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seguros sempre levará como exemplo de que prevenção é primordial<br />

diante de cenários climáticos cada vez mais adversos e hostis.<br />

O saldo após a passagem do Katrina na Flórida foi de mais de US$<br />

40 bilhões em indenizações. Já neste ano, terremotos no sul da<br />

Itália (que também sofreu com chuvas impiedosas) e na Turquia,<br />

além das enchentes na Alemanha, deixaram o setor de seguros em<br />

alerta na Europa. O caos do clima parece infindável.<br />

“Ainda não é possível ter a dimensão total do impacto das<br />

enchentes para o setor segurador, mas um levantamento que fizemos<br />

a partir dos 23.441 avisos de sinistros no Rio Grande do Sul<br />

entre 28 de abril até 22 de maio apontou um valor de R$1,673 bilhão<br />

em indenizações que serão pagas aos clientes. Nós acreditamos<br />

que este número crescerá, uma vez que, neste momento, as<br />

pessoas estão cuidando de questões prementes. Naturalmente, os<br />

segurados, a partir do retorno para casa, vão começar a notificar as<br />

seguradoras”, diz à Apólice o presidente da Confederação Nacional<br />

das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, para quem o impressionante<br />

e trágico episódio no Rio Grande do Sul já se constitui em<br />

um dos mais impactantes na história do seguro no país: “Como<br />

disse, ainda não é possível estimar a dimensão real do impacto da<br />

tragédia do Rio Grande do Sul no mercado de seguros, entretanto,<br />

nós acreditamos que, em virtude da magnitude e do número de<br />

pessoas atingidas, essa tragédia é a maior para o setor de seguros<br />

decorrente de um único evento. Mas reforço, teremos condições<br />

de ter essa avaliação efetiva mais pra frente.”<br />

O drama bateu à porta de Nícolas Galvão, CEO da Delta Global,<br />

empresa de tecnologia e gestão de frota fundada em 2015,<br />

que atua junto ao mercado segurador como assistência 24 horas.<br />

Ele diz quais foram as ações emergenciais que a empresa colocou<br />

em prática no início das enchentes para auxiliar seus clientes:<br />

“A Delta tem foco no atendimento dos segmentos de automóvel<br />

e frota e nossa matriz fica em Porto Alegre, uma das cidades<br />

atingidas pelas enchentes. Com isso, nossas primeiras ações foram<br />

para preservação e segurança dos nossos colaboradores, visto que<br />

mais de 100 pessoas da nossa equipe foram diretamente impactadas.<br />

Nos primeiros dias, a tendência foi de uma queda no volume<br />

de serviços de assistência automóvel, visto que a maioria dos<br />

veículos ainda estava impossibilitada de ser removida devido aos<br />

níveis de inundação ainda estarem muito elevados. Com o passar<br />

dos dias e o recuo das águas, tivemos os picos de acionamentos<br />

principalmente para as causas de inundação e pane elétrica.”<br />

E não está sendo fácil. As imagens de carros submersos em<br />

todo o estado, principalmente em Porto Alegre, foram assustadoras.<br />

No site da Bright Consulting, uma empresa de consultoria do setor<br />

automotivo, o diretor de marketing da empresa, Cassio Pagliarini,<br />

escreveu um artigo no qual desenha os contornos do impacto das<br />

enchentes na cadeia automotiva. Presume-se que mais de 200 mil<br />

veículos foram perdidos nas enchentes e o impacto na comercialização<br />

já se mostra caótico:<br />

“Comecemos pela redução na comercialização tanto pela<br />

impossibilidade de operação das concessionárias alagadas quanto<br />

pela perda de poder aquisitivo da população atingida. O RS é responsável<br />

pela distribuição de 5% das vendas nacionais ou 10 mil<br />

DYOGO OLIVEIRA,<br />

da CNseg<br />

veículos por mês em números redondos.<br />

O emplacamento caiu a zero a partir do<br />

dia 07 de maio, provavelmente por danos<br />

no processamento de dados do estado,<br />

afinal nem todas as cidades sofreram<br />

inundações. Ponderando as cidades alagadas,<br />

estimamos que aproximadamente<br />

60% das vendas deixarão de acontecer<br />

nos próximos 30 dias e 30% nos dois<br />

meses subsequentes. São 12 mil veículos<br />

que deixarão de ser comercializados. [...]<br />

Para veículos novos estocados nas concessionárias,<br />

provavelmente teremos 3<br />

mil inutilizados pela inundação. Segundo<br />

o Sindipeças, a frota circulante no RS<br />

engloba 2,8 milhões de unidades – é razoável<br />

considerar que 5 a 10% desses veículos<br />

estejam inutilizados. Serão necessários<br />

pelo menos 20 meses de vendas<br />

para repor os veículos perdidos.”<br />

Conforme dados da CNseg até o<br />

dia 23 de maio, os pedidos registrados de<br />

indenizações no setor automotivo somaram<br />

8,2 mil e o valor chegou a cerca de R$<br />

557 milhões.<br />

Para Galvão, da Delta Global, eventos<br />

dessa magnitude fazem com que o<br />

sistema inteiro se ajuste e fique mais fortalecido,<br />

tanto empresas de assistência<br />

como seguradoras. “A tendência é que<br />

o mercado como um todo revise seus<br />

processos, estrutura, contingências, para<br />

melhorar a experiência do segurado na<br />

ponta em situações como esta, que infelizmente<br />

tendem a ficar mais recorrentes<br />

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