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Criativa Magazine | Abril 2024

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dia 10 de março, estão a conduzir

a nova fase da história política

e governativa do país. O

que mais importa Reter, Realçar

e Não Recusar face às recentes

transformações?

Parecem-me mais tendências

mundiais das democracias

ocidentais, aliás não originais,

haja em conta os hitlers e mussolinis

e quejandos que floriram

por todo o mundo ocidental

após crises democráticas

como as que enfrentamos hoje.

Quando as correntes políticas

essenciais corrigirem os seus

atuais defeitos, essas franjas

populistas com pouca cultura e

sem reais objetivos de interesse

público, desaparecerão, embora

deixando rasto...

Podemos falar que grassa, em

termos sociais, libertagem sob

a forma (disfarçada ou tentativa)

de liberdade?

Não me parece. Acho mais que

se trata de efeitos secundários

de toda e qualquer liberdade

política. A educação é fundamental

e leva gerações a conseguir-se.

Como pessoa da área da Justiça

e do Direito, compreende a

O 25 de Abril

chegou a

todos de igual forma

e feitio. O poder

centralizador quase

absoluto foi destruído,

os partidos foram

autorizados e a

liberdade de expressão

foi consagrada para

todos. As deficiências

existentes hoje na

sociedade portuguesa

são comuns a todo

e qualquer regime

democrático.”

percepção de muitos portugueses

para com uma justiça lenta,

quiçá permeável a pressões

políticas, consoante a tipologia

de casos e personalidades envolvidas,

e como isso faz descredibilizar

todo um sistema

que se quer isento, exemplar,

sem falhas ou lacunas?

A nossa Justiça é das melhores

do Ocidente. O número de casos

resolvidos e bem, por ano, demonstram

que funciona bem e

com a velocidade adequada à boa

realização do ideal de Justiça.

As cadeias estão cheias de

marginais até rebentarem pelas

costuras, são resolvidos anualmente

milhares e milhares de

processos cíveis, alguns de alta

complexidade agora acrescida

com a legislação europeia que

importamos.

Há processos complicados?

Sim. Mas esses existem em

qualquer país democrático e só

são um problema para o jornalismo

na sua missão de quarto

poder. No exercício dele não

tem havido o escrúpulo de não

generalizar erros, antes têm

dado uma imagem injusta da

nossa Justiça a partir de factos

isolados resultantes da

inevitável luta do poder político

que deveria ser o único legítimo

representante do Povo e

que nunca deve ser confundido

com opinião pública.

Consegue alinhar neste desafio

de em 10 palavras soltas descrever

o 25 de Abril de 1974?

Incapacidade. Facciosismo. Democracia.

Luta. Habilidade. Habilidades.

Soares. Europa. Deslumbramento.

Dívidas.

MÁRIO ABRANTES

50 ANOS DEPOIS - 25 DE ABRIL, SEMPRE!

O que falta cumprir para honrar todo o suor e

a persistência de quem enfrentou a Revolução

dos Cravos!? “Que a busca do cumprimento dos

grandes objetivos traçados e consagrados na

Lei Portuguesa Fundamental, a Constituição

da República nascida da Revolução, fosse

a orientação efetivamente prioritária e

determinada tanto dos governos do país, como

dos governos das suas regiões autónomas e das

suas autarquias locais.” Uma vontade expressa

por Mário Abrantes nas vésperas da grande

comemoração da Revolução dos Cravos.

Natacha Alexandra Pastor DR

Criativa Magazine - 50 Anos do

25 de Abril de 1974. São ainda

muitos os desafios que se colocam

ao país para honrar as

conquistas da Revolução dos

Cravos?

Mário Abrantes - Muitos desafios

foram concretizados, especialmente

no âmbito da descolonização

e da Paz, com o fim da

guerra colonial, mas também no

âmbito da Democracia Representativa

e do respeito e usufruto das

liberdades fundamentais dos cidadãos

(eleições livres, liberdade

de expressão e de constituição

de partidos, sindicatos e associações

da mais diversa natureza) e

igualmente, ainda, com a instauração

das Autonomias Regionais

dos Açores e da Madeira, bem

como do Poder Local Democrático.

Mas os avanços que se perfilavam

no desenrolar da revolução,

nomeadamente no âmbito da Democracia

Económica (com o controlo

público dos setores estratégicos

para o desenvolvimento e o

fomento do nosso setor produtivo

e com a justa distribuição da

riqueza), da Democracia Social

(com a erradicação da pobreza e

com a implantação da igualdade

de oportunidades a todos os níveis

e o acesso igualitário e digno

dos cidadãos à habitação e

aos serviços públicos essenciais,

educação, saúde ou segurança e

proteção social) e da Democracia

Cultural (com o investimento

público adequado à difusão e

fruição culturais aos mais diversos

níveis sociais e geográficos),

foram sendo retardados e distorcidos,

principalmente desde a

nossa adesão à moeda única europeia

e às políticas neoliberais

impostas pelos diretórios dirigentes

de Bruxelas.

Na comemoração desta data,

o que mais lhe aprazaria de ver

acontecer para elevar todo o esforço,

suor e bravura dos Homens

que lideraram a Revolução?

Que a busca do cumprimento

dos grandes objetivos traçados

e consagrados na Lei Portuguesa

Fundamental, a Constituição da

República nascida da Revolução,

fosse a orientação efetivamente

prioritária e determinada tanto

dos governos do país, como dos

governos das suas regiões autónomas

e das suas autarquias locais.

Que aqueles que em nome

dos portugueses e para o seu

serviço concorreram e foram por

eles eleitos para os diferentes

cargos públicos instituídos por

Abril, tivessem hoje e amanhã,

tal como tiveram os corajosos

militares revolucionários há 50

anos, assim como todos aqueles

que se empenharam no combate

à ditadura fascista durante os

48 anos que ela durou, o elevado

desapego pelos seus interesses,

conveniências e benefícios pes-

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