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Revista Dr Plinio 312

Março de 2024

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Entre as relíquias da Paixão<br />

que membros do nosso Movimento<br />

puderam venerar<br />

durante uma peregrinação que fizeram,<br />

duas me impressionaram sobremaneira.<br />

Flávio Lourenço<br />

Dois símbolos da<br />

divina e voluntária<br />

impotência de Deus<br />

Para guardar uma delas, se eu pudesse,<br />

mandaria construir a maior<br />

catedral da face da Terra. Trata-se da<br />

corda, entre todas sacrossanta, que<br />

ligou as divinas mãos de Nosso Senhor<br />

Jesus Cristo.<br />

Eu a imagino uma corda forte,<br />

bruta, de qualidade ordinária; que<br />

tão longamente e tão de perto apertou<br />

o pulso sagrado, que ela mesma<br />

ficou meio desgastada e ainda deve<br />

estar empapada daquele Sangue já<br />

coagulado que nos fechou o Inferno e nos abriu as<br />

portas do Céu. Sangue do qual nasceram a Santa<br />

Igreja e a Civilização Cristã.<br />

A outra relíquia é um fragmento da cana<br />

ou vara que, como um cetro de irrisão,<br />

Nosso Senhor Jesus Cristo carregou nas<br />

mãos.<br />

Ambas as relíquias são símbolos da<br />

impotência do Onipotente. Elas marcam<br />

essas horas sinistras da História<br />

em que Deus dá a impressão de que<br />

Se deixou amarrar e não pode fazer<br />

nada, nas quais devemos compreender<br />

a divina e voluntária impotência<br />

d’Ele.<br />

Ele, Senhor de todos os Exércitos<br />

Angélicos, que venceram tão garbosamente<br />

Satanás e que o tem<br />

acorrentado no Inferno; Ele,<br />

por cujo poder infinito os astros<br />

gravitam e os Anjos sustentam<br />

a ordem do universo;<br />

os animais nascem e se reproduzem,<br />

se alimentam e vão enchendo<br />

a Terra, e as plantas<br />

prosperam e vicejam.<br />

Ele, por cuja força voam os<br />

passarinhos e as borboletas,<br />

e com cuja força investem os<br />

J. P. Braido<br />

leões. Ele, manietado, tendo na sua mão a vara<br />

da imbecilidade, sendo tratado como um bobo,<br />

como um cretino, um impostor que Se diz<br />

dono do reino que não existe e que, a existir,<br />

não é seu. Esta vara de irrisão é apenas uma<br />

provocação, porque Ele será objeto de sacrilégios<br />

ainda muito mais terríveis. Ele carrega,<br />

com a majestade de sua dor, com a majestade<br />

de sua impotência, a vara do bobo.<br />

Ele, a Sabedoria Encarnada, o Filho<br />

de Maria!<br />

O que daria eu para poder oscular essa<br />

corda e essa vara! E eu rezaria antes aquela<br />

oração lindíssima que o sacerdote reza<br />

durante a Missa, antes de ler o Evangelho:<br />

“Deus, que ao Profeta Isaías purificastes<br />

os lábios com uma brasa ardente, purificai<br />

também os meus lábios para que, com dignidade<br />

e competência, eu anuncie o vosso<br />

santo Evangelho.” 1 Eu adaptaria: “para<br />

que, não com muita indignidade, eu<br />

oscule a vossa corda sagrada.”<br />

Presságio da situação<br />

atual da Igreja<br />

Tal é a visão esplêndida, magnífica de<br />

um Deus manietado, a respeito de Quem,<br />

tantos séculos depois, Bossuet cantaria<br />

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