v22. n22 2024
Revista do curso da fotografia do curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco
Revista do curso da fotografia do curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco
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Unicaphoto
#
22
Thomaz Farkas (1924-2011)
A PAIXÃO PELA
ALMA BRASILEIRA
Thomaz Farkas, Robert Frank, Augusto dos Anjos, o Aleijadinho, Cecília Meireles: além das efemérides, Unicaphoto segue apresentando e
levantando questões contemporâneas, da ecologia à tecnologia; do rio ao mar; das viagens imanentes às transcendentes; do sertão à metrópole;
do centro à periferia. E mostra como tudo isso se relaciona com o mundo que você vê, mesmo que esteja tudo misturado, mesmo que finja não ver.
Unicaphoto
a revista de fotografia da Unicap
#
22
Robert Frank (1924-2019)
AS LINHAS
DA MINHA MÃO
O centenário de dois mestres da fotografia
Unicaphoto mergulha na fotografia moderna brasileira a partir do trabalho do húngaro radicado no Brasil, Thomas Farkas. E destaca o trabalho do americano
Robert Frank. Neste 2024 marcado pelos 60 anos do golpe-civil militar no Brasil, sua revista de fotografia vai buscar registros iconográficos importantes dessa
terrível época no Nordeste, em dois ensaios inéditos.
editorial
todas as almas
brasileiras
Se você acha que as grandes dúvidas entre fotógrafos
se limitam a saber se a marca de equipamentos A é
melhor que a marca B, sugiro passar na redação de
Unicaphoto, qualquer dia. Até chegarmos à capa desta
edição, muitas águas rolaram. O centenário do húngarobrasileiro
Thomaz Farkas concorria com o centenário do
Robert Frank (1924-2019). No debate rolou a questão
de técnica, a força da luz e a dureza da sombra, os temas
dos seus documentários, as manipulações fotográficas &
fotomontagens (em Frank) e até certo experimentalismo
& surrealismo (em Farkas), levantado por alguém.
Houve réplica, tréplica, ranger de dentes mas, ao final,
o conselho editorial resolveu dar preferência àquele
que abraçou e ajudou a criar a alma e o imaginário
brasileiro: Thomaz Fark. E que revolucionou nossa
fotografia. O departamento de design, no entanto,
pediu para fazer menção à capa que “não-foi”. E fica
nosso respeito ao trabalho desse outro grande mestre
da fotografia, o suíço Robert Frank.
Mas nem só de efeméride vivem o jornalismo cultural
e as revistas de fotografia. Neste número 22, muitos
temas dariam excelentes capas também.
Você verá: temas como ecologia e meio-ambiente
terminaram formando uma tendência nos artigos e
colaborações em nossa caixa de correios. O tópico
está presente em “Gigantes silenciosos”, de Girleide
Germana da Silva, onde inclusive você pode ler o “poema
ecológico” de Augusto dos Anjos, que também faz data
redonda neste ano; em “Entalhes líquidos”, um ensaio
work in progress de Kari Galvão, sobre rochas e águas
do sertão. Transversalmente, ainda, o tema está em
“Atomizados pela tecnologia e a violência’, no trabalho
de José Arthur Nóbrega de Pontes sobre cianotipia,
que fala, um pouco, da botânica no Recife. Por falar em
tecnologia (e fotografia), esses são assuntos da resenha
de Julianna Nascimento Torezani, para o livro Políticas
da Imagem: vigilância e resistência da dadosfera, da
pesquisadora, Giselle Beiguelm.
Se houver outra palavra-chave para sua
Unicaphoto 22 ela seria: poesia.
Ela passa pelo poema-trípitico-visual de Izabele
Margarida de Oliveira Brito, (“Daqui do Capibaribe”),
que se apoia em imagens do Recife e relembra
João Cabral de Melo Neto. Poesia também é a
chave para “Um haikai, uma imagem”, coordenado
pela professora Catarina Andrade, na disciplina
Literatura, Fotografia e Audiovisual, da pós-graduação
“As narrativas contemporâneas da fotografia e do
audiovisual”, desta Unicap, onde vários autores e
autoras experimentam a correlação entre a palavra
escrita e a imagem.
Mais poesia resume o ensaio de Renata Victor sobre
os profetas do Aleijadinho, em Congonhas, Minas
Gerais. O ensaio é costurado por texto da poeta Cecília
Meireles (1901-1964); e crônica do poeta Mário de
Andrade (1893-1945) na qual se ressente de o Brasil
não reconhecer a genialidade de Antônio Francisco
Lisboa (1738-1814), o Aleijadinho.
A gente estava se organizando para falar de outro tema
alto desta edição.
Em entrevista exclusiva, as artistas visuais Juliana
Amara [Amara] e Ignus [Thalyta Tavares] falam para
Unicaphoto qual é mesmo a delas. E como veem e
vêm ao mundo. Do centro para fora. Da periferia para
dentro. Alunas da formação e, agora, da pós-graduação
da Unicap, seu trabalho tem forte acento e atuação
sociais. as fotógrafas atuam na periferia do Recife
e região metropolitana auxiliando na comunicação
de coletivos e artistas da “nova” e invisível cena do
audiovisual, do teatro, da dança, da poesia, em meio ao
caos do Recife. É comum vê-las no centro da cidade,
na velha Boa Vista, ou em Peixinhos, ou no morro da
Conceição, em ação, discutindo o caos, para além da
filosofia. São um tipo de mecenas sem grana, mas com
um grande tesouro que é a capacidade de interpretar e
mudar o mundo. Coletivamente. “Tudo misturado”.
COORDENAÇÃO-GERAL
Renata Victor
EDITOR
Sidney Rocha
CONSELHO EDITORIAL
Filipe Falcão, Renata Victor e Sidney Rocha
IMAGEM DA CAPA
Thomaz Farkas, (s/t) acervo do IMS
FOTO DA QUARTA CAPA
Thomaz Farkas, (“Roda de samba”), acervo do IMS
QUEM É QUEM NESTA EDIÇÃO
Catarina Andrade
Beatriz de Melo Britto
Brenda de Andrade
Catarina Andrade
Domingos de Lima
Eduardo Costa Cunha
Francisco M. Mota
Girleide Germana da Silva
Gisele Carvalho
Izabele Margarida de Oliveira Brito
José Arhur Nóbrega de Pontes
Juliana Amara
Julianna Nascimento Torezani
Kari Galvão
Mário de Andrade
Matheus Alves da Rocha
Nivaldo Francisco
Renata Victor
Sidney Rocha
Silvana de Andrade
Thalyta Tavares
Wallace Fontenele
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Artigos e os seus comentários publicados não refletem necessariamente a opinião da revista.
Unicaphoto é uma publicação semestral do Curso Superior de Tecnologia em Fotografia da Universidade
Católica de Pernambuco.
Esta sua 22 a edição vem a público em 26 de março de 2024.
(ISSN 2357 8793)
o eterno
reencontro
por Nivaldo Francisco
gigantes
silenciosos
por Girleide Germana da Silva
atomizados pela
tecnologia e a violência
José Arhur Nóbrega de Pontes
caríssima
miss biffin
por Renata Victor
& Mário de Andrade
políticas
da imagem
por Julianna Nascimento
Torezani
entalhes
líquidos
por Kari Galvão
8
20
28
38
60
63
70
74
92
104
120
daqui do
capibaribe
por Izabele Margarida
de Oliveira Brito
etc
e caos
Entrevista com Juliana Amara
e Thalyta Tavares
um haikai,
uma imagem
por Catarina Andrade
com participações deAícia Cohim, Beatriz de Melo
Britto, Brenda de Andrade, Domingos de Lima,
Eduardo Costa Cunha, Francisco M. Mota,
Gisele Carvalho, Matheus Alves da Rocha,
Silvana de Andrade e Wallace Fontenele
thomaz farkas,
do brasil
por Sidney Rocha
aconteceu
Thomaz Farkas/Acervo IMS
Lady on a bus, 1957
© The Estate of Diane Arbus
6
Stripper with bare breasts sitting
in her dressing room, 1961
© The Estate of DianeArbus
Éric Rondepierre.
W189, da série “Précis de
décomposition” (1993-1995)
7
memórias viagem
8
o eterno
reencontro
Nivaldo Francisco
9
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sem
fronteira
Entre o o caminho que se faz ao
caminhar e se pode avançar do
Recife os mais de 130 quilômetros
até Caruaru, há um universo
de vivências e retornos que se
entrelaçam como os fios de uma
tapeçaria tecida pela história e
pela memória. Nesse trajeto, onde
o asfalto encontra a terra dura,
batida, onde a cidade some, o
asfalto desaparece e o mundo rural
ressurge, sem respeitar fronteiras,
nem vales.
Neste ensaio, o olhar de Nivaldo
Francisco se debruça sobre
a paisagem e a cultura que
permeiam essa jornada, uma
jornada que se inicia na intimidade
de uma vivência familiar. É a
partir dos laços ancestrais, dos
vínculos com seus avós no distrito
de Gonçalves Ferreira, que se
revela a essência dessa viagem.
É ali, onde os traços da terra se
com/fundem com as lembranças
de infância, que se ergue o palco
para uma narrativa de retornos e
reencontros.
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agora, um vivedouro
O registro do caminho se faz
através de retratos, não apenas
da paisagem que se desdobra
diante dos olhos, mas também das
pessoas que povoam esse cenário.
São rostos marcados pelo tempo
e pelas histórias que carregam
consigo, testemunhas silenciosas
das transformações que moldaram
aquele espaço ao longo dos anos.
Ao entrar em Gonçalves Ferreira,
o fotógrafo acompanha os passos
do seu pai em visitas aos espaços
que tecem as teias da memória
familiar. Primeiro, são acolhidos
na casa de um amigo, onde o
tilintar dos sinos dos animais ecoa
pela vastidão do campo. Mais
adiante, encontramos as ruínas
de um antigo espaço, onde outro
parente dava vida ao carvão em
meio às labaredas crepitantes.
“Este mesmo espaço também foi
usado como matadouro e cultivo
de vegetais por meu avô”, diz
Nivaldo. Ali, onde o fogo ardia
sob o manto estrelado do céu, seus
ancestrais deixaram suas marcas,
transformando o local em um
centro de atividades que ecoam os
sussurros do passado.
Caminhando pelas vielas
poeirentas, entre casas de
paredes gastas pelo tempo,
mergulhamos com Nivaldo nas
entranhas do distrito, buscando
desvendar os segredos mais
íntimos que ali se escondem.
São conhecimentos e tradições
que resistem ao tempo, as
circunstâncias que moldam a vida
daqueles que chamam o lugar de
“minha casa”, as inquietações
(do fotógtafo) que impulsionam
cada passo dado na jornada da
existência.
Nessa imersão profunda, nessa
dança entre o passado e o
presente, o Nivaldo Francisco
encontra busca conexões. Mem
sempre as alcança. A jornada é
de perdas, é sobre o inacessível,
também. São estradas que se
entrelaçam sob o sol do agreste,
a vida em constante retorno às
raízes que lhe sustentam: um
eterno reencontro, portanto.
E assim, entre os suspiros do
vento que sussurra segredos
antigos e o canto dos pássaros
que ecoa pela vastidão do
horizonte, a vida segue, o
viajante segue, as memórias
prosseguem.
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ecologia
gigantes
silenciosos
Girleide Germana da Silva
K. Ford
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No entrelaçar de folhas e galhos,
as árvores desenham um contorno
único na paisagem urbana, desafiando
o avanço incessante da sociedade
com sua presença serena. Seu papel
transcende a mera ornamentação; elas
são guardiãs de uma simbiose delicada
entre o desenvolvimento humano e a
resiliência da natureza.
À medida que o concreto avança,
as árvores permanecem como
testemunhas resilientes, oferecendo
não apenas sombra e frescor, mas
também uma defesa incansável
contra a poluição sonora e visual que
caracteriza a vida urbana moderna.
Seus ramos estendidos não apenas
filtram o ar, mas também filtram o
estresse, proporcionando refúgio e
tranquilidade em meio à agitação
cotidiana.
Na interseção entre a sociedade e a
natureza, as árvores nos recordam
que nossa jornada rumo ao progresso
deve ser forjada com uma consciência
ambiental. Ao reconhecermos sua
importância multifacetada na criação
de ecossistemas urbanos sustentáveis,
cultivamos não apenas bosques de
verdura, mas também esperança para
um futuro onde a harmonia entre a
sociedade e o meio ambiente é uma
prioridade inegociável.
Portanto, celebremos as árvores não
apenas como monumentos vivos,
mas como aliadas essenciais em
nossa busca por uma coexistência
equilibrada. Seu legado é mais do
que somente estético; é um apelo
sussurrado pelo respeito à natureza,
um chamado para preservarmos,
nutrirmos e admirarmos esses
gigantes silenciosos que moldam nosso
presente e delineiam os contornos de
um amanhã sustentável.
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Datas redondas.
Há 140 anos, nascia o poeta paraibano
Augusto dos Anjos, morto há 110 anos.
Poeta de difícil catalogação, até hoje,
pode-se dizer que seu interesse pela
natureza (o termo tem várias acepções
em sua obra) como, por exemplo,
nestes versos de “Tristezas de um
quarto minguante”: Pelos respiratórios
tênues tubos/ Dos poros vegetais, no
ato da entrega/ Do mato verde, a terra
resfolega/ Estrumada, feliz, cheia de
adubos.
“A árvore da Serra” é um dos seus
sonetos mais conhecidos.
Um poema “ecológico”, escrito
em um tempo onde ainda
não se falava de ecologia.
Bem a calhar nos lembrarmos
dele diante deste ensaio de
Girleide Germana.
a árvore
da serra
— As arvores, meu filho, não têm alma!
E esta arvore me serve de empecilho.
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
— Meu pai, porque sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho.
Esta arvore, meu pai, possui minh’alma!
— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
“Não mate a arvore, pai, para que eu viva!”
E quando a arvore, olhando a patria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
do livro Eu de Augusto dos Anjos (1884-1914),
publicado em 1912
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tecnologia
1. Pescadores (Praia de Itamaracá-
Pernambuco).Goma Bicromatada,
Papel Canson A5, 200g
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atomizados
pela
tecnologia
e a violência *
José Arthur Nóbrega de Pontes
A partir da obra da Anna Atikins, fazemos uma releitura
de sua obra com uma reflexão sobre como as novas
tecnologias utilizadas na fotografia do século 21 ,
são um reflexo de uma sociedade assustada e neoliberal.
A partir disso, mostramos como a cianotipia
pode ser uma prática fotográfica para registrar
a Região Metropolitana do Recife.
O ensaio serve como um manifesto contra o individualismo
moderno e a precarização dos espaços públicos da cidade
do Recife e sua região metropolitana
ao mesmo tempo que registramos a fauna,
a flora e os espaços públicos da cidade.
Palavras-Chave: Cianotipia, Anna Atkins, Neoliberalismo, Flora,
Região Metropolitana do Recife, Goma Bicromatada.
Título original:
A fotografia na Região Metropolitana do Recife.
O indivíduo do século 21 atomizado pelos processos tecnológicos e pela violência.
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INTRODUÇÃO
No século 19, a bióloga inglesa
Anna Atkins construiu seu
ensaio Photographs of British
Algae (Atkins, 1843) e criou
pela primeira vez um livro
que continha um processo
fotográfico. Neste livro ela
representa a flora marinha
da região onde morava,
mimetizando as algas através da
cianotipia. A técnica no século
19 também foi amplamente
utilizada em processos de
reprodutibilidade das artes e
cópias de documentos, desde
blueprints na arquitetura, design
de objetos, biologia, engenharia
naval entre outros. O pigmento
azul Prússia feito através da
união de ferricianeto de potássio
e citrato de ferro quando exposto
à radiação UV mimetiza o objeto
a ser revelado, trazendo a
fotografia ou fotograma através
de um processo que pode ser
feito em casa com poucos
equipamentos.
O INDIVÍDUO NEOLIBERAL
ATOMIZADO NA FOTOGRAFIA
No século 21, vivemos um processo
automatizado da fotografia;
celulares, câmeras digitais e
inteligência artificial colocam a
fotografia nas mãos do sujeito
atomizado que perde o contato com
as ruas e o coletivo. A produção
fotográfica lentamente fica cada
vez mais resumida e automática,
deixando o fotógrafo numa posição
onde ele perde a chance de viver
a construção da fotografia, a
cidade, a natureza e os meios que
envolvem a produção fotográfica.
A insegurança pública e a violência
na região metropolitana tornaram o
Recife e suas ruas um lugar hostil
para a fotografia. Muitas vezes
deixamos de registrar a cidade por
conta do medo, seja pelo receio
de ser assaltado e/ou apenas por
um imagético popular onde a
rua é um lugar onde não se deve
estar, e muito menos estar com
equipamentos fotográficos.
“…a racionalidade neoliberal esvazia
o lugar da cidadania , atomizando a
consciência política do sujeito que passa
a se reduzir à esfera privada. Essa
conformação do sujeito neoliberal constitui
uma peça-chave para compreender de
que maneira o neoliberalismo pode ser
tomado como uma máquina de produção de
precariedade” (Alves, 2020)
A violência registrada pela
fotografia dos grandes veículos de
comunicação alimenta ainda mais
o imagético coletivo de que não
devemos estar nas ruas. Termina
assim calando a fotografia produzida
por aqueles que não são detentores
dos meios de produção ou grandes
canais de comunicação, deixando
assim a narrativa fotográfica nas
mãos da publicidade ou grandes
jornais e TVs. Desta forma, nas
redes sociais, TVs e celulares temos
uma invasão de marcas, locais e
elementos que representam a cidade
em locais privados, deixando as
ruas, praças e espaços públicos
marginalizados no imagético popular,
contribuindo ainda mais para que
os significados das fotografias
produzidas sejam meramente
comerciais ou em ambientes fechados
e particulares, retratando a família,
comidas e eventos privados. O
celular, a inteligência artificial e os
aplicativos trazem para o indivíduo
atomizado pelo neoliberalismo a
precarização do lazer e da interação
com o coletivo, afastando as
pessoas dos locais públicos, praças,
transportes coletivos, natureza
e de toda e qualquer vivência do
Terceiro Lugar. Entendemos aqui
o Terceiro Lugar todo e qualquer
lugar de interação que não sejam
locais de trabalho privado ou nossa
própria casa, locais onde podemos
ter relações sociais com pessoas que
não sejam diretamente relacionadas a
nossa vida pessoal.
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2. Pata de Vaca- Bauhinia forficata
(Piedade, Jaboatão dos Guararapes
- PE). Cianotipia, Papel A4, 60g
31
3. Jasmin - Jasminum grandiflorum
(Casa Amarela, Recife-
Pernambuco). Cianotipia, Papel
Canson A5, 200g
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O TERCEIRO LUGAR COMO
ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA
“o terceiro lugar é coração
da vitalidade social de uma
comunidade” (Oldenburg, 1989).
É como se vivêssemos a revolução
do indivíduo. As pessoas parecem
não querer mais interagir, formar
grupos, partidos, dialogar, viver a
cidade em seu coletivo. A ideologia
do Self Made Man toma conta da
fotografia, atomizando o ser humano,
fragmentando o coletivo, trazendo
a fotografia para uma negação da
cidade, de todo e qualquer interação
que possa gerar algo coletivo, feito
nas ruas, nas praças, bosques e locais
públicos na cidade.
Proponho com este ensaio não só
uma releitura da obra da Anna
Atkins utilizando a flora e a fauna
e os espaços públicos da RMR, mas
também uma proposta para que o
morador da Região Metropolitana do
Recife saia à rua e registre a cidade.
Aqui temos um registro de plantas,
insetos, lugares e pessoas feito no
Recife e na região metropolitana
em diversos terrenos baldios,
praças, canteiros, parques e outros
interstícios na cidade.
Agora, mais de 100 anos após os
primeiros ensaios da Anna Atkins
o processo fotográfico mudou e se
automatizou. O retorno ao passado
que proponho aqui faz com que o
indivíduo do século XXI atomizado
pelos processos tecnológicos e pelo
neoliberalismo econômico encontre
“O espaço público no Brasil se
consolida não como espaço de encontro,
da convivência social, como lugar
privilegiado para o exercício da
cidadania, para a prática do respeito a
um outro discurso mas, sim, como mero
espaço de circulação. ”(Leitão, P; 108)
nas ruas de sua cidade a natureza e
o coletivo. Esta natureza e paisagens
que encontrei nestes locais,
alterados ou não pelo ser humano,
podem me colocar num processo de
descobrimento da cidade onde moro
e de seus moradores, da vegetação e
das ruas da capital pernambucana.
CONCLUSÕES FINAIS
Para criar estas fotografias ou
fotogramas, como gosto de chamar
(visto que em alguns registros não
há uma câmera fotográfica para a
execução), é necessário caminhar
pela cidade, por seus terrenos, por
seus bairros, cruzar com moradores
de diversas regiões. Ação que nos
leva a vivência de um Terceiro Lugar
fora da nossa vida social, onde para
recolher essa vegetação e imagens
foi preciso caminhar pela cidade,
relacionarse com pessoas de diferentes
classes sociais, diferentes bairros,
moradores de ruas, comerciantes,
populares, pedestres, garis, todo tipo
de diversidade social, todo tipo de
locais não privados, colocando a rua e
sua natureza como um Terceiro lugar
de convivência social.
O processo de fotografia alternativo
nos dá a oportunidade de não só
registrar a flora e a fauna de onde
moramos como fez a Anna Atkins,
mas de viver a cidade como um
local coletivo, de descoberta e
de trocas. Há nas fotografias do
ensaio um aspecto urbano, mesmo
aos registros da natureza, criamos
um vínculo entre os indivíduos e o
espaço público com a vegetação da
RMR, despertando um olhar sobre a
A botânica e fotógrafa inglesa Anna Atkins
(1799-1871) teve acesso a uma câmara
fotogrática em 1841
cidade e o coletivo não com medo da
violência, mas com empatia e prazer
de caminhar de fazer uma fotografia
que seja ao mesmo tempo urbana e
coletiva. As ruas da RMR, que para
a maioria das pessoas faz parte de
um imagético violento e de abandono,
é colocada por este ensaio como
um local de abundância de espécies
de plantas, animais e pessoas.
A interação entre indivíduos,
caminhadas longas e observações de
cada fenda, cada terreno, cada vaso
de plantas para possamos encontrar
objetos para criar estas imagens,
servem como um convite para que
as pessoas ocupem a cidade, saiam
às ruas, saiam de seus núcleos
atomizados, isolados e participem de
um Terceiro Lugar fora das bolhas
sociais da internet, sem nenhuma
automatização. O uso de uma técnica
passada para fazer uma experiência
no presente.
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4. Capela de São Benedito (Praia de
Carneiros, Ipojuca - Pernambuco).Goma
Bicromatada, Papel Canson A5, 200g
5. Palmeira- Areca Bambu (Boa
Viagem, Recife - Pernambuco).
Cianotipia, Papel A4, 60g
35
6. Borboleta - Heliconia Ninfalídeos
(Praia de Tamandaré, PE).
Goma Bicromatada (CMY),
Canson A5, 200g
BIBLIOGRAFIA
ATKINS, Anna. Photographs of
British Algae. Londres: 1843.
ALVES, Souza. Libertas: Revista
de Pesquisa em Direito, Ouro
Preto, v. 07, n. 01, e-202101,
jan./jun. 2021 | Página 20 de 23
OLDEBURG, Ray. The Great Good
Place. EUA: 1989.
LEITÃO, Lúcia. Quando o
Ambiente é Hostil, Recife, 2014,
UFPE | Página 108. ISBN 978-
85-415-0508-6
7. Hibisco - Hibiscus rosa-sinensis
(Parnamirim, Recife- Pernambuco).
Cianotipia, Papel Canson A5, 200g
FICHA TÉCNICA
Imagens 1,4,6 - Goma
Bicromatada (CMY). Pigmentos
de Aquarela e Papel Canson.
Câmera 77D, lente Sigma 70-
300mm.
Imagens 2, 3, 5, 7, - Cianotipia
(Fotogramas sem utilização de
câmeras fotográficas)
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ensaio
caríssima
miss biffin
Renata Victor & Mário de Andrade
O nome verdadeiro do Aleijadinho era Antônio Francisco Lisboa
(1738-1814), morto, portanto, há 210 anos.
Era filho do arquiteto Manoel Francisco Lisboa, com uma escrava.
Aleijadinho viveu sob os hálitos das ideias liberais que se propagavam em
Minas Gerais no século 18 e que terminaram por dar o tom à Inconfidência.
Em 1777, aos 39 anos de idade, Aleijadinho foi vitimado por uma severa
doença: sífilis, framboesia trópica, reumatismo ou lepra (como sugere o
poema de Cecília Meireles, “mãos de gangrena e lepra”), o certo é a que
doença comprometeu e deformou todo seu corpo, irreversivelmente.
Sua principal obra é o conjunto de esculturas em pedra-sabão, representado
os doze profetas do Antigo Testamento.
Esculpidas entre 1800 e 1805, estão localizadas no adro do Santuário do
Bom Jesus de Matosinhos, no município de Congonhas, em Minas Gerais.
Neste ensaio, Renata Victor foi ao santuário e fotografou os Doze Profetas
e trouxe um belíssimo ensaio. Parte dele você vê agora, ineditamente, na
Unicaphoto. Para a fotógrafa, “é importante recuperar a importância desse
gênio brasileiro tanto para a religiosidade popular, brasileira, quanto para
a arte nacional, do Barroco brasileiro. Sua obra não pode ser esquecida.”
É também o que pensava e questionava o poeta Mário de Andrade
(1893-1945), ainda em 1930, quando criticava o esquecimento dirigido
à obra do grande Aleijadinho: “O que os brasileiros sabem é que teve
um homem bimaneta neste país que amarrava o camartelo nos cotos dos
braços e esculpia assim. E isso os impressiona tanto que contam pros
companheiros e estes pros seus companheiros, miss Biffin”.
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O profeta Amós
O profeta Daniel
O profeta Jonas
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o aleijadinho
Agora que já passou, pode-se dizer,
praticamente despercebido o centenário de
José Maurício Nunes Garcia, temos que
nos preparar com carinho pra que passe
também despercebido o outro nosso grande
centenário deste ano: o do Aleijadinho. A
29 de agosto próximo fazem dois séculos
que Antonio Francisco Lisboa nasceu.
A minha convicção é que o grande arquiteto
mineiro foi o maior gênio artístico que o
Brasil produziu até hoje. Mas por muitas
fatalidades e muita incúria o nome dele
permanece vago na consciência nacional dos
brasileiros.
A maior fatalidade que impediu a fixação da
grandeza dele em nós, foi não termos tido
nenhum estrangeiro que nos viesse ensinar
que o Aleijadinho era grande. Nós só nos
compreendemos quando os estranhos nos
aceitam. Exemplos típicos: Carlos Gomes e
Villa-Lobos. Brecheret também.
Mas a incompreensão dos viajantes
europeus pelo Aleijadinho é mais ou
menos explicável. Vinham todos duma
cultura ainda renascente ou por demais
sentimentalmente e açodadamente
romântica para compreenderem esse bruto
de primitivo. Assim Rugendas, assim Spi
e Martius e assim principalmente Saint-
Hilaire.
Já o capitão Burton, cuja universalidade
de espírito é admirável, e cuja perfeição
de observações mereceu elogios de Tyler,
sente-se que ficou muito preocupado com
Antonio Francisco Lisboa, embora não o
tivesse compreendido minimamente. E dá
algumas ratas de bom tamanho. Assim
quando conta que o Aleijadinho trabalhava
sem ter mãos, ajustando os utensílios com
cotos de braços, comenta desastradamente:
“mas o caso do Aleijadinho não é o único
de atividades surpreendentes nos aleijados,
basta lembrar o caso recente de miss
43
O profetaJeremias
44
‘Biffin’. O caso do Aleijadinho se
torna, pois, pra Burton, o de muitos
outros. Lembrem miss Biffin, gente!
Noutra página (The Higlands
of the Brazil, II, 122) chega a
descrever com certa pormenorização
o admirável São Francisco,
de S. João d’El Rei. Crítica
razoavelmente as defeituosas
cúpulas das torres e específico o
processo, quase sistemático na
arquitetura de Antonio Francisco,
de torres em quadrados curvilíneos
(“This may be called the roundsquare
tower style”...), achando
que só se recomenda porém pela
excentricidade. E, preocupado com
as belezas arquitetônicas do Velho
Mundo, não te um uma palavra de
elogio pra obra-prima, antes conclui
conselheiral, que os povos jovens
da mesma forma que a rapaziada,
precisam saber que a genialidade
principia pela imitação e só depois
cria por si e que quando a criação
precede precocemente a imitação,
no geral os resultados são
desgraciosos, sem gosto e grotescos.
O conselho não é ruim, como se vê,
porém a verdade é que o Aleijadinho
estava imitando! E se genializava
o imitado, culpa não era dele de
possuir a violência de temperamento,
a grandeza divinatória que
nacionalizava sem querer, nem,
como escultor, o senso da escultura
como poucos ou a intuição da
expressão expressionística dum
imaginário espanhol ou dum
pós-gótico alemão.
Burton ainda se refere várias vezes
ao Aleijadinho. Acha “handsome”
o exterior da D. Francisco, de
Ouro Preto e sem nenhum elogio
se refere às obras de talhe da
Carmo, de S. João d’El Rei, apenas
acompanhando o nome de Antonio
Francisco Lisboa com o epíteto
de “infatigável”. Os Passos, de
Congonhas, meio que o horrorizam,
chama-lhes “caricaturas”.
Mas, sem perceber o elogio
expressionista que fazia, reconhece
que embora grotescas e vis, essas
esculturas serviam pra “fixar
firmemente os assuntos no espírito
da gente do povo”.
Quem talvez melhor percebeu
o valor do Aleijadinho creio que foi
Von Veech no segundo escrito que
publicou sobre o Brasil, a relação
da viagem. É verdade que passando
em Ouro Preto elogia as fontes da
cidade, distingue uma igreja sem
janelas (?), e do Aleijadinho e suas
igrejas nem pio. Mas diante dos
profetas da escadaria de Congonhas,
aos quais, por natural confusão
protestante, chama de “apóstolos”,
percebe o homem... “As estátuas dos
doze apóstolos em tamanho natural
e pedra-sabão, foram esculpidas por
um homem sem mãos; embora não
sejam obras-primas, os trabalhos
deste curioso artista, completamente
autodidata, trazem o cunho dum
talento insígne (“Reise über England
und Portugal nach Brasilien und
den vereinigten Staaten des La
Plata-Stromes”, II, 191). Mas
o livro de von Veech, por sinal
deliciosíssimo, é pouco lido por nós...
O Aleijadinho não teve o estrangeiro
que lhe desse gênio e as vozes
brasileiras não fazem milagres em
nossa casa. Não está situado,
as obras deles não estão catalogadas,
não há um livro sobre ele, pouco se
sabe sobre a vida dele e quase todos
lhe ignoram as obras.
O que os brasileiros sabem é que
teve um homem bimaneta neste país
que amarrava o camartelo nos cotos
dos braços e esculpia assim. E isso
os impressiona tanto que contam
pros companheiros e estes pros seus
companheiros, miss Biffin.
MÁRIO DE ANDRADE
Publicado no Diário Nacional, São Paulo,
30 de maio de 1930
45
46
Os profetas
Naum e Oséas
“Sinos, procissões, promessas.
Anjos e santos nascendo
em mãos de gangrena e lepra
Finas músicas broslando
as alfaias das capelas.
Todos os sonhos barrocos
deslizando em pedra. [...]”
Cecília Meireles
Romance XXI ou das Ideias. In:. Romanceiro da Inconfidência.
47
O profeta Baruque
48
O Santuário de Bom Jesus de Matosinho, na cidade de Congonhas, em Minas Gerais
49
50
Os profetas Habacuque
e Naum
os profetas
As esculturas dos profetas de Congonhas,
obra-prima do renomado artista
Aleijadinho, são reverenciadas por sua
beleza e importância histórica. Essas obras,
localizadas na entrada do santuário, são uma
expressão da genialidade artística do mestre
e da devoção do povo mineiro.
Isaías, o primeiro profeta na série, é
retratado com sua figura imponente,
segurando um pergaminho que simboliza
suas visões divinas. Apesar de algumas
imperfeições, a escultura transmite a
essência da mensagem profética e a força de
sua visão espiritual.
Jeremias, posicionado ao lado de Isaías, tem
características marcantes, longos bigodes e
barba frisada. Sua postura grave, com uma
pena na mão, sugerem sua missão como
mensageiro de Deus.
Ezequiel, conhecido como o “profeta do
exílio”, está em uma posição central entre
os profetas. Sua figura, apesar de similar à
de Jeremias, transmite grande intensidade.
É uma das figiras mais expressivas do
conjunto.
Daniel, instalado no terraço do adro, é
uma figura bem marcada, que personifica a
coragem e a fé.
Sua estátua monolítica reflete
a força desse profeta.
Oséias, posicionado sobre o pedestal, tem
postura serena e pode-se notar sua postura
abosolutamente comtemplativa.
Baruque, embora não seja um dos profetas
principais, recebe destaque no conjunto
escultóricio. É uma figira jovem e imberbe e,
nisso, contrasta com os demais profetas.
Joel, Abdias, Amós, Jonas, Habacuque
e Naum completam a série, cada um com
sua própria individualidade e importância.
Suas estátuas, cuidadosamente posicionadas
no adro, transmitem, principalmente
a importância de suas mensagens e a
intensidade de suas experiências espirituais.
Essas esculturas, além de obras de arte
excepcionais, são também símbolos da fé e
da devoção do povo brasileiro, da história e
cultura do país. [R.V.]
51
52
O profeta
Joel
53
54
O profeta
Isaías
55
No primeiro plano, o Baruque
O profeta Ezequiel
56
O profeta Abdias
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59
resenha
DIVULGAÇÃO/LIVRARIA MANDADARINA
políticas
da imagem
Julianna Nascimento Torezani
Através das ideias da pesquisadora,
professora e artista Giselle
Beiguelman mergulhamos na
discussão sobre fotografia, cinema
e arte atravessada pelas questões
sobre poder, visibilidade e tecnologia
a partir do livro Políticas da
Imagem: vigilância e resistência
da dadosfera, publicado pela
Ubu Editora, em 2021. A obra
aponta uma série de trabalhos
artísticos (entre filmes, fotografias
e exposições plásticas) e tem rico
referencial teórico entre autores
clássicos e contemporâneos,
importantes e necessários para
entender a produção imagética atual,
imbricada por questões estéticas
e políticas.No primeiro ensaio
intitulado Olhar além dos olhos,
Beiguelman discute que partindo
da sociedade disciplinar, em que o
corpo ficava confinado em espaços
60
DIVULGAÇÃO/ACERVO PESSOAL GB
específicos, há uma nova concepção
de corpo em função dos novos
dispositivos ligados a conexão em
rede, plataformização e vigilância.
O corpo, como elemento político,
atravessa a esfera da estética para
ser estudado, digitalizado e analisado
a cada instante pelos novos aparatos
de controle, sobretudo imagéticos,
em que “as imagens digitais são,
sobretudo, mapas informacionais que
contêm uma série de camadas, o que
permite que sejam relacionadas entre
si e com outras mídias, a partir de
atributos matemáticos” (beiguelman,
2021, p. 18). Estamos diante de um
novo estatuto da imagem, em que
captura das imagens alinhada com
tecnologias de inteligência artificial
fazem a coleta e análise de dados da
superexposição das pessoas com o
objetivo de mapear o comportamento
e as escolhas para obter poder
Políticas da Imagem:
vigilância e resistência da
dadosfera”, oferece uma
análise perspicaz sobre a
interseção entre imagem,
vigilância e resistência na era
digital. Beiguelman desvela as
complexidades e os perigos
da dadosfera, lançando luz
sobre como nossas imagens
digitais são constantemente
monitoradas e exploradas.
Com uma abordagem crítica e
perspicaz, Beiguelman oferece
insights valiosos sobre como
podemos resistir aos sistemas
de vigilância e proteger nossa
autonomia na dadosfera.
através dos novos aspectos de
sociabilidade.
No ensaio sobre a Dadosfera,
Beiguelman (2021, p. 49) acentua
a questão do mapeamento e afirma
que “somos rastreáveis pelo que
compartilhamos”, ou seja, através
de nossas publicações nas redes
sociais somos vigiados o que permite
a mineração dos dados que faz com
que empresas públicas e privadas
criem estratégias de comunicação
personalizadas com a finalidade
de venda de produtos e serviços,
além de elementos de persuasão
em função de ideias, ideologias e,
sobretudo, indicação de votos (haja
vista o que já ocorreu em eleições
norte americanas e brasileiras),
em que “os grandes olhos que nos
monitoram veem pelos nossos olhos.
É isso que diferencia a vigilância
atual do sistema panóptico”
(beiguelman, 2021, p. 63). Somos
“seduzidos” a compartilhar nossa
vida para fazer parte da rede, para
vermos e sermos vistos.
Em Ágora Distribuída, é revisto
o conceito de ágora como espaço
de discussão política para uma boa
administração do espaço. As novas
ágoras não se limitam ao espaço
físico das cidades, uma vez que
temos termos como realidade virtual,
realidade aumentada e realidade
expandida, que demonstram a
interconexão entre o espaço físico
e o ciberespaço, como exemplo as
leituras diferenciadas que vão além
do código de barra e da biometria,
chegando a etiquetas RFID e QR-
Codes (amplamente utilizados).
Tendo em vista que “toda imagem
digital é potencialmente não
humana, carregando uma série de
camadas e informações que são
legíveis apenas por máquinas. E é
esse reduto inalcançável aos olhos
e à linguagem humana que dá à
visão computacional o poder de
interferir no cotidiano, determinando
o acesso a lugares, por meio de
reconhecimento facial ou mapas de
calor, na obtenção de um emprego,
por meio de leitura da íris, e na
prevenção da probabilidade de um
delito, através do sensoriamento
dos seus movimentos e informações
dispersas em incontáveis bancos de
dados” (beiguelman, 2021, p. 97-
98). Nesse sentido, ações bancárias,
compras, entrada em lugares,
acesso a cardápios são feitas através
de códigos rápidos, e de outro
modo, até os conflitos são travados
para além dos territórios físicos,
remodelando a nova geopolítica do
mundo globalizado.
Para tratar sobre datacolonialismo,
o ensaio Eugenia Maquínica indica
que é possível que a seleção de
seres humanos ocorra através das
máquinas pelas instruções que
são dadas a estas, o que também
faz ocorrer situações de racismo
e misoginia. Beiguelman (2021,
61
“A partir dessa profunda
reflexão sobre a sociedade
contemporânea, Beiguelman
nos faz pensar e discutir
acerca da sociabilidade,
da tecnologia e da cultura
atuais, abrindo um campo
de olhar a fotografia não
apenas como elemento
de registro do cotidiano e
momentos especiais, mas
como instrumento de poder e
controle, que permite ampla
vigilância do comportamento
das pessoas.
p. 125) alerta que o racismo
algorítmico ocorre “porque o
universo de dado que construiu
reflete a presença do racismo
estrutural da indústria e da
sociedade às quais pertence e que
o expandem em novas direções”.
Neste sentido, surgem novas formas
de exploração do trabalho e de
preconceito que atende a interesses
econômicos e políticos na relação
da exploração racial-colonial ainda
existente. Importante salientar
que, nesta perspectiva, as imagens
digitais não apenas registram e
apresentam os referentes com a
devida iluminação, mas carregam
metadados, que contém informações
como geolocalização, tipo de
equipamento, local, data e técnica
fotográfica, o que faz com que exista
uma imagem expandida acerca de
dados na captura das cenas.
Memória Botox trata sobre a cultura
das redes que possibilita registrar
o cotidiano desenfreadamente,
gerando um volume de dados imenso
que serve a diversos usos com
intencionalidades várias (sobretudo
capitalistas, pois quase tudo está
à venda), mas que ao mesmo
tempo não consolida um arquivo
para estudos históricos. Esse big
data é fortemente alimentado
por registros que estão além da
captura do momento, pois após os
dispositivos absorverem luz, há uma
grande quantidade de aplicativos
para retocar, modificar, alterar,
realçar e “embelezar” as imagens.
Tudo isso com a finalidade de
obter informações para refinar os
algoritmos. Beiguelman (2021, p.
145) afirma que “o processamento
das imagens, em todos, é feito por
técnicas de deep learning por meio
de redes neurais, transferindo
estilos e comportamentos para as
imagens. Para tanto, dezenas de
milhares de imagens são usadas
para treinar os algoritmos que dão
cor, movimento e profundidade às
fotos e vídeos que inserimos em seus
servidores”. Dados esses que servem
para impulsionar o consumo e a
remixagem dos produtos culturais,
entre outros.
No último ensaio, Políticas do ponto
br ao ponto net, a questão da era do
Antropoceno é tratada através da
pandemia causada pela covid-19, que
causou uma crise política-econômicacultural
global gerando imagens
impactantes como hospitais lotados,
covas coletivas em cemitérios,
descarte de máscara inadequado,
abrindo um novo parâmetro de
visualidade com elementos de
biocontrole do corpo, que precisou
ficar confinado e vigiado. Políticos
se aproveitaram do momento de
diversas formas, inclusive com a
construção e remodelação de sua
imagem, tanto de forma positiva
(pedindo que a população se proteja)
quanto negativa (como atitudes
de necropolítica e descaso com a
população). “Internacionalmente
conhecido como um centro produtor
e irradiador de memes, o Brasil
tornou-se, com o coronavírus, não
apenas símbolo da pior política
de gestão da pandemia, mas uma
verdadeira Memeflix” (beiguelman,
2021, p. 184).
A partir dessa profunda reflexão
sobre a sociedade contemporânea,
Beiguelman nos faz pensar e discutir
acerca da sociabilidade, da tecnologia
e da cultura atuais, abrindo um campo
de olhar a fotografia não apenas como
elemento de registro do cotidiano
e momentos especiais, mas como
instrumento de poder e controle,
que permite ampla vigilância do
comportamento das pessoas. A obra
é um alerta de que os mecanismos de
inteligência artificial e plataformização
possibilitam ser utilizados para
diversos fins, portanto devem servir
para o progresso da sociedade de
forma coletiva, não como espaço de
racismo, misoginia e preconceito,
assim os usuários das redes sociais
devem observar com atenção os
conteúdos que aparece em seus perfis,
sobretudo publicitários, e serem
críticos e céticos diante dos fatos.
62
work in progress
entalhes
líquidos
um ensaio em andamento
Kari Galvão
63
“Entalhes Fluidos” nasceu em
2021, a partir da observação
de detalhes de rochas durante
trilhas feitas por áreas próximas
ao sertão. Por ser de uma cidade
atravessada por rios e contornada
pelo mar como Recife, sempre tive
forte ligação com as águas e seus
movimentos.
Durante as andanças, foi
recorrente notar a presença da
água entalhada nas rochas pelos
formões do tempo e foi como um
despertar de fascínio pelas formas
e texturas ali marcadas.
Utilizo como suporte para
registros das imagens a fotografia
analógica e digital (câmera e
celular), como forma de somar a
esses paralelos das águas: dois
extremos divididos pela evolução
do tempo que os separam, mas se
interligam pelo mesmo fim – o de
marcar memórias.[K.G.]
Para as imagens feitas em câmera
analógica, foram usados os filmes Kodak
Ultramax 400 (vencido) e Kodak Pro
Image 100@400 (vencido), ambos
revelados e digitalizados pelo Lab:Lab
Analógico, em Curitiba, PR.
64
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70
poema visual
daqui do
capibaribe
Izabele Margarida de Oliveira Brito
Talvez como o “Poema em linha
reta”, de Álvaro de Campos:
“Toda a gente que eu conheço
e que fala comigo/ Nunca teve
um ato ridículo, nunca sofreu
enxovalho,/ Nunca foi senão
príncipe - todos eles príncipes -
na vida...”, ou melhor, bem melhor,
este poema visual de Izabele,
tríptico, oferece outra reta, outra
linha, desses pássaros,
o contrário dos príncipes,
ou reis ribeirinhos do cais do
Capibaribe, de Cabral, do Recife,
esses seres como rosas-riosrosários,
“cujas contas fossem
vilas,/ de que a estrada fosse
a linha”, ainda buscando a voz
do maior poeta brasileiro,
segue, portanto, reta,
retilínea,
a linha,
a linha...
71
Pensei que seguindo o rio/ eu jamais me perderia:/ ele é o caminho mais certo,/ de todos o melhor guia./ Mas como segui-lo agora que interrompeu a descida?/
72
Vejo que o Capibaribe,/ como os rios lá de cima,/ é tão pobre que nem sempre/ pode cumprir sua sina/ e no verão também corta,/ com pernas que não caminham./
os versos desta página e deste ensaio são de “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo.
73
entrevista
DIVULGAÇÃO/GUI LODT
74
etc
e caos
Caos é o segundo e terceiro nomes dessas
fotógrafas e um pouco o método de edição
desta entrevista. Eu, Sidney Rocha,
entrevistei as artistas visuais Thalyta
Tavares (Ignus), 26, e Juliana Amara, ou
simplesmente Amara, 23, para
a Unicaphoto. Uma conversa por email,
por mensagens de aplicativos, por telepatia.
A ideia era buscar entender mais sobre
como a fotografia contemporânea,
no Recife, ajuda a entender ou decifrar mais
os movimentos sociais, culturais, a dança,
o audiovisual, a música, longe dos grandes
meios e dos altos palcos e palanques.
A cidade do manguebeat, dos anos 90, hoje
vive uma realidade ainda mais híbrida.
E brutal. A herança da diversidade cultural
que alcançou mais a música, naquelas eras,
hoje tem novas feições.
Sobretudo femininas.
A presença de coletivos, de ocupações, se
multiplica na periferia e se espalha por
outras formas de se fazer cultura.
Os hábitos culturais mudaram nesta Recife
dos anos 2024?
É cedo para falar, mas uma coisa se nota
desde já. Não se trata somente do refrão:
“Da lama ao caos, do caos à lama”,
mas do caos à lama do caos.
E nisso se insere a novíssima produção
da notícia, nos rolês; da fotografia,
nos “corres” da galera-videomaker, do
audiovisual, do “conteúdo”.
O Recife caótico, onde o velho centro da
cidade é mais periférico que as beiradas.
“Continua tudo misturado, Josué [de
Castro]”, diria uma imaginária canção do
novíssimo caos, na manguetown às bordas
do Capibaribe.
75
76
77
Ocupar. Resisitr.
“Um dia tudo isso será seu”.
O que vê que olha para
a cidade em seu longo
entardecer.
Para as artistas visuais Talyta e
Juliana Amara, ao modo do poeta
Carlos Pena, o Recife vai marchando,
o bairro de santo Antonio tanto se
transformando que, agora, às cinco da
tarde, mais se assemelha a um festim,
e portanto, o refrão tem sido assim:
reinterpretar o caos, esse caos social.
E pessoal.
“Meu propósito é dar sentido a minha
vida utilizando a fotografia. É poder
atravessar pensamentos criando
signos através das minhas produções.
Nunca é algo vazio, sempre há um
propósito. Minha dívida mental é
fomentar a arte, levantar artistas
que não têm condições e precisam ser
expostos”. diz Talita, cujo interesse é
“ressignificar o entendimento de que
o audiovisual precisa ser creditado,
valorizado e, acima de tudo,
respeitado”.
Essa ideia de respeito parece ser o
centro do trabalho das duas, como diz
Amara na conversa pelo aplicativo:
“Nisso somos iguais, eu e Ignus.
Uso a fotografia e o audiovisual
para viabilizar o trabalho de outros
artistas que não possuem acesso,
que estão em construção, que
estão em um contexto social mais
‘fragilizado’, artistas mulheres,
pessoas negras, lgbts”.
Esse é o ponto forte que podemos ver
no trabalho das fotógrafas formadas
pela Universidade Católica de
Pernambuco:
78
Outros carnavais.
Na página anteior, o carnaval
no Marco Zero, por Ignus.
Aqui, O olhar para os
detalhes, em carnaval
no subúrbio do Recife,
por Juliana Amara.
“Isso parte muito também da nossa
vivência, falando por mim que sou
uma mulher negra lgbt de periferia,
que nunca teve acesso à tecnologia,
que sempre fiz tudo a partir de muita
gambiarra e rede de apoio”,
falou ou digitou ou pensou ou
acendeu Amara.
Não se trata, portanto, de
autorreferência, mas de buscar
espaços, pensava eu aqui, enquanto
Ignus acendia outro e ascendia: “Hoje
eu entendo que estou conseguindo
alcançar vários espaços, e sinto
que minha experiência pode ser
compartilhada, para que pessoas que
são do mesmo meio que eu, possam
também acessar esses lugares e de
uma forma mais fácil.”
Juntas, elas se denominam “as
articuladas”. “Buscamos por artistas e
coletivos que precisam da nossa ajuda
com audiovisual”, respondem quase
em tom messiânico.
“E como acontece isso?”, me
pergunto, mas Ignus responde pelo
método preferido das duas: a telepatia:
“A gente vai lá, fortalece, enaltece, faz
fotos, vídeos, conteúdo. Além disso,
a gente também participa, juntas, do
‘Falas da Cena’.
O projeto foi criado por Ignus e tem o
objetivo de dar visibilidade a artistas
periféricos.
Em duas horas de conversa, troca de
mensagens, psicografias, a palavra
periferia aparece o tempo todo. Então
foi necessário saber de que lugar as
artistas estacam falando: de fora ou
de dentro dessa periferia. O tema se
estende, porque, na real, o Recife
todo é periferia, o Brasil é periférico.
Então, photomanguegirls, vocês se
consideram “fotógrafas periféricas”?
Neste momento, a gente se transfere
para o palco de um teatro aonde as
falas se misturam:
ignus
Não me considero periférica. Nasci
em Sertânia. Vim para Paulista.
Morei no Janga.
“Se isso não for ser periférica, não sei
o que é”, digo eu.
ignus continua
Entenda. Sempre tive muitos
privilégios, na educação, com boas
escolas e com cursos particulares. Uso
disso para devolver para o universo,
utilizo dos meus equipamentos para
fortalecer artistas periféricos que não
tiveram o mesmo acesso. Acredito que
essa é minha forma de contribuir e
devolver o que tive de facilidades.
amara
Quanto a mim, sou sim, periférica.
Cresci na periferia, sempre morei na
periferia, e meu objetivo principal é
fazer registro do meu meio. Embora
tudo seja discurso e imagem, sendo
desse contexto eu percebo que não
chega para todos, a partir que o
tempo vai passando, que câmeras
novas vão surgindo, boa parte da
população só tem acesso a uma
câmera de celular, que embora faça
sim muita coisa, a qualidade de
entrega é diferente, não podemos
comparar um vídeo de celular ou de
um equipamento mais inferior com
uma puta câmera de 20 mil reais e
todo o resto.
O que eu e Ignus fazemos, é
utilizar do nosso acesso e falo de
conhecimento, pois em equipamento
temos o básico, na real mesmo eu
mesma nem câmera tenho, e com
muito mais muito esforço, tentar
fazer algo melhor para a galera,
mostrar que essa pessoa é digna de
um bom registro, falando que hoje
em dia a imagem é muito
valorizada para artistas elevarem
suas carreiras.
ignus (complementando)
Como já estamos saturadas das
mesmas visões do centro [da cidade],
entendo que posso criar outros
diálogos com o que temos
na cidade. Fotografar por outras
perspectivas, procurar coisas
que ninguém olha, captar o sujo
e a energia caótica da cidade me
alimenta, o centro me ocupa.
79
80
Gosto da ideia de visões distintas,
menos engessadas, das fotógrafas.
Olho aqui as fotografias das
moças para essa edição e se nota
claramente que são visões diferentes,
dentro de uma ideia mais ou menos
consensuadas.
Em breve Amara e Ignus estarão
expondo, em projeto da designer
Nathalia Amorim. O projeto
participa de editais e hoje, dia
desta entrevista, 22 de março, o
trabalho de conclusão de Nathalia
acaba se ser aprovado com nota
10, com louvor, pelo Centro de
Artes da Universidade Federal
de Pernambuco, com indicação a
participar de prêmios e congressos
de design colaborativo. A exposição,
claro, se chama “Caos”.
ignus
Sim, nós entramos em consenso
sobre o “Caos”, pois é algo que
vivemos em nossas vidas enquanto
fotógrafas, é o que nos chama
atenção.
amara
O caos que falamos é puramente o
real pelo real, a gente registra sem
maquiar a realidade, isso para
alguns pode ser visto como o caos,
mas o caos está mesmo na falta de
acesso, na falta de políticas públicas
efetivas, na falta do básico para
viver.
ignus
De modo muito simples, o belo não
nos atrai. Queremos fogo, queremos
sujeira, retratar a violência e, acima
de tudo, representações reais do
cotidiano.
amara
Sim. A fotografia em si é bastante
branca e elitista, a minha vivência
na fotografia já se torna puro caos,
em uma perspectiva de não lugar.
Por isso escolhemos o tema de
vivência no caos, pois precisamos
ser honestas com o mundo em que
vivemos.
ignus
Retratá-lo de maneira bela e falsa
não está de acordo com nossa
conduta.
As vozes, textos, pensamentos
se misturam mais. São mentes
diferentes:
amara
Temos até características muito
próprias e distintas de linguagem e
técnica, mas nossa visão e filosofia
são muito compartilhadas, o que
facilita nossa comunicação e por
isso o trabalho flui tão bem.
ignus
Minha narrativa aborda temas
que remetem ao underground, ao
artista de rua, periférico, favelado
e aos projetos realizados na cidade.
Procuro viabilizar canais para que
os artistas possam ter lugar de fala,
de forma independente, a minha
caminhada já se faz há alguns anos
nesse ritmo.
Saímos do teatro e seguimos para
pegar um ônibus. Ignus se afastou
para fumar. Nem precisava... Amara
lia em voz alta um livro imaginário.
Acho que falava sobre o começo de
sua formação acadêmica, na Unicap.
amara
Desde meu ensino médio, sempre fui
muito politizada, e atenta em quem
eu era, é necessário na verdade
que seja assim, principalmente por
perceber que o caminho que eu vejo
para mim não faz parte de uma
trajetória linear. Ser fotógrafa é
uma escolha não convencional para
meu contexto. Fiz o vestibular da
Unicap e ter conseguido a bolsa de
estudos foi uma grande realização,
mesmo em meio caos da pandemia
81
82
Plásticas.
Na foto de página inteira,
Juliana Amara e erotismo,
nos manequins das lojas
decadentes do centro
do Recife.
No morro da Conceição,
Zona Norte do Recife,
moradora pinta a casa de
azul, com tinta fornecida
pela prefeitura.
“Pintou, tá novo”. E, assim
a procissão e vida passam.
[A foto é de Ignus]
83
Aceitamos todos os cartões.
Na ordem, pastoral
carcerária católica e os
menores infratores, no
Recife,registrado por Ignus.
A cena musical, no
subúrbio,por Amara, que
fotografou também
os domos e as cúpulas
do centro da cidade, enquanto
Ignus apresenta sua
fantasmogoria,
diante dos ouros falsos,
a preços de ocasião.
dificultasse em muita coisa.
Eu me lembro disso, lhe digo,
porque acompanhei sua formação.
Acompanhei as duas, na verdade.
Fomos colegas no curso de fotografia
da Unicap.
amara (lia ou se recordava?)
Eu não tinha computador, não
tinha câmera, e nem ir para
faculdade podia, por causa do
vírus [Covid-19], então ficava
muito preocupada como seria essa
formação. Quando as coisas foram
melhorando e fui correndo atrás,
nunca fiquei parada, e sempre
almejei lugares que realmente
dialogassem com meus objetivos, às
vezes até priorizando a experiência
do que a grana, nisso fui
aprendendo bastante, e sabendo por
exemplo o que fazia eu me manter
nesse objetivo, não me ver em muitos
lugares que tive (mulher, preta….)
ao invés de me afastar, me causa
um incomodo enorme de estar ali,
presente, e de levar os meus também,
como diria vóinha, de ser afoita,
mesmo, e me desdobrar para dar
certo, isso porque eu gosto também
tá? O meio acadêmico me faz bem,
no sentido do conhecimento, do tanto
do que posso aprender e o poder
de compartilhar essa experiência
também. Saí da graduação assim e
84
85
“Vida-lazer.” Vida-real.
A juventude se diverte na
“Virada Negra”, em 2022,
na praia do Buraco da Velha,
no Pina,Zona Sul do Recife.
[Foto de Amara]
Vítima de acidente
de trânsito no maior hospital
público do Nordeste, o
Hospital da Restauração
Governador Paulo Guerra,
no Recife.
[Foto de Ignus]
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entro na pós com mais sede ainda.
ignus (retornando)
Do que vocês estão falando?
amara
Sid estava querendo saber de você
como foi isso de sua formação
“acadêmica”, da pós...? Quem tu
eras e como tu te vês, agora.
ignus
Acho que a menina que entrou
na graduação era impiedosa com
seus próprios julgamentos, queria
fotografar o mundo inteiro sem
saber antes o que era o mundo.
Queria registrar tudo sem saber
meus caminhos, achava que minhas
fotos diziam algo enquanto eu vivia
calada. Hoje, sou uma mulher e
entendo minhas composições. A
mulher que me tornei entende que a
fotografia é um meio de comunicação
e transformação também social. Na
pós graduação, entrei sendo Ignus,
agora mulher-artista, consciente do
meu papel na sociedade enquanto
fomentadora de arte.
Minhas lentes são testemunhar a
beleza intrínseca do absurdo, da
dura realidade. Sou sociopolítica
enquanto batedora de fotos. Olho
além das superfícies polidas e
confronto realidades desconfortáveis
que muitas vezes preferimos ignorar.
Dentro do tumulto, eu capto o que
vejo e já faz tempo que, para mim,
deixou de ser fotografia e virou
manifesto. Acho que mudei.”
amara
Sid, que onda.Tu colocou a gente
numa peça de teatro?
Sorrimos. Entramos no coletivo sem
sequer olhar o destino. A frase soou
filosófica, cheia de sentidos.
“Pra onde a gente está indo?”,
pergunto para alguém, nesse ônibus.
Ninguém sabia.
amara
Relaxa, Sid, A gente não sabe.
Ninguém sabe. É o caos, tu entende,
agora?
Na outra parada, desci, na praça
do Diário. Dali vejo o poeta Carlos
Pena Filho, estatualizado em meio
ao caos do centro. O céu do Recife
e seu longo processo de escurecer.
Amara seguiu. Ignus seguiu. Cada
uma com seu caos. E sua ternura.
Ouço as vozes das fotógrafastelepatas:
ignus
Nesse caos, nesse calor, Sid, somos
sempre um só. Só não somos os
mesmos nem as mesmas.
amara
Tá tudo misturado, Sid. Tu num
consegue ver, né?
SOBRE BOLETOS ETC E CAOS
Atualmente, Ignus é chefe de redação na
empresa Maker mídia. Atua no audiovisual
e, como freelancer, na direção de fotografia,
still, ensaios, shows, movimentos culturais,
produções de conteúdo, entre outros.
Amara trabalha na Comunicação da Secretaria
da Mulher de Pernambuco, como fotógrafa e
videomaker.
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Novo “Beatuy”. Incolor.
Juliana Amara, em dois
momentos.
1. Nesta página, “Cena
Peixinhos”, num pré-carnaval.
Mais uma noite normal da
nova gente do velha cidade.
2. A beleza-glitter, de fácil
apelo e acesso.
A foto faz parte da série da
artista visual, “Vou ali na
cidade”
Espelho, espelho nosso.
Na página seguinte,
foto de Ignus, tambpem
sobre a busca de beleza, no
Mercado mais popúlar do
Recife, o Mercado São José.
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entrevista
um haikai,
uma
imagem
Catarina Andrade
Pensar as artes em suas especificidades, aproximações e zonas
intersticiais, nos convoca a pensar sobre a experiência. Como
experimentamos o mundo sensível? Como experimentamos o terreno
fronteiriço, e inevitável, em que as várias artes se tocam e se afetam
mutuamente, transformando a ordem do discurso e proporcionando
múltiplas formas de percepção? Imagens e palavras possuem seus
diversos e distintos códigos de interação com o espectador/leitor/
observador, participam de maneira diferente do regime do sensível
e participam de forma singular dentro de um tempo e espaço. Na
disciplina Literatura, Fotografia e Audiovisual da pós-graduação
As narrativas contemporâneas da fotografia e do audiovisual, da
Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), buscamos, a partir
da experimentação, vivenciar essas fronteiras entre palavra e imagem
propondo exercícios que se realizam por esses interstícios em que as
artes se aproximam, se tocam e, ainda, se confundem. Desse modo,
uma das atividades propostas é Umhaikai, uma imagem, que consiste
em as/os estudantes escolherem um haikai em relação a uma imagem
por elas/eles produzida (aqui elas/eles podem tanto buscar uma
imagem de um banco pessoal, quanto investir na produção de uma
imagem, ou seja, o haikai pode dar a ver uma imagem já realizada
ou servir para a realização de uma imagem). Sob o risco visual de
sua concisão, escolhemos o haikai tendo em mente que o pareamento
com as imagens é capaz de instaurar um movimento em que palavra
e imagem não se fixam em uma significação intrínseca, mas se
interrogam mutuamente em busca de uma abertura crítica.
o mar o azul o sábado
liguei pro céu
mas dava sempre ocupado
Paulo Leminski
imagem de Matheus Alves da Rocha
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matéria
o osso da ostra
a noite da ostra
eis um material de poesia
Manoel de Barros
imagem de Alícia Cohim
De colchão em colchão
Chego à conclusão
Meu lar é no chão
Paulo Leminski
imagem de
Eduardo Costa Cunha
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acordei e me olhei no espelho
ainda a tempo de ver
meu sonho virar pesadelo
Paulo Leminski
imagem de Brenda de Andrade
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inverno
O sol de inverno:
a cavalo congela
a minha sombra.
Matsuo Bashô
imagem de Silvana de Andrade
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A gaveta da alegria
já está cheia
de ficar vazia
Alice Ruiz
imagem de Gisele Carvalho
Na poça da rua
O vira-lata
Lambe a Lua
Millôr Fernandes
imagem de Domingos de Lima
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Nos dias quotidianos
É que se passam
Os anos
Millôr Fernandes
imagem de Francisco M. Mota
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“Que importa o sentido
se tudo vibra?”
Alice Ruiz
imagem de Wallace Fontenele
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Minha mão vazia
Esperando a sua
Encontro que cria.
Gabriela Marcondes
imagem de Beatriz de Melo Britto
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dentro de si
o silêncio
das incertezas
Catarina Andrade
imagens de Catarina Andrade
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capa
thomaz
farkas,
do brasil
Neste 2024, centenário do nascimento do fotógrafo,
documentarista, produtor, educador e cineasta
Thomaz Farks, Unicaphoto apresenta parte do seu
trabalhoacervo do Instituto Moreira Sales,
para mostrar sua potência para as artes visuais,
sua pesquisa com a linguagem e o resultado:
uma obra sem comparações a fotografia brasileira
Thomaz Farkas/Acervo IMS
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Thomaz Farkas/Acervo IMS
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Na páginas anteriores,
“Retrato de menina” (1943,
Campos de Jordão, SP)
Acervo IMS
Aqui, Fachada interior
do Edifício Sao Borja (1945)
Acervo IMS
Nas páginas seguintes,
nesta ordem, “Praia de
Copacabana, RJ (1947) e
“O Mirante do Trianon”, estrutura
que havia antes da construção
do do Museu de Arte de São Paulo
Assis Chateaubriand, Masp
Acervo IMS
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Thomaz Farkas/Acervo IMS
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Thomaz Farkas/Acervo IMS
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Thomaz Farkas/Acervo IMS
“Roda de samba” (1946), RJ
Acervo IMS
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Still do documentário “Cantoria” (14’/ PB/
Colorido/16mm), produzido por Thomaz
Farkas e dirigido por: Geraldo Sarno
entre 1969 e 1970. Uma das locações
foi a Fazenda Três Irmãos, em Caruaru,
Pernambuco. Na foto, os cantadores
Lourival Batista e Severino Pinto.
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Thomaz Farkas/Acervo IMS
Na página anterior, foto de
Thomaz Frark, sem título, de 1946.
Acervo IMS
“Meninos espiando jogo de fora do
estádio do Pacaembu”, (1941), SP
Acervo IMS
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Thomaz Farkas/Acervo IMS
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“Usina hidrelétrica” (1945
Acervo IMS
a alma
brasileira
Thomaz Farkas nasceu em
Budapeste, Hungria, em 1924 e
morreu em 2011, em São Paulo,
Brasil. Sua família imigrou para
o Brasil, estabelecendo-se em São
Paulo, quando ele tinha quatro anos
de idade. A cidade teve influência
decisiva para que desenvolvesse
seu talento para a fotografia,
paixão que o acompanharia ao
longo de sua vida. São seus temas
a paisagem urbana, tanto de São
Paulo como do Rio de Janeiro (em
uma época de grandes e constantes
transformações), dos seus
arredores, mas também a riqueza e
diversidade cultural e social do país,
a partir dos anos 1940.
Farkas foi um dos fundadores
do Foto Cine Clube Bandeirante,
entidade com importante papel na
promoção da fotografia como forma
de expressão artística no Brasil.
Sob a influência do clube, Farkas
experimentou grande variedade de
estilos e técnicas fotográficas, o que
enriqueceu sua prática e estimulou
sua constante necessidade e vontade
de inovação.
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Thomaz Farkas/Acervo IMS
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“Balé Juventude”, (s/d)
Acervo IMS
Ele era igualmente hábil em
retratar a vida urbana das grandes
cidades brasileiras, mas também
em explorar a beleza intocada da
natureza tropical do país. Seus
retratos de pessoas comuns, suas
experimentações com luz e sombra,
e sua habilidade em capturar
momentos fugazes da vida vulgar,
popular, revelam uma sensibilidade
peculiar e uma compreensão
diferenciada da condição humana.
Sobretudo do que significa o Brasil
e os brasileiros.
Nos seus retratos, se pode
distinguir tanto a intimidade
como a autenticidade, como se
o fotógrafo tivesse sempre em
perspectiva buscar as várias
camadas da identidade nacional. Ele
documentou as festas populares,
profanas e religiosas, a política, as
tentativas de mudança de um país
em desenvolvimento.
Farkas,
educador
Uma das características de
sua trajetória é não ter sido
somente “fotógrafo”. Farkas
desempenhou papel relevante
como educador e mentor. Era
conhecida sua generosa capacidade
de compartilhar conhecimento e
experiência com outros fotógrafos,
pois acreditava mesmo na formação
e crescimento de uma comunidade
fotográfica genuinamente brasileira.
Esse interesse pela educação e à
promoção da fotografia como arte
deu surgimento a novas gerações de
talentos, nas artes e na fotografia
profissional no país.
O impacto do trabalho de Thomaz
Farkas na fotografia brasileira
excede suas realizações individuais.
É constantemente “visto” na obra
de inúmeros artistas visuais que
têm por sua obra referência e
inspiração, tanto no Brasil como no
exterior. Deixou marcas profundas
na forma como nos vemos e somos
vistos, a partir da fotografia. Fruto
de uma cosmovisão humanista,
de alta sensibilidade estética,
terminaram por constituir uma vida
inteira dedicada à paixão pela arte
da fotografia, que continua viva
nestes 100 anos de seu nascimento.
acervo/
memória
Em uma parceria feita com o
próprio Farkas, o Instituto Moreira
Sales – IMS assumiu a guarda e a
preservação da sua obra fotográfica.
Sem essa porta de acesso do IMS,
talvez nunca pudéssemos apreciar
a obra do Farkas em seu conjunto.
Por essa razão, e pela acessão
das reproduções nesta edição,
Unicaphoto agradece.
Importante, também o trabalho
desenvolvido pelo Canal
Thomaz Farkas em difundir a
produção cinematográfica desse
húngaro radicado no Brasil.
No acervo, on-line, você pode
assistir 34 filmes de curta e médiametragem,
onde Farkas atou
como diretor, produtor e, claro,
diretor de fotografia. Entre esses
documentários podemos citar
“Viva Cariri” (1990, 36’30”,
colorido, PB, 16 e 35 mm) gravado
em Juazeiro do Norte, Ceará,
com direção de Geraldo Sarno,
fotografia de Lauro Escorel e
Affonso Beato, com produção de
Farkas. O laboratório de imagem
foi a Fotoptica, empresa que
Farkas herdou do pai. No filme, os
cantadores Pedro Bandeira (que
este resenhista teve a honra de
conhecer e frequentar) e Raimundo
Silvestre. O documentário venceu
grandes prêmios, entre eles –
recebeu o Troféu Candango, no
Festival de Brasília do Cinema
Brasileiro, naquele 1970. [S.R.]
119
120
aconteceu
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AGOSTO
1.Encontro com a Fotografia
(10 a 12/08)
Evento de abertura do 2º
semestre letivo de 2023, com
a presença de convidados(as)
do universo da Fotografia em
palestras e oficinas. O término
da programação foi através
da visita ao Paço do Frevo e
Cinema no Porto Digital, com a
exibição do filme “Disco Boy”.
2.Prêmio Alcir Lacerda
(19/08)
Noite de premiação aos
fotógrafos pernambucanos
na 10ª edição do Prêmio Alcir
Lacerda. Os homenageados
foram: Alcione Ferreira,
Fred Jordão, Fritz Simons (in
memoriam) e Renata Victor.
3. 21º Edição da Unicaphoto
(19/08)
Foi lançada mais uma revista
Unicaphoto, com um vasto
conteúdo, sob coordenação
de Renata Victor e edição de
Sidney Rocha
4.Visita de Alexandre
Figueirôa (21/08)
Alunos(as) do 2º e 4º módulos
de Fotografia receberam,
para um bate-papo sobre o
filme “Consuella”, o cineasta
e pesquisador Alexandre
Figueirôa.
5. Alunos(as) vão a estreia
de “Consuella” no Teatro do
Parque (24/08)
Nossos(as) alunos(as)
foram conferir à estreia do
documentário de Alexandre
Figueirôa, no Teatro do
Parque.
SETEMBRO
6. “Sai da frente” (04/09)
Trabalho finalista na categoria
Cinema Audiovisual 04,
Videoclipe (avulso) - 6.
7.Expocom nacional (05/09)
Apresentações Intercom
(GP fotografia) das exprofessoras
Julianna Torezani
com “fotojornalismo e/ou
fotoilustração de Gabriela Biló
para Folha de S.Paulo” e Ivan
Alecrim com “A fotógrafa, o
presidente, a janela trincada e a
imagem. Entre estética e opinião
pública”.
8. O Pequeno Encontro da
Fotografia (14/09)
A ex-aluna Alícia Cohim foi
selecionada, através de
convocatória para projeções, na
9ª edição do festival com o tem
“A imaginação como saída”.
9.Oficina para Jovens do
Projeto de “Altas Habilidade e
Superdotação” (04/09)
Atendendo a programação da
I Semana de Altas Habilidade
e Supedotação, organizada
pelo grupo de Pesquisa Altas
Habilidades/Superdotação,
Humanismo e Cidadania
coordenado pela Profa. Dra.
Vera Borges de Sá, evento em
parceria com o colégio Liceu
Nóbrega de Artes e Ofícios, além
do Conselho Brasileiro para
Superdotação - CONBRAS, o
curso de Fotografia da Unicap,
através da coordenadora
Renata Victor, ministrou uma
oficina de Pinhole, remontando o
princípio da técnica fotográfica
analógica, construindo imagens
com latinhas.
10. Exposição fotográfica
homenageando a Semana
Socioambiental (04/09)
A Semana Socioambiental
da Unicap inspira alunos(as)
do curso de Fotografia em
exposição sobre o tema, no
Campus.
OUTUBRO
11.Lançamento do livro de
Sidney Rocha (02/10)
Lançamento do livro “O Inferno
das Repetições” de Sidney
Rocha, acontecendo agora no
Museu do Estado.
12.Convidado Rômulo Chico
(02/10)
O ex-aluno e repórter fotográfico
Rômulo Chico dividiu com os(as)
alunos(as) de Fotografia a sua
experiência profissional.
122
13.Presença do maquiador Dio
Coelho (19/10)
Estudantes dos 2º e 4º módulos
vivenciaram uma incrível aula
sobre maquiagem
14.Oficina de Pinhole e Light
Painting – Fé e Alegria
(20/10)
Oficinas de Pinhole e Light
Painting! Tarde de muita
prática com os adolescentes
do Projeto Fé e Alegria.
15.Prêmio 5 estrelas no guia
quero estadão (22/10)
Pelo segundo ano
consecutivo, o Guia Quero
Estadão premiou o curso de
Fotografia da Unicap com 5
estrelas em reconhecimento
à qualidade do nosso curso!
Essa nova conquista só foi
possível graças ao esforço,
dedicação e paixão dos
professores, estudantes e
equipe que fazem parte da
nossa missão.
16.Aula com Ronald Cruz
(26/10)
Tivemos o prazer de receber
o incrível Ronald, ele nos
contou muito sobre sua
trajetória na fotografia e
apresentou lindos trabalhos.
Valeu querido.
17.Pibic – Apresentação
de trabalho – Nivaldo Neto
(26/10)
Apresentação do trabalho
“Representação de classes:
encenação, enquadramento
e iluminação no cinema
pernambucano” do nosso
aluno do 4° módulo: Nivaldo
Neto.
NOVEMBRO
18. Novos Voos: Releitura
sobre a obra de Alcir
Lacerda (14/11)
Noite de abertura da
exposição de fotografias
produzidas pelos alunos
concluintes do curso de
fotografia da instituição de
ensino. Na Torre Malakoff.
19. 12º Edição do Fotovídeo
(16 e 17/11)
Evento que vem se
consolidando a cada edição
e que reuniu um grande
público interessado no
universo da fotografia.
Foram dois dias com vasta
programação, como:
palestras, oficinas, mostra
de vídeo competitiva e
leitura de portifólio.
DEZEMBRO
20. Exposições: Produção
interdisciplinar de 2023.2
e releitura da obra de Alcir
Lacerda (15/12)
Mostra fotográfica,
resultante da produção
dos(as) alunos(as) de várias
disciplinas dos cursos de
Fotografia, Jornalismo e
Publicidade e Propaganda,
no hall da Biblioteca
Central da Unicap. No
mesmo espaço, vocês vão
conferir a exposição dos(as)
formandos(as) de fotografia,
que fizeram uma releitura
da obra do fotógrafo Alcir
Lacerda.
21. Resultado do 3°
concurso SOS Oceanos
(06/12)
Com o objetivo de chamar a
atenção das pessoas para a
importância da preservação
dos mares, o SOS Oceanos
foi aberto para aluno(as)
da Unicap e público fora da
instituição
22. Resultado do 4°
concurso de Fotografia e
Vídeo Sobre a Consciência
Negra (14/12)
O concurso foi criado em
reconhecimento a data de
grande importância para
o país, bem como o reforço
da luta contra o racismo.
Aberto para aluno(as) da
Unicap e público fora da
instituição
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124
125
JANEIRO
O ano de 2024 começou com
a disciplina de Direção de
Fotografia para os alunos e
alunas da especialização As
Narrativas Contemporâneas
da Fotografia e do Audiovisual.
As aulas oram ministradas
pelo professor Marcelo Costa.
FEVEREIRO
O semestre 2024.1 começou
oficialmente no dia 15 de
fevereiro. Além do reencontro
com os alunos veteranos,
o curso de Fotografia deu
boas-vindas para os novos
estudantes que vão cursar
o 1º período. A abertura do
semestre foi marcada pelo
Encontro com a Fotografia.
O evento foi marcado por
palestras e seminários que
aconteceram entre os dias 19,
20 e 21 de fevereiro.
Carnaval
O Concurso de Fotografia
Carnaval de Pernambuco
aconteceu pelo 14º ano. Os
vencedores desta edição são:
Júri técnico: Izabele Brito.
Júri Popular: Pedro Augusto
Mendes Chaves.
MARÇO
Colação de Grau da 13ª
turma do curso de Fotografia
da UNICAP. A cerimônia foi
cheia de emoção, alegria e
comemoração.
Parabéns aos mais novos
fotógrafos e fotógrafas.
Exposição Luz e Cor
Sob curadoria e direção da
artista visual, Mayssa Leão,
40 artistas pernambucanos,
expõem na Galeria Janete
Costa, no Parque Dona
Lindú, em Boa Viagem. Entre
as artistas, Clarice Melo,
Gisele Carvalho, Mirandolina
e Silvana Andrade,alunas
da Universidade Católica
de Pernambuco, além da
participação de Renata Victor,
coordenadora do curso de
fotografia. O acesso é gratuito.
A mostra vai até 20 de abril.
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Priorizar atividades
que coloquem
o campus em contato
com a sociedade.
Esta é uma das diretrizes
do curso de fotografia da Unicap,
além de estimular a prática de
saberes e vivências
diversas, compartilhadas.
Exposições, prêmios, visitas à
instituições de pesquisa e órgãos de
comunicação, consultas, atividades
de formação continuada, serviços à
comunidade, marcaram
as ações do curso de fotografia da
Unicap, de agosto
a dezembro de 2023.
127
Thomaz Farkas/Acervo IMS