SCMedia News | Revista | Fevereiro 2024
A revista dos profissionais de logística e supply chain.
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<strong>Fevereiro</strong> <strong>2024</strong><br />
“Não podemos deslocalizar uma série<br />
de áreas que são estratégicas”, concorda<br />
Fernando Cruz Gonçalves. A deslocalização<br />
das unidades produtivas é feita em<br />
primeira-mão para reduzir os custos de<br />
mão-de-obra. Mas no dia em que o acréscimo<br />
dos custos de transporte, associados<br />
à deslocalização da produção, for superior<br />
à redução dos custos de produção,<br />
não faz sentido deslocalizar. Aliado a isto,<br />
considera importante que haja níveis de<br />
stock mais altos, para colmatar uma eventual<br />
falha de fornecimento. “Andamos durante<br />
tanto tempo a apostar em modelos<br />
como o just-in-time, cujos modelos<br />
logísticos assentavam em níveis de stock<br />
muito baixos. E tudo ia funcionando<br />
porque esses modelos não têm resposta<br />
para situações de disrupção. Se calhar é<br />
prudente passarmos a ter modelos just-<br />
-in-case”, sugere.<br />
Por sua vez, António Nabo Martins,<br />
indica que “é verdade que pode acontecer”<br />
uma eventual desglobalização, uma<br />
vez que já se fala muito em near shoring<br />
em que a produção está localizada mais<br />
perto dos locais de consumo. “A aposta<br />
em países mais próximos da Europa, do<br />
Norte de África, igualmente com mão-de-<br />
-obra barata, mas com sistemas políticos<br />
mais consolidados e com menos convulsões,<br />
serão, seguramente, uma solução<br />
para a transferência de alguma indústria<br />
da Ásia”, afirma. Destaca ainda a “tão<br />
falada reindustrialização da Europa”, mas<br />
ressalva que este é um processo que não<br />
demora menos do que 20 ou 30 anos,<br />
pelo que, sugere que seria “cauteloso encontrar<br />
caminhos equilibrados entre esta<br />
eventual mudança e a atualidade”. Salienta<br />
ainda que alguns armadores estão<br />
até a encomendar navios mais pequenos,<br />
“o que pressupõe uma aposta maior no<br />
short sea e na ferrovia na Europa, movimentando<br />
as cargas entre os portos do<br />
Sul e do Norte, e o centro da Europa”.<br />
A aposta na ferrovia poderá ser uma<br />
eventual solução, em que as ligações<br />
marítimas do Oriente possam ser feitas<br />
até Portugal, e daqui para a Europa via<br />
ferroviária. “Eu prevejo que o transporte<br />
internacional de mercadorias por via<br />
ferroviária, pelo menos na Europa, possa<br />
vir a ter um aumento exponencial. Em<br />
primeiro lugar porque falamos de um<br />
modo de transporte muito sustentável<br />
e, em segundo lugar, porque, na Europa,<br />
temos alguns armadores a apostar seriamente<br />
na ferrovia”, como é o caso da Medway<br />
(em alguns países Medlog), que faz<br />
parte do Grupo MSC, e a Continental Rail<br />
que integra o Grupo CMA-CGM. Dependendo<br />
das estratégias individuais, o presidente<br />
da APAT considera que esta aposta<br />
pode contribuir para uma estratégia<br />
mais global na forma como o transporte<br />
ferroviário de mercadorias é encarado na<br />
Europa. “Pena é que a União Europeia,<br />
com a sua veia de reguladora nata, não<br />
entenda que este negócio precisa muito<br />
mais de ações concretas do que apenas<br />
de regulação”, refere.<br />
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