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Criativa Magazine | Julho 2024

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essas vagas disponíveis. Por

outro lado, há o acordo de mobilidade

da CPLP que proporcionou

um aumento do fluxo migratório

dos cidadãos da CPLP

para Portugal e o processo de

reagrupamento familiar, em que

os imigrantes já residentes, devidamente

integrados, efetuam

um pedido para as suas famílias

que, regra geral, ficaram no

país de origem, de modo a virem

morar em Portugal. Os imigrantes

que vêm para os Açores têm

total disponibilidade para trabalhar.

Logo, havendo vagas, conseguem

ocupá-las com relativa

facilidade.

Um dos erros que muitas entidades

patronais cometem é

ver pessoas migrantes apenas

como mão de obra e, em muitos

casos, mão de obra barata.

Muitas empresas não se preocupam

com outras componentes

inerentes ao fenómeno

migratório. Imigrantes são, acima

de tudo, pessoas. São pessoas

com famíllias, com sonhos

e objetivos. Uma pessoa

quando migra, regra geral, tem

como principal objetivo a melhoria

da condição de vida e da

sua família. O sonho é ter a sua

família perto de si e dar uma

educação melhor aos filhos. E

quando o imigrante tem a sua

família perto de si (reagrupamento

familiar), sente-se emocionalmente

mais seguro e ganha

maior estabilidade no país

ou região de acolhimento. Por

isso, o que mais nos preocupa

é a precariedade laboral e a falta

de habitação que afeta muitos

imigrantes e acabam por

ser uma camada da população

com maior fragilidade económica

e social.”

“A IMIGRAÇÃO É UM

FENÓMENO DINÂMICO”

Nada é estático, e também o

fenómeno da imigração é dinâmico,

lembra Leoter Viegas, recordando

alturas como a Troika

ou até mesmo o fim dos anos

90, onde nas ilhas havia cenários

diferentes.

“Os imigrantes vão onde há

emprego e procura de mão de

obra. Nem todos os imigrantes

regressam aos países de origem.

No dia em que não houver

procura de mão de obra nos

Açores, o fluxo migratório diminuirá

e alguns imigrantes vão

à procura de oportunidades

noutras paragens, como aconteceu

entre 2009 e 2014 com

a crise da Troika.” Também as

nacionalidades de quem nos

procura altera-se de tempos a

tempos, um bom exemplo, diz

Leoter Viegas é “recuarmos até

finais da década de 1990 e início

da década 2000, e verificamos

que a estrutura da imigração

nos Açores era constituída

por cidadãos vindos do Brasil,

Europa do Leste, com particular

incidência para Ucrânia,

e cidadãos dos países africanos

de língua oficial portuguesa

(PALOP). Com o passar do

tempo, imigrantes dos países

da Europa de Leste foram diminuindo

e os PALOP também.

Fomos assistindo ao aumento

de cidadãos vindos de alguns

Estados da UE como Alemanha,

Espanha, França, Inglaterra,

etc. A comunidade brasileira

sempre foi a maior comunidade

imigrante nos Açores e, hoje,

representam 20% da população

estrangeira. No último ano e

meio, por via do acordo de mobilidade

da CPLP, temos assistido

o aumento da comunidade

da CPLP e, a partir de 2023, dos

imigrantes vindos da Ásia, com

particular relevância para cidadãos

do Nepal. Podemos dizer

ainda que, nos últimos vinte

anos, a população estrangeira

nos Açores teve um aumento

de 98%. Nos últimos vinte

anos, temos conhecimento que

alguns imigrantes saíram e regressaram

aos Açores.”

Um dos três eixos da atuação

da AIPA é disponibilizar serviços

de apoio, informação e

encaminhamento aos cidadãos

imigrantes residentes nos

Açores. Esse eixo foi concretizado

“com a criação, em julho

de 2003, do Centro Local de

Apoio à Integração de Migrante

(CLAIM) de Ponta Delgada (um

dos primeiros centros da rede

CLAIM em Portugal); em maio

de 2008, do CLAIM de Angra do

Heroísmo e, em junho de 2021,

em parceria com a Câmara Municipal

da Madalena do Pico, do

CLAIM da Madalena do Pico.

Estes três CLAIM foram estrategicamente

instalados nas

ilhas onde se concentram 72%

de cidadãos estrangeiros residentes

nos Açores (S. Miguel,

Terceira e Pico). Os CLAIM estão

integrados numa Rede Nacional

de Apoio à Integração de

Migrantes e visam, no âmbito

de políticas locais de integração

de migrantes, assegurar

espaços de acolhimento, informação

e apoio descentrali-

zado, ajudando a responder às

necessidades que se colocam

aos migrantes no seu percurso

de acolhimento e integração.

Nos CLAIM, os cidadãos imigrantes

têm informações, apoio

e encaminhamento nas áreas

como enquadramento legal da

imigração em Portugal; acesso

à educação e saúde; reagrupamento

familiar; aquisição

de nacionalidade portuguesa;

programa de retorno voluntário;

procura de emprego e de

habitação; contactos com as

Embaixadas e os Consulados

dos países de origem e/ou de

nacionalidade; preenchimento

anual de declarações fiscais

(IRS) e declarações trimestrais

para a Segurança Social, no

Dados de

2022 do

antigo Serviço

de Estrangeiros e

Fronteiras (SEF)

indicam-nos que a

ilha de São Miguel

acolhe 45,6%,

seguindo-se o

Faial com 16,3%;

Terceira (14,9%); Pico

(11,1%); Santa Maria

(4%); Flores (3,6%);

São Jorge (3,1%);

Graciosa (1,1%) e

Corvo (0,2%). Quatro

ilhas dos Açores (São

Miguel, Faial, Terceira

e Pico) concentram

88% da população

imigrante.”

caso dos trabalhadores independentes,

etc. É através dos

nossos CLAIM que temos contactos

constantes com cidadãos

estrangeiros e onde temos

acompanhado vários casos relacionados

com o processo de

regularização, acesso aos cuidados

de saúde, relação laboral

de cidadãos estrangeiros,

apoio na empregabilidade desses

cidadãos. Entendemos que

é necessário quebrarmos barreiras

que possam impedir um

bom acolhimento e integração

de migrantes nos Açores, porque

quanto melhor acolhidos e

mais integrados estiverem, melhor

estarão em condições de

contribuir para a criação de riqueza

na nossa região.”

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