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Revista Dr Plinio 312

Março de 2024

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Gabriel K.<br />

também uma figura das nações que<br />

outrora constituíram a Cristandade,<br />

pobre fogueira extinta da qual se diria<br />

que uma ou outra brasa ainda rola<br />

acesa aqui, lá e acolá, por meio de<br />

cinzas; mas, de fato, é um abismo insondável.<br />

Imaginem a sensação de uma pessoa<br />

atirada dentro de um poço e,<br />

quando percebe apavorada estar chegando<br />

ao fundo e que dali a pouco virá<br />

o impacto com o chão, de repente,<br />

percebe, com espanto, que aquele<br />

fundo é fictício. Ela atravessa aquilo e<br />

cai num outro poço muito pior, mais<br />

profundo e não para de cair.<br />

Nós ainda não atingimos o fundo<br />

de nossa humilhação nem de nossa<br />

dor, mas estamos caindo, caindo,<br />

caindo… A cada vez que pensamos<br />

ter atingido o fundo do poço, ainda<br />

há mais. Até onde vai esse fundo?<br />

Onde estamos? O que é feito da glória<br />

de Deus? O que é feito da glória<br />

de Maria, Rainha do Universo?<br />

Como seria bom se pelo menos<br />

nós, a quem Nossa Senhora favorece<br />

com a graça de compreender essa situação,<br />

tivéssemos um pranto do tamanho<br />

dessa dor e uma indignação<br />

proporcionada a esse pecado e, portanto,<br />

nos desinteressássemos de tudo<br />

quanto é banal e voássemos mais<br />

alto, pensando apenas na Causa Católica!<br />

Situação de tragédia,<br />

condição para a glória<br />

As velas de um navio só deixam<br />

ver a sua beleza inteira quando<br />

o vento sopra e elas se enchem.<br />

O pulchrum de um navio só se deixa<br />

ver inteiro quando ele desencosta<br />

do cais. Se ele navega assim mesmo,<br />

quando está dentro do porto, dentro<br />

do golfo, ainda em circunstâncias<br />

onde se vê terra firme, ele não aparece<br />

no seu isolamento grandioso. É<br />

preciso que o barco seja imaginado<br />

num mar onde não se vê nada, onde<br />

de todos os lados os confins do horizonte<br />

e do mar se fecham em torno<br />

dele, e aí se começa a perceber como<br />

ele é pequeno diante do mar que<br />

singra e como ele é grande, porque<br />

ousa singrar o mar. Que vitória singrar<br />

o mar!<br />

Quando se inventou a fotografia,<br />

mil recursos foram empregados para<br />

fotografar navios em todas as posições<br />

e ações possíveis. Na época do<br />

avião, o homem ainda não cessa, a<br />

muito justo título, de se encantar e<br />

de se surpreender com a navegação.<br />

Ele se encanta, reproduz os navios<br />

de todas as ordens em toda espécie<br />

de mares. Isso vai para os álbuns, para<br />

os museus, por toda a parte. O homem<br />

canta a beleza dessa situação:<br />

um navio sozinho no mar e que navega.<br />

Se fosse só isso. Quantos literatos,<br />

pintores, se têm esmerado em mostrar<br />

o navio na tempestade. Ou sob<br />

céu aberto, quando o mar está refulgente,<br />

espelhando o Sol, tranquilo<br />

ou com ondas belas que o fazem<br />

apenas balouçar, brincam com ele<br />

sem ter vontade de tragá-lo quando<br />

passa. É muito bonito!<br />

Quando há tempestade, o navio<br />

continua; o infortúnio se abate, ele<br />

continua e resiste, ameaça naufragar,<br />

a tragédia… Até o seu soçobro<br />

é belo. A agonia e a morte de um navio<br />

são bonitas de tal maneira é bela<br />

a navegação.<br />

Na realidade, todo o infortúnio da<br />

navegação faz ver aspectos da reali-<br />

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