Revista Dr Plinio 312
Março de 2024 Março de 2024
Editorial Cerimônias litúrgicas: canal de graças Como diz o Concílio de Trento, está na natureza do homem a dificuldade de se elevar à contemplação das coisas divinas sem o socorro das coisas exteriores. Tal é a razão que levou a Santa Igreja a estabelecer os ritos sagrados. Por eles, a majestade das coisas se torna recomendável e a vista desses símbolos religiosos e piedosos excita o espírito dos fiéis à contemplação dos mais sublimes mistérios. As cerimônias sagradas, com efeito, representam, em símbolos sensíveis, as realidades invisíveis e exprimem as grandes verdades da Religião em uma linguagem facilmente compreendida por todos. Os ignorantes, as próprias crianças, apreendem o sentido desses ensinamentos que falam tão vivamente aos sentidos; e os doutos, os contemplativos mais profundos se deliciam em ler nesse livro rico de imagens a explicação dos mais sublimes e inefáveis mistérios. Sobretudo, além das cerimônias religiosas inspirarem respeito pelas coisas santas, elas trazem em si mesmas grandes tesouros de graças. A Fé nos ensina que não podemos praticar nenhuma obra salutar sem o socorro da graça divina. E Deus fez de cada criatura humana um canal e um instrumento da graça. Todos os seres que nos cercam, todos os fenômenos que eles apresentam, deveriam por si próprios produzir sobre nós apenas impressões naturais. Graças, porém, à bondade divina, transformam-se em ajudas de Deus para a salvação de seus eleitos e excitam em nós pensamentos e sentimentos sobrenaturais. Ora, além de comunicar suas graças por intermédio das criaturas, Deus também as comunica, e mais especialmente, por meio das cerimônias sagradas. Cada ano, no ciclo das solenidades litúrgicas, relembra a Igreja a série de mistérios da Redenção. Assim, durante a Quaresma, a Esposa Mística de Cristo se une pelos jejuns e por outras austeridades a Jesus em sua Paixão. Ela O segue ao Calvário e no mistério de sua Morte. No Tempo Pascal, a Ressurreição do Senhor a enche de alegria. * * Cf. O Legionário n. 559 de 25/4/1943. Declaração: Conformando-nos com os decretos do Sumo Pontífice Urbano VIII, de 13 de março de 1625 e de 5 de junho de 1631, declaramos não querer antecipar o juízo da Santa Igreja no emprego de palavras ou na apreciação dos fatos edificantes publicados nesta revista. Em nossa intenção, os títulos elogiosos não têm outro sentido senão o ordinário, e em tudo nos submetemos, com filial amor, às decisões da Santa Igreja. 6
Dona Lucilia Arquivo Revista Os olhos são a janela da alma. De fato, nada se compara ao olhar cheio de unção de uma alma virtuosa, cuja expressão transmite infinitas lições, eleva, santifica. Eu creio que uma das coisas mais pungentes na vida é conhecer um grande olhar – de uma grande alma – e, de repente, ver-se privado dele, porque ele se fechou para sempre e a alma foi-se para Deus. Aquilo que se viu não se verá mais, não se aprofundará mais, não conhecerá mais como deveria ter conhecido, e daí por diante é só a eternidade… Comunicação de olhares para além da morte Mil vezes eu peregrinei dentro dos olhos de mamãe, mas quantas e quantas vezes, e a partir de quantas portas desse olhar! O olhar dela quando me olhava, quando eu a via olhando para dentro do meu olhar; o olhar dela quando rezava, o olhar dela visto de lado, o olhar dela visto por detrás, o qual era percebido apenas por imponderáveis, sem se olhar. Quando ela faleceu eu me pus esta pergunta: “Para esta vida terminou, acabou, nunca mais eu passearei dentro deste olhar e nunca mais desvendarei esta alma… Agora, Plinio, pergunte-se: ‘Você aproveitou o tesouro? Você olhou tudo o que tinha que ver e chegou até o 7
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Dona Lucilia<br />
Arquivo <strong>Revista</strong><br />
Os olhos são a janela da alma.<br />
De fato, nada se compara<br />
ao olhar cheio de unção de<br />
uma alma virtuosa, cuja<br />
expressão transmite infinitas<br />
lições, eleva, santifica.<br />
Eu creio que uma das coisas<br />
mais pungentes na vida é<br />
conhecer um grande olhar<br />
– de uma grande alma – e, de repente,<br />
ver-se privado dele, porque ele se<br />
fechou para sempre e a alma foi-se<br />
para Deus. Aquilo que se viu não se<br />
verá mais, não se aprofundará mais,<br />
não conhecerá mais como deveria<br />
ter conhecido, e daí por diante é só a<br />
eternidade…<br />
Comunicação de olhares<br />
para além da morte<br />
Mil vezes eu peregrinei dentro<br />
dos olhos de mamãe, mas quantas<br />
e quantas vezes, e a partir de quantas<br />
portas desse olhar! O olhar dela<br />
quando me olhava, quando eu a via<br />
olhando para dentro do meu olhar;<br />
o olhar dela quando rezava, o olhar<br />
dela visto de lado, o olhar dela visto<br />
por detrás, o qual era percebido<br />
apenas por imponderáveis, sem se<br />
olhar.<br />
Quando ela faleceu eu me pus<br />
esta pergunta: “Para esta vida terminou,<br />
acabou, nunca mais eu passearei<br />
dentro deste olhar e nunca<br />
mais desvendarei esta alma… Agora,<br />
<strong>Plinio</strong>, pergunte-se: ‘Você aproveitou<br />
o tesouro? Você olhou tudo<br />
o que tinha que ver e chegou até o<br />
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