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Mala Direta<br />

Básica<br />

9912281412/2011-SE/SPM<br />

Correcta Editora<br />

JUNHO | 2024<br />

Nº 298 • ANO 29<br />

IMPRESSO FECHADO<br />

Pode ser aberto pela ECT<br />

Enchentes no RS<br />

AINDA LEVARÁ UM<br />

TEMPO PARA CONHECER<br />

OS PREJUÍZOS<br />

As seguradoras começaram a receber os avisos de<br />

sinistros e já contabilizam as perdas, principalmente nas<br />

carteiras de grandes riscos, automóveis e residências<br />

O CUIDADO AO INVESTIR<br />

Seguradoras criam suas<br />

próprias gestoras de fundos de<br />

investimentos para ter o controle<br />

do patrimônio dos consumidores<br />

A EDUCAÇÃO FINANCEIRA<br />

PRECISA COMEÇAR CEDO<br />

O desafio do setor é despertar<br />

nos mais jovens a curiosidade<br />

e a necessidade de acumular<br />

recursos para a seu período de<br />

aposentadoria<br />

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL É O<br />

FOCO DA TECNOLOGIA NESTE<br />

MOMENTO<br />

Todas as empresas buscam<br />

formas de fazer a IA melhorar<br />

a jornada do cliente ou os seus<br />

processos internos e negócios


EDITORIAL<br />

Muitas coisas acontecendo<br />

ao mesmo tempo<br />

As enchentes no estado do Rio Grande do Sul já são consideradas<br />

a maior tragédia climática brasileira. Segundo<br />

dados da CNseg, as indenizações já atingiram a marca<br />

de R$ 3,9 bi, com maior volume de concentrado nas apólices de<br />

grandes riscos, seguida pela carteira de automóveis.<br />

A discussão sobre eventos climáticos acontece há muito<br />

tempo no mercado, entretanto, parece que agora a sociedade<br />

como um todo também está tomando consciência do que pode<br />

acontecer.<br />

Assim como aconteceu na pandemia, as perdas patrimoniais<br />

podem significar um gatilho para acelerar as vendas e, mais<br />

importante, para a criação do Seguro Social para Catástrofes, que<br />

está em discussão no Congresso Nacional.<br />

Agora que a barreira da cobrança foi ultrapassada, cabe ao<br />

mercado, junto com os políticos e a sociedade, discutir as melhores<br />

soluções possíveis e que possam caber no bolso esvaziado do<br />

brasileiro.<br />

Trazemos nesta edição da Revista duas matérias que falam<br />

diretamente ao consumidor. Uma sobre educação financeira e a<br />

importância de começar a poupar desde sempre. A Susep, que<br />

agora assume o Forum Brasileiro de Educação Financeira, quer<br />

firmar parcerias com universidades para incluir a gameficação na<br />

comunicação sobre seguros e finanças com a sociedade. Em outra<br />

matéria, falamos sobre a importância das seguradoras gerirem<br />

seus próprios fundos de investimentos para garantir a solidez e a<br />

segurança do seu patrimônio e, principalmente, de suas reservas.<br />

O mês de junho foi muito especial para a Revista Apólice.<br />

Na entrega do Prêmio Nacional de Jornalismo em Seguros, fomos<br />

a grande vencedora da noite. André Felipe de Lima e eu fomos<br />

agraciados na categoria Mídia Especializada. e, para coroar a noite,<br />

e o ano, fui escolhida Jornalista de Seguros do Ano de 2024.<br />

Estes prêmios mostram que estamos no caminho certo, com a<br />

certeza de que devemos buscar nos superar sempre. Porém, não<br />

conquistamos estes prêmios sozinhos: reitero meus agradecimentos<br />

a toda a minha equipe, minha família e minhas fontes.<br />

Sem vocês, nada disso seria possível.<br />

Obrigada e boa leitura!<br />

JUNHO • 2024 • Nº 298 • ANO 29<br />

EXPEDIENTE<br />

Diretora de Redação:<br />

Kelly Lubiato - MTB 25933<br />

klubiato@revistaapolice.com.br<br />

Diretora de Negócios:<br />

Graciane Pereira<br />

graciane@revistaapolice.com.br<br />

Colaborador:<br />

André Felipe de Lima<br />

Diagramação e Arte:<br />

Enza Lofrano<br />

Tiragem:<br />

12.000 exemplares<br />

Circulação:<br />

Nacional<br />

Periodicidade:<br />

Mensal<br />

Os artigos assinados são de<br />

responsabilidade exclusiva de<br />

seus autores, não representando,<br />

necessariamente, a opinião desta revista.<br />

Esta revista é uma<br />

publicação independente<br />

da Correcta Editora Ltda e<br />

de público dirigido<br />

CORRECTA EDITORA LTDA<br />

Administração, Redação e Publicidade:<br />

Rua Gaivota, 615 - sala 181<br />

04522-031 - São Paulo/SP<br />

CNPJ: 00689066/0001-30<br />

Diretora de Redação<br />

Mande suas dúvidas,<br />

críticas e sugestões para<br />

redacao@revistaapolice.com.br


CONTEÚDO<br />

www.revistaapolice.com.br<br />

twitter.com/revistaapolice<br />

revista apólice<br />

linkedin.com/apolice<br />

instagram.com/revista_apolice<br />

COMUNICAÇÃO<br />

A educação financeira<br />

precisa começar<br />

cedo, atingindo os<br />

consumidores mais<br />

jovens para que eles se<br />

preparem para o futuro,<br />

acumulando valores<br />

que possam suprir suas<br />

necessidades futuras<br />

>> PÁG. 12<br />

GESTÃO DE<br />

FUNDOS<br />

Seguradoras<br />

valorizam seu braço<br />

de investimento para<br />

garantir a rentabilidade<br />

necessária para suas<br />

reservas técnicas<br />

e patrimônio dos<br />

consumidores<br />

>> PÁG. 08<br />

TRAGÉDIA<br />

Enchentes no Rio Grande<br />

do Sul reforçaram<br />

a importância e a<br />

premência de ter<br />

produtos de cunho social<br />

que possam contribuir<br />

com a sociedade,<br />

principalmente em<br />

eventos provocados por<br />

mudanças climáticas<br />

>> PÁG. 16<br />

ÍNDICE<br />

05 gente<br />

07 mercado<br />

Aliá Seguros, especializada em seguro garantia<br />

judicial, reforça necessidade de atualização e de<br />

aproximação com os seus consumidores<br />

22 tecnologia<br />

A aplicação da Inteligência Artificial no mercado<br />

de seguros é inexorável. Cabe aos especialistas<br />

o cuidado para que ela não carregue aos<br />

algoritmos os vieses já enraizados na operação<br />

analógica<br />

26 freela<br />

Friss apresenta ao mercado brasileiro o evento<br />

Fraudes: uma preocupação para a sociedade<br />

para discutir desafios e possíveis soluções para o<br />

problema<br />

28 produto<br />

Mapfre lança microsseguro para atender<br />

consumidores na favela de Paraisópolis, em São<br />

Paulo. As vendas serão realizadas em tótens<br />

espalhados pela comunidade<br />

30 premiação<br />

Os jornalistas André Felipe de Lima e Kelly<br />

Lubiato foram os vencedores do Prêmio<br />

de Jornalismo em Seguros promovido por<br />

entidades do setor<br />

33 eventos<br />

- Liberty Seguros passa a se chamar Yelum.<br />

O lançamento da empresa foi realizado em<br />

Florianópolis<br />

- Aconseg SP recebe as diretoria da SulAmérica<br />

Os artigos assinados são de<br />

responsabilidade exclusiva de seus autores,<br />

não representando, necessariamente, a<br />

opinião desta revista.<br />

4


gente<br />

CLUBE DE TRANSPORTE<br />

RENOVADO<br />

Foi eleita a nova diretoria<br />

do Clube Internacional<br />

de Seguros e Transporte -<br />

CIST para o triênio 2024-<br />

2027. Frederico Leopoldo,<br />

novo presidente do CIST,<br />

afirma que um dos seus objetivos é reforçar os valores<br />

e a história do Clube, trabalhando para que<br />

a entidade cresça quantitativa e qualitativamente,<br />

tanto em número de associados como parceiros,<br />

patrocinadores, eventos e etc. “Queremos também<br />

expandir a relação do CIST com representantes internacionais<br />

do mercado de logística e seguros. Vamos<br />

trazer as melhores práticas do setor, oferecendo<br />

novidades e tecnologia”.<br />

Presidente: Frederico Leopoldo<br />

Vice Presidente: Tiago Camillo<br />

Diretoria Executiva Ético Social: Mayra Monteiro<br />

Diretoria Executiva Técnica: Ivor Moreno<br />

Diretoria Executiva Tesoureira: Mônica Costa<br />

Diretoria Executiva Institucional: Sidneia Borges<br />

Diretoria Executiva Administrativo: René Ellis<br />

Diretoria Executiva de Planejamento: Sérgio Akira<br />

Secretária Executiva: Amanda Rosa<br />

GERENTE DE SEGUROS<br />

O Banco Mercedes-<br />

Benz do Brasil (BMB) anunciou<br />

Leandro Assis como<br />

o novo gerente de Seguros<br />

da Mercedes-Benz Corretora<br />

de Seguros, atividade<br />

que assume em complemento<br />

às suas demais atribuições<br />

como gestor das<br />

áreas de DSC (Dealer Service Center) e PC (Automóveis)<br />

do Banco.<br />

Graduado em Administração de Empresas,<br />

com MBA em Gestão Empresarial e certificação de<br />

Habilitação de Corretor de Seguros, Assis iniciou sua<br />

trajetória na Mercedes-Benz Corretora de Seguros,<br />

como funcionário terceirizado em 2005, atuando<br />

como vendedor de Peças e Serviços, na área do PRC<br />

(Programa de Relacionamento com o Concessionário).<br />

Em agosto de 2007, assumiu o cargo de supervisor<br />

de Vendas de Seguros, na área da Central de<br />

Seguros, sendo responsável pelas renovações auto<br />

da carteira da Mercedes-Benz Corretora de Seguros<br />

e apoiando os F&Is (operadores de serviços financeiros<br />

e de seguros) nas simulações e efetivações de<br />

seguros auto.<br />

NOVO PRESIDENTE DA ACONSEG-RJ<br />

A Aconseg-RJ (Associação<br />

das Empresas de Assesso-<br />

conquistas e alcançar vitó-<br />

unir forças em prol de novas<br />

ria e Consultoria de Seguros<br />

rias memoráveis, que possam<br />

elevar cada vez mais o<br />

do Estado do Rio de Janeiro)<br />

anunciou seu novo presidente.<br />

A nova diretoria para o biêrias<br />

reunidas pela Aconseg-<br />

conceito de que as assessonio<br />

2024/2026 será composta<br />

RJ são o melhor canal de<br />

por: Presidente, Luiz Philipe<br />

produção do mercado. Desejo<br />

também interagir com<br />

Baeta Neves; 1º Secretário,<br />

César Augusto Braga; 2º Secretário,<br />

Gilberto Villela; 1º Tecado<br />

para dar visibilidade e<br />

todas as entidades do mersoureiro,<br />

Joffre Nolasco Pinto<br />

reconhecimento do mérito<br />

Filho; 2º Tesoureiro, Jaqueline<br />

das nossas atividades, além<br />

Duarte dos Santos Rocha.<br />

Da esquerda para direita: Joffre Nolasco; Jaqueline Rocha; Luiz<br />

de reforçar os nossos canais<br />

Philipe Baeta Neves; Gilberto Villela e César Augusto Braga).<br />

Ao assumir o seu terceiro<br />

mandato presidencial, Neves destacou que: “Encançar<br />

com efetividade e positividade todos os nos-<br />

de comunicação para altro<br />

para comandar a Aconseg-RJ com disposição para sos públicos”.<br />

5


gente<br />

PROMOVIDA NA COMUNICAÇÃO<br />

Danielle Fagaraz é a<br />

nova Diretora Comercial Digital<br />

e de Marketing da AXA no<br />

Brasil. Há 8 anos na companhia,<br />

onde começou como Coordenadora<br />

de Eventos e Relacionamento<br />

com Corretores,<br />

a profissional assume o cargo<br />

com o desafio de ampliar a capilaridade da seguradora,<br />

posicionando o Canal Digital como uma das principais<br />

portas de entrada para corretores.<br />

Com mais de uma década de experiência no<br />

mercado de seguros, Danielle segue com o objetivo de<br />

aumentar o reconhecimento da marca AXA.<br />

“Nosso plano estratégico 23-27 pressupõe triplicar<br />

a base de corretores, intensificando a atividade<br />

comercial dos que já estão na casa. Para isso, estamos<br />

reforçando nossas estratégias de atração no ambiente<br />

digital por meio de práticas de inbound e remarking,<br />

além de aprimorar a proposta de valor e as jornadas.<br />

Tudo isso em estreita colaboração com as demais diretorias<br />

Comerciais", explica Danielle.<br />

DONO DO FINANCEIRO<br />

André Caldeira é<br />

o novo CFO da Austral. O<br />

executivo tem uma ampla<br />

experiência em finanças,<br />

atuária e gestão de riscos<br />

em seguradoras nacionais e<br />

multinacionais.<br />

“Conheço a Austral<br />

desde o início da trajetória da empresa, tenho bastante<br />

respeito e admiração por tudo que foi criado<br />

até aqui. A cultura corporativa horizontal ajuda na<br />

agilidade e na colaboração, que têm contribuído<br />

bastante para a geração de valor da empresa. Temos<br />

oportunidades de aproximar o time financeiro ainda<br />

mais do time de negócios e de alavancar a nossa<br />

produtividade através das ferramentas tecnológicas<br />

disponíveis e de nossos talentos”, afirma Caldeira.<br />

LIDER DE OPERAÇÕES<br />

A Exalt Saúde, empresa<br />

que oferece suporte a<br />

corretores no ramo de Saúde<br />

e Odontologia, anunciou<br />

Paula Siqueira como sua<br />

nova head de operações. A<br />

executiva desenvolveu sua carreira na área Comercial,<br />

focando no relacionamento com clientes e corretores<br />

de seguros. Na Exalt Saúde, sua missão será<br />

aplicar esse know-how para aprimorar ainda mais a<br />

área de pós-vendas da assessoria, garantindo altos<br />

níveis de satisfação.<br />

“A Exalt Saúde é uma empresa que eu acompanhei<br />

nascer e crescer. Portanto, é uma honra retornar<br />

ao mercado de seguros assumindo este novo<br />

desafio e poder fazer parte deste processo de evolução”,<br />

comenta Paula.<br />

HOMEM DO CAMPO<br />

A Mapfre nomeou Fábio Damasceno<br />

como diretor técnico de seguros Agrícola,<br />

Pecuário e Patrimonial Rural da companhia.<br />

Com uma trajetória de 20 anos em posições<br />

de liderança no agronegócio, Damasceno<br />

traz consigo uma vasta experiência no setor,<br />

com o objetivo de liderar estratégias comerciais<br />

e de subscrição técnica para a empresa.<br />

A chegada do novo diretor reforça a orientação<br />

estratégica da Mapfre em fornecer soluções customizadas<br />

para produtores rurais de todos<br />

os portes e regiões do país, contribuindo<br />

para o desenvolvimento nacional do setor<br />

agrícola. Com expertise no atendimento<br />

às demandas do agronegócio e profundo<br />

conhecimento do mercado segurador, Damasceno<br />

será responsável pela estratégia<br />

de desenvolvimento dos negócios agro,<br />

assegurando o crescimento rentável e dando o apoio a<br />

todos os canais de distribuição.<br />

6


MERCADO<br />

ALIÁ<br />

Corretora marca presença no V Congresso<br />

Brasileiro de Direito da Empresa<br />

ALIÁ SEGUROS, ESPECIALIZADA EM SEGURO GARANTIA JUDICIAL, REFORÇA NECESSIDADE DE<br />

ATUALIZAÇÃO E DE APROXIMAÇÃO COM OS SEUS CONSUMIDORES<br />

A<br />

Aliá Seguros marcou presença no V<br />

Congresso Brasileiro de Direito da<br />

Empresa, realizado recentemente no<br />

Rio de Janeiro, a convite do Dr. Gustavo Nobre,<br />

uma figura influente no campo do direito empresarial.<br />

O evento reuniu renomados especialistas<br />

e profissionais do setor.<br />

O Instituto Brasileiro de Direito da Empresa<br />

(IBDE), promotor do congresso, busca<br />

compreender a importância da empresa nacional<br />

para a sociedade, enfatizando sua função<br />

social como geradora de tributos, empregos<br />

e renda. Com uma programação abrangente,<br />

o congresso ofereceu debates, palestras e discussões<br />

sobre as nuances do direito empresarial,<br />

considerando sua evolução e perspectivas<br />

futuras. A ideia do debate foi entender como<br />

a evolução da massa falida para recuperação<br />

judicial vem apoiando e fortalecendo a reestruturação<br />

de grandes empresas.<br />

A presença da Aliá Seguros no congresso<br />

também foi uma excelente oportunidade<br />

para fortalecer redes de contatos e parcerias estratégicas.<br />

Participar de discussões relevantes e<br />

estar em contato direto com líderes do setor<br />

jurídico e empresarial permitiu à Aliá aprimorar<br />

suas estratégias e serviços, alinhando-se às<br />

melhores práticas e às inovações do mercado.<br />

O evento contou com a participação<br />

importante de diversos nomes e temas, como<br />

Odair de Moraes Junior, advogado especialista Thiago Bortoleto, CEO<br />

em Direito Empresarial e Tributário, sócio do<br />

Moraes Jr Advogados e presidente da Comissão de Recuperação<br />

Judicial e Falência da OAB de São Bernardo do Campo, que abordou<br />

os aspectos tributários nos processos de recuperação judicial. Luiz<br />

Alberto Carvalho, juiz da 3ª Vara Empresarial do TJ/RJ, discutiu tutelas<br />

cautelares antecedentes nos processos de recuperação judicial.<br />

Além disso, a mesa contou com a participação de Benedito Gonçalves,<br />

ministro do Superior Tribunal de Justiça, que abordou diversos<br />

temas de direito empresarial juntamente com outros palestrantes<br />

de renome na área. Desembargadores de diversos estados do Brasil<br />

também participaram do evento.<br />

O IBDE, por meio de seus estudos,<br />

produção de conteúdos jurídicos e eventos,<br />

visa informar e capacitar operadores<br />

do direito, empresários e profissionais do<br />

meio jurídico e empresarial.<br />

A Aliá Seguros defende os direitos<br />

do mercado segurador, sempre entendendo<br />

os benefícios para as empresas e<br />

levando a melhor condição para fortalecer<br />

o mercado e as empresas brasileiras.<br />

7


GESTÃO DE FUNDOS<br />

CONSUMIDOR<br />

Com inovação se vai<br />

A EXPANSÃO DE AGENTES<br />

AUTÔNOMOS DE INVESTIMENTOS,<br />

QUE INCLUEM CADA VEZ MAIS<br />

COBERTURAS SECURITÁRIAS<br />

EM SUAS OFERTAS DE GESTÃO<br />

DE ATIVOS, E O NOVO PAPEL DE<br />

CONSULTORES FINANCEIROS QUE<br />

ALGUNS CORRETORES DE SEGUROS<br />

COMEÇAM A INCORPORAR, SÃO<br />

FATOS QUE APONTAM PARA UMA<br />

DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO<br />

DA SOCIEDADE BRASILEIRA AO<br />

UNIVERSO DO SEGURO. BEM-VINDOS<br />

AO TRANSFORMADOR MUNDO DO<br />

ASSET MANAGEMENT. SEGURADOS<br />

AGRADECEM<br />

André Felipe de Lima<br />

LONG<br />

Muito se tem debatido nos últimos<br />

dois anos sobre o papel<br />

do corretor nesse novo contexto<br />

do seguro desenhado pelo open<br />

insurance. Paralelamente, o cenário<br />

econômico no país dá sinais de que há<br />

em curso uma conscientização social da<br />

importância da proteção financeira para<br />

o cidadão e de uma gestão de ativos<br />

mais segura. A indústria securitária vem<br />

investindo cada vez mais nessas duas<br />

frentes junto aos seus clientes. O asset<br />

management das seguradoras está a<br />

pleno vapor, com seus agentes tomando<br />

decisões de investimentos para valorizar<br />

o dinheiro dos cotistas e maximizar<br />

a rentabilidade, equilibrando-a com o<br />

risco. Onde há oferta de investimentos<br />

por parte de bancos, corretoras e afins,<br />

o seguro a acompanha. Nessa jornada,<br />

os corretores começam a migrar para um<br />

perfil de negócios que transcende o seguro<br />

ao atuarem, também, como agentes<br />

autônomos de investimentos (AAI).<br />

Em outra via, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou em<br />

fevereiro do ano passado a Resolução 178/23 que permite aos que<br />

são, na essência, assessores de investimentos, o exercício de atividades<br />

complementares relacionadas, entre outros, aos mercados<br />

de seguros, previdência e capitalização.<br />

Hoje, muitas seguradoras recorrem a esse braço de negócio<br />

em seus portfólios operacionais.<br />

Coordenador de graduações da Escola de Negócios e Seguros<br />

(ENS), o professor José Varanda explica que a criação de fundos<br />

próprios pode ser “bem interessante” para o controle e a gestão dos<br />

investimentos. “Entre os aspectos, podemos citar a redução dos<br />

custos, transparência, agilidade, flexibilidade, melhoria da relação<br />

8


E<br />

risco x retorno, gestão de riscos e cumprimento regulatório. Estes<br />

pontos no longo prazo são importantes para uma gestão eficaz e<br />

eficiente. Em resumo, ter o controle dos investimentos e criar fundos<br />

próprios para gerir os recursos dos segurados é vital para garantir<br />

a segurança, eficiência e transparência na administração dos<br />

recursos, maximizando os retornos e assegurando o cumprimento<br />

das obrigações em longo prazo”, ensina Varanda.<br />

Para o professor da ENS, esses fatos passam a ser determinantes<br />

para a escolha da empresa para investimento na área de previdência.<br />

“Ter uma equipe com uma gestão de riscos em linha com a<br />

regulação, e outros fatores, é relevante na escolha da empresa para<br />

a realização dos investimentos na área de previdência”, resume.<br />

Vice-presidente da Federação Nacional<br />

dos Corretores de Seguros (Fenacor)<br />

e coordenador Comitê de Open Insurance<br />

da Câmara Brasileira da Economia<br />

Digital, Manuel Matos afirma que ter o<br />

controle dos investimentos e criar fundos<br />

próprios para gerir os recursos dos segurados<br />

é importante por várias razões. Ele<br />

as lista: “Primeiramente, permite às seguradoras<br />

oferecer uma gestão mais personalizada<br />

e alinhada com os objetivos de<br />

longo prazo dos seus segurados. Além<br />

disso, essa abordagem possibilita maior<br />

transparência e controle sobre os riscos,<br />

garantindo que os recursos sejam geridos<br />

de acordo com a política de investimento<br />

da empresa. Outro ponto relevante é<br />

a potencial melhoria no retorno dos investimentos,<br />

dado que a gestão ativa e<br />

focada pode aproveitar melhor as oportunidades<br />

de mercado.”<br />

Para Matos, a capacidade de gerir<br />

investimentos e criar fundos próprios é<br />

um fator determinante para muitos segurados<br />

ao escolher uma empresa para<br />

investimentos em previdência e outros<br />

de longo prazo. “Os clientes buscam segurança<br />

e rentabilidade, e saber que uma<br />

seguradora tem expertise em gestão de<br />

ativos e um histórico sólido de performance<br />

pode ser um diferencial significativo.<br />

Além disso, a transparência e a<br />

personalização na gestão dos recursos<br />

oferecem aos clientes maior confiança<br />

nas decisões tomadas pela seguradora”,<br />

reforça o vice-presidente da Fenacor.<br />

Diretor de gestão de recursos da<br />

Mapfre Investimentos, Carlos Eduardo<br />

Eichhorn observa que ter o controle de<br />

investimentos e criar seus próprios fundos,<br />

gerindo, portanto, os recursos dos<br />

segurados, são ações que abrangem aspectos<br />

operacionais frente ao regulador<br />

e aos limites, que, segundo o executivo,<br />

são diferentes dos limites convencionais<br />

da gestão tradicional de um fundo de investimento<br />

aberto. “A companhia precisa<br />

fazer o casamento dos seus compromissos,<br />

das suas reservas constituídas, em<br />

relação aos ativos que contidos em seu<br />

balanço”, frisa Eichhorn, que exemplifica:<br />

“Você emite uma apólice para um ano. O<br />

teu ativo tem que estar mais ou menos<br />

9


GESTÃO DE FUNDOS<br />

CONSUMIDOR<br />

JOSÉ VARANDA,<br />

professor da ENS<br />

casado com esse compromisso que você<br />

assumiu com o cliente. Então, na hora<br />

que a gente vai tomar a decisão, não<br />

posso comprar um título que vence em<br />

2050, porque se o carro bater amanhã, se<br />

tiver um sinistro ou se o cliente foi roubado,<br />

eu, segurador, preciso pagar ao segurado<br />

dentro de um ano. É um exemplo<br />

muito trivial, mas isso é amplamente utilizado<br />

na companhia. Aqui na Mapfre temos<br />

as apólices de auto, temos a carteira<br />

de curtíssimo prazo, que seria de um<br />

ano, e temos os passivos de previdência<br />

com duração de 20, 30 anos. Precisamos<br />

compor os ativos com a taxa suficiente<br />

para honrar esses contratos.”<br />

CARLOS EDUARDO EICHHORN,<br />

da Mapfre<br />

A Mapfre Investimentos administra, atualmente, cerca de R$<br />

16 bilhões, dos quais R$ 6 bilhões são recursos de terceiros, explica<br />

Eichhorn. “Além da reserva técnica das companhias de seguros,<br />

fazemos a gestão de, aproximadamente, uns R$ 2,6 bilhões para a<br />

entidade de previdência da Mapfre, que são recursos de terceiros, os<br />

PGBL e os VGBL”, resume o executivo. A Mapfre Investimentos faz, inclusive,<br />

a gestão de recursos para fundos de pensão. A capilaridade<br />

da atuação da seguradora atrai clientes para a gestão de recursos.<br />

“Temos um fundo de renda fixa, que é natural — mais de 90% das<br />

nossas reservas e demais fundos são de renda fixa — e temos fundos<br />

multimercados, como os de previdência e abertos. Além deles, temos<br />

fundos de crédito privado conforme a nossa gestão, com a nossa<br />

análise e tudo mais. Isso acaba sendo valorizado pelos clientes, ou<br />

seja, essa característica de ser um gestor grande”, destaca Eichhorn.<br />

Por serem acumuladoras de capital, para fazer frente ao<br />

pagamento e gestão das reservas, as seguradoras acabam constituindo<br />

um ambiente propício para o crescimento da atividade de<br />

gestão de recursos de terceiros. Isso você pode ser observado nos<br />

Estados Unidos, na Europa e no Brasil. “A Mapfre Investimentos,<br />

por exemplo, já tem 20 anos de mercado, e a gestora só cresce.<br />

Fazemos uma gestão cuja característica é basicamente a proteção<br />

patrimonial ao longo do tempo para a seguradora e para os<br />

clientes que estão ali, juntos da própria seguradora. Enxergamos<br />

essa característica comum tanto nas seguradoras locais, quanto<br />

nas seguradoras internacionais, que são gigantes, e as gestoras<br />

de recursos associadas a essas seguradoras, também muito grandes”,<br />

resume o diretor da Mapfre Investimentos.<br />

Na última década, houve uma expansão significativa de plataformas<br />

de investimentos que impulsionaram o mercado de asset<br />

management. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos<br />

Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) apontam que, no período<br />

de 2010 a 2021, o número destes fundos cresceu 131%, ou seja,<br />

para quase 24 mil.<br />

Segundo Matos, a penetração das plataformas de investimentos<br />

no setor de seguros tem sido significativa, refletindo uma<br />

tendência crescente de integração entre as áreas de seguros e gestão<br />

de ativos. Esta convergência, diz ele, é impulsionada pela busca<br />

de maior eficiência e diversificação dos serviços oferecidos aos<br />

clientes. Entretanto, pondera o vice-presidente da Fenacor, ainda<br />

existe certa resistência em alguns segmentos, principalmente devido<br />

à complexidade regulatória e à necessidade de adaptação de<br />

processos internos. “A tendência, no entanto, aponta para uma crescente<br />

adoção dessas plataformas à medida que mais seguradoras<br />

reconhecem os benefícios de ter uma gestão integrada e eficiente<br />

de ativos”, visualiza Matos.<br />

Varanda também reconhece que a ampla utilização das plataformas<br />

de investimentos na indústria securitária tem sido significativa<br />

nos últimos anos, refletindo uma tendência crescente de<br />

digitalização e modernização no setor financeiro em geral. “A redução<br />

dos custos e o uso da tecnologia colaboram para este processo<br />

nas últimas décadas. Esta tendência ainda dever permanecer nos<br />

próximos anos, com seus reguladores ajustando o arcabouço legal<br />

em função deste cenário”, prevê o professor da ENS.<br />

10


CORRETOR E SEU NOVO PAPEL<br />

Vender apólices permanece, obviamente, no foco dos corretores,<br />

mas a atuação em plataformas de gestão de ativos, aproximando<br />

“dois mundos”, o do seguro e o dos investimentos, está<br />

em franca evolução para orientar o mercado segurador na gestão<br />

de ativos de segurados. “A evolução é evidente, com muitos corretores<br />

de seguros diversificando seu portfólio e firmando parcerias<br />

com plataformas digitais de seguros e investimentos. No entanto,<br />

essa transição ainda enfrenta desafios, como a necessidade<br />

de capacitação e adaptação às novas tecnologias e modelos de<br />

negócio. Embora haja uma crescente adoção dessas práticas, alguns<br />

segmentos do mercado ainda demonstram certa timidez ou<br />

despreparo para orientar os segurados na gestão de ativos. A capacitação<br />

contínua e o apoio regulatório são fundamentais para<br />

acelerar essa transformação e garantir que os corretores estejam<br />

bem equipados para atender às novas demandas do mercado”,<br />

analisa Manuel Matos.<br />

É essa via até então de mão dupla, a dos corretores e dos<br />

agentes autônomos de investimentos, que começa a se fundir<br />

numa única estrada, de direção única, quando a pauta é asset<br />

management. O primeiro inseriu a gestão de ativos em seu portfólio;<br />

o segundo, assumiu o seguro em suas ofertas ao mercado<br />

e a função principal deste profissional, que é levar educação financeira<br />

aos seus clientes, qualificou-se ainda mais. Para se ter<br />

ideia dessa evolução, de 2017 a 2021, o número de AAI’s cadastrados<br />

na Associação Nacional das Corretoras de Valores (Ancord)<br />

cresceu 209%. São mais de 17 mil deles em território nacional, ou<br />

seja, o triplo em 2017, quando o número era de 5,5 mil. Esse número<br />

da Ancord é confirmado pela CVM. Segundo a autarquia, o<br />

total de agentes autônomos cresceu 38% somente em 2021. Podemos<br />

afirmar, diante de números tão expressivos, que os agentes<br />

autônomos democratizaram o mercado de capitais, antes nas<br />

mãos das corretoras de bancos? Será que, agora, os corretores/<br />

consultores farão o mesmo na área de seguros via asset management?<br />

A expansão dos agentes autônomos, agora conhecidos<br />

como assessores de investimento, explica José Varanda, tem de<br />

fato contribuído para a democratização do mercado de capitais,<br />

que antes era dominado pelas corretoras vinculadas a bancos. “O<br />

aumento significativo no número desses profissionais registrados<br />

na CVM indica uma mudança estrutural importante na forma como<br />

os investidores têm acesso aos produtos financeiros”, salienta Varanda,<br />

destacando que a internet possibilita a democratização em<br />

várias áreas, inclusive no mercado de capitais. “O crescimento de<br />

várias asset managements independentes demonstram este fato”,<br />

acrescenta o professor da ENS.<br />

Matos, da Fenacor, também não tem dúvida, a expansão<br />

dos agentes autônomos democratizou o mercado de capitais<br />

ao aumentar a acessibilidade e a diversidade de opções de investimentos<br />

para os clientes. “Da mesma forma, os corretores de<br />

seguros estão gradualmente assumindo um papel mais ativo na<br />

gestão de ativos, contribuindo para a democratização do mercado<br />

de seguros. Essa mudança permite que um maior número<br />

MANUEL MATOS,<br />

da Fenacor<br />

de segurados tenha acesso a produtos<br />

de investimento e gestão de ativos,<br />

promovendo uma maior inclusão financeira.<br />

A colaboração entre corretores<br />

de seguros e plataformas de gestão de<br />

ativos é um passo natural e necessário<br />

para atender às demandas de um mercado<br />

em evolução”, assinala.<br />

OPEN INSURANCE<br />

O open finance, que antecede<br />

o open insurance, permitiu essa aproximação<br />

do asset management com<br />

a indústria securitária ou houve outro<br />

percurso nesse sentido? Para Matos, o<br />

open insurance tem, sim, um papel fundamental<br />

nessa jornada ao promover<br />

maior transparência, interoperabilidade<br />

e competição no mercado de seguros.<br />

“O open banking, que precedeu o open<br />

insurance, já havia criado um ambiente<br />

mais integrado e acessível para a gestão<br />

de ativos. Essa integração facilita a personalização<br />

dos produtos de seguros e<br />

investimentos, permitindo que seguradoras<br />

ofereçam soluções mais alinhadas<br />

com as necessidades dos segurados. A<br />

abertura dos dados e a interoperabilidade<br />

entre plataformas possibilitam<br />

uma gestão de ativos mais eficiente e<br />

centrada no cliente, alinhando-se com a<br />

tendência global de digitalização e inovação<br />

nos serviços financeiros”, finaliza<br />

Matos.<br />

11


COMUNICAÇÃO<br />

EDUCAÇÃO FINANCEIRA<br />

Quanto mais cedo, melhor<br />

MERCADO DE SEGUROS ENTENDE A IMPORTÂNCIA DE COMEÇAR<br />

A EDUCAR O SEU CONSUMIDOR, COM O OBJETIVO DE QUE QUE DE ELE<br />

COMECE A SE PREPARAR PARA O FUTURO O MAIS CEDO POSSÍVEL<br />

Kelly Lubiato<br />

Assim como a educação é fundamental<br />

para o desenvolvimento<br />

de um país, a educação financeira<br />

é necessária para garantir a autonomia<br />

dos cidadãos. Os entes do mercado<br />

de seguros buscam iniciativas que despertem<br />

no cidadão a necessidade de se<br />

preparar para o futuro.<br />

Dois fatores precisam ser levados<br />

em conta: a falta de recursos financeiros<br />

da previdência social, que conta com menos<br />

trabalhadores contribuindo no seu<br />

sistema de repartição simples e a longevidade.<br />

As pessoas vão viver mais e precisam<br />

de financiamento para este período<br />

da vida.<br />

É claro que quando se fala em educação financeira olhamos<br />

para uma fatia da população com capacidade suficiente para pensar<br />

no tema. São aquelas que possuem trabalho e renda.<br />

“As pessoas estão vivendo mais e, quanto mais longeva é uma<br />

sociedade, maior a importância de todos se prepararem financeiramente<br />

para lidar bem com algumas características inerentes à maturidade,<br />

como declínio da renda e aumento das necessidades relacionadas<br />

à manutenção da saúde pessoal. É como se estivéssemos<br />

participando de uma maratona, e não mais de uma corrida de cem<br />

metros. E, quanto mais cedo iniciarmos esse planejamento, melhor,<br />

pois o investimento se dilui ao longo do tempo, tornando-se muito<br />

mais acessível e sustentável”, explica Marcelo Rosseti, superintendente<br />

Executivo da Bradesco Vida e Previdência.<br />

A educação financeira precisa começar logo. A infância e a<br />

adolescência são as melhores fases para que os pais abordem o tema<br />

das finanças e se programem para ajudar os filhos a realizarem suas<br />

12


MARCELO ROSSETI,<br />

da Bradesco<br />

metas. “Um bom caminho nesse sentido é dar exemplos que remetam<br />

a situações do cotidiano. Por exemplo, explicando a função do<br />

dinheiro e a necessidade de economizar para se adquirir um produto<br />

ou um bem, por menor que seja o valor”, ensina Rosseti.<br />

Nesse contexto, a previdência privada surge como uma<br />

grande aliada daqueles pais que buscam viabilizar os projetos futuros<br />

de seus filhos, por se tratar de um produto que não necessariamente<br />

está ligado à questão da aposentadoria. Geralmente, ela<br />

é contratada pelos familiares ou responsáveis visando a realização<br />

de planos, como a cobertura de gastos com um curso superior, um<br />

MBA, um intercâmbio no exterior, a abertura de um negócio ou até<br />

mesmo a aquisição de um carro ou de um imóvel.<br />

Em entrevista ao Podcast da Capemisa Seguradora, a educadora<br />

financeira Juliana Frota defendeu a ideia de que todos precisam<br />

ter consciência em relação ao que ganham e gastam de seus<br />

rendimentos como uma forma de trazer a ideia do planejamento<br />

e o controle das despesas de uma forma<br />

internalizada.<br />

Juliana mostrou que é preciso<br />

pensar de forma clara sobre todos os<br />

pontos que se deseja e precisa administrar,<br />

quando se fala em vida financeira.<br />

Neste sentido, também comentou sobre<br />

o protagonismo das mulheres no mercado<br />

de seguros e na organização de suas<br />

contas individuais e familiares.<br />

“Precisamos nos proteger do inesperado<br />

e estimular o cuidado com o dinheiro,<br />

com a renda que recebemos. Não<br />

precisa ser um tema árido e as mulheres<br />

precisam entender que é preciso ter controle<br />

sobre suas despesas. Também ter<br />

em mente que elas vivem mais anos e o<br />

conhecimento traz esse controle para seu<br />

futuro, pelo tempo que ainda está por<br />

vir”, declara.<br />

A MELHOR FORMA DE TRANSMITIR<br />

ESTA MENSAGEM<br />

O Fórum Brasileiro de Educação Financeira,<br />

composto pelo Banco Central,<br />

Comissão de Valores Mobiliários - CVM,<br />

Susep, Superintendência Nacional de<br />

Previdência Complementar - Previc, Secretaria<br />

do Tesouro Nacional e Ministério<br />

da Previdência Social, Secretaria Nacional<br />

do Consumidor do Ministério da Justiça e<br />

Segurança Pública (Senacon) e Ministério<br />

da Educação - MEC, organiza anualmente<br />

a Semana Nacional de Educação Financeira<br />

desde 2014, com foco na promoção<br />

13


COMUNICAÇÃO<br />

EDUCAÇÃO FINANCEIRA<br />

AIRTON RENATO DE ALMEIDA<br />

FILHO, da Susep<br />

de ações e iniciativas gratuitas que colaboram<br />

para a disseminação e o aumento<br />

da educação financeira para jovens e<br />

adultos.<br />

Desde junho, a Susep assumiu a<br />

presidência do Fórum, que irá ocupar por<br />

dois anos. Airton Renato de Almeida Filho,<br />

diretor da Susep e responsável pela<br />

área na autarquia, adianta que está sendo<br />

preparada uma nova identidade visual<br />

para a educação financeira, com uma<br />

nova marca.<br />

Outros tópicos envolvem a educação<br />

pela gameficação, uma forma moderna,<br />

atual, de engajamento e empoderamento<br />

dos jovens e adultos. Como<br />

entusiasta do tema, Almeida incentiva o<br />

uso desta modalidade para comunicar a<br />

importância da educação financeira. “Isso<br />

vai além das cartilhas e do trabalho pedagógico<br />

dos professores. São iniciativas<br />

concomitantes”, avalia.<br />

O diretor da Susep afirma que a<br />

entidade vai buscar acordos de cooperação<br />

técnica com universidades que<br />

tenham estudos sobre gameficação na<br />

educação. “Já identificamos duas universidades<br />

federais que possuem esta especialidade<br />

e também vamos atrás de entidades<br />

de ensino que possuam cursos de<br />

ciências de dados, inteligência de dados,<br />

de tecnologia, para acordos de cooperação<br />

técnica”, ressalta Almeida.<br />

Ele continua: “o objetivo da Susep<br />

é chamar quem entende de educação e<br />

de tecnologia, para juntos desenvolvermos dois games: um sobre<br />

seguros e outro sobre previdência. Vamos buscar a educação securitária<br />

e financeira”.<br />

A sociedade organizada também deve ser procurada para<br />

participar da iniciativa, para difundir a cultura do seguro e a educação<br />

securitária. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas<br />

Empresas (Sebrae) também deve entrar no processo, com material<br />

pedagógico do qual eles já dispõem para fazer a difusão da cultura<br />

do seguro junto aos estados e municípios. “O objetivo é procurar estados<br />

e municípios para difundir a importância do seguro e da previdência”,<br />

antecipa Almeida.<br />

Boas ideias geram apoio, patrocínio. “Todos querem associar<br />

a marca a bons projetos e contamos com o mercado e as entidades<br />

de seguro, Confederação, Escola de Negócios e Seguros. Não temos<br />

uma caixa fechada, estamos dialogando”, finaliza o diretor da Susep.<br />

STORYTELLING NO MUNDO CORPORATIVO<br />

A educação financeira precisa ser estimulada. Há vários recursos<br />

no mercado que ajudam as pessoas a pouparem e a garantirem<br />

um futuro melhor, porém, é preciso motivá-las a dar o primeiro passo.<br />

A quantidade de produtos disponíveis e o uso de siglas difíceis<br />

de serem compreendidas, acabam dificultando o entendimento,<br />

seja no curto, médio ou longo prazo.<br />

Ednei Delfim, superintendente de Comunicação da Lockton,<br />

conta que quando os clientes procuravam a consultoria na qual ele<br />

trabalhava para que fosse realizada uma campanha de comunicação<br />

para explicar o plano de previdência que estava sendo implementado,<br />

ou que estava passando por mudanças, ele não tinha um retorno<br />

grande por parte da audiência,<br />

“É difícil falar para uma pessoa de 30 anos de idade que ela<br />

precisa poupar para se aposentar em 30 anos. É complicado até imaginar<br />

esta situação, porque é muito tempo para que isso se consolide”,<br />

imagina, colocando-se no lugar do consumidor.<br />

As pessoas não se vêem se aposentando naquela empresa<br />

e enxergam apenas o momento. Sabemos que os planos hoje possuem<br />

um “cabo USB” ligado a cada um, possibilitando a transferências<br />

das informações e dos valores de um plano para outro. No final<br />

da carreira, a aposentadoria será um pouco do que foi feito em cada<br />

empresa.<br />

“Não víamos nas campanhas sucesso em termos de consciência.<br />

Há 15 anos, demos um passo atrás e começamos a usar<br />

conceitos de storytelling, trazendo as pessoas para um conto que<br />

espelhasse a realidade dela. Criamos vários mecanismos, com simuladores<br />

engraçados, de maneira que as pessoas não vissem apenas<br />

números, mas que pudessem se enxergar naquela situação. Ao invés<br />

de falar quanto a pessoa iria ganhar no futuro, mostrávamos o que<br />

ela estava perdendo ao ficar de fora, principalmente considerando<br />

que as empresas são patrocinadoras dos planos corporativos”, explica<br />

Delfim.<br />

“Criamos a história de um homem, que nasceu em 1934, percorreu<br />

toda a curva da vida, seguindo a Teoria de Ciclo de Vida do<br />

economista, Franco Modigliani, na qual você acumula, casa, contribui,<br />

tem família, atravessa a meia idade, faz seguros e depois chega<br />

14


TEORIA DO CICLO DE VIDA<br />

A hipótese do ciclo de vida, supõe que os indivíduos planejem<br />

o comportamento do seu nível de consumo bem como de sua<br />

poupança, ao longo do seu ciclo de vida. Eles tenderiam a equilibrar<br />

seu consumo da melhor forma possível durante toda a sua vida,<br />

acumulando-os quando ganham seus rendimentos e consumindo<br />

quando estão aposentados.A suposição chave é que todos os<br />

indivíduos escolhem manter estilos de vida estáveis. Isto implica<br />

que eles geralmente não economizam muito em um período para<br />

gastar furiosamente no próximo período, mas mantêm seus níveis<br />

de consumo aproximadamente os mesmos em todos os períodos<br />

Prêmio Nobel de Economia de 1985, Franco Modigliani<br />

na idade de aproveitar a aposentadoria, no desacúmulo. Fizemos<br />

uma história, com poucos conceitos relativos ao plano que seria daquela<br />

empresa”, relembra Delfim.<br />

A história era sobre o Senhor Antonio, que nasceu, teve primeiro<br />

emprego onde o chefe incentivou a entrar no plano corporativo,<br />

vieram os filhos e netos. No final, ele mostrava que a renda<br />

referente ao INSS representava 26% da sua renda, e o plano de previdência<br />

complementar, 74%.<br />

O Seu Antonio também dava dicas de convívio social, saúde<br />

etc. No meio desta história, havia detalhes do plano da empresa na<br />

qual isso estava sendo apresentado.<br />

“No final, quando medíamos o KPI (Key Performance Indicator),<br />

que era o aumento das contribuições tanto básica quanto<br />

adicional, o sucesso era maior. Nossa estratégia era fazer a apresentação<br />

do impacto dos planos de aposentadoria e, depois, outras<br />

pessoas falavam especificamente sobre os fundos”, pontua Delfim.<br />

Qualquer tipo de seguro ou benefício pode ser usado no momento<br />

em que está sendo contratado. O seguro de automóvel, por<br />

exemplo, é adquirido junto com o bem. Quando se fala de um produto<br />

que é pago agora, para ser utilizado daqui a 30 anos, é mais difícil,<br />

porque as pessoas se afastam desta discussão por não se verem<br />

nela. É importante trazer as pessoas para esta realidade.<br />

Para Delfim não há uma receita pronta de como ensinar as<br />

pessoas a guardar dinheiro, porém, há alguns caminhos que simplificam<br />

a comunicação. “É preciso utilizar vários tipos de mídias, campanhas,<br />

vídeos engraçados, diretos ao ponto. As empresas precisam<br />

criar programas com incentivos e buscar a orientação de especialistas,<br />

sem viés ou interesse. A previdência é apenas um mecanismo,<br />

há outros tipos de investimento. Para se ter uma renda compatível<br />

com a do período laboral é preciso poupar, no mínimo, 10% do valor<br />

da renda mensal. E, vale lembrar: o INSS não irá tomar conta de<br />

ninguém”, completa o especialista.<br />

O PAPEL DO CORRETOR DE SEGUROS<br />

Segundo Marcelo Rosseti, da Bradesco Vida e Previdência, o<br />

corretor desempenha hoje um papel fundamental no processo da<br />

educação financeira, ao aconselhar e orientar os clientes quanto às<br />

EDNEI DELFIM,<br />

da Lockton<br />

melhores opções para suas necessidades<br />

de proteção, demonstrando que o seguro<br />

é, sim, um investimento indispensável a<br />

um planejamento financeiro completo e<br />

consistente. “Mais do que um vendedor<br />

de seguros, esse profissional tornou-se<br />

um consultor de negócios, um especialista<br />

capaz de indicar as melhores soluções<br />

para os diferentes momentos de vida de<br />

cada pessoa”.<br />

Entretanto, é necessário que as<br />

empresas entendam que o modelo de<br />

negócio atual não permite mais a venda<br />

de acordo com o que a seguradora determina.<br />

“O modelo de negócios da Bradesco<br />

Vida e Previdência está integralmente voltado<br />

ao clientecentrismo, ou seja, todas as<br />

decisões da companhia são pautadas pela<br />

visão e pelas necessidades dos clientes, de<br />

forma a entregar produtos com a qualidade,<br />

o timing e a acessibilidade que eles esperam,<br />

em uma jornada assertiva, prática<br />

e moderna. Temos produtos para clientes<br />

de todos os perfis, em todos os seus momentos<br />

de vida”, reforça Rosseti.<br />

Para ele, essa é uma via de mão dupla,<br />

em que os dois lados ganham: quanto<br />

mais a empresa se pauta pelo cliente,<br />

maiores são as possibilidades de que esse<br />

cliente receba ofertas mais condizentes<br />

com seus anseios, em um processo de<br />

retroalimentação que, por consequência,<br />

tende a impactar positivamente as vendas.<br />

Não há como pensar em vendas sem<br />

pensar antes no cliente.<br />

15


TRAGÉDIA<br />

CHUVAS NO RS<br />

Nada será como antes<br />

SIM, A NECESSÁRIA TRANSFORMAÇÃO ACONTECERÁ, MAS AGORA A POPULAÇÃO GAÚCHA PRECISA<br />

DE TODA MÃO SOLIDÁRIA PARA SUPERAR TAMANHA DOR E REERGUER-SE. EM MEIO A NÚMEROS TÃO<br />

DRAMÁTICOS DE SINISTROS E DE INDENIZAÇÕES, O SETOR DE SEGUROS SE DEPARA COM O MAIOR<br />

DESAFIO JÁ VISTO PELA INDÚSTRIA NO PAÍS E, JUNTAMENTE COM O PODER PÚBLICO E OUTRAS FRENTES<br />

SOCIAIS E DE MERCADO, ARREGAÇA AS MANGAS EM BUSCA DE SOLUÇÕES QUE AUXILIEM NA RETOMADA<br />

DA NORMALIDADE NA VIDA DE MILHÕES DE CIDADÃOS DO RIO GRANDE DO SUL<br />

O<br />

título desta reportagem pode<br />

soar como clichê, mas adequa-<br />

-se ao que presenciamos no Rio<br />

Grande do Sul. Uma tragédia sem precedentes,<br />

apocalíptica, que devastou um<br />

estado inteiro, matando centenas, desalojando<br />

milhares, tentando a todo custo<br />

minar a esperança ao afogá-la nas águas<br />

que o céu despejou impiedosamente<br />

sobre os irmãos gaúchos. O momento é<br />

André Felipe de Lima<br />

de retomada da vida e, para isso, toda a ajuda à população massacrada<br />

pelas enchentes é imprescindível. Das mais humildes às<br />

mais eloquentes. Todas, sem distinção, são bem-vindas. O setor de<br />

seguros tenta fazer a sua parte, embora ainda imerso em cálculos<br />

e projeções que possam responder com celeridade e precisão<br />

ao impacto da tragédia. Afinal, catástrofes climáticas, como a que<br />

atingiu o Rio Grande do Sul, imediatamente fazem com que o setor<br />

seja acionado. Exemplos são clássicos nesse sentido, dentre eles o<br />

furacão Katrina, que, em 2005, passou pelo sul da Flórida, causando<br />

a morte de quase duas mil pessoas e um saldo que o setor de<br />

16


seguros sempre levará como exemplo de que prevenção é primordial<br />

diante de cenários climáticos cada vez mais adversos e hostis.<br />

O saldo após a passagem do Katrina na Flórida foi de mais de US$<br />

40 bilhões em indenizações. Já neste ano, terremotos no sul da<br />

Itália (que também sofreu com chuvas impiedosas) e na Turquia,<br />

além das enchentes na Alemanha, deixaram o setor de seguros em<br />

alerta na Europa. O caos do clima parece infindável.<br />

“Ainda não é possível ter a dimensão total do impacto das<br />

enchentes para o setor segurador, mas um levantamento que fizemos<br />

a partir dos 23.441 avisos de sinistros no Rio Grande do Sul<br />

entre 28 de abril até 22 de maio apontou um valor de R$1,673 bilhão<br />

em indenizações que serão pagas aos clientes. Nós acreditamos<br />

que este número crescerá, uma vez que, neste momento, as<br />

pessoas estão cuidando de questões prementes. Naturalmente, os<br />

segurados, a partir do retorno para casa, vão começar a notificar as<br />

seguradoras”, diz à Apólice o presidente da Confederação Nacional<br />

das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, para quem o impressionante<br />

e trágico episódio no Rio Grande do Sul já se constitui em<br />

um dos mais impactantes na história do seguro no país: “Como<br />

disse, ainda não é possível estimar a dimensão real do impacto da<br />

tragédia do Rio Grande do Sul no mercado de seguros, entretanto,<br />

nós acreditamos que, em virtude da magnitude e do número de<br />

pessoas atingidas, essa tragédia é a maior para o setor de seguros<br />

decorrente de um único evento. Mas reforço, teremos condições<br />

de ter essa avaliação efetiva mais pra frente.”<br />

O drama bateu à porta de Nícolas Galvão, CEO da Delta Global,<br />

empresa de tecnologia e gestão de frota fundada em 2015,<br />

que atua junto ao mercado segurador como assistência 24 horas.<br />

Ele diz quais foram as ações emergenciais que a empresa colocou<br />

em prática no início das enchentes para auxiliar seus clientes:<br />

“A Delta tem foco no atendimento dos segmentos de automóvel<br />

e frota e nossa matriz fica em Porto Alegre, uma das cidades<br />

atingidas pelas enchentes. Com isso, nossas primeiras ações foram<br />

para preservação e segurança dos nossos colaboradores, visto que<br />

mais de 100 pessoas da nossa equipe foram diretamente impactadas.<br />

Nos primeiros dias, a tendência foi de uma queda no volume<br />

de serviços de assistência automóvel, visto que a maioria dos<br />

veículos ainda estava impossibilitada de ser removida devido aos<br />

níveis de inundação ainda estarem muito elevados. Com o passar<br />

dos dias e o recuo das águas, tivemos os picos de acionamentos<br />

principalmente para as causas de inundação e pane elétrica.”<br />

E não está sendo fácil. As imagens de carros submersos em<br />

todo o estado, principalmente em Porto Alegre, foram assustadoras.<br />

No site da Bright Consulting, uma empresa de consultoria do setor<br />

automotivo, o diretor de marketing da empresa, Cassio Pagliarini,<br />

escreveu um artigo no qual desenha os contornos do impacto das<br />

enchentes na cadeia automotiva. Presume-se que mais de 200 mil<br />

veículos foram perdidos nas enchentes e o impacto na comercialização<br />

já se mostra caótico:<br />

“Comecemos pela redução na comercialização tanto pela<br />

impossibilidade de operação das concessionárias alagadas quanto<br />

pela perda de poder aquisitivo da população atingida. O RS é responsável<br />

pela distribuição de 5% das vendas nacionais ou 10 mil<br />

DYOGO OLIVEIRA,<br />

da CNseg<br />

veículos por mês em números redondos.<br />

O emplacamento caiu a zero a partir do<br />

dia 07 de maio, provavelmente por danos<br />

no processamento de dados do estado,<br />

afinal nem todas as cidades sofreram<br />

inundações. Ponderando as cidades alagadas,<br />

estimamos que aproximadamente<br />

60% das vendas deixarão de acontecer<br />

nos próximos 30 dias e 30% nos dois<br />

meses subsequentes. São 12 mil veículos<br />

que deixarão de ser comercializados. [...]<br />

Para veículos novos estocados nas concessionárias,<br />

provavelmente teremos 3<br />

mil inutilizados pela inundação. Segundo<br />

o Sindipeças, a frota circulante no RS<br />

engloba 2,8 milhões de unidades – é razoável<br />

considerar que 5 a 10% desses veículos<br />

estejam inutilizados. Serão necessários<br />

pelo menos 20 meses de vendas<br />

para repor os veículos perdidos.”<br />

Conforme dados da CNseg até o<br />

dia 23 de maio, os pedidos registrados de<br />

indenizações no setor automotivo somaram<br />

8,2 mil e o valor chegou a cerca de R$<br />

557 milhões.<br />

Para Galvão, da Delta Global, eventos<br />

dessa magnitude fazem com que o<br />

sistema inteiro se ajuste e fique mais fortalecido,<br />

tanto empresas de assistência<br />

como seguradoras. “A tendência é que<br />

o mercado como um todo revise seus<br />

processos, estrutura, contingências, para<br />

melhorar a experiência do segurado na<br />

ponta em situações como esta, que infelizmente<br />

tendem a ficar mais recorrentes<br />

17


TRAGÉDIA<br />

CHUVAS NO RS<br />

NÍCOLAS GALVÃO,<br />

da Delta Global<br />

com o passar dos anos. Aqui na Delta<br />

esse evento reforçou nosso diferencial de<br />

tecnologia e pessoas, pois mesmo com<br />

todo impacto nossa operação não parou<br />

um minuto”, afirma Galvão.<br />

Superintendente da Superintendência<br />

de Seguros Privados (Susep),<br />

Alessandro Octaviani explica que a dimensão<br />

exata do impacto das enchentes<br />

no Rio Grande do Sul no mercado segurador<br />

ainda não pode ser plenamente<br />

determinada, considerando que parte<br />

dos sinistros geralmente demora certo<br />

tempo para ser avisada pelos segurados,<br />

regulada e contabilizada pelas seguradoras<br />

e, por fim, informada à Susep<br />

e tratada internamente pela autarquia.<br />

CASSIO PAGLIARINI,<br />

da Bright Consulting<br />

"No entanto, desde o início da emergência, estão sendo feitos estudos<br />

para análise das possíveis consequências do evento sobre os<br />

mercados supervisionados pela Susep.<br />

A Susep vem monitorando de perto a situação, em relação<br />

aos sinistros avisados relativos às apólices registradas na região, ao<br />

atendimento aos segurados e em relação aos aspectos financeiros<br />

e prudenciais das seguradoras. Até o momento, não foram identificadas<br />

situações que possam comprometer a estabilidade financeira<br />

do setor. É importante destacar que as seguradoras sediadas<br />

no Rio Grande do Sul então funcionando normalmente", informa<br />

Octaviani à Apólice.<br />

A maioria das seguradoras ainda prefere não se manifestar,<br />

outras, porém, informaram que toda projeção em relação à tragédia<br />

no Rio Grande do Sul está concentrada com a CNseg. Mas conseguimos<br />

ouvir, ao menos, uma delas: a Mapfre, que, por via de seu<br />

braço social, a Fundación Mapfre, auxiliou as autoridades locais no<br />

resgate de pessoas e de animais ilhados, e destinou ajuda humanitária<br />

de R$ 1,1 milhão em itens essenciais às vítimas, como mantimentos,<br />

água potável, produtos de higiene pessoal, entre outros.<br />

À nossa reportagem, o diretor-geral de operações da Mapfre,<br />

Roberto de Antoni, declarou que a seguradora “reitera o<br />

compromisso de honrar integralmente” todos os contratos com<br />

coberturas previstas e que está “consciente do impacto social” das<br />

enchentes: “A Mapfre adotou medidas para agilizar o processo de<br />

indenização, especialmente, considerando que muitos clientes se<br />

encontram sem documentos pessoais e registros dos bens atingidos.<br />

Cada caso está sendo avaliado individualmente, garantindo<br />

tranquilidade e confiança aos clientes afetados. No momento mais<br />

crítico das inundações, a companhia estendeu o prazo de cobertura<br />

para apólices com vencimento próximo e se comprometeu<br />

a não cancelar contratos de clientes que atrasarem pagamentos”,<br />

salienta Antoni.<br />

Para otimizar os procedimentos de abertura de sinistros,<br />

como enfatiza o executivo da Mapfre, a companhia estabeleceu<br />

um grupo de trabalho multidisciplinar composto por profissionais<br />

de diversas áreas, como assistência, sinistros, atendimento ao<br />

cliente, canais digitais, comercial e comunicação, visando proporcionar<br />

uma resposta eficiente e humanizada diante da excepcionalidade<br />

da situação.<br />

“NÃO SÃO UMA NOVIDADE”<br />

As chuvas como as que aconteceram em maio no Rio Grande<br />

do Sul foram extraordinárias, mas fenômenos climáticos com<br />

grandes impactos não são, como ressalta o presidente da CNseg,<br />

Dyogo Oliveira, uma “novidade” no Brasil. “O mercado de seguros<br />

brasileiro é um dos mais avançados do mundo, com modelos<br />

avançados de gerenciamento de riscos e precificação e já integra<br />

o cálculo de risco das seguradoras que operam no Brasil. Soma-se<br />

a isso, a regulação madura que o setor tem, e que ajuda no fortalecimento<br />

das empresas como um todo”, acentua o presidente da<br />

CNseg.<br />

Contudo, pondera Oliveira, os eventos climáticos de grande<br />

impacto estão ocorrendo com mais frequência. Aí reside o maior<br />

18


desafio socioeconômico para cidadãos e mercados. “Até pouco<br />

tempo, se lembrarmos, o Brasil era considerado um país livre de<br />

catástrofes. O cenário mudou. O país precisa começar a se preparar<br />

para esse momento. Precisamos, enquanto país, criar uma agenda<br />

de prevenção, preparação e reação aos incidentes climáticos, e o<br />

setor de seguros tem uma contribuição importante a dar. O Brasil<br />

ainda tem um nível de contratação de seguros baixa, e a ampliação<br />

desse cenário pode ajudar e muito na recuperação da população<br />

e das cidades após uma catástrofe como a que acabamos de<br />

assistir”, analisa.<br />

Em paralelo, como informa Oliveira, a CNseg tem desenvolvido<br />

ações e projetos que visam auxiliar as associadas no desenvolvimento<br />

de soluções para evoluir os processos já adotados<br />

atualmente. Ele cita como exemplo a ferramenta de Mapa de Calor<br />

que traz para as seguradoras uma representação geográfica para a<br />

identificação de níveis de impacto de 11 riscos climáticos, em diferentes<br />

regiões do Brasil.<br />

ROBERTO DE ANTONI,<br />

da Mapfre<br />

CARTEIRAS ATINGIDAS E CONTRATOS DOS SEGURADOS<br />

Além do campo automotivo, mencionado pela reportagem,<br />

a área habitacional foi severamente atingida, com a água invadindo<br />

milhares de casas de vários municípios e outras milhares na área rural.<br />

No primeiro levantamento da CNseg, avaliando os avisos de<br />

sinistros de 28 de abril até 22 de maio de 2024, os produtos com<br />

maior número de avisos foram o residencial e habitacional, com<br />

11.396 sinistros e, aproximadamente, R$ 240 milhões em pagamentos<br />

previstos. Depois, o seguro automóvel, com 8.216 avisos de sinistro<br />

e mais de R$ 557 milhões em indenizações, seguido do seguro<br />

agrícola que, no período, tinha 993 avisos de sinistros com expectativa<br />

de R$ 47 milhões em indenizações.<br />

Para resguardar os direitos dos segurados, a Susep reforçou<br />

às seguradoras que prorroguem coberturas dos contratos de seguros<br />

de todos os segmentos à população afetada, bem como dos<br />

prazos para pagamentos dos prêmios vencidos nesse período, sem<br />

prejuízo das coberturas contratadas. "Além disso, como forma de<br />

facilitar o pagamento das indenizações, a Susep tem atuado junto<br />

às seguradoras, recomendando que elas reforcem os canais de<br />

comunicação para atendimento e apoio aos segurados, principalmente<br />

quanto aos serviços de assistência<br />

e demais coberturas, bem como que<br />

envidem esforços para pronta liquidação<br />

dos sinistros, com reforço das equipes de<br />

regulação e disponibilização de lugares<br />

para eventualmente reunir os bens sinistrados,<br />

como no caso de automóveis e<br />

veículos rurais. Quanto ao acesso aos segurados,<br />

entendemos que as seguradoras<br />

devem disponibilizar todos os meios<br />

viáveis para atendê-los, inclusive com a<br />

utilização dos meios remotos atualmente<br />

disponíveis", diz Alessandro Octaviani,<br />

salientando, entretanto, que as seguradoras<br />

precisam observar os princípios<br />

de conduta disciplinados pela Resolução<br />

CNSP nº 382, de 04 de março de 2020, e<br />

que a Susep fiscaliza, além dos aspectos<br />

prudenciais das companhias, as práticas<br />

de negócio adotadas pela seguradora ao<br />

longo do ciclo de vida do produto que<br />

afetam ou estão associadas com o relacionamento<br />

e o tratamento adequado<br />

do cliente.<br />

Dyogo Oliveira garante que o<br />

setor de seguros tem tomado medidas<br />

efetivas e mostrado um grande comprometimento<br />

com os gaúchos. Ele<br />

lembra que, logo nos primeiros dias<br />

das enchentes, a CNseg recomendou<br />

que suas associadas fizessem o adiamento<br />

dos vencimentos dos contratos<br />

e dos pagamentos. “As seguradoras<br />

adotaram várias ações de assistência<br />

aos gaúchos. Destaco a decisão das<br />

19


TRAGÉDIA<br />

CHUVAS NO RS<br />

diz respeito aos impactos das mudanças climáticas no Brasil. “Eu<br />

não acredito que nós devemos cobrar isso apenas do setor público,<br />

pois é preciso que o setor privado também participe destas soluções<br />

com iniciativas objetivas que gerem mudanças importantes.<br />

O setor de seguros tem essa habilidade de gerenciar riscos. Nesse<br />

sentido, é preciso estruturar sistemas de prevenção, de melhoria<br />

da resiliência das infraestruturas e de atenção às vítimas, é preciso<br />

atuar nesses três pilares, para criar uma sociedade mais capaz de<br />

diminuir os impactos dos eventos climáticos e que tenha a capacidade<br />

de reconstruir o que for necessário”, sinaliza Dyogo Oliveira.<br />

ISABEL BLAZQUEZ SOLANO,<br />

da Aon Re Brasil<br />

empresas de pagarem as indenizações<br />

dos seguros de automóveis em prazos<br />

de até 48h, reduzindo seus processos<br />

internos para fazer o pagamento de<br />

forma ágil. Mas é possível destacar<br />

também o reforço das equipes de assistência,<br />

tanto residencial quanto de automóvel,<br />

o adiamento de vencimentos,<br />

entre outros”, frisa o presidente da CNseg,<br />

que acrescenta: “Individualmente,<br />

as empresas do setor também têm<br />

tomado ações, como contribuições<br />

beneficentes com instituições não governamentais<br />

do estado, no sentido de<br />

auxílio às vítimas.”<br />

Recuperar o estado é missão das<br />

mais árduas e complexas. No total, o<br />

Governo federal destinou, até o dia 30<br />

de maio, R$ 62,5 bilhões ao Rio Grande<br />

do Sul. Entre as ações do Planalto,<br />

além da liberação de recursos, estão a<br />

antecipação de benefícios e a prorrogação<br />

do pagamento de tributos. Entre<br />

as ações, estão o Auxílio Reconstrução,<br />

que contempla R$ 174 milhões para o<br />

pagamento de R$ 5,1 mil a cada família,<br />

em parcela única, para aquisição de<br />

itens perdidos nas enchentes e o adiantamento<br />

de R$ 793 milhões.do Bolsa Família<br />

para 619.741 famílias beneficiadas<br />

pelo programa federal.<br />

Quanto ao seguro, o setor tem se<br />

colocado à disposição para participar<br />

dos mais diversos movimentos no sentido<br />

de organizar uma solução no que<br />

A QUEM CABE A ORIENTAÇÃO SOCIAL?<br />

A pergunta é pertinente quando o tema “prevenção à crise<br />

climática” vem à tona, sobretudo se considerar o fato indiscutível<br />

de que o que está verdadeiramente segurado, em várias frentes, no<br />

Rio Grande Sul é pouco, e isso ocorre em todo o país, onde a cultura<br />

do seguro ainda não engrenou, ou, ao menos, ainda se encontra<br />

aquém do desejável. Paralelamente a esse contexto, há apólices<br />

que não cobrem danos provocados por enchentes ou deslizamentos<br />

de terra. Seguradoras, Susep e CNseg discutem a questão, mas<br />

ainda sem uma resolução prática de que ambas coberturas deverão<br />

ou não constar de uma apólice básica.<br />

O fato é que, independentemente dessa questão envolvendo<br />

danos decorrentes de queda de barreiras, deslizamento de terras<br />

ou enchentes, o setor de seguros — e isso é notório — ainda<br />

enfrenta severas dificuldades para que seja inserido em uma realidade<br />

e pauta nacionais de proteção financeira, atingindo, sobretudo,<br />

a massa populacional menos favorecida. Na prancheta dos técnicos<br />

atuariais e dos homens da gestão e do marketing securitários<br />

são estudadas estratégias para redefinir essa realidade.<br />

A discussão não começou agora. O verão de 2022, por exemplo,<br />

foi impiedoso, com temporais que atingiram os estados do sudeste,<br />

principalmente Minas Gerais e Rio de Janeiro, provocando<br />

centenas de mortes. Petrópolis, na região serrana, foi severamente<br />

atingida, com 4 mil desabrigados e 241 mortes. Mesmo diante de<br />

intensa catástrofe, o número de pedidos de indenizações foi muito<br />

baixo. Dias após a tragédia, foram registrados somente cerca de 700<br />

solicitações, como, na época, registrou o Sindicato das Seguradoras<br />

do Rio de Janeiro e Espírito Santo.<br />

Em evento realizado no dia 17 de abril, ou seja, um mês antes<br />

de a tragédia acontecer no Rio Grande do Sul, CNseg, as resseguradoras<br />

IRB, Swiss Re e Aon Re Brasil e a ONG Iclei — Governos Locais<br />

pela Sustentabilidade defenderam soluções do setor privado para<br />

a emergência climática no Brasil em audiência pública realizada na<br />

Câmara dos Deputados pela Comissão Especial sobre Prevenção e<br />

Auxílio a Desastres e Calamidades Naturai. Dyogo Oliveira esteve<br />

presente. Também lá esteve a CEO da Aon Re Brasil, Isabel Blazquez<br />

Solano, que alertou para um percentual baixíssimo e não menos<br />

preocupante. Hoje, o mercado segurador cobre, disse ela na audiência<br />

pública, cerca de 5% (percentual esse muito concentrado na<br />

produção rural) do que economicamente se perde com desastres<br />

climáticos. Em face de tragédias naturais como a do Rio Grande do<br />

Sul, a de Petrópolis, em 2022, a da região serrana do Rio de Janeiro,<br />

20


INDENIZAÇÕES* NO RIO GRANDE DO SUL<br />

ATÉ O DIA 30 DE MAIO<br />

PRODUTOS QUANTIDADE VALOR (EM R$)<br />

Automóvel 8.216 557.429.463,64<br />

Residencial + habitacional 11.396 239.189.519,54<br />

Agrícola 993 47.294.125,95<br />

Grandes riscos 386 507.002.600,78<br />

Outros (como empresarial,<br />

transportes e vida)<br />

2.450 322.136.532,56<br />

Total 23.441 1.673.052.242,48<br />

(*) Fonte: CNSeg<br />

em 2011, que matou quase mil pessoas, e a de Pernambuco, também<br />

em 2022 e que matou 129 pessoas, criar produtos de seguros<br />

massificados e verdadeiramente inclusivos, com cobertura ampla<br />

e irrestrita para riscos (fundamentalmente) climáticos, deve estar<br />

no topo das prioridades do setor.<br />

E é fato também que difundir a cultura do seguro não está,<br />

portanto, sendo fácil. Como, entretanto, o seguro deva servir como<br />

orientação social para prevenção de desastres climáticos? Como<br />

seria um modelo de prevenção com o suporte securitário? Esse<br />

modelo idealizado esbarraria na questão da pouca cultura do seguro<br />

no país? “Os governos federal, estadual e municipal não têm<br />

condições de assumir a conta das mudanças climáticas sozinhos e,<br />

por isso, o setor segurador se coloca como um aliado estratégico<br />

para encontrar formas de prevenção e de auxílio à população. Nesse<br />

sentido, a CNseg vem articulando junto a estes atores para que o<br />

projeto da criação de um Seguro Social contra Catástrofe caminhe<br />

da melhor forma”, pontua o presidente da Confederação, Dyogo<br />

Oliveira.<br />

Do lado das seguradoras, em particular no caso da Mapfre,<br />

a companhia apoia a proposta da CNSeg de criar um seguro social<br />

anti-catástrofe com indenização para vítimas de calamidades públicas.<br />

“Como medidas de prevenção também desempenham um<br />

papel importante na mitigação dos impactos de desastres naturais,<br />

a seguradora defende a inclusão de incentivos para práticas de<br />

construção resilientes, estabelecimento de sistemas de alerta precoce<br />

e educação pública sobre gestão de riscos”, reforça Roberto<br />

de Antoni.<br />

Como explica Oliveira, o mercado tem trabalhado em uma<br />

série de iniciativas que visam mostrar para a população que o produto<br />

de seguro é democrático, ou seja, que ele cabe em todos os<br />

bolsos e para as mais diversas necessidades: “Justamente por entender<br />

a importância de atingir um número maior de brasileiros, assim<br />

como outras camadas sociais que, no ano passado, o setor lançou o<br />

Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS), que é<br />

composto por 65 iniciativas e têm como<br />

meta alcançar três objetivos até 2030:<br />

promover a adesão aos produtos do mercado<br />

de seguros, capitalização, previdência<br />

e saúde suplementar pela sociedade<br />

em 20%; elevar o pagamento de indenizações,<br />

benefícios, sorteios, resgates e<br />

despesas médicas e odontológicas para<br />

6,5% do PIB e aumentar a arrecadação no<br />

mesmo indicador em 10% até 2030.”<br />

Oliveira complementa: “Temos<br />

visto um aumento no interesse nos<br />

produtos de seguro nas classes sociais<br />

menos favorecidas e o mercado segue<br />

trabalhando para que isso seja atingível<br />

para todos. O microsseguro, por exemplo,<br />

que teve seu primeiro marco regulatório<br />

entre 2011 e 2012, foi elaborado<br />

justamente com a intenção de atingir<br />

as classes sociais menos favorecidas e a<br />

CNseg, como representante institucional<br />

do setor, foi uma entusiasta do desenvolvimento<br />

destes planos desenvolvidos<br />

tanto para pessoa física quanto para pessoa<br />

jurídica. Inclusive, ter uma linguagem<br />

simples, amigável e de fácil entendimento<br />

é uma das exigências para que<br />

determinado produto se encaixa como<br />

microsseguro.”<br />

Para que o auxílio chegue mais<br />

rapidamente, o presidente da CNseg<br />

recomenda aos segurados que entrem<br />

em contato com seus corretores para<br />

informar a ocorrência de sinistros, garantindo<br />

assim o recebimento das indenizações<br />

necessárias para ajudar na<br />

reconstrução após a tragédia, que exige<br />

de todos comprometimento com a<br />

transformação, e, por isso, destaca-se à<br />

máxima filosófica do pensador Heráclito<br />

de Éfeso, da Antiga Grécia, que, com a<br />

sua concepção do “devir”, reforça que o<br />

mundo e as pessoas estão sob uma movimentação<br />

contínua e transformadora<br />

da realidade. Ou basta simplesmente<br />

ouvir a voz eterna do poeta maior dos<br />

gaúchos, Mario Quintana: “Nunca dês<br />

um nome a um rio. Sempre é outro rio a<br />

passar. Nada jamais continua. Tudo vai<br />

recomeçar! E sem nenhuma lembrança.<br />

Das outras vezes perdidas”. De mãos dadas<br />

com os irmãos gaúchos, a transformação<br />

virá. Precisa vir.<br />

21


TECNOLOGIA<br />

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL<br />

Sob um olhar<br />

HOLÍSTICO<br />

A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ESTÁ<br />

ENTRE NÓS, E PARA SEMPRE. O<br />

MERCADO DE SEGUROS ENTENDEU<br />

O RECADO DA ONDA DE INOVAÇÃO<br />

REINANTE E NELA MERGULHOU PARA<br />

SURFÁ-LA E EXPLORÁ-LA AO MÁXIMO<br />

EM VÁRIAS FRENTES. O DESAFIO<br />

É, ENTRETANTO, ABSORVER OS<br />

RISCOS QUE SURGEM DIARIAMENTE<br />

COM O NOVO E IMPERATIVO<br />

CENÁRIO TECNOLÓGICO. ESTAMOS<br />

VERDADEIRAMENTE PREPARADOS?<br />

André Felipe de Lima<br />

Os próximos cinco anos serão decisivos para o mundo, vaticinam<br />

inúmeros especialistas de todos os segmentos.<br />

No campo ambiental, exige-se um emprego de alteridade<br />

e dedicação para evitarmos um cenário pior do que o que já<br />

se vivencia. No campo da tecnologia, a inteligência artificial impressiona<br />

e, ao mesmo tempo, apavora com sua infindável teia<br />

de possibilidade, para o bem ou para o mal. É fato, porém, que<br />

na primeira metade do século passado discutia-se o “mal” que a<br />

televisão, a surpreendente tecnologia então revelada à sociedade<br />

na ocasião, poderia desencadear no ser humano. Sobrevivemos.<br />

E sobreviveremos também à inteligência artificial (IA). A indústria<br />

de seguros vem surpreendendo o mercado mundial pelo salto de<br />

inovação que promove nos últimos anos. E a inteligência artificial é<br />

uma das alavancas para essa transformação de um setor até então<br />

conservador para um promissor e repaginado mercado, no qual<br />

22


prevalece o idioma da modernidade. O olhar é otimista, holístico<br />

e para frente. Não há a mínima possibilidade de um mundo atual<br />

sem inteligência artificial envolvendo nossas vidas.<br />

O currículo é extenso. Nascido em Fort Lauderdale, no estado<br />

americano da Flórida, Michael Weiss envolveu-se com o tema “inteligência<br />

artificial” em 2015. De lá para cá, tornou-se especialista no<br />

assunto, cofundador da Ai4, empresa realizadora de eventos internacionais<br />

de IA, e um concorrido palestrante sobre IA. Ele explica à<br />

Apólice que a IA está profundamente enraizada em nossa vida cotidiana,<br />

muitas vezes de diversas maneiras que sequer percebemos.<br />

“Desde recomendações personalizadas sobre serviços de streaming<br />

até detecção de fraudes em transações financeiras, os algoritmos de<br />

IA estão trabalhando nos bastidores para aumentar a eficiência e a<br />

conveniência. Em ambientes de negócios, como vemos na Ai4, as<br />

ferramentas baseadas em IA estão se tornando essenciais para tarefas<br />

como análise de dados, atendimento ao cliente e até mesmo<br />

tomada de decisões”, exemplifica Weiss, apontando, inclusive, para<br />

numerosos estudos que destacam a crescente adoção da IA nas<br />

empresas. Um deles é a pesquisa global sobre IA de 2022, realizada<br />

pela McKinsey, na qual foi revelado que 56% das empresas adotaram<br />

IA em pelo menos uma função de seus negócios. O percentual<br />

supera, portanto, os 50% identificados em 2020 por estudo anterior.<br />

Em outro estudo, divulgado em agosto do ano passado, a McKinsey<br />

ressalta que 40% dos entrevistados afirmam que suas organizações<br />

aumentarão os investimentos em inteligência artificial, motivadas<br />

pelos avanços da inteligência artificial generativa, tecnologia capaz<br />

de gerar conteúdo, sejam eles em textos, imagens, músicas ou outros<br />

tipos de formatos e que se tornou um dos temas mais discutidos<br />

da atualidade com o advento do ChatGPT, da OpenIA.<br />

A pesquisa da McKinsey mostra, ainda, que no tema da gestão<br />

dos riscos associados à IA generativa, ainda há um longo caminho a<br />

ser percorrido. Menos da metade dos entrevistados afirma que suas<br />

empresas estão empreendendo esforços para mitigar o risco que<br />

consideram o mais relevante: a imprecisão dos dados.<br />

Há riscos, obviamente, quando se lida com algo novo e ainda<br />

de perfil incerto. Mas vale a pena, como dizem, “comprar o barulho”.<br />

Hoje é possível afirmar que ao menos a metade entre 10 empresas<br />

já emprega algum recurso de inteligência artificial generativa para<br />

se comunicar com clientes. “Embora ainda estejam surgindo dados<br />

específicos sobre a adoção de IA generativa, é seguro dizer que uma<br />

parte significativa das empresas está experimentando ou utilizando<br />

ativamente estas ferramentas para comunicação com os clientes. O<br />

Gartner prevê que até 2025 30% das mensagens de outbound<br />

marketing de grandes organizações serão geradas sinteticamente.<br />

Isso reflete uma tendência crescente de uso de chatbots de IA e assistentes<br />

virtuais para atender as dúvidas dos clientes, fornecer suporte<br />

e até mesmo personalizar mensagens de marketing”, pondera Weiss.<br />

Os resultados dessa integração dos chatbots e dos assistentes<br />

virtuais baseados em IA aos sistemas de atendimento ao cliente das<br />

seguradoras estão mudando a fisionomia de um setor cujo perfil era<br />

conservador e hoje está muito mais aberto à inovações.<br />

CEO da Iaris, startup especializada no desenvolvimento de<br />

produtos de inteligência artificial, Fábio Falcão, reforça que todas<br />

MICHAEL WEISS,<br />

da Ai4<br />

essas tecnologias baseadas em IA são capazes<br />

de fornecer suporte 24 horas por<br />

dia, sete dias por semana, responder a<br />

perguntas frequentes, auxiliar na compra<br />

de seguros e até mesmo guiar os clientes<br />

durante o processo de sinistros. “Isso<br />

agiliza e melhora a experiência do consumidor,<br />

que está cada vez mais buscando<br />

canais digitais nos processos de compras.<br />

Com isso, pode-se dizer que há um crescimento<br />

considerável na implementação da<br />

tecnologia no setor”, observa.<br />

O uso da inteligência artificial para<br />

a comunicação das seguradoras com seus<br />

clientes não tem hora ou data para acabar<br />

e, como argumenta a head de dados na<br />

Seguros Unimed, Daiane Maciel, só tende<br />

FÁBIO FALCÃO,<br />

da Iaris<br />

23


TECNOLOGIA<br />

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL<br />

DAIANE MACIEL,<br />

da Unimed<br />

a crescer. A executiva exemplifica o cenário<br />

com base em um estudo da Accenture,<br />

no qual há a informação de que 90%<br />

das empresas que utilizam IA generativa<br />

hoje estão focadas em melhorar a produtividade<br />

por meio da automação, incluindo<br />

interações com clientes. Outro levantamento,<br />

o da Boston Consulting Group,<br />

como também menciona Daiana, afirma<br />

que 95% dos líderes de serviço ao cliente<br />

esperam que os consumidores interajam<br />

com bots de IA em algum momento nos<br />

próximos três anos. “A utilização dessa<br />

tecnologia é uma tendência forte e consolidada,<br />

com a maioria das empresas<br />

reconhecendo seu potencial para transformar<br />

a interação com os clientes e impulsionar<br />

o crescimento dos negócios”,<br />

afirma.<br />

BRASIL ACOMPANHA ONDA<br />

INTERNACIONAL?<br />

Professor do Instituto de Inovação<br />

em Seguros e Resseguros da Fundação<br />

Getulio Vargas (FGV IISR), Gesner Oliveira<br />

assinala que as tendências tecnológicas<br />

em IA no setor de seguros incluem<br />

a utilização de algoritmos avançados<br />

para análise de dados, automação de<br />

processos e personalização de produtos.<br />

Mercados mais maduros, como os dos<br />

Estados Unidos e Europa, reconhece ele,<br />

estão na vanguarda dessa transformação,<br />

enquanto o setor securitário brasileiro<br />

está progressivamente adotando<br />

essas inovações. “As mudanças no mercado brasileiro, como a do<br />

open insurance, acelera o processo”, confirma Oliveira.<br />

O especialista americano Michael Weiss responde pelos mercados<br />

maduros, onde são notadas várias tendências importantes de<br />

IA. Ele as enumera: AI/ LLM’s generativos (grandes modelos de linguagem):<br />

criação de conteúdo, como texto, imagens e até códigos<br />

que capacitem aplicativos como chatbots, ferramentas de tradução<br />

e plataformas de geração de conteúdo; personalização baseada em<br />

IA, que envolve adaptação de produtos, serviços e marketing que<br />

atendam às preferências individuais dos clientes; inteligência de decisão,<br />

ou seja, a utilização de IA para otimizar processos de tomada<br />

de decisão, desde a triagem de cuidados de saúde até às decisões<br />

de empréstimo de um banco, e, por fim, a cibersegurança baseada<br />

em IA, com a qual se detecta e mitiga ameaças de forma mais eficaz.<br />

Sob um olhar ainda mais voltado para o desempenho do seguro,<br />

Daiane Maciel destaca que, nos mercados de seguros dos Estados<br />

Unidos e da Europa, as tendências baseadas em inteligência<br />

artificial mais utilizadas incluem a automação de processos e tarefas,<br />

gerenciamento de sinistros, criação de conteúdo e dados, integração<br />

de big data e computação em nuvem para melhorar a precisão<br />

e a competitividade das apólices. “No mercado de seguros brasileiro,<br />

diversas tendências tecnológicas baseadas em IA têm se destacado,<br />

melhorando a eficiência, personalização e prevenção de fraudes,<br />

além da precisão na precificação de seguros”, constata a executiva da<br />

Seguros Unimed.<br />

Para Fábio Falcão, o mercado brasileiro é “certamente” um dos<br />

mercados “mais passíveis” para a utilização de soluções de inteligência<br />

artificial para mitigar fraudes, tendo em vista a volumetria de fraudes<br />

reportadas. “Ano após ano, observamos mais e mais processos<br />

incluindo tais tecnologias para aprimoramento do combate à fraude,<br />

muitas vezes numa escala bem maior do que a global. A adoção destas<br />

ferramentas em conjunto com o open insurance apresenta um<br />

cenário bastante positivo para a criação de soluções mais robustas<br />

no combate à fraude”, assinala.<br />

O CEO da Iaris mantém-se otimista: “O mercado segurador é,<br />

sem dúvidas, reconhecido como um dos mais tradicionais da economia.<br />

No entanto vem cada vez mais investindo em inovação e tecnologia.<br />

Com as sucessivas e velozes inovações tecnológicas na vertente<br />

de inteligência artificial, cada vez mais estamos vendo processos serem<br />

reconstruídos e adaptados para a utilização destas tecnologias.<br />

Acredito que boa parte do setor está ciente das tendências e avanços<br />

na área, investindo em soluções tecnológicas em IA que estão ajudando<br />

a melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços prestados.”<br />

Na Seguros Unimed, por exemplo, a inteligência artificial vem<br />

sendo utilizada na central de atendimento para otimizar os processos<br />

de atendimento. A aposta em IA vem melhorando não apenas<br />

a eficiência operacional, mas também aprimorando a experiência<br />

tanto dos agentes de relacionamento quanto dos clientes. Em 2022,<br />

a seguradora lançou a “Tina”, uma aplicação da IA relacionada aos<br />

produtos e à experiência do cliente. A ferramenta fica disponível no<br />

SuperApp da Seguros Unimed e foi desenvolvida em uma parceria<br />

entre a Unimed Odonto, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita<br />

Filho (Unesp), a Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de<br />

24


São Paulo (Fapesp) e a startup Infinitti. Ela avalia o risco de patologias<br />

bucais, oferece orientação personalizada e pode indicar profissionais<br />

com maiores probabilidades de resolver o problema do usuário.<br />

“Falando de processos internos, temos projetos de IA para<br />

diversas frentes na seguradora, por exemplo, para as áreas técnica<br />

e atuarial, cujo projeto tem como objetivo reduzir sinistros Serit, garantir<br />

suporte financeiro para autônomos, por meio de um processo<br />

automático de análise e aceitação/rejeição de risco, durante a renovação<br />

das apólices de seguro Serit”, informa Daiane.<br />

RISCOS E FRAUDES<br />

A IA pode ser utilizada para identificar padrões indicativos<br />

de sinistros fraudulentos, detectar fraudes de forma mais eficiente<br />

e automatizar as verificações de conformidade, garantindo que as<br />

seguradoras cumpram regulamentações complexas. Como explica<br />

Falcão, algoritmos de machine learning podem analisar grandes<br />

volumes de dados em tempo real para identificar comportamentos<br />

fraudulentos, como declarações inconsistentes, atividades suspeitas<br />

e padrões incomuns de sinistros: “Isso ajuda as seguradoras a reduzir<br />

perdas financeiras e manter a integridade de seus serviços. Além disso,<br />

com algoritmos avançados, as seguradoras podem avaliar riscos<br />

com maior precisão, levando em conta inúmeras variáveis em tempo<br />

real, como condições meteorológicas, dados demográficos, histórico<br />

de sinistros e até mesmo informações de redes sociais. Isso leva a<br />

precificação mais precisa e personalizada para os segurados.”<br />

Porém nada é perfeito. Há perigos da inteligência artificial<br />

para o mercado de seguros. O professor da FGV Gesner Oliveira lista<br />

entre riscos e vulnerabilidades a possibilidade de viés algorítmico,<br />

questões de privacidade de dados e a necessidade de regulamentação<br />

adequada para garantir a segurança e a ética no uso dessas<br />

tecnologias. “As soluções para esses desafios passam por uma regulamentação<br />

robusta, treinamento adequado para os profissionais do<br />

setor e uma abordagem ética na implementação de sistemas de IA.<br />

É essencial que as seguradoras e reguladores trabalhem juntos para<br />

estabelecer padrões e práticas que maximizem os benefícios da IA,<br />

minimizando seus riscos potenciais”, recomenda.<br />

Já Daiane aponta para riscos referentes à privacidade de dados<br />

e também para a “degradação” dos modelos de machine learning<br />

com o tempo, podendo impactar nos processos em que atuam.<br />

Michael Weiss acrescenta outros preocupantes aspectos à<br />

lista de riscos que cercam a inteligência artificial. O primeiro deles<br />

é o preconceito e a discriminação. “Os algoritmos de IA podem perpetuar<br />

os preconceitos existentes se forem treinados com base em<br />

dados tendenciosos”, alerta o consultor americano. O segundo é a<br />

privacidade de dados: “O uso de IA envolve frequentemente o recolhimento<br />

e a análise de dados pessoais sensíveis, levantando preocupações<br />

de privacidade”, ressalta Weiss. E há um terceiro ponto<br />

citado por ele: a perda de empregos em determinados setores. Por<br />

fim, o especialista alerta para a falta de transparência. Segundo ele,<br />

alguns modelos de IA são “caixas pretas” que dificultam a compreensão<br />

de como se chega às decisões. “O mercado segurador, como<br />

qualquer outro, é vulnerável a estes riscos. Por exemplo, algoritmos<br />

tendenciosos podem levar a decisões discriminatórias sobre preços<br />

GESNER OLIVEIRA,<br />

da FGV IISR<br />

ou reclamações. É crucial que as seguradoras<br />

abordem estes riscos de forma proativa,<br />

garantindo transparência, justiça e<br />

responsabilização nos seus sistemas de<br />

IA”, ensina Weiss.<br />

O setor da tecnologia tem sido indiscutivelmente<br />

o mais rápido na adoção<br />

e adaptação à inteligência artificial dada a<br />

sua experiência inerente e a natureza digital<br />

dos seus produtos e serviços. Contudo,<br />

alerta Michael Weiss, a área de serviços<br />

financeiros, incluindo o setor de seguros,<br />

demonstra rápida recuperação diante<br />

dos desafios e riscos apresentados pelos<br />

cenários ditados pela IA: “As seguradoras<br />

estão usando IA de várias maneiras, desde<br />

a detecção de fraudes até os preços personalizados.<br />

O desempenho do setor segurador<br />

com a IA é misto. Embora existam<br />

histórias de sucesso e de maior eficiência<br />

e satisfação do cliente, permanecem desafios<br />

em torno da qualidade dos dados,<br />

da conformidade com a regulamentação<br />

e da necessidade de supervisão humana<br />

dos sistemas de IA.”<br />

Como se pode constatar, a inteligência<br />

artificial ainda engatinha como<br />

um bebê. “Mimá-la” seria uma temeridade<br />

para o futuro. Como lidar com um “adulto”<br />

sem limites e distante de qualquer princípio<br />

de alteridade? É preciso aprender com<br />

a tecnologia, sim, mas também “ensiná-la”<br />

os rumos certos da vida e, claro, dos mercados.<br />

Para tudo, sem distinção, há limites<br />

e, sobretudo, ética e responsabilidade.<br />

25


FREELA<br />

FRAUDES<br />

Um problema que deve ser combatido no<br />

mercado de seguros e na sociedade<br />

A INSURTECH HOLANDESA FRISS REUNIU ESPECIALISTAS PARA DEBATER SOBRE O IMPACTO DAS FRAUDES<br />

NO SETOR E COMO A IA PODE AJUDAR AS COMPANHIAS<br />

Nicole Fraga<br />

De acordo com dados da CNseg<br />

(Confederação Nacional das Seguradoras),<br />

as fraudes em seguros<br />

somaram quase R$ 825 milhões em<br />

2022, representando 16% do total de sinistros<br />

pagos naquele ano. Para debater<br />

sobre como evitar fraudes e as suas conseqüências<br />

para o mercado de seguros,<br />

a insurtech holandesa FRISS promoveu,<br />

em parceria com a Freela, o evento “Fraudes:<br />

uma preocupação para a sociedade”,<br />

realizado em maio na sede da ENS (Escola<br />

de Negócios e Seguros), em São Paulo. O<br />

debate foi mediado pela jornalista Kelly<br />

Lubiato, diretora da Revista Apólice.<br />

A empresa reuniu seguradores,<br />

corretores, advogados e especialistas em<br />

tecnologia para apresentarem insights<br />

sobre os problemas estruturais enfrentados<br />

pelo Brasil, destacando a importância<br />

da conscientização contra fraudes no<br />

ecossistema dos setores e da sociedade<br />

em geral. “As fraudes estão em todos os<br />

níveis e segmentos, pois o próprio ser humano<br />

cria esse tipo de situação e prejudica<br />

o próximo. No mercado de seguros,<br />

este crime traz prejuízo não apenas para<br />

as seguradoras, mas para toda a cadeia<br />

envolvida nesta indústria”, afirmou Iván<br />

Ballón, gerente de Desenvolvimento da<br />

FRISS para América Latina e Península<br />

Ibérica.<br />

Segundo Ballón, pesquisas apontaram<br />

que quase 95% dos brasileiros<br />

sentem medo de serem vítimas de uma<br />

fraude. Na América Latina, as fraudes<br />

estão minimamente ligadas à inflação e<br />

catástrofes naturais, enquanto na Europa<br />

a percepção deste risco é menor, pois<br />

há mais confiança no sistema financeiro.<br />

“Com o avanço da tecnologia, processos<br />

e dos meios de comunicação, abrimos es-<br />

Joel Oliveira, Marcelo Baccarini, João Marcelo dos Santos, Kelly Lubiato e Iván Ballón<br />

paço para os fraudadores agirem. Quando falamos de seguros, falta<br />

conhecimento da população sobre o setor e há ainda uma baixa penetração<br />

do mercado no Brasil, aumentando a chance das fraudes<br />

acontecerem. Como profissionais deste segmento, é nosso dever instruir<br />

as pessoas sobre este tema e comunicar as suas conseqüências”.<br />

Márcio Jordão, superintendente de Sinistro Auto e RE da Bradesco<br />

Seguros, reforçou durante a sua apresentação que apesar dos<br />

meios digitais terem impulsionado a fraude, ela não surgiu com a<br />

tecnologia. O executivo também comentou sobre os condicionantes<br />

deste tipo de crime e sua progressão em diferentes áreas. “A fraude<br />

onera segurados honestos, que acabam arcando com os custos<br />

adicionais em suas apólices. Entretanto, a detecção e prevenção de<br />

fraudes no mercado de seguros demanda estratégias complexas e<br />

recursos especializados”.<br />

Jordão afirmou que para diminuir o número de fraudes no<br />

segmento, são necessárias leis e regulamentos mais rigorosos, campanhas<br />

de educação e sensibilização e sistemas avançados de análises<br />

de dados. “Algoritmos de Inteligência Artificial podem analisar e<br />

identificar atividades suspeitas em tempo real, trazendo uma melhoria<br />

operacional e mais assertividade para as seguradoras. Além disso,<br />

o uso de Blockchain torna as transações mais seguras e rastreáveis, e<br />

o Big Data ajuda na detecção de fraudes complexas e sofisticadas”.<br />

26


Márcio Jordão, da Bradesco Seguros<br />

Guilherme Perondi, vice-presidente Brasil e Latam da Swiss<br />

Re Corporate Solutions, comentou sobre os desafios do uso da Inteligência<br />

Artificial em grandes seguradoras e resseguradoras. De<br />

acordo com Perondi, por o ecossistema de seguros ser complexo,<br />

faltam políticas de uso de IA, governança interna e capacitação de<br />

equipes. “A IA auxilia na automação de atividades rotineiras, gerando<br />

insights para a tomada de decisão e melhorando produtos,<br />

serviços e a gestão de riscos. Contudo, muitas vezes faltam pessoas<br />

e estruturas para atender sinistros, o que deixa a área sobrecarregada<br />

e faz com que algumas fraudes não sejam percebidas”.<br />

Perondi afirmou que na Swiss Re Corporate Solutions, a maioria<br />

do tipo de fraude é documental, e por isto a companhia investe<br />

em Inteligência Artificial para a análise automatizada de documentos.<br />

“Com o uso desta tecnologia, conseguimos reconhecer padrões<br />

de fraudes e identificar oportunidades de ressarcimento. Isso ajuda<br />

na otimização dos processos de validação de gestão de risco e na<br />

automação da análise de imagens de inspeções”.<br />

Guilherme Perondi, da Swiss Re Corporate Solutions<br />

Marcelo Baccarini, especialista em<br />

gestão e combate às fraudes, falou sobre<br />

como a IA vem revolucionando o setor de<br />

seguros no Brasil e apoiando as empresas<br />

na prevenção de fraudes, gerando um impacto<br />

significativo na eficiência operacional<br />

das seguradoras. “Com a Inteligência<br />

Artificial, podemos analisar transações<br />

em tempo real e identificar desvios. Isso<br />

reduz o tempo de resolução de sinistros<br />

e aumenta a taxa de detecção de fraudes.<br />

Precisamos de bons processos e cultura<br />

contra fraude para todos os agentes do<br />

mercado para evitar este crime. A sinergia<br />

tecnológica entre IA, Internet das Coisas e<br />

Internet das Pessoas é fundamental para<br />

democratizar informações e desmistificar<br />

o combate a fraudes”.<br />

De acordo com Joel de Oliveira,<br />

gestor e consultor de Negócios, para<br />

evitar fraudes no seguro automóvel, por<br />

exemplo, uma boa iniciativa é as seguradoras<br />

fornecerem um contrato de parceria<br />

com prestadores de serviços com incentivo<br />

a resultado por praça. No seguro<br />

de vida, uma possibilidade é a adoção de<br />

uma modelagem com deep learning e<br />

identificação de novos golpes. “A tecnologia<br />

permite que você controle a honestidade<br />

das pessoas, inibindo as tentativas<br />

de fraude. Para isso, é necessário que as<br />

empresas tenham uma subscrição e regulação<br />

bem estruturadas. Além disso, uma<br />

boa prática para evitar fraudes é a criação<br />

de comitês internos”.<br />

João Marcelo dos Santos, sócio-<br />

-fundador do escritório Santos & Bevilacqua<br />

Advogados, trouxe uma visão<br />

jurídica sobre o tema. Segundo Santos,<br />

o PLC 29/2017, que deve ser aprovado<br />

no Senado em breve, vai trazer impactos<br />

importantes para o setor. “A nova lei<br />

de contratos de seguros vai qualificar a<br />

fraude como uma ação culposa. Isso vai<br />

exigir que as seguradoras conversem<br />

com seus advogados sobre a melhor<br />

forma de conduzir sinistros, além disso<br />

vamos precisar realizar uma revisão geral<br />

de procedimentos em relação às coberturas<br />

oferecidas, como as pessoas as<br />

estão utilizando e a forma mais adequada<br />

de implementar novas ferramentas<br />

tecnológicas”.<br />

27


PRODUTO<br />

MICROSSEGURO<br />

Seguro social começa a ser vendido na<br />

favela de Paraisópolis, em São Paulo<br />

Fátima Lima, Felipe Nascimento, Gilson Rodrigues e Ivo Kanashiro<br />

SEGURO DECESSOS CUSTA A PARTIR DE R$ 27,00 AO ANO, E O EMPRESARIAL, R$ 72,00. A DISTRIBUIÇÃO<br />

SERÁ FEITA POR AGENTES LOCAIS E A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS TAMBÉM SERÁ FEITA POR MEMBROS DA<br />

COMUNIDADE, TREINADOS PELA MAWDY<br />

Kelly Lubiato<br />

Um público de mais de quase 20<br />

milhões de pessoas, que movimenta<br />

R$ 200 bilhões ao ano em<br />

14 mil favelas no Brasil inteiro. Sustentabilidade<br />

é incluir estas pessoas e abrir a<br />

possibilidade para elas participassem da<br />

elaboração de produtos que atendessem<br />

às suas reais necessidades de proteção.<br />

Assim nasce o Mapfre na Favela, um conjunto<br />

de três produtos de cunho social,<br />

efetivamente acessíveis. O projeto foi coordenado pelo superintendente<br />

de Sustentabilidade da Mapfre, Ivo Kanashiro.<br />

Após cerca de oito meses de trabalho, a Mapfre identificou as<br />

pessoas que realmente empreendem nas favelas, aproximadamente<br />

40% dos moradores, que fazem parte do público alvo. Segundo<br />

Fatima Lima, diretora de Sustentabilidade da Mapfre, foi montado<br />

um squad de 30 pessoas das áreas técnica, comercial e de suporte,<br />

para estudar os produtos. “Eles passaram por melhorias para atender<br />

as demandas locais, entendendo o que de fato era importante para<br />

eles”.<br />

28


MAPFRE Minha Vida<br />

OS PRODUTOS<br />

Seguro que além da assistência funerária, pensa<br />

no bem-estar do empreendedor local oferecendo descontos<br />

em consultas médicas, exames e medicamentos.<br />

Seguro Decessos, com assistência e benefícios como<br />

desconto em medicamentos. A partir de R$ 27 reais ao<br />

ano, com cobertura de R$ 3000 para assistência funerária.<br />

Com R$ 119,17 anual é possível ter acesso a Telemedicina<br />

e descontos em consultas e exames e 5 dias de afastamento<br />

temporário.<br />

>> MAPFRE Meu Trampo<br />

Seguro empresarial que aceita CPF, pois o produto<br />

é acessível aos empreendedores informais e, protege<br />

o estabelecimento comercial dos riscos relacionados<br />

a incêndios, além de contar com diversas assistências<br />

emergenciais. Seguro que protege local de trabalho e<br />

prevê diversos serviços de assistência para o bom funcionamento<br />

do negócio. Para confeitarias, padarias, bares<br />

e lanchonetes, barbearias, salões de beleza e lojas<br />

de ferragens. Valor anual de R$ 120,00, com cobertura<br />

de até 20 mil. Ainda conta com um rol de assistências<br />

gratuitas para ajudar em caso dew imprevistos, como<br />

eletricista, encanador, chaveiro, colocação de tapume,<br />

limpeza, transferência de moveis, cobertura de despesas<br />

fixas.<br />

>> MAPFRE Meu Bem Protegido<br />

Seguro de garantia de bens usados, que protege<br />

os instrumentos essenciais de trabalho do empreendedor<br />

que vive e tem seu negócio numa favela. Seguro que<br />

oferece reparo ou indenização do equipamento, em caso<br />

de quebra ou interrupção do seu funcionamento, para<br />

salões de beleza, boleiras e paderios e serviços gerais, a<br />

partir de R$ 72,00/ano.<br />

Esta é uma forma de atingir um público<br />

que ainda não era assistido pelo mercado<br />

de seguros, apesar de várias tentativas<br />

anteriores. Para Felipe Nascimento, CEO da<br />

Mapfre, o setor ainda não tinha encontrado<br />

uma forma de ouvir os potenciais clientes<br />

com o objetivo de democratizaçào dos produtos<br />

do mercado de seguros. Efetivamente,<br />

agora a empresa está investimento em<br />

um seguro de cunho social, para atender as<br />

reais necessidades da população que vive e<br />

empreende na favela.<br />

O CEO da Mapfre ressaltou que<br />

é preciso oferecer proteção para todos,<br />

com valor acessível para garantir as necessidades<br />

sociais. “É importante ressaltar<br />

que as ideias só se materializaram com o<br />

apoio do G10 Favelas, um grupo sem fins<br />

lucrativos que reúne líderes e empreendedores<br />

de impacto social. Estamos tratando<br />

do lema da seguradora: pessoas<br />

protegendo pessoas, com acessibilidade<br />

ao seguro. Estamos construindo a oportunidade<br />

de produto único, com cara e<br />

nome da favela, assumindo os desafios e<br />

modelado para o público local”.<br />

“O problema de Paraisópolis é o<br />

mesmo de outras favelas: para conseguir<br />

serviços, a favela é bloqueada. Agora, estamos<br />

trabalhando com uma grande empresa<br />

que está apostando em um produto barato,<br />

inclusivo e acessível”, apontou Gilson<br />

Rodrigues, presidente do G10 Favelas. Paraisópolis<br />

combate o preconceito das grandes<br />

empresas criando seus próprios produtos<br />

e serviços. A favela conta com banco próprio,<br />

consórcio para aquisição de imóveis,<br />

empresa de logística, maquininha (Dona<br />

Patroa) exclusiva, e busca parceiros paras<br />

construir juntos ofertas reais e sustentáveis.<br />

Os produtos Mapfre na Favela serão<br />

comercializados por um modelo de<br />

auto contratação via totens espalhados<br />

pela favela e a cobrança será feita por<br />

maquininhas e meios de pagamento eletrônicos.<br />

Os presidentes de rua, como são<br />

chamados os líderes comunitários, participaram<br />

da elaboração do produto e também<br />

foram facilitadores para a criação da<br />

rede de serviços da Mawdy, empresa de<br />

assistência do Grupo Mapfre. Desta forma,<br />

o investimento acaba voltando para<br />

a comunidade, em forma de serviços.<br />

29


PREMIAÇÃO<br />

JORNALISMO<br />

Apólice é a grande vencedora do Prêmio<br />

de Jornalismo em Seguros<br />

JORNALISTAS KELLY LUBIATO E ANDRÉ FELIPE DE LIMA VENCERAM EM 1º E 2º LUGARES NA<br />

CATEGORIA MÍDIA ESPECIALIZADA. A JORNALISTA AINDA FOI CONSAGRADA COM O TÍTULO<br />

DE JORNALISTA DE SEGUROS DO ANO<br />

Dyogo Oliveira, Kelly Lubiato, Manuel Matos e Lucas Vergilio<br />

As matérias “A crise mora ao<br />

lado”, de André Felipe de<br />

Lima, e “Um mundo de oportunidades<br />

se abre para os 50+”, de Kelly<br />

Lubiato, foram as vencedoras da categoria<br />

Mídia Especializada do Prêmio<br />

de Jornalismo em Seguros, promovido<br />

pela Confederação Nacional das Seguradoras,<br />

Federação Nacional dos Corretores<br />

de Seguros e Escola de Negócios<br />

e Seguros. O terceiro lugar ficou com a<br />

jornalista Denise Bueno, com a matéria publicada pelo Infomoney<br />

“Seguro de responsabilidade civil de executivos vive novo dilema<br />

com decisão de Toffoli” .<br />

Os vencedores foram anunciados em 11 de junho, no Blue<br />

Note, em São Paulo. Além de vencer a categoria Mídia Especializada,<br />

a jornalista Kelly Lubiato ainda foi escolhida como Jornalista de Seguros<br />

do Ano, recebendo como premiação um curso oferecido pela<br />

ENS no exterior. Além dos 25 finalistas, participaram do evento seguradores<br />

e membros de entidades do setor.<br />

Esse ano, a premiação distribuiu um total de R$ 120 mil<br />

entre os três primeiros colocados nas categorias Mídia Impressa,<br />

30


CONHEÇA OS VENCEDORES:<br />

IMPRENSA ESPECIALIZADA DO SETOR DE SEGUROS<br />

1º lugar – Kelly Lubiato – Revista Apólice<br />

Um mundo de oportunidades se abre aos 50+<br />

2º lugar – André Felipe de Lima – Revista Apólice<br />

A crise mora ao lado<br />

3º lugar – Denise Bueno – InfoMoney<br />

Seguro de responsabilidade civil de executivos vive novo dilema com decisão de Toffoli<br />

WEBJORNALISMO<br />

1º lugar – Cristiane Noberto – CNN Brasil<br />

Com oferta de seguros, setor privado busca alternativas para minimizar perdas de imóveis por mudanças climáticas<br />

2º lugar – Gustavo Rossetti Viana – Valor Econômico<br />

A difícil tarefa de traçar um mapa de riscos de eventos climáticos<br />

3º lugar – Nathália Larghi – Valor Investe (Coautor: Marcelo D’Agosto)<br />

Com cenário favorável e competição, mais fundos de previdência voltam a superar inflação<br />

AUDIOVISUAL (INCLUI RÁDIO E TV)<br />

1º lugar – João Paulo Seabra – Rádio Cultura FM/Belém (PA)<br />

Série de 4 reportagens especiais sobre o mercado de seguros no Brasil<br />

2º lugar – Andrielli Zambonin – NSC TV/Afiliada da TV Globo em SC (Coautores: Evandro Zucatti, Fabian Londero,<br />

Fernando Basei e Paulo dal Bello)<br />

O papel do seguro rural diante de prejuízos no campo com desastres naturais<br />

3º lugar – Aline Albuquerque – TV TEM/Afiliada da TV GLOBO em Sorocaba (SP)<br />

Governo altera previdência privada para atrair poupadores<br />

MÍDIA IMPRESSA<br />

1º lugar – Carol Kossling – O Povo<br />

Longevidade, sustentabilidade e ESG: os novos olhares do mercado de seguros<br />

2º lugar – Sérgio Tauhata – Valor Econômico<br />

Catástrofe climática se torna cada vez menos previsível para seguradora<br />

3º lugar – Adriana Cotias – Valor Econômico<br />

Previdência atrai R$ 12,7 bi em ano de saques em fundos<br />

CATEGORIA ESPECIAL “PRUDENTIAL ASG & SEGUROS”<br />

1º lugar – Jamille Niero – InfoMoney (Coautor: Dhiego Maia)<br />

Falta preparo ao Brasil para enfrentar fenômenos climáticos cada vez mais extremos<br />

2º lugar – Sônia Araripe – Revista Plurale (Coautor: Antonio Carlos Teixeira)<br />

Business 20: o Seguro, a Agenda ESG e o G20<br />

3º lugar – Daniela Frabasile – B3 Bora Investir<br />

Como as mudanças climáticas afetam o setor de seguros?<br />

PRÊMIO “JORNALISTA DO ANO EM SEGUROS”<br />

Vencedora – Kelly Lubiato (Revista Apólice)<br />

Um mundo de oportunidades se abre aos 50+<br />

31


PREMIAÇÃO<br />

JORNALISMO<br />

Audiovisual, Webjornalismo, Imprensa<br />

Especializada do Setor de Seguros e na<br />

categoria especial “Prudential ASG &<br />

Seguros”. “Esse prêmio está ganhando<br />

cada vez mais relevância entre os jornalistas.<br />

Foram mais de 300 matérias<br />

inscritas. Isso é reflexo do tamanho do<br />

setor segurador que hoje é equivalente<br />

a 6% do PIB nacional. O prêmio faz<br />

parte também da nossa estratégia de<br />

democratizar o acesso aos produtos de<br />

seguros”, disse a superintendente-executiva<br />

de Comunicação e Marketing da<br />

Confederação Nacional das Seguradoras,<br />

Carla Simões.<br />

O vice-presidente da Fenacor, Manuel<br />

Matos destacou a importância da<br />

imprensa para o mercado de seguros.<br />

“Nós, corretores, nos identificamos com<br />

os jornalistas, pois ambos temos papel<br />

relevante para informar e conscientizar a<br />

população sobre a importância do seguro”,<br />

salientou Matos.<br />

Por sua vez, o presidente da ENS,<br />

Lucas Vergilio rendeu homenagem aos<br />

jornalistas por “prestarem informações<br />

em tempos de tanta desinformação”. Ele<br />

pontuou ainda que, independente da<br />

colocação, todos os finalistas da premiação<br />

“são vencedores”.<br />

Já o diretor da Susep, Airton de<br />

Almeida, que representou o presidente<br />

André Felipe de Lima<br />

Foto: Antranik Photos<br />

“Nós, corretores, nos<br />

identificamos com os<br />

jornalistas, pois ambos temos<br />

papel relevante para informar<br />

e conscientizar a população<br />

sobre a importância do<br />

seguro”<br />

MANUEL MATOS, da Fenacor<br />

da autarquia, frisou que os jornalistas têm contribuição importante<br />

a dar para o crescimento do mercado. “Não é fácil falar sobre seguro,<br />

traduzir os termos técnicos para a sociedade. Então, a imprensa<br />

desempenha relevante papel na educação financeira da sociedade<br />

brasileira”, elogiou.<br />

O presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, também agradeceu<br />

a imprensa por ajudar o mercado de seguros a ser mais conhecido<br />

e procurado pela população brasileira. “A tragédia no Sul mostrou<br />

como o seguro é importante, por permitir o planejamento financeiro,<br />

ajudando as pessoas a viverem melhor, a terem dignidade.<br />

Seguro tem tudo a ver com isso”, ressaltou.<br />

“É uma honra receber esta premiação em um ano tão<br />

importante para mim, quando completo 30 anos dedicados ao<br />

mercado de seguros. Durante todo este período, trabalho, junto<br />

com uma equipe, para levar informações de qualidade aos nossos<br />

leitores e contribuir para que a comunicação sobre o setor seja<br />

clara e eficiente. Todos da Revista Apólice se dedicam muito para<br />

que as pessoas entendam cada vez mais como nosso mercado<br />

funciona e como ele pode chegar a novos consumidores”, ressalta<br />

a jornalista.<br />

32


EVENTOS<br />

Para retratar novo momento do Grupo<br />

HDI, Liberty Seguros agora é Yelum<br />

MISSÃO DA NOVA MARCA É UNIR QUALIDADE E ACESSIBILIDADE PARA ATRAIR NOVOS CLIENTES,<br />

OFERECENDO NOVOS PRODUTOS E MANTENDO O MESMO PADRÃO DE ATENDIMENTO DA LIBERTY<br />

Nicole Fraga<br />

Apresentação da Yelum<br />

Após ser adquirida pelo Grupo HDI Seguros em maio do<br />

ano passado, a Liberty Seguros passa a se chamar Yelum<br />

Seguradora. O anúncio do lançamento da nova marca<br />

foi em um evento para corretores, executivos e imprensa realizado<br />

em Florianópolis (SC). Objetivo da Yelum é combinar excelência na<br />

jornada do cliente a um preço competitivo, mantendo o portfólio<br />

atual de produtos e focando na evolução da experiência de todos<br />

os públicos.<br />

A mudança ocorreu pois, conforme os termos da aquisição<br />

pela HDI das operações da Liberty na América Latina, o nome Liberty<br />

não poderá ser mais usado. Sendo assim, o Grupo HDI Seguros<br />

passará a contar com três marcas: Yelum, que visa garantir a melhor<br />

qualidade e experiência em produtos e serviços; HDI Seguros, entregando<br />

coberturas mais completas; e Aliro, oferecendo seguros<br />

de Automóvel a um baixo custo para alcançar novos consumidores.<br />

Só na carteira de Automóvel, a companhia passa a contar com 18<br />

produtos.<br />

Atualmente, a empresa ocupa a<br />

segunda posição no ranking de prêmios<br />

emitidos em Ramos Elementares, com receitas<br />

de R$ 12,8 bilhões e mais de 6 milhões<br />

de segurados.<br />

“A nova marca já nasce com um propósito<br />

muito forte: transformar o mercado<br />

de seguros brasileiro. Em um segmento que<br />

está acostumado a seguir o padrão, queremos<br />

trazer um frescor e deixar registrado<br />

este novo momento do Grupo. Através da<br />

Yelum, nossa missão é proporcionar mais<br />

liberdade e segurança, mas com a mesma<br />

qualidade e tradicionalidade da Liberty Seguros”.<br />

Eduardo Dal Ri, CEO da HDI Seguros.<br />

De acordo com Dal Ri, a ambição<br />

do Grupo é entregar um dos maiores<br />

33


EVENTOS<br />

portfólios do setor, oferecendo seguros<br />

em todos os ramos e para todos os perfis<br />

de clientes. “Queremos que o corretor<br />

pense primeiro na HDI quando for procurar<br />

soluções para os seus segurados.<br />

A Yelum será focada mais na parte de<br />

Varejo e a HDI em riscos corporativos,<br />

mas as duas marcas terão produtos em<br />

comum. É importante frisar para os nossos<br />

parceiros que o mesmo portfólio<br />

que ele encontrava na Liberty, eles irão<br />

ter na Yelum. Até novembro, seguiremos<br />

com o endosso ‘Liberty agora é Yelum’,<br />

e para divulgar essa mudança até lá iremos<br />

realizar roads shows e campanhas<br />

de mídia para que os corretores e todos<br />

os parceiros possam disseminar a nova<br />

marca”.<br />

Wilm Langenbach, CEO Internacional<br />

da HDI, esteve presente no evento<br />

e comemorou o lançamento da Yelum. “A América Latina é uma<br />

região muito importante para o Grupo e o Brasil já responde por<br />

50% de todas as receitas da companhia. Tenho certeza de que podemos<br />

crescer muito mais e estamos muito felizes de poder ofertar<br />

três marcas diferenciadas aos brasileiros. Parabéns ao Dal Ri e<br />

toda a equipe envolvida nesse projeto”.<br />

Marcos Machini, vice-presidente do Grupo, comentou sobre<br />

o processo criativo da Yelum. “O nome Yelum foi escolhido após<br />

diversas pesquisas com corretores e clientes, visando uma nomenclatura<br />

curta, forte e sonora, associada à liberdade, luz, simplicidade<br />

e agilidade. A cor amarela, característica da Liberty, foi mantida.<br />

A marca é uma combinação de significados: “Yel” de yellow (amarelo),<br />

“Lum” de luz, e “Um” reforçando a unicidade da marca para<br />

cada pessoa. Esperamos que os corretores possam ser para os seus<br />

clientes tudo aquilo que a Yelum representa”.<br />

Todo o processo durou seis meses e foi desenvolvido em<br />

parceria com a agência Ana Couto, que conta com mais de 30 anos<br />

de experiência em projetos de consultoria e branding que alinham<br />

marca, negócio e comunicação para impulsionar o valor de pessoas<br />

e empresas.<br />

Assessorias são ferramentas para venda<br />

qualificada<br />

A PARCERIA ANTIGA ENTRE ACONSEG-SP E SULAMERICA FOI FORTALECIDA PELO PRESIDENTE DA<br />

ENTIDADE, RICARDO MONTENEGRO, DURANTE ALMOÇO REALIZADO PARA CONVIDADOS<br />

Quando olhamos a participação das<br />

assessorias no nosso negócio é<br />

impressionante como o resultado<br />

delas é melhor em termos de sinistralidade<br />

quando comparado ao restante da carteira”,<br />

destacou Raquel Reis, CEO de Saúde<br />

e Odonto da SulAmérica, que ampliou o<br />

número de assessorias parceiras nos últimos<br />

dois anos. Atualmente, em São Paulo,<br />

a companhia trabalha com 29 assessorias.<br />

No entanto, segundo ela, não houve<br />

a ampliação das produção dos corretores<br />

atendidos pelas assessorias. “É um<br />

desafio para nós todos ampliarmos a base<br />

de corretores produtivos. Meu sonho é<br />

que cada um dos gestores tenha 30% de<br />

produção de corretores novos, que não tiveram<br />

produção nos últimos doze meses.<br />

Nós sozinhos não conseguimos e por isso<br />

a parceria de vocês é fundamental”.<br />

Ricardo Montenegro, Raquel Reis e Marcelo Mello<br />

“Está na nossa mão virar esse jogo e buscar um crescimento<br />

importante dentro das assessorias. Temos desafios grandes. Faz parte<br />

também a SulAmérica incentivá-los cada vez mais. O maior crescimento<br />

dentro da companhia vem das novas assessorias. Crescemos<br />

muito em corretor novo”, destacou Heitor Augusto, diretor Comercial<br />

Saúde e Odonto da SulAmérica.<br />

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