Criativa Magazine | Julho 2024
CÉLULAS ESTAMINAISMESENQUIMAISDO TECIDO DOCORDÃO UMBILICALNA PROFILAXIADA DOENÇA DOENXERTO CONTRAO HOSPEDEIROSolange Craveiro, Técnica Superior de LaboratórioA doença do enxerto contra ohospedeiro (DECH) é uma dascomplicações mais graves e temidasapós um transplante alogénicode células estaminaishematopoiéticas. Esta condição,que pode ser tanto aguda (aDE-CH) quanto crónica (cDECH), representaum grande desafio paraa medicina, devido à sua elevadamortalidade e aos impactos significativosna qualidade de vidados doentes. Tradicionalmente,a profilaxia da DECH envolvea utilização de medicamentosimunossupressores, que, emboraeficazes em alguns casos, frequentementeapresentam efeitosadversos graves e nem sempreprevinem/tratam a doença.Recentemente, um ensaio clínicode fase 2 publicado na revistacientífica JAMA Oncologydemonstrou resultados promissoresna prevenção da cDECHapós transplante de células estaminaishematopoiéticas haploidênticas,(isto é, de célulasestaminais hematopoiéticas provenientesde familiares próximos)recorrendo à administração decélulas estaminais mesenquimais(MSCs) do tecido do cordãoumbilical.Neste estudo, os doentes foramdivididos em dois grupos: umrecebeu infusões repetidas deMSCs do tecido do cordão umbilicalnos primeiros 100 dias apóso transplante, enquanto o grupocontrolo seguiu a profilaxia convencional.As infusões de MSCs,iniciadas 45 dias após o transplantee administradas a cadaduas semanas, mostraram-seeficazes na redução da incidênciae gravidade tanto da cDECHquanto da aDECH, sem alterar ataxa de recaída de leucemia relativamenteao grupo controlo.Os resultados revelaram que osdoentes que receberam MSCs dotecido do cordão umbilical apresentarammelhores taxas de sobrevivêncialivre de DECH e derecaída da leucemia, evidenciandoque as MSCs podem regulara resposta imunológica semos efeitos adversos comuns aostratamentos imunossupressorestradicionais.A introdução das células estaminaismesenquimais como umaestratégia preventiva representauma potencial mudança de paradigmano tratamento pós-transplante.As MSCs, com a sua capacidadede modular a respostaimunológica, oferecem umaabordagem mais direcionada emenos tóxica, o que é crucial paramelhorar a qualidade de vida dosdoentes e aumentar a taxa de sobrevivência.São necessários mais estudospara confirmar a eficácia a longoprazo desta terapia, no entantoo sucesso deste e de outrosensaios clínicos pode contribuirpara a disponibilização deste tipode terapia no contexto da DECH.Referências:• Cleveland Clinic, “Graft-vs-Host Disease:An Overview in Bone MarrowTransplant”• National Cancer Institute, “HaploidenticalDonor”• Huang, R. et al., “MesenchymalStem Cells for Prophylaxis of ChronicGraft-vs-Host Disease After HaploidenticalHematopoietic Stem CellTransplant,” JAMA Oncology, 2024.30 criativa magazine - julho 2024criativa magazine - junho 202431
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CÉLULAS ESTAMINAIS
MESENQUIMAIS
DO TECIDO DO
CORDÃO UMBILICAL
NA PROFILAXIA
DA DOENÇA DO
ENXERTO CONTRA
O HOSPEDEIRO
Solange Craveiro, Técnica Superior de Laboratório
A doença do enxerto contra o
hospedeiro (DECH) é uma das
complicações mais graves e temidas
após um transplante alogénico
de células estaminais
hematopoiéticas. Esta condição,
que pode ser tanto aguda (aDE-
CH) quanto crónica (cDECH), representa
um grande desafio para
a medicina, devido à sua elevada
mortalidade e aos impactos significativos
na qualidade de vida
dos doentes. Tradicionalmente,
a profilaxia da DECH envolve
a utilização de medicamentos
imunossupressores, que, embora
eficazes em alguns casos, frequentemente
apresentam efeitos
adversos graves e nem sempre
previnem/tratam a doença.
Recentemente, um ensaio clínico
de fase 2 publicado na revista
científica JAMA Oncology
demonstrou resultados promissores
na prevenção da cDECH
após transplante de células estaminais
hematopoiéticas haploidênticas,
(isto é, de células
estaminais hematopoiéticas provenientes
de familiares próximos)
recorrendo à administração de
células estaminais mesenquimais
(MSCs) do tecido do cordão
umbilical.
Neste estudo, os doentes foram
divididos em dois grupos: um
recebeu infusões repetidas de
MSCs do tecido do cordão umbilical
nos primeiros 100 dias após
o transplante, enquanto o grupo
controlo seguiu a profilaxia convencional.
As infusões de MSCs,
iniciadas 45 dias após o transplante
e administradas a cada
duas semanas, mostraram-se
eficazes na redução da incidência
e gravidade tanto da cDECH
quanto da aDECH, sem alterar a
taxa de recaída de leucemia relativamente
ao grupo controlo.
Os resultados revelaram que os
doentes que receberam MSCs do
tecido do cordão umbilical apresentaram
melhores taxas de sobrevivência
livre de DECH e de
recaída da leucemia, evidenciando
que as MSCs podem regular
a resposta imunológica sem
os efeitos adversos comuns aos
tratamentos imunossupressores
tradicionais.
A introdução das células estaminais
mesenquimais como uma
estratégia preventiva representa
uma potencial mudança de paradigma
no tratamento pós-transplante.
As MSCs, com a sua capacidade
de modular a resposta
imunológica, oferecem uma
abordagem mais direcionada e
menos tóxica, o que é crucial para
melhorar a qualidade de vida dos
doentes e aumentar a taxa de sobrevivência.
São necessários mais estudos
para confirmar a eficácia a longo
prazo desta terapia, no entanto
o sucesso deste e de outros
ensaios clínicos pode contribuir
para a disponibilização deste tipo
de terapia no contexto da DECH.
Referências:
• Cleveland Clinic, “Graft-vs-Host Disease:
An Overview in Bone Marrow
Transplant”
• National Cancer Institute, “Haploidentical
Donor”
• Huang, R. et al., “Mesenchymal
Stem Cells for Prophylaxis of Chronic
Graft-vs-Host Disease After Haploidentical
Hematopoietic Stem Cell
Transplant,” JAMA Oncology, 2024.
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