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Luzes da Civilização Cristã<br />
a glória do alto de uns dos púlpitos da França, chamando-O<br />
de um Deus brisé, rompu, anéanti 2 – um Deus rachado,<br />
rompido, aniquilado –, mas onipotente, que, com as<br />
mãos amarradas e reduzido a nada, ali estava sofrendo a<br />
sua Paixão e, de fato, sem que ninguém percebesse, infligia<br />
a maior das derrotas ao adversário.<br />
Nosso Senhor Jesus Cristo fazia pressagiar a atual<br />
situação da Santa Igreja, Corpo Místico de Cristo,<br />
realmente parecida a mais não poder com Ele manietado.<br />
Estava posto o desígnio: uma vez cometido e lançado<br />
na História o pecado de Revolução e postas as tentações<br />
sucessivas que haveriam de desabar sobre os<br />
homens – as fraquezas, as infâmias, as torpezas com<br />
que eles se portariam diante dessas tentações, a liberdade<br />
crescente dada ao demônio para ele ir tomando<br />
o império sobre a Terra – tudo chegaria até uma derrota.<br />
Tem-se a impressão de estarem a Igreja e a Civilização<br />
Cristã como Nosso Senhor Jesus Cristo manietado.<br />
A cada século que passa na História da Revolução, temos<br />
a impressão de que a Igreja está cada vez mais fortemente<br />
manietada, que as cordas vão amarrando-a mais e, como<br />
que, a sua possibilidade de ação vai diminuindo, até o<br />
momento de chegar a esta celeste e divina “impotência”<br />
de nossos dias.<br />
Amarrava-O, não a corda, mas<br />
seu desígnio redentor<br />
Que mistério! O que amarrava aquelas mãos não era a<br />
corda, mas somente o seu desígnio de não a romper, nada<br />
mais. Misterioso desígnio pelo qual Ele parecia colaborar<br />
com seus sinistros e torpíssimos adversários, porque os<br />
inimigos O quiseram amarrar e Ele não quis Se desamarrar.<br />
Pareceria haver uma convergência de intenções nisso<br />
e, entretanto, Ele derrubava, de ponta a ponta, a intenção<br />
criminosa, celerada de Satanás, preparando a Redenção<br />
do gênero humano de um modo magnífico.<br />
Na majestosa impassibilidade com que, humilde e<br />
desdenhoso ao mesmo tempo, sujeitava-Se a todos aqueles<br />
maus tratos, tinha na sua mente sagrada outros desígnios.<br />
E não tardaria muito a hora em que Ele diria:<br />
“Consummatum est!” O demônio estaria rachado mais<br />
uma vez e o gênero humano resgatado. A Igreja nasceria<br />
do seu Flanco sagrado.<br />
v<br />
(Extraído de conferência de 28/11/1981)<br />
1) Cf. Missal Romano, 2008.<br />
2) Cf. BOSSUET, Jacques-Bénigne. Troisième sermon pour le<br />
Vendredi Saint. In: Ouvres complètes. Tomo I. Besançon: Outhenin-Chalandre<br />
Fils, Éditeur, 1836. p. 549 e 553.<br />
J.P. Ramos<br />
Nosso Senhor após a Flagelação - Pinacoteca do Templo de São Felipe Neri, Cidade do México<br />
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