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São Paulo (Fapesp) e a startup Infinitti. Ela avalia o risco de patologias<br />
bucais, oferece orientação personalizada e pode indicar profissionais<br />
com maiores probabilidades de resolver o problema do usuário.<br />
“Falando de processos internos, temos projetos de IA para<br />
diversas frentes na seguradora, por exemplo, para as áreas técnica<br />
e atuarial, cujo projeto tem como objetivo reduzir sinistros Serit, garantir<br />
suporte financeiro para autônomos, por meio de um processo<br />
automático de análise e aceitação/rejeição de risco, durante a renovação<br />
das apólices de seguro Serit”, informa Daiane.<br />
RISCOS E FRAUDES<br />
A IA pode ser utilizada para identificar padrões indicativos<br />
de sinistros fraudulentos, detectar fraudes de forma mais eficiente<br />
e automatizar as verificações de conformidade, garantindo que as<br />
seguradoras cumpram regulamentações complexas. Como explica<br />
Falcão, algoritmos de machine learning podem analisar grandes<br />
volumes de dados em tempo real para identificar comportamentos<br />
fraudulentos, como declarações inconsistentes, atividades suspeitas<br />
e padrões incomuns de sinistros: “Isso ajuda as seguradoras a reduzir<br />
perdas financeiras e manter a integridade de seus serviços. Além disso,<br />
com algoritmos avançados, as seguradoras podem avaliar riscos<br />
com maior precisão, levando em conta inúmeras variáveis em tempo<br />
real, como condições meteorológicas, dados demográficos, histórico<br />
de sinistros e até mesmo informações de redes sociais. Isso leva a<br />
precificação mais precisa e personalizada para os segurados.”<br />
Porém nada é perfeito. Há perigos da inteligência artificial<br />
para o mercado de seguros. O professor da FGV Gesner Oliveira lista<br />
entre riscos e vulnerabilidades a possibilidade de viés algorítmico,<br />
questões de privacidade de dados e a necessidade de regulamentação<br />
adequada para garantir a segurança e a ética no uso dessas<br />
tecnologias. “As soluções para esses desafios passam por uma regulamentação<br />
robusta, treinamento adequado para os profissionais do<br />
setor e uma abordagem ética na implementação de sistemas de IA.<br />
É essencial que as seguradoras e reguladores trabalhem juntos para<br />
estabelecer padrões e práticas que maximizem os benefícios da IA,<br />
minimizando seus riscos potenciais”, recomenda.<br />
Já Daiane aponta para riscos referentes à privacidade de dados<br />
e também para a “degradação” dos modelos de machine learning<br />
com o tempo, podendo impactar nos processos em que atuam.<br />
Michael Weiss acrescenta outros preocupantes aspectos à<br />
lista de riscos que cercam a inteligência artificial. O primeiro deles<br />
é o preconceito e a discriminação. “Os algoritmos de IA podem perpetuar<br />
os preconceitos existentes se forem treinados com base em<br />
dados tendenciosos”, alerta o consultor americano. O segundo é a<br />
privacidade de dados: “O uso de IA envolve frequentemente o recolhimento<br />
e a análise de dados pessoais sensíveis, levantando preocupações<br />
de privacidade”, ressalta Weiss. E há um terceiro ponto<br />
citado por ele: a perda de empregos em determinados setores. Por<br />
fim, o especialista alerta para a falta de transparência. Segundo ele,<br />
alguns modelos de IA são “caixas pretas” que dificultam a compreensão<br />
de como se chega às decisões. “O mercado segurador, como<br />
qualquer outro, é vulnerável a estes riscos. Por exemplo, algoritmos<br />
tendenciosos podem levar a decisões discriminatórias sobre preços<br />
GESNER OLIVEIRA,<br />
da FGV IISR<br />
ou reclamações. É crucial que as seguradoras<br />
abordem estes riscos de forma proativa,<br />
garantindo transparência, justiça e<br />
responsabilização nos seus sistemas de<br />
IA”, ensina Weiss.<br />
O setor da tecnologia tem sido indiscutivelmente<br />
o mais rápido na adoção<br />
e adaptação à inteligência artificial dada a<br />
sua experiência inerente e a natureza digital<br />
dos seus produtos e serviços. Contudo,<br />
alerta Michael Weiss, a área de serviços<br />
financeiros, incluindo o setor de seguros,<br />
demonstra rápida recuperação diante<br />
dos desafios e riscos apresentados pelos<br />
cenários ditados pela IA: “As seguradoras<br />
estão usando IA de várias maneiras, desde<br />
a detecção de fraudes até os preços personalizados.<br />
O desempenho do setor segurador<br />
com a IA é misto. Embora existam<br />
histórias de sucesso e de maior eficiência<br />
e satisfação do cliente, permanecem desafios<br />
em torno da qualidade dos dados,<br />
da conformidade com a regulamentação<br />
e da necessidade de supervisão humana<br />
dos sistemas de IA.”<br />
Como se pode constatar, a inteligência<br />
artificial ainda engatinha como<br />
um bebê. “Mimá-la” seria uma temeridade<br />
para o futuro. Como lidar com um “adulto”<br />
sem limites e distante de qualquer princípio<br />
de alteridade? É preciso aprender com<br />
a tecnologia, sim, mas também “ensiná-la”<br />
os rumos certos da vida e, claro, dos mercados.<br />
Para tudo, sem distinção, há limites<br />
e, sobretudo, ética e responsabilidade.<br />
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