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Revista Dr Plinio 312

Março de 2024

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Luzes da Civilização Cristã<br />

a glória do alto de uns dos púlpitos da França, chamando-O<br />

de um Deus brisé, rompu, anéanti 2 – um Deus rachado,<br />

rompido, aniquilado –, mas onipotente, que, com as<br />

mãos amarradas e reduzido a nada, ali estava sofrendo a<br />

sua Paixão e, de fato, sem que ninguém percebesse, infligia<br />

a maior das derrotas ao adversário.<br />

Nosso Senhor Jesus Cristo fazia pressagiar a atual<br />

situação da Santa Igreja, Corpo Místico de Cristo,<br />

realmente parecida a mais não poder com Ele manietado.<br />

Estava posto o desígnio: uma vez cometido e lançado<br />

na História o pecado de Revolução e postas as tentações<br />

sucessivas que haveriam de desabar sobre os<br />

homens – as fraquezas, as infâmias, as torpezas com<br />

que eles se portariam diante dessas tentações, a liberdade<br />

crescente dada ao demônio para ele ir tomando<br />

o império sobre a Terra – tudo chegaria até uma derrota.<br />

Tem-se a impressão de estarem a Igreja e a Civilização<br />

Cristã como Nosso Senhor Jesus Cristo manietado.<br />

A cada século que passa na História da Revolução, temos<br />

a impressão de que a Igreja está cada vez mais fortemente<br />

manietada, que as cordas vão amarrando-a mais e, como<br />

que, a sua possibilidade de ação vai diminuindo, até o<br />

momento de chegar a esta celeste e divina “impotência”<br />

de nossos dias.<br />

Amarrava-O, não a corda, mas<br />

seu desígnio redentor<br />

Que mistério! O que amarrava aquelas mãos não era a<br />

corda, mas somente o seu desígnio de não a romper, nada<br />

mais. Misterioso desígnio pelo qual Ele parecia colaborar<br />

com seus sinistros e torpíssimos adversários, porque os<br />

inimigos O quiseram amarrar e Ele não quis Se desamarrar.<br />

Pareceria haver uma convergência de intenções nisso<br />

e, entretanto, Ele derrubava, de ponta a ponta, a intenção<br />

criminosa, celerada de Satanás, preparando a Redenção<br />

do gênero humano de um modo magnífico.<br />

Na majestosa impassibilidade com que, humilde e<br />

desdenhoso ao mesmo tempo, sujeitava-Se a todos aqueles<br />

maus tratos, tinha na sua mente sagrada outros desígnios.<br />

E não tardaria muito a hora em que Ele diria:<br />

“Consummatum est!” O demônio estaria rachado mais<br />

uma vez e o gênero humano resgatado. A Igreja nasceria<br />

do seu Flanco sagrado.<br />

v<br />

(Extraído de conferência de 28/11/1981)<br />

1) Cf. Missal Romano, 2008.<br />

2) Cf. BOSSUET, Jacques-Bénigne. Troisième sermon pour le<br />

Vendredi Saint. In: Ouvres complètes. Tomo I. Besançon: Outhenin-Chalandre<br />

Fils, Éditeur, 1836. p. 549 e 553.<br />

J.P. Ramos<br />

Nosso Senhor após a Flagelação - Pinacoteca do Templo de São Felipe Neri, Cidade do México<br />

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