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SCMedia News | Revista | Fevereiro 2024

A revista dos profissionais de logística e supply chain.

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Supply Chain Magazine 3<br />

EDITORIAL<br />

Dora Assis<br />

dora.assis@supplychainmagazine.pt<br />

UM MAR DE DESAFIOS<br />

“Mar calmo nunca fez bons marinheiros.”<br />

Provérbio popular<br />

Nearshoring. Automatização. Diversificação<br />

de fornecedores. Sustentabilidade.<br />

As empresas estão a adaptar as suas<br />

operações à evolução das pressões do mercado<br />

e da geopolítica. Não há outra forma.<br />

Quando as tensões nas cadeias de abastecimento<br />

globais caiu para níveis registados<br />

antes da pandemia, alguns consideraram que a<br />

escassez de produtos, os estrangulamentos nos<br />

portos e as perturbações nos transportes marítimos<br />

tinham terminado e que uma nova era de<br />

estabilidade se apresentava no horizonte.<br />

Em vez disso, os académicos, os consultores e<br />

a realidade convergem agora noutra direção: as<br />

mudanças na geopolítica estão a desencadear<br />

mudanças mais amplas e potencialmente duradouras<br />

na forma como as empresas gerem o<br />

fluxo de mercadorias, desde o abastecimento de<br />

matérias-primas até ao fabrico e distribuição.<br />

Há mudanças a acontecer em fábricas na Índia,<br />

em unidades de montagem de automóveis no<br />

norte do México, por exemplo, visando alcançar<br />

uma menor dependência da Ásia, em particular<br />

da China, e a utilização de mais tecnologia de<br />

automatização para manter as linhas de montagem<br />

e as operações de armazém em funcionamento,<br />

custe o que custar.<br />

Vale a pena relembrar que a Apple transferiu alguma<br />

produção de smartphones da China para<br />

a Índia e a fabricante de brinquedos Mattel está<br />

entre as empresas que têm vindo a expandir as<br />

suas operações no México.<br />

Todos ansiavam por respirar de alívio e os sinais<br />

eram realmente animadores.<br />

Mas eis que o El Niño fez das suas e não há<br />

água suficiente no Canal do Panamá, o Hamas<br />

ataca Israel e Israel retalia, as tensões no Médio<br />

Oriente aumentam, começam os ataques a<br />

navios no Mar Vermelho… e instala-se uma vez<br />

mais o caos nas cadeias de abastecimento e em<br />

particular no transporte marítimo.<br />

Tudo isto significou rotas de transporte mais<br />

longas e custos mais elevados para o transporte,<br />

bem como incertezas, por exemplo, na disponibilização<br />

de contentores. Mas não só. O envio de<br />

mercadorias da América para o Oriente Médio<br />

através do Mar Vermelho costumava levar de 30<br />

a 35 dias, dependendo do porto de destino. Com<br />

um desvio ao redor do Cabo da Boa Esperança<br />

aumenta o tempo de trânsito mas também os<br />

custos, devido ao aumento dos preços dos combustíveis<br />

e, não menos importante, aumenta<br />

também a pegada ecológica das operações.<br />

Ouvimos alguns especialistas portugueses<br />

sobre o tema e, de facto, os gestores das cadeias<br />

de abastecimento têm pela frente um mar de<br />

desafios. Contudo, “mar calmo nunca fez bons<br />

marinheiros”.

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