurtág</strong> <strong>nas</strong>ceram na roménia, em territórios diferentes, mas que ao longo<br />

do século XX passaram por processos semelhantes <strong>de</strong> sucessivas mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong><br />

soberania e que pertencem actualmente à hungria.<br />

em 1945 rumaram ambos a Bu<strong>da</strong>peste, atravessando ilegalmente a fronteira, esperando<br />

que, com o fim <strong>da</strong> Guerra, Béla Bartók regressasse dos estados unidos<br />

para ensinar no conservatório <strong>da</strong>quela ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. No dia do exame <strong>de</strong> admissão, no<br />

entanto, souberam <strong>da</strong> morte <strong>de</strong> Bartók em Nova iorque. conheceram-se neste<br />

mesmo dia e a sua amiza<strong>de</strong> prolongou-se por to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>.<br />

em 1956, na sequência <strong>da</strong> revolução húngara e do endurecimento do domínio<br />

soviético, ligeti fugiu para a áustria e instalou-se mais tar<strong>de</strong> na alemanha.<br />

a sua presença no centro cultural do lado oci<strong>de</strong>ntal <strong>da</strong> Guerra Fria (em Viena,<br />

30 31<br />

colónia e Paris) e o contacto com os principais compositores e músicos, trouxe-o<br />

rapi<strong>da</strong>mente à ribalta. <strong>Kurtág</strong>, por seu lado, <strong>de</strong>cidiu ficar na hungria; esta <strong>de</strong>cisão<br />

iria <strong>de</strong>terminar o <strong>de</strong>sconhecimento <strong>da</strong> sua música nos países oci<strong>de</strong>ntais por<br />

bastante mais tempo.<br />

em termos estéticos, ambos recusaram qualquer pertença a “escolas” ou “movimentos”.<br />

o ponto comum entre ambos é o carácter único <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les e um<br />

certo tipo <strong>de</strong> sarcasmo e ironia, que conduzem a um mundo <strong>de</strong> fantasia.<br />

György <strong>Kurtág</strong> ‹ Messages of the late R. V. Troussova, op. 17,<br />

para soprano e ensemble<br />

<strong>Kurtág</strong> escreveu esta obra entre 1976 e 1980, numa encomen<strong>da</strong> do ensemble<br />

intercontemporain. são vinte e um trechos sobre outros tantos textos <strong>de</strong> rimma<br />

<strong>da</strong>los, poeta russa resi<strong>de</strong>nte na hungria. os trechos estão agrupados em três<br />

partes que funcionam como três etapas <strong>de</strong> um drama interior, encerra<strong>da</strong>s por um<br />

epílogo. são fragmentos, ou mensagens, <strong>de</strong> uma história <strong>de</strong> amor trágica.<br />

em Solitu<strong>de</strong>, <strong>Kurtág</strong> <strong>de</strong>screve o <strong>de</strong>sespero afectivo <strong>da</strong> heroína num sentimento<br />

<strong>de</strong> vazio e abandono. No segundo an<strong>da</strong>mento a <strong>de</strong>clamação quasi parlando é<br />

livre, e através <strong>da</strong> loucura do <strong>de</strong>sejo carnal atinge o ponto culminante <strong>de</strong>sta obra,<br />

como num acesso <strong>de</strong> raiva.<br />

seguem-se quinze poemas muito curtos que evocam o eco, a memória, a lembrança,<br />

segui<strong>da</strong> do epílogo <strong>de</strong> alexan<strong>de</strong>r Blok: “tu, tempo, <strong>da</strong> lembrança apaga<br />

os vestígios.”<br />

György ligeti ‹ Concerto para violoncelo e orquestra<br />

o Concerto para violoncelo e orquestra foi escrito em 1966, pouco <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

Nouvelles Aventures. contrariamente ao que é esperado <strong>de</strong> um concerto, o violoncelo<br />

surge do na<strong>da</strong>, inaudível, sem gran<strong>de</strong> gesto virtuosístico. o virtuosismo<br />

do solista resi<strong>de</strong> na expressivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e na dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> interpretação, mas não<br />

tanto na espectaculari<strong>da</strong><strong>de</strong> visual ou sonora do esforço do violoncelista.<br />

ligeti tencionava escrever uma obra num só an<strong>da</strong>mento com diversos fragmentos.<br />

No entanto, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les tornou-se durante a composição<br />

num an<strong>da</strong>mento separado, Noire.<br />

No segundo an<strong>da</strong>mento agrupam-se os restantes fragmentos e algum outro material,<br />

mostrado através <strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s técnicas muito próprias a este compositor: as<br />

janelas. ao longo do an<strong>da</strong>mento surgem inserções súbitas, material musical que<br />

é tratado como se uma janela diferente se abrisse sobre uma mesma paisagem,<br />

<strong>da</strong>ndo <strong>de</strong>sta uma nova perspectiva. Não se distingue, portanto, o material novo<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> trechos já ouvidos.<br />

helena roMão


Messages of the late<br />

R. V. tRoussoVa<br />

poemas <strong>de</strong> riMMa Dalos<br />

I. SOLIDÃO<br />

“Eu <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> sorrir,<br />

O vento gelado congela-me os lábios<br />

Agora há menos uma esperança.<br />

Haverá mais uma canção.”<br />

(anna akhmatova)<br />

1. NO ESpAÇO…<br />

Num espaço <strong>de</strong> 6 por 4 metros<br />

A uma pressão <strong>de</strong> 6000 atmosferas<br />

<strong>de</strong> solidão<br />

A uma temperatura <strong>de</strong> 40 0000 graus<br />

<strong>De</strong> <strong>de</strong>sejos por cumprir<br />

Um ser humano gela.<br />

2. O DIA CAI<br />

O dia cai como uma guilhotina,<br />

O dia, coberto <strong>de</strong> promessas,<br />

Que salva os que não têm salvação<br />

<strong>De</strong> mentiras, comédias, intrigas<br />

<strong>De</strong> novos caminhos <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Com farrapos <strong>de</strong> mentiras, <strong>de</strong> cobardias.<br />

Solidão <strong>de</strong>svela<strong>da</strong><br />

<strong>De</strong> uma existência vazia.<br />

Grãos <strong>de</strong> confiança que restam<br />

Presos entre dois beijos.<br />

II. UM pOUCO ERÓTICO<br />

“…também esta canção,<br />

contra a minha vonta<strong>de</strong><br />

a <strong>de</strong>ixo ao riso e às injúrias,<br />

já que é para a alma <strong>de</strong> uma<br />

dor insuportável<br />

o silêncio amoroso”<br />

(anna akhmatova)<br />

1. FEBRE<br />

“E quando um fogo-fátuo<br />

te indica o caminho,<br />

é preciso justamente não o seguir.”<br />

Goethe: Fausto I Noite <strong>de</strong> Walpurgis<br />

Febre, febre, febre<br />

Febre <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo.<br />

Estou se<strong>de</strong>nto <strong>de</strong> ti como<br />

<strong>de</strong> uma humi<strong>da</strong><strong>de</strong> vivificante.<br />

Cola-te a mim<br />

Com todo o comprimento <strong>da</strong>s tuas<br />

per<strong>nas</strong>,<br />

Com o teu peito, com a curva do teu<br />

estômago,<br />

Sente a minha pele <strong>de</strong> se<strong>da</strong><br />

Nas tuas mãos nervosas.<br />

O teu beijo não me salva —<br />

Ape<strong>nas</strong> me aprisiona.<br />

Quero levar-te todo inteiro.<br />

Não vês tu<br />

Como eu ardo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo por ti?<br />

2. DOIS CORpOS ENTRELAÇADOS…<br />

Dois corpos entrelaçados:<br />

Vermelho, branco, negro.<br />

Prazer frenético<br />

Das carícias do amor.<br />

A minha pele ficou rosa<strong>da</strong><br />

Incendia<strong>da</strong> pelos teus beijos,<br />

O teu rosto empali<strong>de</strong>ceu<br />

<strong>De</strong> reprimido <strong>de</strong>sejo.<br />

3. pORQUE NÃO pODEREI gUINCHAR<br />

COMO UM pORCO…<br />

Porque não po<strong>de</strong>rei<br />

Guinchar como um porco,<br />

Quando, à minha volta,<br />

todos grunhem?<br />

4. CHASTUSHKA<br />

Vá, mor<strong>de</strong>-me a face,<br />

Vá, mor<strong>de</strong>-me o peito!<br />

Estou nua diante ti,<br />

Por isso mor<strong>de</strong>-me on<strong>de</strong> quiseres!<br />

III. EXpERIÊNCIA AMARgA –<br />

DELEITE E DESgOSTO<br />

“…E houve uma alegria fatal<br />

Em espezinhar os mistérios sagrados,<br />

O prazer insano do coração –<br />

Uma paixão tão amarga como<br />

o absinto.<br />

(alexandre Block)<br />

32 33<br />

1. pOUSASTE O MEU CORAÇÃO<br />

Pousaste o meu coração<br />

Na palma <strong>da</strong> tua mão,<br />

E <strong>de</strong>pois, com muito cui<strong>da</strong>do,<br />

Viraste a mão.<br />

2. QUANTO INFORTÚNIO<br />

Quanto infortúnio –<br />

é isto o amor.<br />

Mas existirá felici<strong>da</strong><strong>de</strong> maior?<br />

3.SEIXOS<br />

O meu amado<br />

Trouxe-me seixos.<br />

<strong>De</strong>liciam-me as suas muitas cores.<br />

4.UMA FINA AgULHA…<br />

Uma fina agulha <strong>de</strong> sofrimento<br />

Trespassa-me o coração.<br />

E por isso morrerei.<br />

5. SEI QUE O MEU AMADO…<br />

Sei que o meu amado<br />

Não precisa <strong>de</strong> mim.<br />

Mesmo assim, durmo tranquila.<br />

6. FLORES DE OUTONO QUE MURCHAM<br />

Flores <strong>de</strong> Outono que murcham,<br />

Chuva monótona que não cessa.<br />

Assim a vi<strong>da</strong> parte <strong>da</strong> natureza…<br />

7. EM TI<br />

Em ti<br />

Procuro a minha salvação<br />

E encontro a que<strong>da</strong>.<br />

8. OS TEUS DESApARECIMENTOS<br />

Os teus <strong>de</strong>saparecimentos<br />

São como buracos negros <strong>da</strong> memória.<br />

Elos perdidos na acção<br />

Mas há outro elo<br />

Que se chama tempo.<br />

9. SEM TI…<br />

Sem ti<br />

Sou como aquela mulher no balneário<br />

Com os seios amputados.<br />

10. AMA-ME…<br />

Ama-me<br />

Perdoa-me<br />

Os meus <strong>de</strong>sejos são tão simples.<br />

11. CASTIgO<br />

Olho por olho,<br />

Amor por amor;<br />

E <strong>de</strong>pois<br />

A doce vergonha<br />

Da conta<br />

Paga<br />

A prestações.<br />

12. JOgUETE<br />

Que as minhas palavras não soem a<br />

censura<br />

Não fui mais do que um joguete,<br />

embora acreditasse que era a heroína.<br />

13. pORQUE É QUE pROFERISTE…<br />

Porque é que proferiste<br />

Aquelas palavras horríveis,<br />

Quando chovia a cântaros?<br />

14. SOB O AgUACEIRO…<br />

Sob o aguaceiro<br />

<strong>De</strong> olhares lascivos<br />

Ali estava eu, nua até aos ossos.<br />

15. pOR TUDO…<br />

Por tudo<br />

Aquilo que nunca fizemos juntos<br />

Sou eu que pago.<br />

epílogo por alexan<strong>de</strong>r Blok,<br />

poeta que a <strong>de</strong>funta amava<br />

apaixona<strong>da</strong>mente:<br />

Voa, como voou e se dissolveu<br />

Esta noite que acabou,<br />

esta noite ar<strong>de</strong>nte…<br />

Tu, Tempo, <strong>da</strong> memória apaga<br />

os vestígios<br />

E cobre com a tua neve o caminho.<br />

[Manhã cinzenta, 29 Novembro 1913]


cappella pratensis<br />

Miguel Borges coelho<br />

Marta zabaleta<br />

enrico onofri<br />

Divino sospiro<br />

imaginarium ensemble<br />

Margret Köll<br />

riccardo Doni<br />

alessandro palmeri<br />

pedro carneiro<br />

orquestra <strong>de</strong> câmara<br />

portuguesa<br />

elsa Marques silva<br />

pedro lopes<br />

samuel Bastos<br />

cesário costa<br />

Marco pereira<br />

Julia henning<br />

Massimo Mazzeo<br />

sandra Me<strong>de</strong>iros<br />

luis andré ferreira<br />

roberto erculiani<br />

orchestrutopica (ou)<br />

35<br />

cappella pratensis<br />

Caracteriza-se pela pesquisa <strong>da</strong>s condições<br />

musicais, que prevaleceram na re<strong>nas</strong>cença.<br />

Os cantores, à volta <strong>de</strong> um púlpito, interpretam<br />

partituras transcritas, como no original, anota<strong>da</strong>s num<br />

gran<strong>de</strong> livro <strong>de</strong> coro. A interpretação <strong>da</strong> Cappella<br />

Pratensis resi<strong>de</strong> também no conhecimento do<br />

canto gregoriano, como fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> polifonia,<br />

<strong>da</strong>ndo a primazia a uma linha melódica flexível e<br />

horizontal, a um sistema mo<strong>da</strong>l e à influência <strong>da</strong><br />

linguagem sobre a técnica vocal. Estes princípios<br />

não respon<strong>de</strong>m a um cui<strong>da</strong>do com a autentici<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

mas com a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer justiça a um repertório,<br />

que merece ser consi<strong>de</strong>rado como um dos pontos<br />

culminantes <strong>da</strong> cultura musical do oci<strong>de</strong>nte. <strong>De</strong><br />

1987 a 2002, a direcção do ensemble foi assegura<strong>da</strong><br />

por Rebecca Stewart, fun<strong>da</strong>dora <strong>da</strong> filosofia do<br />

grupo. Sob os seus auspícios, a Cappella Pratensis<br />

ganha uma experiência única que lhe permite se distinguir<br />

na cena internacional. Em 2003/2004, Bart<br />

<strong>De</strong>muyt leva o grupo <strong>de</strong> regresso ao repertório <strong>de</strong><br />

Josquin <strong>de</strong>s Prez e dos seus contemporâneos, antes<br />

<strong>de</strong>, <strong>da</strong>r lugar a Peter Van Heyghen. Actualmente<br />

este cargo é assegurado por Straton Bull, e Peter<br />

Van Heyghen continua a colaborar, como maestro<br />

convi<strong>da</strong>do. Com esta nova impulsão, o repertório do<br />

ensemble concentra-se nos compositores do final do<br />

séc. XVI e num projecto educativo importante que se<br />

<strong>de</strong>senvolve através <strong>de</strong> ateliês, <strong>de</strong> partições<br />

e <strong>de</strong> apresentações multimédia. Entre 2005 e<br />

2007, o ensemble esteve em residência na Abbaye<br />

<strong>de</strong> Royaumont (França) e, na prestigia<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Harvard (UEUA) durante o ano <strong>de</strong> 2004,<br />

antes <strong>de</strong> aí se apresentar <strong>de</strong> novo em 2008. Uma<br />

nova digressão americana está prevista para o final<br />

<strong>de</strong> 2010 a Nova Iorque e a Washington.<br />

Apresentou-se em festivais e salas <strong>de</strong> concertos<br />

reconheci<strong>da</strong>s por to<strong>da</strong> a Europa (Utrecht Early<br />

Music Festival, Flan<strong>de</strong>rs festival, Regensburg Festival,<br />

York Early Music Festival,...) e, foi em digressão<br />

pela América do Norte e pelo Japão. O ensemble já<br />

gravou cerca <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> CD, galardoados<br />

com numerosas distinções: Diapason d’Or, Choc <strong>de</strong><br />

la Musique, Editor’s Choice. A sua última gravação,<br />

consagra<strong>da</strong> à Missa <strong>de</strong> Sancto Donatiano <strong>de</strong><br />

Jacob Obrecht, recebeu, em Fevereiro <strong>de</strong> 2010, um<br />

Diapason d’Or Découverte.<br />

Miguel Borges coelho<br />

Nasceu no Porto em 1971. Iniciou o estudo do piano<br />

com a professora Amélia Vilar, vindo a prosseguir<br />

mais tar<strong>de</strong> a sua formação no Conservatório <strong>de</strong><br />

Música do Porto com a professora Isabel Rocha,<br />

em cuja classe concluiu o Curso Superior. Como<br />

bolseiro <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Calouste Gulbenkian estudou<br />

<strong>de</strong>pois na Staatliche Hochschule für Musik Freiburg<br />

im Breisgau, com o professor Vitalij Margulis, e<br />

na Escuela Superior <strong>de</strong> Musica Reina Sofia com os<br />

professores Dmitri Bashkirov e Galina Egyazarova.<br />

Ganhou diversos concursos nacionais <strong>de</strong> música<br />

e recebeu o 2.º Prémio e, o Prémio para a melhor<br />

interpretação <strong>de</strong> música contemporânea no XIV<br />

Concurso Internacional <strong>de</strong> Música <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

Porto, em Outubro <strong>de</strong> 1997. Em 1998, o Ministério<br />

<strong>da</strong> Cultura atribuiu-lhe o Prémio Revelação Ribeiro<br />

<strong>da</strong> Fonte. Tocou em Portugal, Espanha, França e<br />

Brasil, merecendo especial <strong>de</strong>staque os recitais inaugurais<br />

do Teatro do Campo Alegre e do Auditório<br />

<strong>de</strong> Serralves, as actuações no Gran<strong>de</strong> Auditório <strong>da</strong><br />

Fun<strong>da</strong>ção Calouste Gulbenkian, no <strong>Centro</strong> <strong>Cultural</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Belém</strong>, na Casa <strong>da</strong> Música, no Coliseu do Porto,<br />

no Palácio Euskalduna <strong>de</strong> Bilbao, e a participação<br />

em diversos festivais, como o Festival <strong>de</strong> Música <strong>de</strong><br />

Sintra, o Festival <strong>de</strong> Música <strong>da</strong> Póvoa <strong>de</strong> Varzim,<br />

a Festa <strong>da</strong> Música e Dias <strong>da</strong> Música do CCB, em<br />

Lisboa, Les Folles Journées <strong>de</strong> Nantes (França), o<br />

Festival internacional <strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Ayamonte, entre<br />

outros. Foi solista com a Orquestra Nacional do<br />

Porto, a Orquestra APROARTE, a Orquestra Metropolitana<br />

<strong>de</strong> Lisboa, a Orquestra Clássica <strong>da</strong> Ma<strong>de</strong>ira,<br />

a Orquestra Filarmonia <strong>da</strong>s Beiras, a Orquestra<br />

Gulbenkian, a Orquestra <strong>da</strong> EPMVC, a Orquestra<br />

Sinfónica Portuguesa, a Orquestra Sinfonieta <strong>de</strong><br />

Lisboa e a Orquestra do Algarve, sob a direcção dos<br />

maestros Vasco Azevedo, Nicholas Cleobury, Cesário<br />

Costa, Florêncio Júnior, Miguel Graça Moura,<br />

António Lourenço, Camil Marinescu, entre outros.<br />

Actuou em recitais <strong>de</strong> música <strong>de</strong> câmara com os<br />

músicos Michal Kanka, Paulo Gaio Lima, Álvaro<br />

Teixeira Lopes, Asier Polo, Gerardo Ribeiro, Pedro<br />

Ribeiro, Miguel Rocha, António Rosado, Daniel<br />

Rowland, António Saiote, Marta Zabaleta, Gustavo<br />

Díaz-Jerez, Quarteto Capela e o Quarteto Talich.<br />

Miguel Borges Coelho acaba <strong>de</strong> gravar com Michal<br />

Kanka, para a Praga Digitals – Harmonia Mundi, um<br />

CD com obras para violoncelo e piano (e também<br />

para violoncelo solo e piano solo), <strong>de</strong> Ernest Bloch.<br />

Anteriormente, já tinha gravado com o mesmo<br />

violoncelista e para a mesma etiqueta um CD com<br />

sonatas para violoncelo e piano op. 21 e op. 72 <strong>de</strong><br />

Mieczyslaw Weinberg, que foi consi<strong>de</strong>rado Choc<br />

Disc do Le Mon<strong>de</strong> <strong>de</strong> la Musique e distinguido com<br />

5 diapasões pela revista Diapason. A solo, Miguel<br />

Borges Coelho registou, por encomen<strong>da</strong> <strong>da</strong> Câmara<br />

<strong>de</strong> Matosinhos, um CD duplo <strong>de</strong>dicado à obra<br />

pianística <strong>de</strong> Jorge Peixinho, muito bem recebido<br />

pela crítica. É professor <strong>de</strong> piano na Escola<br />

Superior <strong>de</strong> Música e Artes do Espectáculo do Porto<br />

e no <strong>Centro</strong> Superior <strong>de</strong> Música do País Basco,<br />

Musikene.


Marta zabaleta<br />

Nasceu em Legazpia (Guipúzcoa). Inicia os seus<br />

estudos musicais com Arantxa Rodríguez, para<br />

prosseguir no Conservatório <strong>de</strong> San Sebastián com<br />

J. A. Medina. Posteriormente mu<strong>da</strong>-se para Paris,<br />

on<strong>de</strong> trabalha com o professor Dominique Merlet<br />

no conservatório <strong>de</strong>ssa ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Uma vez finaliza<strong>da</strong><br />

a etapa francesa, ingressa na Escuela Superior <strong>de</strong><br />

Musica Reina Sofia para continuar os seus estudos<br />

com insignes maestros Dimitri Bashkirov,<br />

A. Pouvsun e Galina Eguiazarova, entre outros.<br />

Mais tar<strong>de</strong> especializa-se em repertório espanhol<br />

com Alicia <strong>de</strong> Larrocha e T. Montenys, na<br />

Aca<strong>de</strong>mia Marshall <strong>de</strong> Barcelona.<br />

Foi galardoa<strong>da</strong> em prestigiados concursos internacionais<br />

<strong>de</strong> piano, como o Concurso Internacional<br />

<strong>de</strong> Piano Paloma O’Shea, <strong>de</strong> Santan<strong>de</strong>r, Chopin <strong>de</strong><br />

Darmstadt, Pilar Bayona <strong>de</strong> Saragoça e Jaén.<br />

Marta Zabaleta colabora assiduamente com<br />

eminente orquestras e maestros, como a Sinfónica<br />

<strong>da</strong> Galiza, Extremadura, Euskadi, RTVE, Valência,<br />

Bilbau, English Chamber Orchestra, Sinfónica<br />

<strong>de</strong> Berlim, Sinfónica <strong>de</strong> Londres, sob a direcção<br />

dos maestros Sir Colin Davis, Sergiu Comissiona,<br />

Lucas Pfaff, Gabriel Chmura, Harry Christophers,<br />

Christian Man<strong>de</strong>al, G. Varga, John Bell, Sebastián<br />

Bereau, entre outros. As suas incursões na música<br />

<strong>de</strong> câmara levaram-na a colaborar com prestigia<strong>da</strong>s<br />

formações, como o Quarteto Enesco, Quarteto<br />

Ysaye, Alternance e Projecto Gerhard, e trabalha<br />

regularmente com o violoncelista Asier Polo,<br />

com quem <strong>de</strong>butou no Carnegie Hall <strong>de</strong> Nova<br />

Iorque. Estreou o Concerto para piano e orquestra<br />

Hitzaurre-bi <strong>de</strong> Ramón Lazkano no Festival <strong>de</strong> Estrasburgo<br />

e no Festival <strong>de</strong> Música Contemporânea<br />

<strong>de</strong> Alicante, e o Libro para piano <strong>de</strong> Francisco<br />

González Pastor no Festival Internacional <strong>de</strong> Santan<strong>de</strong>r,<br />

obtendo nestes concertos um enorme êxito<br />

junto <strong>da</strong> crítica e do público.<br />

Entre as suas gravações cabe <strong>de</strong>stacar: dois CD<br />

para a etiqueta EMI com a obra para piano solo<br />

<strong>de</strong> Joaquín Rodrigo, um CD para a etiqueta suíça<br />

CLAVES, no qual interpreta o Concerto Basco<br />

<strong>de</strong> Escu<strong>de</strong>ro, um para a etiqueta RTVE, no qual<br />

interpreta o Concerto para dois pianos e orquestra<br />

<strong>de</strong> Martín Pompey, e um com o violoncelista Asier<br />

Pólo para a etiqueta BBK. Actualmente concilia a<br />

sua faceta <strong>de</strong> solista com a docência no <strong>Centro</strong><br />

Superior <strong>de</strong> Música do País Basco, Musikene.<br />

enrico onofri<br />

Nasceu em Ravena. Estudou violino na sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

natal e em Milão. <strong>De</strong>s<strong>de</strong> muito cedo iniciou<br />

colaborações com diversos conjuntos barrocos<br />

italianos, em particular com Il Giardino Armonico<br />

do qual se tornou concertino e solista. Entretanto<br />

foi convi<strong>da</strong>do por Jordi Savall como concertino <strong>da</strong><br />

La Capilla Reial tocando com agrupamentos como o<br />

Concertus Musicus Wien, o Ensemble Mosaiques, o<br />

Concerto Italiano, entre outros. Em 2002, Onofri iniciou<br />

a carreira <strong>de</strong> maestro com gran<strong>de</strong> êxito, tendo<br />

sido convi<strong>da</strong>do por diversas orquestras e festivais<br />

por to<strong>da</strong> a Europa e Japão. <strong>De</strong>s<strong>de</strong> 2005 é maestro<br />

principal <strong>da</strong> orquestra Divino Sospiro (em residência<br />

no <strong>Centro</strong> <strong>Cultural</strong> <strong>de</strong> <strong>Belém</strong>), e também maestro<br />

convi<strong>da</strong>do <strong>da</strong> orquestra italiana Aca<strong>de</strong>mia Montis<br />

Regalis. Em 2005 fundou o ensemble Imaginarium,<br />

interpretando o repertório para violino dos gran<strong>de</strong>s<br />

compositores italianos. Já se apresentou <strong>nas</strong> salas<br />

<strong>de</strong> concerto mais prestigia<strong>da</strong>s, como Musikverein e<br />

Konzerthaus em Viena; Mozarteum em Salzburgo;<br />

Philarmonie e Unter <strong>de</strong>n Lin<strong>de</strong>n Operahouse em<br />

Berlim; Alte Oper em Frankfurt; Concertgebouw em<br />

Amesterdão; Teatro San Carlo em Nápoles; Carnegie<br />

Hall e Lincoln Center em Nova Iorque; Wigmore Hall<br />

e Barbican Hall em Londres; Tonhalle em Zurique;<br />

Théâtre <strong>de</strong>s Champs Elysées e Théâtre du Chatelet<br />

em Paris; Auditório Nacional em Madrid; Oji Hall<br />

em Tóquio; Osaka Simphony Hall; Teatro Colon em<br />

Buenos Aires – e com os artistas Nikolaus Harnoncourt,<br />

Gustav Leonhardt, Christophe Coin, Cecilia<br />

Bartoli, Katia e Marielle Labèque. Muitos dos seus<br />

CD, gravados <strong>nas</strong> editoras Tel<strong>de</strong>c, <strong>De</strong>cca, Astrée,<br />

Winter&Winter, Opus111 e Virgin, alcançaram os<br />

mais prestigiados prémios internacionais – Grammophone<br />

Award, Grand Prix <strong>de</strong>s Discophiles,<br />

Echo-<strong>De</strong>utsche Schallplattenpreis, Prémio Caecilia<br />

Cini <strong>de</strong> Veneza, La Nouvelle Aca<strong>de</strong>mie du Disque,<br />

e ain<strong>da</strong> numerosos Diapason d’Or, Choc <strong>de</strong> la<br />

Musique, 10 <strong>de</strong> Répertoire <strong>de</strong>s disques compacts.<br />

Muitos dos seus concertos foram transmitidos ao<br />

vivo por estações <strong>de</strong> rádio <strong>da</strong> Europa, América, Ásia<br />

e Austrália. <strong>De</strong>s<strong>de</strong> 2000, Enrico Onofri é professor<br />

<strong>de</strong> violino barroco e interpretação <strong>de</strong> música barroca<br />

no Conservatório Bellini <strong>de</strong> Palermo. Tem sido convi<strong>da</strong>do<br />

para leccionar masterclasses em vários países<br />

europeus, entre eles a Itália.<br />

Divino sospiro<br />

Fun<strong>da</strong>do pelo músico italiano Massimo Mazzeo,<br />

a Orquestra Barroca Divino Sospiro <strong>nas</strong>ce <strong>da</strong> vonta<strong>de</strong><br />

e reunião <strong>de</strong> alguns músicos portugueses e<br />

resi<strong>de</strong>ntes em Portugal que, no <strong>de</strong>correr dos anos,<br />

<strong>de</strong>senvolveram um trabalho <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

artística na área <strong>da</strong> interpretação historicamente<br />

informa<strong>da</strong>. Numerosas foram as aparições públicas<br />

<strong>de</strong>ste grupo musical, entre as quais as realiza<strong>da</strong>s<br />

na Festa <strong>da</strong> Música e em festivais nacionais e<br />

internacionais como o Festival d’Ambronay, on<strong>de</strong> o<br />

36 37<br />

agrupamento, primeira orquestra portuguesa, teve<br />

a honra <strong>de</strong> actuar no concerto <strong>de</strong> encerramento.<br />

Divino Sospiro apresentou-se em concertos com<br />

algumas <strong>da</strong>s mais importantes personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s do<br />

panorama artístico a nível mundial. As actuações<br />

do grupo foram grava<strong>da</strong>s por alguns dos canais<br />

radiofónicos e televisivos mais relevantes <strong>da</strong> Europa<br />

e até do Japão. Entre múltiplas acções, o Divino<br />

Sospiro <strong>de</strong>senvolve uma intensa activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aperfeiçoamento<br />

pe<strong>da</strong>gógico e musical. Divino Sospiro<br />

é actualmente orquestra em residência do CCB<br />

e conta regularmente com a direcção <strong>de</strong> Enrico<br />

Onofri. Compromissos futuros do Divino Sospiro<br />

incluem a estreia no Auditório Nacional <strong>de</strong> Espanha<br />

em Madrid, primeira orquestra barroca portuguesa<br />

a estrear-se nesse auditório, no Bargemusic Festival<br />

em Nova Iorque, primeira orquestra barroca portuguesa<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre a estrear-se naquela ci<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

e, no Outono <strong>de</strong> 2010, o regresso ao conceituado<br />

Festival d’Ambronay.<br />

imaginarium ensemble<br />

Fun<strong>da</strong>do e dirigido por Enrico Onofri, o Imaginarium<br />

Ensemble (Imaginarium: “o lugar <strong>da</strong>s imagens”)<br />

junta um grupo <strong>de</strong> músicos que integram<br />

importantes ensembles <strong>de</strong> Música Antiga. Em<br />

2006, o Imaginarium Ensemble gravou com gran<strong>de</strong><br />

êxito o CD La voce nel violino, <strong>de</strong>dicado ao<br />

repertório para violino do Barroco Antigo italiano.<br />

Em 2010, foi editado um novo CD pela etiqueta<br />

DHM/Sony (La Follia e sonatas para violino <strong>de</strong><br />

Vivaldi). Os membros do Imaginarium são:<br />

Margret Köll Harpa Estudou piano e harpa no<br />

Conservatório <strong>de</strong> Innsbruck, na Áustria. Prosseguiu<br />

os seus estudos no Mozarteum <strong>de</strong>sta ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

com N. Alberti, e em Baltimore com R. Inglefield.<br />

Licenciou-se na Hochschule für Musik em Munique<br />

com H. Storck. Após ter frequentado as classes<br />

<strong>de</strong> harpa barroca com A. Lawrence-King, obteve<br />

também uma Licenciatura em harpa barroca com<br />

M.Galassi na Acca<strong>de</strong>mia Internazionale <strong>de</strong>lla<br />

Musica em Milão. Entre 2003 e 2006 leccionou na<br />

Hochschule em Munique, e em 2008 recebeu o<br />

prémio Jakob-Stainer no seu país natal. Foi harpista<br />

principal na Münchner Symphoniker, na Schleswig-<br />

Holstein-Musikfestivalorchester e na Philharmonie<br />

<strong>de</strong>r Nationen. Tocou como solista na Bayrische<br />

Staatsoper sob a direcção <strong>de</strong> I. Bolton, e com grupos,<br />

como Il Giardino Armonico, Europa Galante,<br />

IMAGINARIUM Ensemble, Balthasar-Neumann-Ensemble,<br />

Aka<strong>de</strong>mie für Alte Musik Berlin, Collegium<br />

Vocale Gent e La Scintilla, com Cecilia Bartoli. Em<br />

2009 foi convi<strong>da</strong><strong>da</strong> como solista pelo Teatro alla<br />

Scala em Milão para a ópera Alcina <strong>de</strong> Hän<strong>de</strong>l.<br />

Riccardo Doni Cravo e Órgão Licenciou-se no<br />

Conservatorio A.Boito em Parma, em órgão, com<br />

L.Ghielmi. Em segui<strong>da</strong> graduou-se em cravo e<br />

órgão na Schola Cantorum Basel com J.C.Zehn<strong>de</strong>r.<br />

Tem sido titular como cravista e organista do Il<br />

Giardino Armonico <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1994, apresentando-se<br />

<strong>nas</strong> mais prestigia<strong>da</strong>s salas <strong>de</strong> concerto, e com<br />

artistas, como C.Coin, G. Leonardt, G. Antonini,<br />

C. Bartoli, E.Mei, K.&M.Labeque, O.Dantone,<br />

V.Mullova, E.Onofri, G.Carmignola. Foi maestro<br />

collaboratore em muitas produções <strong>de</strong> ópera, e<br />

maestro <strong>da</strong> Nuova Polifonica Ambrosiana e <strong>da</strong><br />

Madrigalisti Ambrosiani, entre 1990 e 1998. <strong>De</strong>s<strong>de</strong><br />

1984, é maestro titular do ensemble vocal Musica<br />

Lau<strong>da</strong>ntes, participando em muitos festivais e trabalhos<br />

<strong>de</strong> gravação <strong>da</strong> música <strong>de</strong> Vivaldi e <strong>de</strong> Sarti,<br />

entre outros. Riccardo Doni é cravista e organista<br />

no Imaginarium Ensemble. Já gravou para diversas<br />

etiquetas internacionais.<br />

Alessandro palmeri violoncelo É membro <strong>da</strong><br />

escola <strong>de</strong> violoncelo <strong>de</strong> Palermo. Especializou-se<br />

em música contemporânea <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início. <strong>De</strong>vido<br />

ao seu interesse pela música barroca, interpreta<strong>da</strong><br />

em instrumentos originais, frequentou a escola<br />

na Fon<strong>da</strong>zione Cini em Veneza. Cedo, tornou-se<br />

solista e violoncelo principal apresentando-se por<br />

to<strong>da</strong> a Europa, Rússia, Cana<strong>da</strong>, EUA, América Latina,<br />

Israel e Japão, tocando com Il Ruggiero, Auser<br />

Musici, Estúdio <strong>de</strong> música antiga Antonio Il Verso,<br />

La Venexiana, com músicos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> referência,<br />

como J. Savall, B. Kuijken, C. Coin, E. Onofri, A.<br />

<strong>De</strong> Marchi. Fundou o ensemble Il Ricercar Continuo,<br />

<strong>de</strong>dicado ao repertório barroco para baixo<br />

contínuo em to<strong>da</strong>s as suas variantes, e é o violoncelista<br />

principal <strong>de</strong> o IMAGINARIUM Ensemble. Foi<br />

convi<strong>da</strong>do para ministrar masterclasses, em Itália e<br />

na Europa e, em 2009, foi convi<strong>da</strong>do para integrar<br />

a Orchestra Mozart como violoncelista principal, dirigido<br />

por C. Abbado. Toca num violoncelo valioso,<br />

feito em Roma em 1685, um dos instrumentos que<br />

fazia parte <strong>da</strong> orquestra <strong>de</strong> Corelli.<br />

pedro carneiro<br />

Na sua tripla activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> instrumentista, chefe <strong>de</strong><br />

orquestra e compositor, Pedro Carneiro tem vindo<br />

a cativar plateias por to<strong>da</strong> a Europa, EUA, Ásia e<br />

Austrália. Estudou piano, violoncelo e trompete<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os cinco anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Foi bolseiro <strong>da</strong><br />

Fun<strong>da</strong>ção Gulbenkian no Guildhall School of Music<br />

and Drama, on<strong>de</strong> estudou com David Corkhill (tímpanos<br />

e percussão) e Alan Hazeldine (direcção <strong>de</strong><br />

orquestra), e on<strong>de</strong> terminou a sua licenciatura com<br />

a distinção “Head of <strong>De</strong>partment Award”. Como<br />

bolseiro do <strong>Centro</strong> Acanthes (Avignon, França),<br />

estudou também com o percussionista Sylvio Gual-


<strong>da</strong> e mais tar<strong>de</strong>, em Londres, com o marimbista<br />

Leigh Howard Stevens. Seguiu também os cursos<br />

<strong>de</strong> direcção <strong>de</strong> orquestra <strong>de</strong> Emilio Pomàrico, na<br />

Acca<strong>de</strong>mia Internazionale <strong>de</strong>lla Musica em Milão.<br />

Aclamado internacionalmente como um dos<br />

mais importantes percussionistas <strong>da</strong> actuali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

apresenta-se regularmente como solista convi<strong>da</strong>do<br />

em algumas <strong>da</strong>s mais prestigia<strong>da</strong>s orquestras internacionais:<br />

Los Angeles Philharmonic, Seattle Symphony<br />

Orchestra, BBC National Orchestra of Wales,<br />

Helsinki Philharmonic, Iceland Symphony Orchestra,<br />

English Chamber Orchestra sob a direcção <strong>de</strong><br />

maestros como John Storgards, Olari Elts, John<br />

Neschling, Gustavo Du<strong>da</strong>mel, Gerard Schwarz e<br />

Joseph Swensen. Tocou, em estreia absoluta, perto<br />

<strong>de</strong> uma centena <strong>de</strong> obras, e trabalha regularmente<br />

com prestigiados instrumentistas, orquestras e<br />

compositores. No campo <strong>da</strong> música <strong>de</strong> câmara<br />

colabora com os quartetos Tokyo, Shanghai,<br />

Chilingirian, New Zealand e Latinoamericano. Nos<br />

últimos anos tem vindo a <strong>de</strong>senvolver uma estreita<br />

colaboração com o Quarteto Arditti, com quem<br />

fez a estreia <strong>de</strong> novos quintetos e tem gravado<br />

vários trabalhos discográficos. Grava regularmente<br />

para as etiquetas ECM Records, Zig-Zag Territoires<br />

e Rattle Records. A sua extensa discografia inclui<br />

trabalhos a solo, música <strong>de</strong> câmara, assim como<br />

gravações <strong>de</strong> obras concertantes. Alguns dos seus<br />

trabalhos foram distinguidos com prémios, em<br />

particular a monografia <strong>de</strong> Iannis Xenakis grava<strong>da</strong><br />

em 2004, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> pela imprensa internacional<br />

como uma gravação <strong>de</strong> referência. Apresenta-se<br />

regularmente como solista/director em diversas<br />

orquestras internacionais. É co-fun<strong>da</strong>dor, director<br />

artístico e maestro titular <strong>da</strong> Orquestra <strong>de</strong> Câmara<br />

Portuguesa, “orquestra em residência” no <strong>Centro</strong><br />

<strong>Cultural</strong> <strong>de</strong> <strong>Belém</strong>.<br />

orquestra <strong>de</strong> câmara<br />

portuguesa<br />

Aclamado pela crítica internacional como um dos<br />

mais originais músicos <strong>da</strong> actuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, Pedro Carneiro<br />

assegura a direcção artística <strong>da</strong> Orquestra <strong>de</strong><br />

Câmara Portuguesa (OCP), on<strong>de</strong> li<strong>de</strong>ra um grupo<br />

excepcional <strong>de</strong> virtuosos instrumentistas, representantes<br />

<strong>da</strong> mais nova geração <strong>de</strong> talentos musicais.<br />

Orquestra em Residência no <strong>Centro</strong> <strong>Cultural</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Belém</strong> pela segun<strong>da</strong> tempora<strong>da</strong> consecutiva,<br />

a OCP está a criar um ensemble <strong>de</strong> excelência,<br />

funcionando como espaço <strong>de</strong> valorização dos seus<br />

músicos e plataforma <strong>de</strong> lançamento <strong>de</strong> novos<br />

intérpretes, promovendo a sua integração no mercado<br />

<strong>de</strong> trabalho musical europeu. O virtuosismo<br />

<strong>da</strong>s suas actuações reflecte bem o empenho e rigor<br />

que envolve a preparação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> programa, com<br />

um mínimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>z ensaios e a presença <strong>de</strong> um ou<br />

mais ensaiadores convi<strong>da</strong>dos, <strong>de</strong> reconhecido mérito<br />

nacional e internacional, como Alejandro Oliva,<br />

Andrew Swinerton, Charles Neidich, José Augusto<br />

Carneiro, Adrian Florescu e Aníbal Lima. O <strong>Centro</strong><br />

<strong>Cultural</strong> <strong>de</strong> <strong>Belém</strong> acolheu a OCP, primeiro como<br />

Orquestra Associa<strong>da</strong>, e <strong>de</strong>pois como Orquestra<br />

em Residência, colocando o <strong>de</strong>safio do Concerto<br />

Inaugural <strong>da</strong> Tempora<strong>da</strong> 2007-2008. <strong>De</strong>ste então, é<br />

presença constante nos Dias <strong>da</strong> Música em <strong>Belém</strong>,<br />

abrindo espaço a jovens maestros convi<strong>da</strong>dos<br />

pela OCP, como Pedro Amaral, Pedro Neves, Luís<br />

Carvalho, Alberto Roque e José Eduardo Gomes.<br />

A RTP2 e a Antena 2 são os parceiros media <strong>da</strong> orquestra,<br />

para a promoção e gravação dos concertos,<br />

tendo sido transmitido pela RTP2 o documentário O<br />

Nascimento <strong>de</strong> Uma Orquestra, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>screve a<br />

constituição <strong>da</strong> OCP, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as audições dos músicos<br />

até à estreia. A OCP é um projecto com credibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e com pertinência social e cultural, que <strong>nas</strong>ce<br />

<strong>de</strong> uma acção genuína <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia proactiva. <strong>De</strong>ste<br />

modo, está também a <strong>de</strong>senvolver, em parceria com<br />

o CCB, um projecto <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> novos públicos –<br />

o meu amigo toca na OCP –, ligando à comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

escolar as activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> orquestra. No mesmo<br />

sentido, <strong>de</strong>senvolve o projecto OCPsolidária, <strong>de</strong> que<br />

é exemplo o protocolo com a CerciOeiras. No ano<br />

<strong>de</strong> 2009, juntou-se à OCP, como parceiro institucional,<br />

a Câmara Municipal <strong>de</strong> Portimão, ci<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

se estreou em Fevereiro, na Igreja Matriz, e, <strong>de</strong>pois,<br />

passou a actuar para os portimonenses no Teatro<br />

Tempo os concertos que realizaram no CCB. Ain<strong>da</strong><br />

em 2009, a OCP esteve na abertura do 1.º Festival<br />

<strong>da</strong>s Artes <strong>de</strong> Coimbra, organizado pela Fun<strong>da</strong>ção<br />

Inês <strong>de</strong> Castro. 2010 será marcante na história <strong>da</strong><br />

orquestra, por ser o ano <strong>da</strong> sua internacionalização,<br />

com <strong>da</strong>ta marca<strong>da</strong> para o dia 21 <strong>de</strong> Junho, na<br />

abertura do City Festival of London.<br />

Elsa Marques Silva piano É natural do Porto.<br />

Iniciou os seus estudos musicais com seis anos <strong>de</strong><br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong> na Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Vilar do Paraíso.<br />

Possui o grau <strong>de</strong> bacharelato <strong>da</strong> Escola Superior <strong>de</strong><br />

Música e <strong>da</strong>s Artes do Espectáculo do Porto, on<strong>de</strong><br />

integrou a classe do professor Pedro Burmester.<br />

Concluiu, em 2000, o mestrado na Hartt School<br />

of Music <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Hartford, EUA, on<strong>de</strong><br />

foi aluna do professor Luíz <strong>de</strong> Moura Castro. Frequentou<br />

várias masterclasses internacionais sob a<br />

direcção dos professores Helena Sá e Costa, Dmitri<br />

Paperno, Vitalij Margulis, Boris Berezowsky, Tânia<br />

Achot, Nina Svetlanova, Peter Eicher, entre outros.<br />

É laurea<strong>da</strong> dos seguintes concursos nacionais:<br />

Prémio Helena Costa (2.º prémio), Concurso<br />

<strong>de</strong> Interpretação do Estoril (2.º prémio), Prémio<br />

Jovens Músicos (2.º prémio), Concurso <strong>de</strong> Piano <strong>da</strong><br />

38 39<br />

Covilhã (1.º prémio). Internacionalmente possui o<br />

galardão “Concerto Awards – 1988 International<br />

Music Aca<strong>de</strong>my Piano Program” – Kromeriz,<br />

República Checa, foi finalista do Emerson Quartet<br />

Competition, e obteve o 2.º prémio no Concurso<br />

Young Artist Piano Competition, Connecticut, EUA.<br />

Tocou como solista com a Orquestra Nacional do<br />

Porto, Orquestra do Norte, Orquestra do Algarve,<br />

Orquestra Sinfónica <strong>da</strong> Póvoa <strong>de</strong> Varzim, colaborando<br />

com os maestros Meir Minsky, Ferreira Lobo,<br />

Osvaldo Ferreira, Nicholas Kok e Jean-Marc Burfin.<br />

Realizou inúmeros recitais, tanto a solo como em<br />

formações <strong>de</strong> câmara, em Portugal, Espanha,<br />

Reino Unido, Estados Unidos <strong>da</strong> América e Brasil.<br />

Gravou para a Numérica e para a RDP. Como<br />

artista convi<strong>da</strong><strong>da</strong>, apresentou-se por diversas vezes<br />

com o Remix-Ensemble Casa <strong>da</strong> Música e colabora<br />

regulamente com a Orquestra Nacional do Porto.<br />

É membro <strong>da</strong> OrchestrUtópica e <strong>da</strong> Camerata<br />

Senza Misura. Apresenta-se regularmente em duo<br />

com o clarinetista Nuno Pinto. Foi bolseira <strong>da</strong><br />

Hartt School of Music e do Evelyn Bonar Storrs<br />

Scholarship Fund.<br />

pedro Lopes Violino Nasceu em Braga em<br />

Outubro <strong>de</strong> 1988. Ingressa na ARTAVE, em 2000,<br />

iniciando os seus estudos <strong>de</strong> violino, com 12 anos,<br />

na classe do professor José Camarinha. Em 2006<br />

foi 1º violino solista <strong>da</strong> Orquestra Artave. Foi consi<strong>de</strong>rado<br />

em 2003, o melhor aluno do Curso Básico<br />

Instrumentista <strong>de</strong> Cor<strong>da</strong>s e em 2006 o melhor<br />

aluno do Curso Instrumentista <strong>de</strong> Cor<strong>da</strong>s, o qual<br />

concluiu com a classificação máxima a violino. Obtém<br />

o 5º grau <strong>de</strong> cravo em 2006, instrumento que<br />

estudou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003 com a professora Mafal<strong>da</strong><br />

Nejmeddine, e o qual lhe valeu uma menção Honrosa<br />

no Concurso Carlos Seixas 2004. Apresentouse<br />

a solo com a Orquestra Artave no concerto <strong>de</strong><br />

abertura do ano 2006/2007. Nesse mesmo ano<br />

é admitido na Aca<strong>de</strong>mia Nacional Superior <strong>de</strong><br />

Orquestra (ANSO) na classe <strong>de</strong> violino do professor<br />

Aníbal Lima, a qual concluiu em 2009 com a classificação<br />

<strong>de</strong> 18 valores. É laureado, em 2007, com o<br />

2º prémio no Prémio Jovens Músicos, nível médio.<br />

Participou em vários cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento<br />

instrumental com violinistas <strong>de</strong> prestígio internacional<br />

e colabora com várias orquestras, entre as quais<br />

Orquestra Metropolitana <strong>de</strong> Lisboa, Orquestra<br />

<strong>de</strong> Câmara Portuguesa. Em 2009 ingressa, como<br />

reforço, na Orquestra Gulbenkian. Actualmente<br />

frequenta o Mestrado em Pe<strong>da</strong>gogia do Instrumento<br />

na ANSO na classe <strong>de</strong> violino do mesmo<br />

professor, on<strong>de</strong> tem obtido eleva<strong>da</strong>s classificações,<br />

e é paralelamente docente no projecto Metropolitana/Casa<br />

Pia. Orientou recentemente o WSP<br />

OML júnior, na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> professor <strong>de</strong> naipe <strong>de</strong><br />

violinos. <strong>De</strong> entre as masterclasses que frequentou<br />

<strong>de</strong>stacam-se os pe<strong>da</strong>gogos Sergey Kravchenko,<br />

Irina Tsetlin, Alberto Gaio Lima, Boris Kuniev, Alexei<br />

Mijlin, Alexandre <strong>da</strong> Costa e Masaoke Inoue.<br />

Samuel Bastos Oboé Nasceu em 1987, natural<br />

<strong>de</strong> Oliveira, Barcelos, iniciou os seus estudos<br />

musicais com o seu pai, Cândido Bastos, aos 7<br />

anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em 1997 ingressou no Conservatório<br />

<strong>de</strong> Música Calouste Gulbenkian <strong>de</strong> Braga,<br />

tendo em 2005 concluído o 8º grau <strong>de</strong> oboé na<br />

classe do professor José Fernando Silva, obtendo a<br />

classificação máxima. No ano 2005/2006 estudou<br />

na Escola Superior <strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Lisboa com o<br />

professor Andrew Swinnerton. Posteriormente,<br />

frequentou masterclasses <strong>de</strong> oboé sob a orientação<br />

<strong>de</strong> Alex Klein, Christian Wetzel, Emanuel Abbühl,<br />

Hansjörg Schellenberger e Maurice Bourgue. Foi<br />

laureado com o 1º Prémio no Concurso Internacional<br />

para Giovani Interpreti Cittá di Chier 2005, em<br />

Turim, Itália, 17ª edição do Concurso promovido<br />

pela YMFE(Yamaha Music Foun<strong>da</strong>tion of Europe,<br />

2006), Prémio Jovens Músicos (RDP-RTP 2007),<br />

entre outros. Integrou a Orchestre d´Harmonie <strong>de</strong>s<br />

Jeunes <strong>de</strong> L´Union Europeenne, Philharmonie Animato<br />

Orchestra, European Union Youth Orchestra<br />

(E.U.Y.O), The World Orchestra e a Gustav Mahler<br />

Jugend Orchester, com as quais realizou concertos<br />

por to<strong>da</strong> a Europa e China. Colaborou, entre outras,<br />

com o Remix Ensemble, Orquestra Sinfonia Varsóvia,<br />

Symphonisches Orchester Zürich, Orquestra Gulbenkian.<br />

Durante o seu percurso teve a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> trabalhar com solistas e maestros, como José<br />

Carreras, Hakan Har<strong>de</strong>nberger, Pedro Carneiro,<br />

Peter Run<strong>de</strong>l, Peter Csaba, Alexan<strong>de</strong>r Lazarev,<br />

Ton Koopman. Apresentou-se como solista em<br />

Portugal, Itália, Suíça e Alemanha. Apresentou em<br />

1.ª audição, em Portugal, obras <strong>de</strong> compositores,<br />

como Lenir Siqueira, Akira Nishimura e Vinko<br />

Globokar. É membro do Ensemble Palhetas Duplas<br />

e membro fun<strong>da</strong>dor do Trio <strong>de</strong> Palhetas “Trio Animatto”<br />

com o qual foi laureado com o 2.º Prémio<br />

no Concurso Prémio Jovens Músicos (RDP-2005)<br />

na mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Câmara. Foi bolseiro<br />

<strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Calouste Gulbenkian, Lyra Stiftung,<br />

Bruno Shuler Stiftung, Eppur si muove Stiftung e<br />

Elsy Meyer Stiftung. Actualmente prossegue os<br />

seus estudos na Zürcher Hochschule <strong>de</strong>r Künste<br />

(Suíça) na classe dos professores Marc Kissoczy,<br />

Martin Frutiger e Thomas In<strong>de</strong>rmühle.<br />

Roberto Erculiani Fagote Nasceu em 1969<br />

em Verona (Itália). Estudou no Conservatório L.<br />

Campiani <strong>de</strong> Mântua com o Prof. Fausto Pedretti.<br />

Aperfeiçoou os seus estudos com o maestro Rino<br />

Vernizzi em Saluzzo (Turim), e em Bolonha. Frequentou<br />

masterclasses com Sergio Azzolini. Vive<br />

em Portugal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996. Já tocou <strong>nas</strong> principais


orquestras do país, como: Orquestra Gulbenkian,<br />

Orquestra Nacional do Porto, Orquestra Sinfónica<br />

Portuguesa, Orquestra Metropolitana <strong>de</strong> Lisboa,<br />

Orquestra do Norte, Orquestra do Algarve, Filarmonia<br />

<strong>da</strong>s Beiras e Orquestra <strong>de</strong> Câmara Portuguesa.<br />

É, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação do Remix Ensemble Casa <strong>da</strong><br />

Música (2000), fagote solista. Actualmente vive em<br />

Lisboa e lecciona no Conservatório <strong>de</strong> Loures, na<br />

Escola Profissional Metropolitana e na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do Minho em Braga.<br />

Luis André Ferreira Violoncelo Foi bolseiro <strong>da</strong><br />

Fun<strong>da</strong>ção Calouste Gulbenkian <strong>de</strong> 2004 a 2008<br />

no Conservatórium van Amster<strong>da</strong>m, na classe<br />

<strong>de</strong> Monique Bartels, durante a sua Licenciatura e<br />

Pós-Graduação. Apresenta-se regularmente em<br />

recitais a solo e <strong>de</strong> música <strong>de</strong> câmara na Holan<strong>da</strong>,<br />

Alemanha, França, Portugal, Espanha, Bélgica e<br />

representou Portugal no Festival Internacional <strong>de</strong><br />

Música <strong>de</strong> Brest na Bielorrússia, em 2008, e no<br />

IV Festival Culturel Européen 2003 em França.<br />

Já teve a orientação <strong>de</strong> violoncelistas como Pieter<br />

Wispelwey, Jean-Guihen Queyras, Vladimir Perlin,<br />

Marcio Carneiro, Paulo Gaio Lima e Zavier<br />

Gagnepain. Já se apresentou a solo com a<br />

Orquestra Clássica <strong>da</strong> Ma<strong>de</strong>ira e com a Orquestra<br />

<strong>de</strong> Câmara Portuguesa. Actualmente lecciona<br />

violoncelo no Conservatório Nacional <strong>de</strong> Lisboa e é<br />

violoncelista <strong>da</strong> Orquestra <strong>de</strong> Câmara Portuguesa e<br />

do Quarteto Lacer<strong>da</strong>.<br />

sandra Me<strong>de</strong>iros soprano<br />

Nasceu em S. Miguel, Açores. Estudou no<br />

Conservatório Regional <strong>de</strong> Ponta <strong>De</strong>lga<strong>da</strong>, com<br />

Imacula<strong>da</strong> Pacheco. É licencia<strong>da</strong> em Canto pela<br />

Escola Superior <strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Lisboa, tendo integrado<br />

a classe <strong>da</strong> professora Joana Silva. Como<br />

bolseira <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Calouste Gulbenkian e <strong>Centro</strong><br />

Nacional <strong>de</strong> Cultura prosseguiu estudos <strong>de</strong> pósgraduação<br />

em canto com Julie Kennard e Clara<br />

Taylor na Royal Aca<strong>de</strong>my of Music (RAM) em Londres,<br />

on<strong>de</strong> se graduou com “Distinção”. Recebeu<br />

o Dip. RAM e o Prémio Aman<strong>da</strong> von Lob memorial<br />

Prize. Frequentou cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento com<br />

Ileana Cotrubas, Teresa Berganza, Marimi <strong>de</strong>l Pozo,<br />

Gundula Janowitz, Christiane E<strong>da</strong>-Pierre, Rudolf<br />

Knoll, Jill Feldmann, entre outros. Foi premia<strong>da</strong><br />

nos concursos nacionais Luísa Todi e Concurso <strong>de</strong><br />

Interpretação do Estoril e internacionais, como<br />

Isabel Jay Singing Prize e Elena Gerhard Lie<strong>de</strong>r Prize<br />

em Londres. Gravou para a RTP, RTP/Açores, RTP1<br />

e RDP (Antena 2). A sua activi<strong>da</strong><strong>de</strong> como solista<br />

distribui-se pela música antiga, oratório, lied,<br />

melodie, canção do século XX e ópera; havendo<br />

já actuado sob a direcção dos maestros Michel<br />

Corboz, Olivier Cuen<strong>de</strong>t, Sir Charles Mackerras,<br />

Laurence Cummings, Alberto Lysy, Lawrence Foster,<br />

entre outros. Também actuou com as mais <strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s<br />

orquestras portuguesas e com as orquestras<br />

barrocas <strong>da</strong> RAM e Camerata Lysy <strong>de</strong> Gstaad. Tem<br />

colaborado em recitais com os pianistas João Paulo<br />

Santos, Nuno Vieira <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>, Alexei Eremine,<br />

Gabriela Canavilhas, Alessandro Segreto, Carla<br />

Seixas Paulo Pacheco e Francisco Sassetti. Tem participado<br />

nos principais festivais <strong>de</strong> música do seu<br />

país e nos <strong>de</strong> Macau, Plasencia (Espanha), Festival<br />

Musicatlântico (Açores), London <strong>Bach</strong> Festival e<br />

Brancaster Midsummer Music Festival (Inglaterra).<br />

Actuou ain<strong>da</strong> na EXPO 98 (Lisboa), Expo An Meer<br />

2000 (Alemanha) e na Festa <strong>da</strong> Música 2006<br />

(CCB/Lisboa). Do repertório <strong>de</strong> concerto interpretou<br />

obras <strong>de</strong> <strong>Bach</strong>, Schütz, Buchtehü<strong>de</strong>, Vivaldi,<br />

Han<strong>de</strong>l, Scarlatti, Pergolesi, Mozart, Haydn, entre<br />

outros. No domínio <strong>da</strong> ópera os seus papéis incluem<br />

Barbarina (Nozze di Fígaro) Princese (L’énfant<br />

et Les Sortiléges), Gémea Siamesa (Corvo Branco),<br />

Dragonfly (A raposinha matreira), entre outros. No<br />

estrangeiro, Sandra Me<strong>de</strong>iros actuou em Espanha,<br />

Luxemburgo, Alemanha, Inglaterra, Brasil e Uruguai.<br />

Paralelamente à sua activi<strong>da</strong><strong>de</strong> artística tem<br />

vindo a <strong>de</strong>senvolver activi<strong>da</strong><strong>de</strong> pe<strong>da</strong>gógica.<br />

Massimo Mazzeo<br />

Diplomado pelo Conservatório <strong>de</strong> Veneza,<br />

aperfeiçoou-se sucessivamente em viola <strong>de</strong> arco<br />

com os maestros Bruno Giuranna e Wolfram Christ,<br />

em música <strong>de</strong> câmara e quarteto <strong>de</strong> cor<strong>da</strong>s com os<br />

membros dos celebrados Quarteto Italiano e Quarteto<br />

Ama<strong>de</strong>us. Em segui<strong>da</strong>, fez parte <strong>de</strong> algumas<br />

<strong>da</strong>s mais representativas orquestras do panorama<br />

musical italiano: a Orquestra <strong>de</strong>ll’Acca<strong>de</strong>mia Nazionale<br />

di Santa Cecilia, a Orquestra <strong>da</strong> RAI e como<br />

coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> naipe <strong>da</strong> Orquestra Internazionale<br />

d’Italia. Actuou com prestigia<strong>da</strong>s orquestras <strong>de</strong><br />

câmara como I Virtuosi di Roma, I Virtuosi di Santa<br />

Cecilia, Acca<strong>de</strong>mia Strumentale Italiana, Musica<br />

Vitae Chamber Orchestra (Suécia), Caput Ensemble<br />

<strong>de</strong> Reykjavik e com o European Soloists Chamber<br />

Ensemble. Na área <strong>da</strong> música antiga, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter<br />

colaborado com as formações Ensemble Aurora,<br />

Aca<strong>de</strong>mia Strumentale Italiana e artistas como<br />

Rinaldo Alessandrini, entre outros, forma, em 2004,<br />

a orquestra barroca Divino Sospiro, que num prazo<br />

<strong>de</strong> tempo muito curto se afirma como uma <strong>da</strong>s<br />

reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> referência em Portugal. No domínio<br />

<strong>da</strong> música contemporânea tem colaborado com os<br />

artistas Luciano Berio, Salvatore Sciarrino, Mauricio<br />

Kagel, Aldo Clementi, Franco Donatoni, Alessandro<br />

Solbiati, Wolfgang Rihm, merecendo felicitações<br />

públicas por parte do compositor Giacomo Manzoni.<br />

Massimo Mazzeo tem gravado pelas editoras<br />

40 41<br />

BMG, Erato, Harmonia Mundi France, <strong>De</strong>utche<br />

Armonia Mundi, Nuova Era e Movieplay. <strong>De</strong> 1996<br />

até 1998 foi director artístico do Festival Roncegno<br />

Musica em Itália, on<strong>de</strong> se estrearam gran<strong>de</strong>s personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>da</strong> cena artística actual. Em Portugal,<br />

foi convi<strong>da</strong>do pela Reitoria <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Évora como director artístico do Festival Assembleia<br />

<strong>da</strong>s Nações Estrangeiras, assim como do curso<br />

Encontros do Espírito Santo. É professor <strong>de</strong> viola<br />

barroca e música <strong>de</strong> câmara na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Évora.<br />

Julia henning soprano<br />

Nasceu em Hamburgo, na Alemanha. Estudou<br />

canto na Escola Superior <strong>de</strong> Música <strong>da</strong>quela ci<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

e realizou diversas masterclasses com Mirella<br />

Freni, Brigitte Fassbaen<strong>de</strong>r, Galina Vishnevskaja,<br />

entre outras. Venceu prémios, como, o <strong>de</strong> melhor<br />

interpretação do Festival <strong>de</strong> Outono <strong>de</strong> Dusseldorf,<br />

ou o Alfred Toepfer, e já se apresentou em algumas<br />

<strong>da</strong>s mais importantes salas <strong>de</strong> ópera, incluindo<br />

a La Scala <strong>de</strong> Milão ou a Cité <strong>de</strong> la Musique em<br />

Paris. Apresentou-se em concertos com o Ensemble<br />

Intercontemporain, a Filarmónica <strong>de</strong> Hamburgo,<br />

o Klangforum Wien, entre muitos outros. O seu<br />

reportório inclui os papéis <strong>de</strong> Judy em Punch and<br />

Judy <strong>de</strong> Birtwistle, Micaela na Carmen <strong>de</strong> Bizet, La<br />

Voix Humaine <strong>de</strong> Poulenc, entre muitos outros e,<br />

em obras contemporâneas <strong>de</strong> inúmeros compositores,<br />

a <strong>de</strong>stacar: John Cage (Aria, Music for…),<br />

Luciano Berio (Sequenza III, Circles, Passagio)...<br />

Marco a. f. pereira violoncelo<br />

Iniciou os seus estudos musicais na Escola Profissional<br />

<strong>de</strong> Musica <strong>de</strong> Viana do Castelo, na classe <strong>da</strong><br />

Prof. Cristina Coelho, e posteriormente na classe<br />

<strong>da</strong> Prof. Petia Samardjieva, on<strong>de</strong> terminou o curso<br />

<strong>de</strong> Instrumento. Prosseguiu os seus estudos na<br />

Aca<strong>de</strong>mia Nacional Superior <strong>de</strong> Orquestra na classe<br />

do Prof. Paulo Gaio Lima, terminando o curso <strong>de</strong><br />

instrumentista <strong>de</strong> orquestra. <strong>De</strong> 2003 a 2006 estudou<br />

na Escuela Superior <strong>de</strong> Musica Reina Sofia, em<br />

Madrid, na cátedra <strong>de</strong> violoncelo-Sony <strong>da</strong> professora<br />

Natalia Shakovskaya, e Michal Dmochovsky. No ano<br />

seguinte frequentou o curso <strong>de</strong> música <strong>de</strong> câmara,<br />

com o Quarteto Pandora, no Instituto Internacional<br />

<strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Câmara <strong>de</strong> Madrid, na cátedra <strong>de</strong><br />

Rainer Schmidt. Foi bolseiro <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>cion Carolina,<br />

Fun<strong>da</strong>cion Albeniz e Fun<strong>da</strong>ção Calouste Gulbenkian.<br />

Frequentou masterclasses com Xavier Gagnepain,<br />

Luis Claret, Paulo Gaio Lima, Miklos Pereny,<br />

Daniel Müller Schoot, entre outros. Colaborou com<br />

as seguintes orquestras: APROARTE, Orquestra <strong>da</strong>s<br />

Escolas Particulares, Orquestra Académica Metro-<br />

politana, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquestra<br />

Metropolitana, Proyecto Guerrero, entre outras.<br />

Teve oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar com maestros,<br />

como Ros Marba, Juanjo Mena, D. Inball, António<br />

Saiote, Sir Colin Davies, Yakob Kreizeberg, Manuel<br />

Hernan<strong>de</strong>z, Ernest Schell, Brian Schembri, J. Marc<br />

Burfin, Cesário Costa, entre outros. Em 2002 foi<br />

seleccionado para a Jeunesss Musicales World<br />

Orchestra para as sessões <strong>de</strong> Verão, digressão pela<br />

Ásia, e <strong>de</strong> Inverno, on<strong>de</strong> teve a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tocar no Philarmonie, Auditório <strong>da</strong> Orquestra Filarmónica<br />

<strong>de</strong> Berlim, e Konzerthaus. Apresentou-se<br />

a solo com as seguintes orquestras: Orquestra Académica<br />

Metropolitana, Orquestra Sinfónica do Alto<br />

Minho, Orquestra <strong>da</strong> Povoa <strong>de</strong> Varzim, Orquestra<br />

Metropolitana <strong>de</strong> Lisboa, Orquestra Gulbenkian,<br />

Ban<strong>da</strong> Sinfonia do Porto, Orquestra <strong>de</strong> Sopros <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro, entre outras. Foi laureado<br />

nos concursos Júlio Cardona e Jovens Músicos<br />

Portugueses. Também ganhou o 1.º prémio no<br />

mesmo concurso, na classe <strong>de</strong> violoncelo, nível<br />

superior, em 2003. Foi também laureado com o<br />

Prémio Maestro Silva Pereira. Em Abril <strong>de</strong> 2006 foi<br />

laureado com o 1.º Prémio no concurso Liezen International<br />

Wettbewerb für Violoncelo, na Áustria.<br />

Foi também laureado no VI Concurso <strong>de</strong> Interpretação<br />

do Estoril com o 2.º Prémio. Venceu o 1.º<br />

Prémio no VI “Certamen <strong>de</strong> música <strong>de</strong> camara<br />

<strong>de</strong>l Sardinero” em Santan<strong>de</strong>r, com o Quarteto<br />

Meen<strong>de</strong>lsohn BP, em Maio <strong>de</strong> 2006. Foi laureado<br />

recentemente com o 2.º Prémio no Concurso Internacional<br />

<strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Câmara <strong>de</strong> Alcobaça, com<br />

o Quarteto <strong>de</strong> Cor<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Matosinhos. Participou<br />

no Encuentro <strong>de</strong> Musica y Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Santan<strong>de</strong>r,<br />

on<strong>de</strong> teve a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar com os<br />

maestros Y. Tsutsumi, Natalia Gutman, R. Gothoni,<br />

entre outros. Actualmente faz parte do grupo<br />

Sond’Ar-te Electric Ensemble, Trium Viratu e do<br />

Quarteto <strong>de</strong> Cor<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Matosinhos. Actua regularmente<br />

com o Remix Ensemble, Proyecto Guerrero,<br />

OrchestrUtopica, entre outros. É professor <strong>de</strong> violoncelo<br />

na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Minho. Participou no<br />

concerto <strong>de</strong> homenagem ao violoncelista Mstislav<br />

Rostropovich, realizado em Madrid, no Palácio<br />

Real, com a violoncelista Natalia Gutman. <strong>De</strong>s<strong>de</strong><br />

Setembro <strong>de</strong> 2009 é o primeiro violoncelo <strong>da</strong> OML.<br />

Foi convi<strong>da</strong>do para leccionar no Atlantic Music<br />

Festival em Waterville, Maine, Estados Unidos <strong>da</strong><br />

América, durante os meses <strong>de</strong> Julho e Agosto.<br />

cesário costa<br />

Nasceu em 1970. Tem vindo a distinguir-se como<br />

um dos mais activos maestros portugueses <strong>da</strong> sua<br />

geração. Realizou os seus estudos musicais em<br />

Paris, on<strong>de</strong> concluiu o Curso Superior <strong>de</strong> Piano,


e na Alemanha, on<strong>de</strong> completou, com a nota<br />

máxima, a licenciatura e o mestrado em Direcção<br />

<strong>de</strong> Orquestra na Escola Superior <strong>de</strong> Música <strong>de</strong><br />

Würzburg, na classe do Prof. Hans-Rainer Foerster.<br />

Em 1997, foi o vencedor do III Concurso Internacional<br />

Fun<strong>da</strong>ção Oriente para Jovens Chefes <strong>de</strong> Orquestra.<br />

Nesse mesmo ano foi bolseiro do Festival<br />

<strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Bayreuth. Como maestro convi<strong>da</strong>do<br />

dirigiu a Royal Philharmonic Orchestra, Orquestra<br />

Sinfónica <strong>de</strong> Nuremberga, Orquestra Sinfónica<br />

Portuguesa, Orquestra Gulbenkian, Orquestra<br />

Nacional do Porto, Orquestra Metropolitana <strong>de</strong><br />

Lisboa, Remix Orquestra, Ensemble für Neue<br />

Musik (Würzburg), Arhus Sinfonietta (Dinamarca),<br />

Orquestra Filarmónica <strong>da</strong> Macedónia, Orquestra<br />

Filarmónica <strong>de</strong> Roma, entre outras. Apresentou-se<br />

também em Espanha, França, Andorra, Alemanha,<br />

Escócia, Bélgica, Inglaterra, Itália, Dinamarca,<br />

Macedónia, Polónia, Letónia, Roménia, Malásia,<br />

Brasil e China.<br />

Participou em inúmeros festivais, <strong>de</strong> que se<br />

<strong>de</strong>stacam os festivais <strong>de</strong> música Atlantic Waves<br />

(Londres), Aber<strong>de</strong>en (Escócia), Arhus (Dinamarca),<br />

Neerpelt (Bélgica), Dres<strong>de</strong>n (Alemanha), Múrcia<br />

(Espanha), Estoril, Sintra, Póvoa <strong>de</strong> Varzim, Espinho,<br />

Leiria e Mafra. O seu repertório esten<strong>de</strong>-se<br />

do barroco ao contemporâneo, incluindo mais <strong>de</strong><br />

oitenta obras em estreia absoluta. Trabalhou com<br />

os solistas António Meneses, António Rosado,<br />

Branford Marsalis, Boris Berezovky, David Russel,<br />

Elisabete Matos, Gerardo Ribeiro, Mário Laginha,<br />

Ute Lemper, entre outros; e os encenadores Luís<br />

Miguel Cintra e Terry Jones, entre outros.<br />

Colabora regularmente com o Teatro Nacional <strong>de</strong><br />

São Carlos, Casa <strong>da</strong> Música, Teatro <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

Teatro Nacional <strong>de</strong> São João, São Luiz Teatro<br />

Municipal, <strong>Centro</strong> <strong>Cultural</strong> <strong>de</strong> <strong>Belém</strong>, Fun<strong>da</strong>ção<br />

<strong>de</strong> Serralves, entre outras instituições. Foi director<br />

artístico e maestro titular <strong>da</strong> Orquestra Clássica<br />

<strong>de</strong> Espinho e <strong>da</strong> Orquestra do Algarve. Recebeu<br />

a me<strong>da</strong>lha <strong>de</strong> mérito cultural pelo município <strong>de</strong><br />

Vila Nova <strong>de</strong> Gaia. Em 2007, foi vice-presi<strong>de</strong>nte<br />

do júri do Prémio Jovens Músicos. Actualmente é<br />

presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Metropolitana e director artístico <strong>da</strong><br />

Orquestra Metropolitana <strong>de</strong> Lisboa. É ain<strong>da</strong> director<br />

artístico dos Concertos Promena<strong>de</strong> do Coliseu<br />

do Porto e maestro titular <strong>da</strong> OrchestrUtopica.<br />

orchestrutopica (ou)<br />

É um agrupamento <strong>de</strong> câmara <strong>de</strong>dicado à<br />

promoção <strong>da</strong> nova música, concebido como um<br />

“instrumento” para compositores. Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em<br />

2001 — pelos compositores Carlos Caires, José<br />

Júlio Lopes, Luís Tinoco e António Pinho Vargas<br />

e o maestro Cesário Costa —, foi sau<strong>da</strong><strong>da</strong> com<br />

gran<strong>de</strong> entusiasmo pelo público, pela crítica e<br />

pela comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> musical. Ao fim <strong>de</strong> oito anos já<br />

realizou mais <strong>de</strong> oitenta concertos em Portugal<br />

e no estrangeiro. Mais do que um grupo <strong>de</strong>dicado<br />

à nova música, <strong>de</strong> espírito in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

qualquer aca<strong>de</strong>mismo, a OU apresenta-se como<br />

um espaço <strong>de</strong> diálogo e troca <strong>de</strong> experiências radicalmente<br />

diferente <strong>da</strong> atitu<strong>de</strong> tradicional. Sempre<br />

que possível os compositores representados nos<br />

programas <strong>da</strong> OU são chama<strong>da</strong>s a participar em<br />

fóruns abertos <strong>de</strong> discussão com músicos, artistas<br />

e público. A OU acredita firmemente na diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

estética como a mais saudável postura; a sua<br />

filosofia <strong>de</strong> programação não reconhece <strong>fronteiras</strong><br />

entre campos musicais e entre discipli<strong>nas</strong> artísticas;<br />

a sua vitali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma visão aberta e<br />

abrangente no que respeita à criação musical e<br />

artística contemporâneas. Nos concertos que já<br />

realizou, apresentou inúmeras obras encomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

a compositores portugueses em estreia<br />

absoluta e primeiras audições em Portugal <strong>de</strong><br />

compositores estrangeiros, tendo podido contar<br />

até agora com a colaboração <strong>de</strong> maestros e solistas<br />

<strong>de</strong> renome internacional, como os maestros Yu<br />

Feng, David Allen Miller, O<strong>da</strong>line <strong>de</strong> la Martinez,<br />

Tapio Tuomela, Fabián Panisello, Olivier Cuen<strong>de</strong>t,<br />

René Bosc ou Joan Cerveró, as sopranos Nicole<br />

Tibbels, Yeree Suh e Monique Krüs e o violinista<br />

sueco Fredrik Burstedt, entre outros. A formação<br />

<strong>da</strong> OU apresenta alguns dos melhores músicos<br />

portugueses e estrangeiros resi<strong>de</strong>ntes em Portugal,<br />

membros <strong>da</strong>s principais orquestras e agrupamentos<br />

do país. É graças aos músicos que colaboram com<br />

a OU que as suas apresentações em concerto e o<br />

seu projecto têm merecido as melhores referências.<br />

A OrchestrUtopica é uma estrutura apoia<strong>da</strong><br />

financeiramente pela Direcção Geral <strong>da</strong>s Artes /<br />

Ministério <strong>da</strong> Cultura (2003, 2004; 2005/2008;<br />

2009/2012).


ccB / conselho <strong>De</strong> aDMinistraÇão<br />

ANTÓNIO MEGA FERREIRA [Presi<strong>de</strong>Nte] | ANA ISABEL TRIGO MORAIS [VoGal] | MARGARIDA VEIGA [VoGal]<br />

assessora Para a ProGraMação GABRIELA CERQUEIRA<br />

coNsultor Para a ProGraMação literária JOãO PAULO COTRIM<br />

centro <strong>De</strong> espectáculos direcção do ceNtro <strong>de</strong> esPectáculos MIGUEL LEAL COELHO adJuNta Para a ProGraMação LUÍSA TAVEIRA adJuNta Para<br />

o PlaNeaMeNto CLÁUDIA BELCHIOR assessores Para ProGraMação Musical JOãO GODINHO | FRANCISCO SASSETTI assisteNte <strong>de</strong> ProGraMação RITA<br />

BAGORRO secretariado <strong>de</strong> direcção LUISA INÊS Produção CARLA RUIZ | INÊS CORREIA | PATRÍCIA SILVA| HUGO CORTEZ | INÊS LOPES | VERA ROSA director <strong>de</strong><br />

ceNa COORDENADOR JONAS OMBERG directores <strong>de</strong> ceNa PEDRO RODRIGUES | PATRÍCIA COSTA | PAULA FONSECA | JOSÉ VALÉRIO secretariado <strong>de</strong> direcção <strong>de</strong> ceNa<br />

YOLANDA SEARA director tÉcNico PAULO GRAÇA | cheFe tÉcNico <strong>de</strong> Palco RUI MARCELINO | secretariado <strong>de</strong> direcção tÉcNica SOFIA MATOS | tÉcNico<br />

PriNciPal PEDRO CAMPOS | LUÍS SANTOS | RAUL SEGURO | tÉcNico eXecutiVo ARTUR BRANDãO | F. CÂNDIDO SANTOS | VÍTOR PINTO | CÉSAR NUNES | JOSÉ CARLOS<br />

ALVES | HUGO CAMPOS | MÁRIO SILVA | RICARDO MELO | RUI CROCA | cheFe tÉcNico <strong>de</strong> audioVisuais NUNO GRÁCIO tÉcNico <strong>de</strong> audioVisuais RUI LEITãO<br />

| EDUARDO NASCIMENTO | LUIS GARCIA SANTOS | NUNO BIZARRO | PAULO CACHEIRO | NUNO RAMOS | cheFe tÉcNico <strong>de</strong> Gestão e MaNuteNção SIAMANTO<br />

ISMAILY tÉcNico <strong>de</strong> MaNuteNção JOãO SANTANA | LUÍS TEIXEIRA | VÍTOR HORTA<br />

ORQUESTRAS EM RESIDÊNCIA NO CCB

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!