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Criativa Magazine | Abril 2024

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megafone

ANTÓNIO NEVES

José F. Andrade

Azorean Metal

É uma das figuras

de sempre, da cena

Heavy Metal dos

Açores. António

Neves, guitarrista e

membro fundador

dos In Peccatum,

recorda como tudo

começou, passados

cerca de 26 anos.

Num ápice, passaram-se cerca de

26 anos, desde a formação de In

Peccatum. Lembras-te do primeiro

ensaio e do primeiro concerto?

Incrível como já se passaram 26

anos, desde o início da nossa formação…

mas sim, lembro-me perfeitamente

do nosso primeiro ensaio por

variadas razões. Em primeiro lugar

porque quando começamos a banda,

não tínhamos propriamente definido

que género dentro do Heavy Metal

seria o nosso, apenas sabíamos

que queríamos tocar Metal e aliás,

esta “indefinição” está bem presente

na nossa primeira demo tape, “In

Beauty”. Isto então para dizer que no

nosso primeiro ensaio não sabíamos

bem o que fazer e então optamos por

tocar ou pelo menos tentar tocar a

“Alma Mater” dos Moonspell. O Gouveia

nem tinha ainda um baixo seu,

estava a tocar com um emprestado

pelo Miguel dos Dark Emotions, banda

nossa conterrânea da Fajã de Baixo,

e o Almeida, que na altura começou

na bateria, nunca tinha sequer

tocado bateria na vida e lembramo-

-nos perfeitamente dele sentado em

frente à nossa bateria Lazer, de cor

vermelha e comprada na saudosa

Discoteca Vasco, a perguntar qual

braço passava por cima dos pratos

de choque. O certo é que no final do

ensaio conseguimos tocar a música

na sua plenitude, o que nos deixou

com perspetivas de que a partir

daquele momento, a coisa só podia

melhorar. O certo é que 26 anos depois

continuamos a fazer aquilo que

gostamos e nunca paramos.

Quanto ao primeiro concerto, este foi

também inesquecível, isto porque a

nossa estreia acaba por acontecer

num dos mais emblemáticos palcos

da ilha, o Coliseu Micaelense, por

ocasião do concurso Novas Ondas

’98. Tínhamos apenas 8 meses como

banda, 3 ou 4 temas originais, e lá fomos

nós pisar um palco com aquela

dimensão. Outros dois factos engraçados…

em primeiro lugar, por cima

da bateria havia um placard com o

logotipo do Novas Ondas e o Almeida

estava preocupadíssimo… “epá, e

se aquilo cai por cima de mim quando

estiver a tocar?” e não é que caiu mesmo?

Felizmente não era pesado e não

fez vítimas. Em segundo lugar, no final

da primeira música o Gouveia deu

um salto e acabou por cair de costas

no palco, situação que na altura nem

reparei, e depois no fim da atuação

quando nos fomos juntar ao público

para assistir ao resto das atuações,

havia pessoal a ir ter com ele a comentar

que era grande louco, que se

tinha atirado para o chão… mal sabendo

eles que tinha sido um “acidente”.

As tuas influências mantêm-se

ou foram-se alterando com a

evolução?

A influência base mantém-se sempre.

A minha banda favorita são os

Iron Maiden. Apesar de In Peccatum

musicalmente não ter ligação direta

ao som deles, as harmonias de guitarras

e as progressões musicais que

os caracterizam acabam por se fazer

notar em algumas partes das nossas

músicas. Mais dentro do gótico,

os Paradise Lost, Type O Negative ou

Moonspell acabam por ser as minhas

referências. Por fim, Pink Floyd também

é grande influência. Não só pelo

facto de o David Gilmour ser um dos

meus guitarristas favoritos, como a

música deles ter uma componente,

para mim, muito próxima da melancolia

do Doom Metal. Vão também

aparecendo bandas novas ou outras

mais antigas que vou descobrindo e

que vão também moldando aquilo

que me influencia enquanto guitarrista

ou quando se está na sala de ensaios

a criar música nova. Acaba por

ser sempre um processo evolutivo.

Como é que vês a nova geração

de músicos ligados ao Heavy

Metal?

Destaco sobretudo o muito talento,

auxiliado pelas muitas ferramentas

que as novas tecnologias permitem.

Ainda sou do tempo em que para

aprender uma música ou se tirava de

ouvido, gastando as cassetes do tanto

rebobinar, ou tinha-se de comprar

as revistas da especialidade para se

ter acesso às tablaturas. Presentemente,

basta ir ao Youtube e seguir

um tutorial. Além disso, esta nova geração

tem a facilidade de gravar e disponibilizar

o seu som, como nós não

tivemos. Tudo isto contribui para que

a evolução seja melhor e mais rápida

e isto nota-se nas novas bandas que

vão aparecendo.

E no que respeita ao público, daquilo

que observas do palco?

Dos últimos concertos que demos,

destaco a interação e o à-vontade

que presentemente o pessoal que

está a assistir tem com as bandas.

Há uns anos o pessoal tinha algum

“medo” de se chegar à frente ou cantar

com a banda. Presentemente

acho o pessoal mais desinibido. Chega-se

à frente, canta os refrões, bate

palmas… Depois dos concertos vêm

ter connosco para darem os parabéns

pela atuação ou comentar sobre

aspetos das músicas ou pedir conselhos

técnicos sobre instrumentos.

Sinceramente nesse aspeto houve

uma grande evolução e melhoria.

Planos para 2024?

O grande projeto que temos em mãos

há já uns anos continua a ser a edição

do nosso álbum. Andamos a trabalhar

nele há já anos e temos praticamente

75% do material gravado. Falta gravar

a voz em 6 dos 8 temas que irão fazer

parte da edição e teclados em 5 outros.

Está tudo no bom caminho, mas

lá está, as logísticas da vida de “adulto”

nem sempre permitem que as coisas

corram à velocidade que gostaríamos.

Tirando a edição do álbum, no dia 10

de abril demos um concerto em formato

acústico, algo que fazemos uma

segunda vez, após a primeira experiência

nesse formato em 2006 ao vivo

na RDP-Açores. Como é algo que sai

muito da nossa zona de conforto, vai

ser novamente um grande desafio

para nós. Depois desse, vamos lá ver

se surgem mais oportunidades para

aparecermos ao vivo.

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