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Revista 100PORCENTOAGRO - Ano 1 - Número 1 - Janeiro, 2024

Comunicar o agronegócio é um grande desafio. Assim como é grande o prazer de vivenciar esse desafio em toda a sua essência. Abrir espaço para o setor que move a economia brasileira, sustenta 10% da população mundial e garante emprego e renda para milhões de pessoas em todos os cantos do país é o nobre papel do bom jornalismo que praticamos por aqui. Nossa revista é a concretização de mais um dos sonhos do 100PORCENTOAGRO e eleva a nossa comunicação a um outro nível. Além de ser um belo trabalho jornalístico, tanto de conteúdo quanto de layout, a revista é um documento para ser guardado como registro de momentos importantes para o agronegócio. O tema da matéria de capa não poderia ser outro senão o protagonismo feminino. Em 10 páginas, histórias inspiradoras de mulheres que têm feito a diferença. Reunimos também outros temas relevantes e esperamos provocar reflexões e atitudes positivas neste novo ano. Boa leitura!

Comunicar o agronegócio é um grande desafio. Assim como é grande o prazer de vivenciar esse desafio em toda a sua essência. Abrir espaço para o setor que move a economia brasileira, sustenta 10% da população mundial e garante emprego e renda para milhões de pessoas em todos os cantos do país é o nobre papel do bom jornalismo que praticamos por aqui.

Nossa revista é a concretização de mais um dos sonhos do 100PORCENTOAGRO e eleva a nossa comunicação a um outro nível. Além de ser um belo trabalho jornalístico, tanto de conteúdo quanto de layout, a revista é um documento para ser guardado como registro de momentos importantes para o agronegócio.

O tema da matéria de capa não poderia ser outro senão o protagonismo feminino. Em 10 páginas, histórias inspiradoras de mulheres que têm feito a diferença. Reunimos também outros temas relevantes e esperamos provocar reflexões e atitudes positivas neste novo ano.

Boa leitura!

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Protagonismo feminino:<br />

MULHERES<br />

CONQUISTAM<br />

NOVOS ESPAÇOS<br />

NO AGRO<br />

Se é agro, a gente comunica - Publicação Semestral - <strong>Janeiro</strong> <strong>2024</strong>


DIRETORIA EXECUTIVA / CONSELHO EDITORIAL:<br />

Lucimar Silva<br />

lucimar.silva@100porcentoagro.com.br<br />

Pauliane Oliveira<br />

pauliane.oliveira@100porcentoagro.com.br<br />

Rodolfo de Souza<br />

rodolfo.souza@100porcentoagro.com.br<br />

EDITOR-CHEFE:<br />

Rodolfo de Souza<br />

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E NEGÓCIOS:<br />

Bruna Juber<br />

bruna.juber@100porcentoagro.com.br<br />

Hellen Mendes<br />

hellen.mendes@100porcentoagro.com.br<br />

Janaina Fernandes<br />

janaina.fernandes@100porcentoagro.com.br<br />

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:<br />

Assessoria de Comunicação da Região do<br />

Cerrado Mineiro (Página 14) e Déborah Garcia<br />

von Behr (Páginas 26, 49 e 56), Karla Vilaça<br />

(Página 30) e Studio JA Fotografias: @studioja.<br />

fotografias (Página 32) e Agência Sebrae de<br />

Notícias (Página 52)<br />

PROJETO GRÁFICO:<br />

@orodolfodesouza<br />

FOTO DE CAPA:<br />

Paulo Henrique Souza<br />

Publicação semestral de:<br />

100Porcentoagro Comunicação no<br />

Agronegócio Ltda<br />

www.100porcentoagro.com.br<br />

<strong>Revista</strong> 100Porcentoagro<br />

<strong>Ano</strong> 1 • Edição <strong>Número</strong> 1 • <strong>Janeiro</strong>, 24<br />

EDITORIAL<br />

Comunicar o agronegócio é um<br />

grande desafio. Assim como é<br />

grande o prazer de vivenciar esse<br />

desafio em toda a sua essência.<br />

Abrir espaço para o setor que<br />

move a economia brasileira,<br />

sustenta 10%, da população<br />

mundial e garante emprego e renda<br />

para milhões de pessoas em todos<br />

os cantos do país é o nobre papel<br />

do bom jornalismo que praticamos<br />

por aqui.<br />

Nossa revista é a concretização<br />

de mais um dos sonhos do<br />

<strong>100PORCENTOAGRO</strong> e<br />

eleva a nossa comunicação a<br />

um outro nível. Além de ser um<br />

belo trabalho jornalístico, tanto<br />

de conteúdo quanto de layout,<br />

a revista é um documento para<br />

ser guardado como registro de<br />

momentos importantes para o<br />

agronegócio.<br />

O tema da matéria de capa<br />

não poderia ser outro se não o<br />

protagonismo feminino. Em 10<br />

páginas, histórias inspiradoras de<br />

mulheres que têm feito a diferença.<br />

Reunimos também outros temas<br />

relevantes e esperamos provocar<br />

reflexões e atitudes positivas neste<br />

novo ano.<br />

Boa leitura!<br />

RODOLFO DE SOUZA<br />

Diretor de Jornalismo, Editor


EM DESTAQUE<br />

Protagonismo feminino:<br />

MULHERES<br />

CONQUISTAM<br />

NOVOS ESPAÇOS<br />

NO AGRO<br />

Nesta edição de estreia, a <strong>Revista</strong> <strong>100PORCENTOAGRO</strong><br />

reservou espaço privilegiado para destacar o protagonismo<br />

feminino no agronegócio regional. São mulheres conhecidas<br />

e mulheres anônimas mobilizadas em favor do crescimento<br />

pessoal e profissional e do desenvolvimento do setor. Em 10<br />

páginas, vamos contar histórias e falar sobre o que as mulheres<br />

do agro esperam de <strong>2024</strong><br />

PÁGINA 32<br />

Se é agro, a gente comunica - Publicação Semestral - <strong>Janeiro</strong> <strong>2024</strong><br />

ESPECIAL: A recuperação<br />

judicial de uma das gigantes<br />

do agronegócio brasileiro, em<br />

dezembro, chamou atenção<br />

para uma ferramenta que<br />

permite a empresas rurais<br />

se reorganizarem para<br />

manter empregos e honrar<br />

compromissos. Conheça os<br />

bastidores do processo de<br />

recuperação das fazendas<br />

de José Eduardo Mendonça<br />

(foto) em Carmo do Paranaíba.<br />

Especialistas explicam a RJ e<br />

têm resposta para uma grande<br />

dúvida: será que o credor está<br />

desprotegido?<br />

PÁGINA 42<br />

FEIRAS EM ALTA: Fenacampo e<br />

Fenaminas se consolidam como as<br />

grandes feiras de agro no Alto Paranaíba<br />

PÁGINAS 9 E 18<br />

6<br />

X<br />

X<br />

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X<br />

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X<br />

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X<br />

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X


SUMÁRIO<br />

Região do Cerrado Mineiro<br />

é modelo de inovação e<br />

sustentabilidade na produção<br />

cafeeira<br />

PÁGINA 16<br />

Minas Gerais lidera avanço<br />

na inspeção de produtos de<br />

origem animal<br />

PÁGINA 23<br />

Café de Campos Altos é<br />

reconhecido no mercado<br />

europeu<br />

PÁGINA 26<br />

Produção mineira de<br />

hortaliças: a jornada da<br />

Comissão Técnica de<br />

Olericultura da Faemg<br />

PÁGINA 28<br />

Artigo: Clima adverso afeta<br />

produção agrícola brasileira e<br />

exige medidas de adaptação<br />

PÁGINA 30<br />

Premiação da Suinco<br />

garante compromisso com a<br />

sustentabilidade<br />

PÁGINA 48<br />

O sucesso do Sebrae Regional<br />

em 2023 e as perspectivas para<br />

<strong>2024</strong><br />

PÁGINA 52<br />

Auma Agronegócios vence<br />

Troféu Atitude Sustentável no<br />

11º Prêmio RCM<br />

PÁGINA 56<br />

Vizinhos incômodos: a crise na<br />

produção leiteira<br />

PÁGINA 58<br />

Freppik


O PODER DA COMUNICAÇÃO<br />

revista<br />

100<br />

porcento<br />

agro<br />

jan, 24<br />

História inspiradora na defesa<br />

da agricultura regenerativa<br />

6<br />

Há mais de 25 anos atuo no agronegócio<br />

brasileiro, a maior parte desse tempo<br />

na cafeicultura. Fui reconhecida como<br />

uma das vozes que contribuíram para promover<br />

a cafeicultura regenerativa e nomeada uma<br />

das embaixadoras do café da Região do Cerrado<br />

Mineiro no campo da sustentabilidade.<br />

Tive a honra de ver minha história eternizada<br />

em um impressionante mural na capital paulista,<br />

assinado pelo renomado artista Eduardo<br />

Kobra, uma homenagem da Nespresso, na<br />

campanha “Padrões foram feitos para serem<br />

quebrados”.<br />

Minha história de ascensão profissional no<br />

agronegócio e a quebra de padrões puderam<br />

inspirar outras pessoas a acreditarem nos seus<br />

sonhos. Iniciei na colheita do café ao lado de<br />

minha mãe, percorri por vários setores operacionais<br />

de fazendas de café até alcançar posições<br />

de liderança no setor.<br />

Com o grande sonho de contribuir para<br />

o agronegócio brasileiro, atualmente estou<br />

como Diretora Agrícola na Auma Agronegócios.<br />

Atuo em uma diversidade de culturas<br />

organizadas dentro de um ecossistema de<br />

negócios que busca transformar os recursos<br />

da terra por meio da economia circular, agri-<br />

cultura regenerativa e bem-estar animal, agregando<br />

valor em diversos setores da cadeia<br />

produtiva. Sempre busquei contribuir com a<br />

evolução do agronegócio sustentável de todas<br />

as formas possíveis e motivar o crescimento<br />

profissional das pessoas. Assim, participei de<br />

importantes eventos, falando sobre ascensão<br />

profissional, boas práticas agrícolas, inovações<br />

e tecnologias.<br />

Como Conselheira do 100Porcentoagro,<br />

busco promover a comunicação transparente<br />

e responsável do agronegócio brasileiro.<br />

Minha história<br />

de ascensão<br />

profissional no<br />

agronegócio<br />

e a quebra<br />

de padrões<br />

puderam<br />

inspirar outras<br />

pessoas


evista<br />

100<br />

porcento<br />

agro<br />

jan, 24<br />

7


NOVO DESAFIO<br />

revista<br />

100<br />

porcento<br />

agro<br />

jan, 24<br />

Espaço democrático de<br />

comunicação no agronegócio<br />

8<br />

Há bastante tempo penso que é necessário<br />

redefinir o discurso do agronegócio<br />

brasileiro. Isso não é apenas oportuno;<br />

também se trata de comunicar, de sustentar e<br />

de valorizar as boas práticas do setor que, no<br />

fim das contas, contribuirão para um diálogo<br />

mais construtivo e positivo sobre o agronegócio<br />

brasileiro. Essa pauta fala muito forte<br />

dentro de mim e, genuína que é, sempre dei<br />

espaço a ela para coexistir com o universo da<br />

advocacia agroempresarial, que é, de fato, o<br />

primeiro e principal negócio que me move.<br />

Eu realmente acredito que todos nós temos<br />

algo a compartilhar e, pensando desta<br />

forma, acredito que o 100PORCENTOA-<br />

GRO é um espaço democrático e aberto aos<br />

agentes envolvidos no agronegócio e à comunidade<br />

em geral, já que o agro faz parte do dia<br />

a dia de todos.<br />

Sempre pensei que os grandes pensadores<br />

e pesquisadores foram muito generosos em<br />

compartilhar com a humanidade o fruto de<br />

suas reflexões e pesquisas para outras pessoas<br />

terem acesso e se beneficiarem dos ensinamentos<br />

e, além disso, pudessem se transformar<br />

em algo melhor, ou pelo menos diferente.<br />

Austin Kleon, em “Roube como um Artista”,<br />

dá 10 dicas sobre criatividade, e algo muito<br />

valioso que ele traz em seu livro e que relaciono<br />

com o potencial do 100PORCENTOA-<br />

GRO é que “se estivermos livres do fardo de<br />

ser completamente originais, podemos parar<br />

de tentar construir algo do nada e abraçar a<br />

influência ao invés de fugirmos dela.”<br />

Hoje, todos somos frutos da influência, e<br />

se pudermos criar uma grande e poderosa comunidade<br />

que influencia positivamente o discurso<br />

do agronegócio brasileiro, que conhece<br />

as boas práticas do vizinho e, inspirando-se<br />

nelas, cria novas práticas também, estaremos,<br />

sem dúvidas, beneficiando o setor que alimenta<br />

boa parte deste país.<br />

Vale dizer que esse benefício não ficará<br />

restrito apenas ao que gera de valor para o<br />

próprio agronegócio, mas para nossa imagem<br />

externa que hoje é impactada negativamente<br />

por discursos e ideologias sem contraponto e<br />

ainda abraçadas pela grande mídia.<br />

O <strong>100PORCENTOAGRO</strong> é uma missão<br />

pessoal e profissional para mim. Estou consciente<br />

da trajetória e trabalho do Rodolfo de<br />

Souza até aqui e da necessidade constante de<br />

construção e aprimoramento desse veículo<br />

de comunicação especializada. Convido você,<br />

leitor(a), para se unir à nossa comunidade,<br />

acompanhar o trabalho do 100PORCEN-<br />

TOAGRO, contribuir com pautas e informações<br />

e ficar conectado conosco em <strong>2024</strong>.<br />

Espero que este novo ano reserve resiliência,<br />

poder de criação e transformação a todos<br />

os agentes envolvidos nas cadeias produtivas<br />

do agronegócio!<br />

Grande abraço.<br />

Pauliane Oliveira, Diretora Executiva<br />

Registro de 2019: Pauliane<br />

Oliveira tem iniciativa para<br />

evento sobre Impactos da<br />

Mídia no Agronegócio


evista<br />

100<br />

porcento<br />

agro<br />

jan, 24<br />

Grandes<br />

pensadores e<br />

pesquisadores<br />

foram muito<br />

generosos em<br />

compartilhar<br />

com a<br />

humanidade o<br />

fruto de suas<br />

reflexões e<br />

pesquisas<br />

9


CORRETIVOS<br />

FERTILIZANTES<br />

SEMENTES<br />

DEFENSIVOS<br />

INSUMOS AGRÍCOLAS E<br />

ASSISTÊNCIA TÉCNICA ESPECIALIZADA.<br />

TOP AGRO, somos referência em insumos agrícolas e assistência técnica especializada para a<br />

agricultura. Produtos de qualidade e atendimento diferenciado, a Top Agro é distribuidor<br />

oficial das Sementes Agroceres e Adama, nossos engenheiros agrônomos são altamente<br />

qualificados, para atender vocês clientes.<br />

Há 9 anos lado a lado com o homem do campo, nos sentimos responsáveis e orgulhosos em<br />

contribuir com o desenvolvimento da sociedade, gerando dezenas de empregos e oferecendo<br />

soluções sustentáveis e de qualidade para o agronegócio.<br />

Localizada no Alto Paranaíba, estrategicamente na cidade de Lagoa Formosa-MG, na Rua<br />

Leosina Moreira, Nº 599 - Jardim, telefone 3824-0800.<br />

Venham nos fazer uma visita!


FENACAMPO<br />

revista<br />

100<br />

porcento<br />

agro<br />

jan, 24<br />

Com recorde de público,<br />

Fenacampo 2023 emplaca como<br />

a grande feira de agronegócio<br />

do Alto Paranaíba<br />

Entre os dias 30 de Agosto e 1º de Setembro, a 10ª edição da<br />

Feira de Agronegócios do Alto Paranaíba (Fenacampo), em<br />

São Gotardo, quebrou recordes de visitantes, expositores e de<br />

negócios. Figurando entre uma das feiras mais importantes do segmento<br />

em Minas Gerais, a Fenacampo surpreendeu pela grandiosidade<br />

estrutural e pela quantidade de negócios gerados, de acordo com a<br />

Coordenadora Executiva, Sabrina Miyazaki. Foi, sem dúvidas, um dos<br />

grandes acontecimentos do agro regional em 2023.<br />

Na edição comemorativa de 10 anos, foram mais de 250 empresas<br />

em 120 estandes. Destaque da programação, o primeiro painel “Olhar<br />

Feminino no Agro” marcou sua estreia e conquistou lugar cativo no<br />

evento. A experiência bem-sucedida deve se repetir nos próximos anos.<br />

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evista<br />

100<br />

porcento<br />

agro<br />

jan, 24<br />

12<br />

Outra novidade de 2023, a feira Pró-genética<br />

da Associação Brasileira dos Criadores de<br />

Zebu (ABCZ) também despertou grande interesse<br />

do público em geral e de pecuaristas.<br />

A Fenacampo vem se consolidando como<br />

cenário preferido de grandes marcas de todo<br />

o país que aproveitam o evento para apresentar<br />

novas tecnologias e soluções para a agropecuária.<br />

Realizada pelo Sindicato dos Produtores<br />

Rurais de São Gotardo, a Feira contou com<br />

o apoio da Federação da Agricultura e Pecuária<br />

de Minas Gerais (FAEMG), Empresa de<br />

Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG),<br />

Instituto Mineiro de Agropecuária<br />

(IMA) Associação dos Criadores de Gado<br />

Holandês de Minas Gerais, Secretaria Municipal<br />

de Desenvolvimento Econômico Sustentável<br />

de São Gotardo, Associação Mineira<br />

dos Produtores de Alho (AMIPA), Associação<br />

dos Irrigantes do Alto Paranaíba, Even3<br />

e ABCZ.<br />

Nos três dias da feira, mais de seis mil pessoas<br />

passaram pelo Parque de Exposições,<br />

entre profissionais do agro, estudantes e centenas<br />

de produtores rurais. Foram gerados<br />

mais de R$ 800 milhões em negócios, recorde<br />

histórico.<br />

Neste ano, a 11ª<br />

edição está confirmada<br />

para o período<br />

de 28 a 30 de<br />

agosto, no Parque<br />

de Exposições de<br />

São Gotardo.<br />

MUDANÇA: O Secretário<br />

de Estado<br />

da Agricultura e<br />

Pecuária, Thales Almeida<br />

Pereira Fernandes,<br />

foi um dos<br />

convidados da cerimônia<br />

de abertura<br />

da Fenacampo 2023, ao lado do Presidente do<br />

Sistema Faemg-Senar, Antônio de Salvo.<br />

Durante o evento, Thales Fernandes enfatizou<br />

a relevância da feira como catalisadora<br />

de tecnologias e geradora de negócios no setor<br />

agropecuário. “Em uma feira como esta, com<br />

o potencial de difundir tecnologias e gerar negócios,<br />

se respira trabalho. Diferentemente de<br />

outras feiras, onde há muita diversão – e isso é<br />

também necessário, aqui se trata de cuidar da<br />

geração de emprego e renda e de promover a<br />

tecnologia”, afirmou o Secretário de Estado.<br />

Antônio de Salvo, por sua vez, destacou<br />

o crescimento da Fenacampo como reflexo<br />

do avanço experimentado pelo agronegócio<br />

nos últimos anos. “É sustentável e precisa ser<br />

mostrado por podcasts como o 100Porcentoagro<br />

e outros. Nós precisamos mostrar o que fazemos.<br />

O produtor rural hoje é tecnificado, trabalha com<br />

inovação, respeita o meio ambiente, é bem treinado.<br />

O homem do campo mostra o caminho correto<br />

para o crescimento do país, e a população da<br />

cidade deveria cada vez mais conhecer melhor o<br />

que nós fazemos”, ressaltou o Presidente do Sistema<br />

Faemg-Senar.<br />

Thales Fernandes (à esquerda) e Antônio de Salvo<br />

visitaram estandes e conversaram com o público


evista<br />

100<br />

porcento<br />

agro<br />

jan, 24<br />

Fotos: Acervo Fenacampo<br />

Ambos os líderes concordaram que é fundamental<br />

levar o conhecimento até o produtor,<br />

especialmente o pequeno produtor, por<br />

meio da assistência técnica e gerencial. Thales<br />

Fernandes concluiu: “Não adianta nada uma<br />

feira como esta promover a tecnologia se ela<br />

não chegar lá na ponta, para quem realmente<br />

precisa”. Fernandes prometeu esforços<br />

redobrados para estabelecer um Centro de<br />

Excelência em Hortifruti no Alto Paranaíba,<br />

principal região produtora de HF do Brasil. A<br />

iniciativa visa fortalecer o acesso à tecnologia<br />

e conhecimento para impulsionar o desenvolvimento<br />

na base da cadeia produtiva.<br />

BELOS RESULTADOS: Sabrina Miyazaki, Coordenadora<br />

Executiva da Fenacampo, concedeu<br />

entrevista exclusiva ao 100Porcentoagro, satisfeita<br />

com os resultados positivos da Feira.<br />

“Esses 10 anos foram comemorados em<br />

grande estilo. Tivemos mais empresas do que<br />

no ano passado, um envolvimento imensamente<br />

maior de marcas na Fenacampo. E o<br />

público foi fantástico!”, afirmou Sabrina Miyazaki<br />

durante a transmissão ao vivo.<br />

A Coordenadora Executiva também destacou<br />

a presença significativa de um público<br />

totalmente ligado ao setor agropecuário.<br />

“Atingimos um nível que sempre almejamos.<br />

São profissionais do agro e pessoas que trabalham<br />

em prol do agro, e isso sempre foi nosso<br />

objetivo”.<br />

Um dos momentos de destaque, segundo<br />

Miyazaki, foi o painel feminino. “Eu esperava<br />

um público de 30, mas tivemos 80 mulheres<br />

participando ativamente. Foi emocionante”.<br />

O evento consolidou-se como um marco<br />

de sucesso e engajamento no cenário agropecuário,<br />

prometendo continuar a surpreender e<br />

evoluir nas edições futuras.<br />

Mal terminaram os trabalhos de avaliação<br />

da 10ª edição, Sabrina Miyazaki e equipe começaram<br />

a planejar a próxima Fenacampo. A<br />

edição <strong>2024</strong> já tem data marcada: será de 28<br />

a 30 de Agosto, no Parque de Exposições de<br />

São Gotardo.<br />

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evista<br />

100<br />

porcento<br />

agro<br />

jan, 24<br />

Alimentar o solo<br />

é alimentar a vida<br />

com as soluções<br />

da Yara.<br />

Sabia que, assim como<br />

você, o solo também<br />

respira?<br />

Mantê-lo vivo é o segredo<br />

para um futuro melhor para<br />

as próximas gerações.<br />

As soluções da Yara são<br />

desenvolvidas para uma<br />

cultura que rende mais,<br />

tem mais qualidade e que<br />

se desenvolve com<br />

sanidade.<br />

Tudo com menor<br />

impacto ambiental.<br />

qr code<br />

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ou acesse yarabrasil.com.br<br />

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15


CERRADO MINEIRO<br />

revista<br />

100<br />

porcento<br />

agro<br />

jan, 24<br />

Região do Cerrado Mineiro<br />

é modelo de inovação e<br />

sustentabilidade na produção<br />

cafeeira<br />

P<br />

ioneira no Selo de Denominação de Origem no Brasil,<br />

café da região está presente em todos os continentes.<br />

É a região de café no Brasil com a maior área<br />

certificada em boas práticas agrícolas, incluindo a primeira<br />

fazenda certificada em agricultura regenerativa no mundo<br />

16<br />

Em Minas Gerais, no Sudeste do Brasil, se<br />

destaca uma terra fértil com uma história de<br />

mais de 50 anos na produção de café: a Região<br />

do Cerrado Mineiro (RCM). Uma trajetória de<br />

sucesso marcada pela tradição, pioneirismo e<br />

inovação. Atualmente, são 4.500 cafeicultores<br />

distribuídos por 55 municípios, que se reinventam<br />

a cada nova safra, a cada geração. São<br />

seis milhões de sacas produzidas anualmente,<br />

em média, com o mérito de ter sido a primeira<br />

região a conquistar a Denominação de Origem<br />

e Qualidade para cafés no Brasil.<br />

Com uma produção anual de 255 mil hectares,<br />

a área é responsável por 12,7% da pro-


dução brasileira e 25,4% da mineira. Em 2022,<br />

a Região do Cerrado Mineiro atingiu a marca<br />

de 1 milhão de sacas de café comercializadas<br />

com o selo DO (Denominação de Origem),<br />

após o embarque de 320 sacas de café para o<br />

Japão. O produto está presente em todos os<br />

continentes. São cerca de 30 países e mais de<br />

70 compradores de cafés especiais com o selo<br />

de Origem e Qualidade no mundo todo.<br />

DESAFIOS E OPORTUNIDADES: Uma história<br />

de sucesso que teve início na década de 70<br />

por meio da experiência no cultivo de café de<br />

pessoas de outras localidades do Brasil que se<br />

uniram com outras do Cerrado Mineiro e que<br />

viram, além dos desafios, uma oportunidade<br />

para o cultivo de café na região. Um desenvolvimento<br />

que foi além da tradição para construir<br />

o que hoje serve de modelo para outras<br />

regiões.<br />

No Cerrado Mineiro, o “saber fazer” dos<br />

produtores é associado ao uso de tecnologias<br />

modernas e boas práticas agrícolas, resultando,<br />

assim, em um café de “atitude”: responsável,<br />

rastreável e de alta qualidade.<br />

Para divulgar todo este trabalho, a RCM<br />

conta com embaixadores do café, cafeicultores<br />

comprometidos com o propósito de representar<br />

os grãos produzidos na região pelo<br />

mundo afora. Atualmente, são 10 embaixadores,<br />

sendo quatro mulheres.<br />

TERROIR IDEAL E SUSTENTABILIDADE: A RCM<br />

é considerada uma área com a perfeita definição<br />

das estações climáticas – verão quente e<br />

úmido e inverno ameno e seco, apresentando<br />

ainda solos propícios para a cafeicultura. Isto<br />

resulta em cafés diferenciados, produzidos<br />

com origem controlada em um terroir singular<br />

característico da região, que proporciona<br />

aroma intenso, com notas variando de caramelo<br />

a nozes; acidez cítrica; corpo moderado<br />

a encorpado; sabor adocicado com aspecto de<br />

chocolate e finalização de longa duração. Os<br />

cafeeiros são cultivados em áreas com altitude<br />

variando entre 800 e 1.300 metros, resultando<br />

em cafés com identidade única e alta qualidade.<br />

Atrelado às características ambientais perfeitas<br />

para a produção de um café de qualidade,<br />

está o modelo de cafeicultura sustentável<br />

que busca diminuir os impactos socioambientais<br />

focado na preocupação com a preservação<br />

do bioma Cerrado.<br />

Uma das prioridades da RCM é incentivar<br />

a produção de café com ações de enriquecimento<br />

e conservação da fauna e flora, com<br />

práticas climaticamente inteligentes e a proteção<br />

dos mananciais de água.<br />

É a região de café no Brasil com a maior<br />

área certificada em boas práticas agrícolas,<br />

incluindo a primeira fazenda certificada em<br />

agricultura regenerativa no mundo.<br />

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL: Um dos diferenciais<br />

da Região do Cerrado Mineiro é a<br />

estrutura organizacional. O trabalho com os<br />

produtores tem o intuito de integrar e intercooperar<br />

as organizações que compõem a<br />

região, apoiando o trabalho dos cafeicultores<br />

na produção, gestão, boas práticas, pesquisa<br />

e desenvolvimento e comercialização, oferecendo<br />

sempre as melhores soluções na cafeicultura<br />

do Cerrado Mineiro.<br />

Por meio da união dos cafeicultores, a<br />

RCM se desenvolveu de forma organizada e<br />

estruturada em cooperativas, associações e<br />

uma fundação que formam uma federação,<br />

que por sua vez, garante que os processos, da<br />

planta até a xícara, tenham todos os atributos<br />

de Atitude.<br />

Há mais de 30 anos, a Federação dos Cafeicultores<br />

do Cerrado é entidade de caráter representativo,<br />

científico, educacional, divulgador<br />

e cultural, sem fins lucrativos, constituída<br />

por Associações de Cafeicultores e Cooperativas<br />

Agropecuárias. É a entidade controladora<br />

da Denominação de Origem Região do<br />

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Cerrado Mineiro que atesta a Origem e Qualidade<br />

dos Cafés por meio da Certificação de<br />

Origem e Qualidade. Fazem parte da Federação<br />

seis cooperativas: Carmocer, Carpec,<br />

Coocacer Araguari, Coopadap, Expocacer<br />

e MonteCCer e as sete associações: ACA,<br />

Acarpa, Amoca, Appcer,<br />

Assocafé, Assogotardo e<br />

GRE Café – Região de<br />

Araxá.<br />

Já a Fundação de Desenvolvimento<br />

do Cerrado<br />

Mineiro (Fundaccer),<br />

foi criada para divulgar os<br />

princípios do associativismo<br />

e do cooperativismo;<br />

promover e apoiar<br />

o estudo e a pesquisa; e<br />

desenvolver a cafeicultura<br />

na Região do Cerrado<br />

Mineiro. A entidade foi<br />

pensada para atender a<br />

demanda de pesquisa,<br />

desenvolvimento e captação<br />

de recursos.<br />

SELO DO E ‘FINGERPRINT’: Desde 2013, o Selo<br />

de Origem e Qualidade atesta que o lote comercializado<br />

possui a certificação de Origem<br />

e Qualidade Região do Cerrado Mineiro,<br />

conforme os requisitos estabelecidos no processo<br />

de produção. O Selo está à disposição<br />

de todos os produtores que fazem parte da<br />

RCM e seguem o processo de produção da<br />

Denominação de Origem.<br />

Para atestar todo processo, existe um sistema<br />

de rastreabilidade da região. Além de<br />

confirmar a Origem e Qualidade, ao fazer a<br />

leitura do QR Code, é possível conhecer a<br />

história do produtor de café, geolocalização<br />

da propriedade, número de sacas do lote certificado,<br />

qualidade do lote, principais características<br />

da bebida, bem como outras informações<br />

do processo de produção. Tudo isso<br />

está atrelado à tendência dos mercados que<br />

estão em busca da autenticidade por parte<br />

dos novos consumidores que querem saber<br />

de forma transparente a origem dos produtos<br />

e todo processo que envolve a produção.<br />

Além de ter o primeiro café do Brasil com<br />

o Selo DO, a RCM também saiu na frente<br />

ao apresentar, no ano passado, o projeto de<br />

implantação da tecnologia fingerprint (impressão<br />

digital) que atesta ainda mais a integridade<br />

do seu café, garantindo a identificação<br />

em qualquer parte do mundo, tanto para cafés<br />

verdes quanto para cafés industrializados. A<br />

tecnologia nada mais é do que a identificação<br />

do autêntico café da região pelo DNA do fruto,<br />

a impressão digital do café, capaz de detectar<br />

e reduzir os riscos de fraude em toda a<br />

cadeia de suprimentos.<br />

Para chegar à fingerprint do café da Região<br />

do Cerrado Mineiro é feita uma espectrometria.<br />

Um equipamento utiliza grãos de café<br />

para fazer a análise que irá gerar a impressão<br />

digital química. Miligramas do café verde moído<br />

e diluído em água são usados no processo.<br />

PRÊMIO RCM: Como forma de celebrar a safra


anual e valorizar o trabalho dos cafeicultores<br />

na produção de cafés de alta qualidade, com<br />

responsabilidade e rastreabilidade, desde 2013<br />

é realizado o Prêmio Região Cerrado Mineiro.<br />

Promovido pelas cooperativas do Sistema RCM<br />

e organizado pela Federação dos Cafeicultores<br />

do Cerrado, reconhece os melhores cafés dos<br />

55 municípios que compõem a Região. A premiação<br />

é vista como uma oportunidade para<br />

que os cafeicultores agreguem valor aos lotes<br />

premiados e se destaquem no universo do café.<br />

Em 2023, a 11ª edição do evento bateu o<br />

recorde de participação, com 500 amostras de<br />

café inscritas nas categorias Café Natural, Cereja<br />

Descascado e Fermentação Induzida.<br />

Um dos pontos altos é o Leilão Café Solidário,<br />

que em 2023 também bateu o recorde com<br />

mais de R$ 240 mil em vendas, sendo que 70%<br />

serão revertidos para causas sociais. Durante<br />

o leilão, também foi atingido o recorde histórico<br />

da saca de café mais valorizada, arrematada<br />

por R$ 68 mil. O Prêmio ainda reconhece<br />

ações de envolvimento com o meio ambiente,<br />

comunidade e também as mulheres, cada vez<br />

mais atuantes no segmento do café, sendo eles:<br />

Troféu Mulher de Atitude, Troféu Atitude Sustentável<br />

e Troféu Escola de Atitude.<br />

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O produtor José Ricardo de Carvalho, da fazenda Estrela Carvalho, vencedor na<br />

categoria Natural, comemora a conquista. A bebida, da variedade Paraíso, recebeu<br />

pontuação de 90,13 e foi arrematada noWW Leilão Solidário por R$ 68 mil, recorde<br />

histórico como a saca de café mais valorizada<br />

RCM produz cafés com<br />

identidade única e alta qualidade<br />

Fotos: Região do Cerrado Mineiro<br />

19


FENAMINAS<br />

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Fenaminas <strong>2024</strong>: feira de<br />

negócios no Cerrado Mineiro é<br />

inovação que inspira<br />

Sucesso entre expositores, produtores e público em geral, Fenaminas<br />

2023 superou expectativas (Foto: Sicoob Credipatos/Patos Hoje)<br />

F<br />

eira de Negócios e Tecnologia do Cerrado Mineiro<br />

promete inspirar transformações. Idealizado<br />

por Edmilson Garcia, presidente do Sicoob<br />

Credipatos, evento deste ano deve superar os R$ 300<br />

milhões em negócios gerados em 2023<br />

20<br />

O que é preciso fazer para transformar um<br />

grande sonho em realidade? Sem dúvida alguma, é<br />

planejar. Sabendo o que deseja, um empreendedor<br />

bem organizado coloca no papel quando e onde<br />

vai realizar seu sonho, calcula os custos, faz uma<br />

lista dos locais onde vai buscar recursos, define<br />

com quem pode contar e cria estratégias para fazer<br />

acontecer. Foi assim com a Fenaminas: Feira<br />

de Negócios e Tecnologia do Cerrado Mineiro. O<br />

evento chega à sua segunda edição neste ano, entre<br />

os dias 24 e 26 de julho, no Parque de Exposições<br />

“Sebastião Alves do Nascimento”, em Patos de<br />

Minas.<br />

A Fenaminas nasceu do sonho de Edmilson<br />

Garcia, presidente do Sicoob Credipatos, e os parceiros<br />

são o Sindicato Rural e o Sebrae. Garcia sonha<br />

alto e usa como referências dois eventos inter-


nacionais: a Agrishow e a AgroBrasília. Enquanto a<br />

Agrishow, realizada anualmente em Ribeirão Preto<br />

(SP) é a maior feira de tecnologia agrícola do Brasil<br />

e uma das maiores do mundo, a AgroBrasília se<br />

destaca como uma feira direcionada a empreendedores<br />

rurais de todos os tamanhos e portes, que<br />

se encontram todos os anos do Distrito Federal.<br />

Ambos os eventos são internacionais, mas a Agro-<br />

Brasília foi sonhada dentro de uma cooperativa, a<br />

Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito<br />

Federal, ou seja, tem em sua essência algo que também<br />

está no coração da Fenaminas: o cooperativismo.<br />

“Nosso desejo é que a Feira de Patos alcance o<br />

mesmo destaque da Agrishow e da AgroBrasília”,<br />

diz Edmilson Garcia.<br />

O idealizador da Feira conta que observava cidades<br />

vizinhas promovendo eventos de negócios<br />

e Patos de Minas não poderia jamais deixar de ter<br />

uma feira digna da sua condição de polo regional de<br />

desenvolvimento, com sua economia pujante nos<br />

mais diversos segmentos, notadamente no agronegócio.<br />

Pensada para estrear em 2020, a Fenaminas<br />

só ocorreu em 2023 por conta dos impactos da<br />

pandemia de covid-19. Nas palavras de Edmilson<br />

Garcia, “com muito sacrifício, mas com sucesso”.<br />

A Feira é um acontecimento de negócios para<br />

o comércio, a prestação de serviços, as indústrias e<br />

as cadeias produtivas do agronegócio do Cerrado<br />

Mineiro. Nela, é possível ter acesso a novas tecnologias<br />

e serviços para produzir com rentabilidade<br />

e sustentabilidade. Em 2023, a Fenaminas gerou<br />

mais de R$ 300 milhões em negócios, números que<br />

deverão ser superados nesta segunda edição.<br />

A soma de esforços entre Sicoob, Sindicato Rural<br />

de Patos de Minas e Sebrae promete oferecer<br />

aos diversos setores da economia as melhores soluções.<br />

Com o tema “Inovação que inspira, vida que<br />

prospera”, a edição de <strong>2024</strong> foi anunciada oficialmente<br />

em coquetel na noite de 24 de novembro.<br />

“Patos precisa dessa Feira, e todos nós devemos<br />

tomá-la como pertencimento, pois ela trará muitos<br />

frutos para a cidade e a região. Esperamos mais<br />

que dobrar os números de 2023”, conclui Edmilson<br />

Garcia.<br />

FORÇA REGIONAL: De acordo com o IBGE,<br />

Patos de Minas é um polo econômico regional.<br />

A cidade é reconhecida pelo seu agronegócio,<br />

especialmente na produção de grãos, genética<br />

suína e produção de leite. Em 2020, o PIB per<br />

capita de Patos de Minas era de R$ 35.169,15. A<br />

cidade é considerada a primeira em captação e<br />

qualidade de leite em Minas Gerais e a segunda<br />

do país. Também conhecido pela Festa Nacional<br />

do Milho, o município busca se consolidar<br />

como palco de uma das grandes feiras de negócios<br />

do Cerrado Mineiro.<br />

PARCERIAS: O presidente do Sindicato dos<br />

Produtores Rurais de Patos de Minas, Cleides<br />

Júnior, entende que a Fenaminas nasceu grande.<br />

“Patos, como cidade polo do agronegócio,<br />

vem se desenvolvendo de uma forma gigante.<br />

Hoje, temos um dos maiores leilões de Minas<br />

Gerais, alguns dos maiores produtores do<br />

Estado, e não poderíamos deixar de realizar a<br />

nossa Feira”.<br />

Júnior lembra que a iniciativa da Credipatos<br />

é digna dos maiores elogios, especialmente<br />

pela capacidade de agregar em torno da<br />

proposta grandes parceiros, como o Sebrae.<br />

O Sindicato Rural é parceiro desde a concepção<br />

do evento e segue no propósito. “A Fenaminas<br />

do ano passado foi um sucesso e, agora,<br />

temos o desafio de fazer um evento ainda<br />

melhor”, disse.<br />

O Presidente do Sindicato Rural usa como<br />

prenúncio de sucesso da Fenaminas <strong>2024</strong> o<br />

fato de praticamente todos os espaços já terem<br />

sido vendidos meses antes do evento.<br />

“Antes, os produtores de Patos precisavam<br />

sair daqui para irem fazer negócios em feiras<br />

grandes. Por que não aqui dentro de Patos?”.<br />

Cleides Júnior aposta na Fenaminas <strong>2024</strong><br />

como uma das maiores feiras da região. Temos<br />

capacidade e poder para isso. Eu acredito<br />

na Feira. Os parceiros são fortes e todos<br />

estamos juntos para realizarmos um grande<br />

evento”, conclui.<br />

revista<br />

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Minas Gerais lidera avanço na<br />

inspeção de produtos de origem<br />

animal<br />

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Acervo Minas Cabra<br />

Minas Cabra foi a primeira<br />

a receber o Selo do SIM no<br />

Alto Paranaíba<br />

Foto: Divulgação<br />

Em novembro, 13 consórcios públicos municipais<br />

em todo o Brasil aderiram ao Sistema<br />

Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem<br />

Animal (Sisbi-POA), vinculado ao Ministério<br />

da Agricultura e Pecuária (Mapa). A grande<br />

vantagem para as agroindústrias aprovadas<br />

na inspeção é a possibilidade de comercializar<br />

seus produtos em todo o território nacional.<br />

Minas Gerais tem o maior número de municípios<br />

aptos para a inspeção de produtos de<br />

origem animal, participantes do Sistema. O<br />

governo estadual afirma que a adesão resulta<br />

em uma supervisão mais eficaz dos produtores<br />

pelas fiscalizações municipais, tornando o<br />

processo mais ágil e acessível, especialmente<br />

para as pequenas e médias agroindústrias.<br />

Atualmente, 11 das 275 cidades mineiras<br />

integrantes do Sisbi-POA são do Alto Paranaíba.<br />

Arapuá, Carmo do Paranaíba, Coromandel,<br />

Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia,<br />

João Pinheiro, Patos de Minas, Patrocínio,<br />

Presidente Olegário, São Gotardo e Serra do<br />

Salitre participam do Serviço de Inspeção Regional<br />

por meio do Consórcio Público Intermunicipal<br />

de Desenvolvimento Sustentável<br />

(CISPAR). A meta é alcançar 427 localidades<br />

mineiras integradas ao Sistema até 2026.<br />

RETROSPECTIVA: O ano de 2023 foi particularmente<br />

produtivo para a agroindústria de Minas<br />

Gerais. Em maio, o governo do Estado e<br />

a Associação Mineira dos Municípios (AMM)<br />

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24<br />

assinaram um protocolo para aprimorar os<br />

consórcios com foco nos serviços de inspeção<br />

municipal de produtos de origem animal. Por<br />

meio do suporte técnico às equipes, entidades<br />

e órgãos como a Secretaria Estadual de Agricultura<br />

e Pecuária, Ministério da Agricultura e<br />

Pecuária, Emater, Instituto Mineiro de Agropecuária<br />

(IMA), Conselho Regional de Medicina<br />

Veterinária e Sebrae realizam capacitações<br />

e participam da estruturação do trabalho. Uma<br />

das frentes mais conhecidas é a elaboração de<br />

normas para a emissão dos selos de Arte e de<br />

Queijo Artesanal.<br />

A EXPERIÊNCIA DO ALTO PARANAÍBA: Em<br />

2023, aconteceram mais de 1400 inspeções, de<br />

acordo com Pedro Pinheiro, Coordenador do<br />

Serviço de Inspeção Municipal do CISPAR.<br />

Foram 46 estabelecimentos registrados, com<br />

processos ainda em andamento. Deste total,<br />

14 estabelecimentos deram entrada no ano<br />

passado, fator destacado por Pedro como altamente<br />

significativo. Onze agroindústrias da<br />

região já possuem o Sisbi, ou seja, adquiriram<br />

o direito de comercializar seus produtos no<br />

Brasil inteiro. “Um grande dado, visto que<br />

eram apenas 6 em 2022”, comemora Pinheiro.<br />

No mês de novembro, o Serviço de Inspeção<br />

Municipal do CISPAR passou por uma<br />

auditoria federal para manutenção do Sisbi, e o<br />

status de equivalência foi renovado, com base<br />

em procedimentos regulares realizados pelo<br />

Ministério da Agricultura e Pecuária. “Obtivemos<br />

87% na avaliação de conformidade em<br />

uma auditoria bastante rigorosa. Ouvimos dos<br />

técnicos que o CISPAR é referência em nível<br />

nacional, e isso nos deixou muito contentes”,<br />

conclui Pedro Pinheiro.<br />

PERSPECTIVA: Neste ano de <strong>2024</strong>, a meta do<br />

CISPAR é conseguir o Sisbi também para produtos<br />

de origem vegetal, englobando sucos,<br />

polpa de fruta, cerveja artesanal e cachaça. O<br />

pedido está em tramitação no Ministério da<br />

Agricultura e Pecuária e, em uma das etapas<br />

essenciais, depende das câmaras de vereadores,<br />

responsáveis por criar leis específicas sobre<br />

o tema.<br />

SUCESSO: O laticínio Minas Cabra, em São<br />

Gotardo, foi o primeiro estabelecimento da<br />

área de atuação do CISPAR a obter o Selo do<br />

Serviço de Inspeção Municipal. São cerca de 30<br />

cabras da raça Saanen fornecendo aproximadamente<br />

100 litros de leite utilizados na fabricação<br />

de seis variedades diferentes de queijos comercializados<br />

em Minas e São Paulo. Há também<br />

outros casos de sucesso na área de atuação do<br />

CISPAR. Em setembro, nas comemorações<br />

do centenário de Coromandel, a Emater-MG<br />

promoveu o Concurso do Queijo Artesanal de<br />

Minas Gerais, reunindo queijos de várias regiões<br />

do estado. Entre os cinco vencedores da<br />

categoria Queijo Minas Artesanal, dois são de<br />

Cruzeiro da Fortaleza, no território Queijo do<br />

Cerrado: Donizetti Rodrigues de Almeida (terceiro<br />

colocado) e Henderson Junior Teixeira da<br />

Silva (quarto), marcando mais uma evidência da<br />

importância do trabalho desenvolvido pelo Serviço<br />

de Inspeção Municipal do CISPAR.<br />

PARCEIROS ESTRATÉGICOS: Mara Mota,<br />

Coordenadora Técnica Regional da Emater<br />

em Patos de Minas, ressalta a tendência<br />

crescente de agregação de valor aos produtos<br />

oriundos dos agricultores familiares mineiros.<br />

“Fabricados dentro de processos de produção<br />

característicos, eles têm relevante importância<br />

social, pois empregam um número significativo<br />

de pessoas. E também cultural, considerando<br />

a tradição repassada de geração em geração,<br />

com uma singularidade que os destaca em<br />

relação aos demais alimentos”, avalia. A Coordenadora<br />

realça a importância do Sistema de<br />

Inspeção Municipal Consorciado do CISPAR<br />

como política pública criada e direcionada aos<br />

agricultores familiares nos municípios da região.<br />

Criado em 2019, com a participação da<br />

Emater-MG/Regional de Patos de Minas, o


Consórcio viabiliza o registro de agroindústrias<br />

de Produtos de Origem Animal. “O papel<br />

da Emater é realizar a assistência técnica<br />

e extensão rural aos agricultores, promover a<br />

inclusão deles no processo de agroindustrialização<br />

e comercialização da sua produção,<br />

agregando valor e gerando renda com o processo<br />

de registro dos empreendimentos e contribuir<br />

para um processo de desenvolvimento<br />

socioeconômico de toda a região”, conclui a<br />

Mara Mota.<br />

Recentemente, completando mais uma etapa<br />

na cadeia da comercialização, a Emater-MG<br />

lançou um marketplace: plataforma virtual de<br />

venda de produtos artesanais dos produtores<br />

atendidos pela empresa com a possibilidade de<br />

comercialização em todo o país.<br />

Outro parceiro é o Sebrae Minas, que apoia<br />

o CISPAR para fortalecer a região do Alto Paranaíba.<br />

Érika Martins, analista do Sebrae Minas,<br />

cita o importante trabalho de capacitação da<br />

equipe do Consórcio e das agroindústrias, contribuindo<br />

ativamente na elaboração inicial de<br />

projetos. Juntos, concentram esforços para aprimorar<br />

as normas internas e o estatuto do CIS-<br />

PAR, com o objetivo de impulsionar de forma<br />

sustentável o desenvolvimento desse importante<br />

território. “O Sebrae considera o CISPAR um<br />

aliado importante para o desenvolvimento do<br />

território, pois proporciona melhoria dos serviços<br />

públicos e aumento da eficiência dos entes<br />

federados. Considerando que as prefeituras são<br />

uma das principais instituições que promovem<br />

o desenvolvimento econômico dos municípios,<br />

é de grande relevância o suporte do Sebrae ao<br />

consórcio para maior efetividade dos serviços<br />

de legalização das micro e pequenas empresas”,<br />

diz a analista.<br />

A obtenção inicial do Título de Adesão ao<br />

Sisbi-POA, em 2022, e sua recente renovação<br />

pelo CISPAR, é um dos resultados da parceria<br />

com o Sebrae.<br />

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Queijo artesanal mineiro<br />

é outro produto muito<br />

valorizado pelo consumidor<br />

Foto: Agência Minas<br />

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ROMPENDO FRONTEIRAS<br />

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agro<br />

jan, 24<br />

Café de Campos Altos é<br />

reconhecido no mercado<br />

europeu<br />

AFazenda São João Batista exporta café Bourbon VD, uma variedade<br />

introduzida na região em 1910. Ao longo de um século, a família<br />

Domingos dedicou-se à seleção dos pés de café mais produtivos,<br />

resultando em grãos de alta qualidade e sabor, reconhecidos pelos compradores<br />

europeus devido ao processo rigoroso de cultivo.<br />

26<br />

Com o embarque de 320 sacas de café para a<br />

Espanha, a região de Campos Altos, no oeste de<br />

Minas Gerais, vivenciou um momento histórico<br />

na cafeicultura local. Esse primeiro envio mostra<br />

a expansão do café mineiro para além das fronteiras<br />

do Brasil, fortalecendo ainda mais a imagem<br />

não só do país, mas também do Estado e da região<br />

de Campos Altos no mercado internacional.<br />

Para Bruno Antonio Henriques Franco, coffee<br />

trader da Cooperativa Agropecuária de Campos<br />

Altos (CAPECA), essa primeira exportação é um<br />

marco na história da cafeicultura campos-altense.<br />

“Campos Altos sempre teve a fama de produzir<br />

excelentes cafés, porém sabemos que muitas<br />

vezes nossos cafés são utilizados para compor<br />

blends com outras regiões. A finalidade principal<br />

da nossa marca território é proteger e valorizar<br />

a qualidade do café aqui produzido. Queremos<br />

cada vez mais embarcar nossos cafés selados com<br />

a marca território ‘Região de Campos Altos’ e garantir<br />

ao mercado as nuances e sabores do café<br />

produzido aqui”, diz.<br />

A localização da região entre os biomas Mata<br />

Atlântica e Cerrado, juntamente com as condições<br />

climáticas favoráveis, propicia um solo fértil para<br />

a produção de café, com uma produção anual de<br />

150 mil sacas de qualidade excepcional. A região,<br />

que já possui uma longa tradição no cultivo e na<br />

produção cafeeira, conta também com os produtores<br />

locais que sempre estão em busca de técnicas<br />

avançadas para o cultivo, colheita e torra dos<br />

grãos, transformando o produto de Campos Altos<br />

em uma bebida de sabor e qualidade superiores.<br />

Essa qualidade resultou ainda no desenvolvimento<br />

da marca territorial que, além de reforçar<br />

a região como uma grande produtora de café,<br />

fortalece a identidade local tradicionalmente conhecida<br />

pelo cultivo do grão. A marca territorial<br />

demonstra o compromisso dos produtores com a<br />

produção de um café de excelência.<br />

O diferencial foi logo percebido pelo mercado<br />

europeu e, em novembro de 2023, aconteceu o<br />

primeiro embarque internacional do café da Região<br />

de Campos Altos. A Espanha foi o país que<br />

realizou essa primeira importação. Renato Caetano<br />

Domingos, proprietário da fazenda São João<br />

Batista, enviou 320 sacas de café da variedade<br />

Bourbon.<br />

O primeiro embarque para a Espanha se transformou<br />

em um importante marco na história da<br />

cafeicultura local e abriu novas perspectivas para<br />

os produtores. “As expectativas são as melhores<br />

possíveis! A iniciativa visa valorizar o café aqui<br />

produzido e agregar valor e reconhecimento à<br />

nossa produção de café naturalmente especial. Já<br />

temos mais embarques planejados para o início<br />

do ano de <strong>2024</strong>”, afirma Bruno Franco.<br />

Renato Caetano Domingos considera esse primeiro<br />

embarque uma nova fase na cafeicultura.<br />

“Para nós, o envio do café para a Espanha repre-


senta uma nova fase da cafeicultura em Campos<br />

Altos. Em particular para a família, é o reconhecimento<br />

do trabalho ancestral em prol do desenvolvimento<br />

dos cafés de qualidade, o que mostra<br />

os frutos de um trabalho secular”.<br />

Para a região, enviar um café local para a Espanha<br />

significa estar em um dos melhores mercados<br />

da Europa, visto que os espanhóis possuem<br />

uma alta demanda por um café distinto.<br />

Segundo Bruno Franco, o café de Campos Altos<br />

pode concorrer em qualidade com os melhores<br />

cafés da Europa: “Com a origem garantida pelo<br />

selo, o café produzido em nossa região ganhará<br />

destaque nos principais mercados consumidores<br />

onde a qualidade é condição de negócio”.<br />

“Os cafés produzidos no município são de<br />

alta qualidade, o que, juntamente com novos<br />

processos de produção, trazem novas perspectivas.<br />

Acredito que um número cada vez maior<br />

de cafeicultores da região irá, através de conhecimento<br />

e inovação, ter seus produtos aptos à exportação,<br />

podendo consolidar e ampliar o mercado”,<br />

avalia Domingos.<br />

O embarque representa, para os produtores<br />

locais, o diferencial de estar presente em um mercado<br />

que busca uma altíssima qualidade na bebida<br />

e eleva ainda mais a excelência do café produzido<br />

na região de Campos Altos. “Estamos passando,<br />

nesse momento, por uma mudança de paradigmas<br />

que, ao longo dos últimos quinze anos, mostraram<br />

ao cafeicultor que a qualidade é o foco do<br />

mercado atual, e nosso município é vanguarda<br />

nesse processo”, conclui Domingos.<br />

São os produtores locais recebendo o reconhecimento<br />

internacional e mostrando que a região<br />

está preparada para competir com o mercado<br />

global com um produto de excelência.<br />

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Da esquerda para a direita: Alessandro Souza (Sebrae),<br />

o casal Aline e Renato Domingos, Sara Guimarães (ACCA) e os<br />

coffee trader Bruno Franco, Vinícius Lemos e Weverton Nogueira<br />

Foto: acervo Renato Domingos<br />

27


OLERICULTURA<br />

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Alho é uma das estrelas da<br />

olericultura no Brasil<br />

Foto: Fenacampo<br />

Produção mineira de hortaliças: a<br />

jornada da Comissão Técnica de<br />

Olericultura da Faemg<br />

Dirigida por um produtor rural do Alto Paranaíba, a Comissão está<br />

impulsionando a inovação e superando desafios na agricultura<br />

mineira, promovendo crescimento e sustentabilidade. As primeiras<br />

ações são no sentido de mapear os desafios para, a partir de março, colocar<br />

em prática as soluções buscadas pelos olericultores mineiros.<br />

28<br />

A Federação da Agricultura do Estado de<br />

Minas Gerais (Faemg) possui uma Comissão<br />

Técnica de Olericultura. A Comissão trabalha<br />

pelo fortalecimento do setor, simplificando a<br />

vida de quem atua no segmento, sejam produtores,<br />

profissionais, pesquisadores ou estudantes<br />

de áreas afins. O atual presidente da Comissão<br />

é Rodolfo Molinari, de São Gotardo, no Alto<br />

Paranaíba.<br />

A olericultura é a atividade do cultivo de<br />

hortaliças folhosas, raízes, tubérculos, frutos e<br />

bulbos. Minas Gerais ocupa a segunda posição<br />

no ranking de produtores brasileiros de olerícolas,<br />

segundo a Epamig — empresa de pesquisa<br />

agropecuária do estado. Com produção anual<br />

superior a 4 milhões de toneladas em 130 mil<br />

hectares plantados, o setor gera cerca de 300 mil<br />

empregos diretos. No Alto Paranaíba, o destaque<br />

é para as culturas de alho, cebola e cenoura.<br />

Molinari cita a pujança do setor em Minas.<br />

“Nós temos os dois tipos de olericultura no estado:<br />

a empresarial, muito forte, tecnificada; e a


familiar, nos arredores dos grandes municípios.<br />

A comissão nos ajuda a mapear quem são esses<br />

olericultores e, ainda, auxilia a minimizar nossos<br />

problemas, nossas dores”.<br />

NA PRÁTICA: Por meio de diversas reuniões<br />

em áreas como o cinturão verde de São Gotardo<br />

e nas regiões produtoras de batata, como o<br />

Triângulo Mineiro, por exemplo, a Comissão<br />

reforçou muito suas ações em 2023. No ano de<br />

<strong>2024</strong>, Rodolfo Molinari diz que será dedicada<br />

atenção especial ao Norte do estado, citando<br />

particularmente a região de Taiobeiras, além<br />

da Zona da Mata e do Sul de Minas. “Acredito<br />

que até março tenhamos rodado todas as regiões<br />

produtoras fazendo um levantamento da<br />

olericultura no estado, tanto de área quanto em<br />

relação aos gargalos e o que é necessário fazer<br />

para resolvê-los”.<br />

O Presidente da Comissão Técnica de Olericultura<br />

afirma também que a Faemg já tem mapeados<br />

os problemas macro do setor, citando<br />

como principal gargalo as questões trabalhistas.<br />

“Neste sentido, nossas ações têm buscado<br />

respaldo junto à Superintendência Regional do<br />

Trabalho em Minas Gerais, por meio de reuniões<br />

com o Superintendente, Carlos Calazans.<br />

E o grande objetivo, neste primeiro momento,<br />

é fazer um diagnóstico para nortear nossas estratégias”.<br />

ANÁLISE DE CENÁRIO: Atual presidente do<br />

Sindicato dos Produtores Rurais de São Gotardo<br />

e empresário do agronegócio, Rodolfo Molinari<br />

Costa diz que o momento é de incertezas,<br />

tanto no campo jurídico quanto na economia.<br />

“São diversas as questões que ainda nos deixam<br />

muito inseguros em relação a novos investimentos”.<br />

O que o médio e o grande produtor<br />

têm feito é procurar atuar dentro de uma<br />

estabilidade, realizando somente investimentos<br />

fundamentais para a atividade até sentirem mais<br />

segurança no cenário.<br />

Molinari diz, entretanto, que tudo é muito<br />

dinâmico no Alto Paranaíba, onde os reflexos<br />

são menores do que no restante do Brasil.<br />

Em São Gotardo, por exemplo, tudo gira em<br />

torno do agro, panorama bem parecido com a<br />

maioria das demais cidades da região. Molinari<br />

menciona a agroindústria, o comércio e os serviços<br />

como segmentos basicamente focados no<br />

agronegócio. E o mesmo se observa olhando<br />

para Minas Gerais como um todo. “Apesar de<br />

termos muita mineração, o agronegócio vem<br />

numa crescente cada vez mais forte, participando<br />

ativamente das receitas do estado”, avalia o<br />

dirigente, ressaltando que também a economia<br />

brasileira é sustentada pelo agro.<br />

AÇÕES SOCIAIS: No campo da responsabilidade<br />

social, Rodolfo Molinari lembra o apoio<br />

dado pelo segmento à segurança pública, especialmente<br />

na implantação e manutenção do<br />

Olho Vivo, sistema de vigilância urbana por<br />

meio de câmeras que funcionam 24 horas por<br />

dia em diversos municípios, operado pelas polícias<br />

militar e civil de Minas Gerais. Em outra<br />

frente, o agronegócio tem renovado sua parceria<br />

com a Polícia Militar na ampliação das patrulhas<br />

rurais.<br />

Para além da segurança, o agronegócio também<br />

aposta na educação, por meio da oferta de<br />

cursos. “Tivemos um aumento expressivo no<br />

número de cursos profissionalizantes”, conclui.<br />

PERSPECTIVAS: O dirigente anunciou para<br />

<strong>2024</strong> a mudança da sede administrativa do Sindicato<br />

dos Produtores Rurais de São Gotardo<br />

para o interior do Parque de Exposições, devendo<br />

transformar o local em um ponto de<br />

concentração de serviços para o homem do<br />

campo, por meio de eventos, negócios e oportunidades.<br />

O espaço deverá, ainda, congregar empresas,<br />

entidades e instituições ligadas ao meio rural<br />

para facilitar o acesso a bens e serviços para<br />

produtores, empresas, profissionais e estudantes<br />

de agrárias.<br />

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ARTIGO<br />

DESAFIOS DO CLIMA<br />

revista<br />

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agro<br />

jan, 24<br />

Clima adverso afeta produção<br />

agrícola brasileira e exige<br />

medidas de adaptação<br />

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KARLA VILAÇA: Engenheira Agrônoma<br />

pelo UNIPAM. Especialista em<br />

Fisiologia Aplicada a Sistemas de<br />

Produção, Mestre e Doutora em<br />

Ciências/Fitotecnia, pela ESALQ/USP<br />

Aprodução agrícola brasileira está sendo<br />

impactada pelo calor excessivo e pela seca<br />

que acomete a maioria das regiões. Os<br />

efeitos do estresse térmico e hídrico nas culturas<br />

depende da espécie, do estádio de desenvolvimento<br />

da cultura e duração da exposição das plantas<br />

ao estresse.<br />

Durante a fase de germinação da cultura, o<br />

estresse resulta em menor germinação das sementes<br />

e emergência das plântulas, reduzindo<br />

a população de plantas por hectare. Quando<br />

o estresse ocorre na fase de desenvolvimento<br />

vegetativo afeta a fotossíntese, a transpiração<br />

e absorção de nutrientes. No entanto, o estresse<br />

na fase reprodutiva reduz significativamente<br />

a produção, pois pode ocasionar o<br />

abortamento de flores, reduzir o tamanho ou<br />

o número de vagens ou dos grãos e, consequentemente<br />

a produtividade da cultura.<br />

Algumas estratégias podem ser utilizadas<br />

pelos agricultores para maior tolerância das<br />

plantas ao estresse, bem como para aumentar<br />

a produtividade das culturas mesmo em condições<br />

ambientais adversas.<br />

As estratégias potenciais de manejo para<br />

melhorar a resiliência das culturas às mudanças<br />

climáticas incluem o manejo eficaz da irrigação,<br />

a utilização da cobertura vegetal do<br />

solo com palhada, a rotação de culturas, a seleção<br />

de cultivares com tolerância ao estresse,<br />

o uso do sombreamento com telas ou espécies<br />

arbóreas, a nutrição equilibrada mantendo<br />

os níveis de nutrientes adequados no solo,<br />

pois cada nutriente tem um papel fundamental<br />

no metabolismo da planta contribuindo<br />

para uma maior tolerância ao estresse.<br />

Uma outra estratégia de manejo é a utilização<br />

de micro-organismos benéficos, incluindo<br />

bactérias e fungos, que desempenham um<br />

papel significativo na tolerância das plantas ao<br />

estresse. Ao colonizar o sistema radicular das<br />

plantas, algumas bactérias produzem substâncias<br />

que hidratam as raízes formando um<br />

biofilme, estimulam a produção de fitohormônios<br />

e o crescimento das raízes mesmo em<br />

condições ambientais adversas.<br />

A aplicação de bioestimulantes (extratos<br />

de algas, substâncias húmicas, aminoácidos,<br />

reguladores vegetais, nanopartículas) também<br />

pode aumentar a tolerância das plantas<br />

ao estresse através de diferentes mecanismos<br />

fisiológicos, como por exemplo, o estímulo<br />

ao maior crescimento das raízes, a ativação do<br />

metabolismo antioxidante, através do acúmulo<br />

de osmorreguladores, interferindo na regulação<br />

hormonal, potencializando a fotossíntese<br />

e a absorção de água e nutrientes.<br />

Todas as estratégias citadas acima podem<br />

ser adotadas e, quando bem utilizadas e adequadas<br />

ao manejo de cada fazenda contribuem<br />

para o sucesso da produção agrícola,<br />

além disso têm papel relevante no desenvolvimento<br />

sustentável da agricultura brasileira.


CAPA | PROTAGONISMO FEMININO<br />

revista<br />

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porcento<br />

agro<br />

jan, 24<br />

Mulheres Agro UFV-CRP: pela<br />

valorização e participação das<br />

mulheres no agronegócio<br />

32<br />

Foto: @studioja.fotografias


CAPA | PROTAGONISMO FEMININO<br />

Oprotagonismo feminino no agronegócio brasileiro tem crescido<br />

nos últimos anos. Aos poucos, as mulheres vão conquistando<br />

espaço e demonstrando competência para atuar no ramo,<br />

administrando atualmente mais de 30 milhões de hectares. Isso<br />

representa cerca de 8,4% da área total ocupada pelos estabelecimentos<br />

rurais no país, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária,<br />

Embrapa e IBGE. Temos quase 1 milhão de propriedades rurais no<br />

Brasil sob o comando feminino. Veja gráfico do IBGE na página 34<br />

revista<br />

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agro<br />

jan, 24<br />

Texto: Dyovana Resende Araújo, Maria Luiza Fonseca Lima,<br />

Carla Lucia Santos de Moura, Lorraine de Souza Silva e<br />

Maria Elisa de Sena Fernandes<br />

Edição: Rodolfo de Souza<br />

No entanto, o caminho não é fácil. Entre<br />

os principais desafios estão desigualdade<br />

de gênero, diferença salarial, falta de acesso<br />

a capacitações, autoestima baixa, pouca valorização<br />

no trabalho e lacunas na gestão do<br />

negócio. Uma das formas de enfrentar e vencer<br />

esses obstáculos são os grupos de promoção<br />

e valorização da mulher no agro, como o<br />

Grupo Mulheres Agro UFV-CRP, criado em<br />

março de 2020 no campus Rio Paranaíba da<br />

Universidade Federal de Viçosa. Com a proposta<br />

de aumentar e valorizar a presença feminina<br />

na agropecuária, o Grupo alinhou suas<br />

ações com os Objetivos de Desenvolvimento<br />

Sustentável (ODS) da Agenda 2030, especialmente<br />

nos princípios 2 e 5: fome zero e agricultura<br />

sustentável com igualdade de gênero.<br />

Voltado para mulheres reais, mães, trabalhadoras<br />

rurais, mulheres com autoestima<br />

abalada por doenças e violência física ou mental,<br />

o grupo da UFV privilegiou a diversidade<br />

e a inclusão social e, em junho de 2022, o projeto<br />

conquistou status de programa institucional<br />

da Universidade, passando a agregar inúmeros<br />

projetos vinculados. Coordenado pela<br />

professora Maria Elisa de Sena Fernandes, o<br />

Grupo conta ainda com as estudantes Brenda<br />

Lorrane Costa Oliveira, Dyovana Resende<br />

de Araújo, Eidy Jady Fernandez Santana, Fabiana<br />

Araújo Angeli, Lorraine de Souza Silva,<br />

Maria Luiza Fonseca Lima, Mariana Montanari<br />

(Agronomia), Raiane Fernandes Campos,<br />

Carla Lucia Santos de Moura e Eidy Jady Fernandez<br />

Santana (Ciências Biológicas).<br />

A visibilidade foi tão grande que, em outubro<br />

de 2022, o grupo de Rio Paranaíba entrou<br />

para a Lista Forbes dos 50 Grupos de Mulheres<br />

do Agro Brasil. Um ano depois, recebeu<br />

moção de aplausos da Câmara Municipal de<br />

Rio Paranaíba.<br />

Fechando o ciclo de sucesso em 2023, o<br />

Grupo Mulheres Agro UFV-CRP foi convidado<br />

para apresentar seus resultados durante<br />

o Conexão Mulheres do Café, na Semana Internacional<br />

do Café (SIC), em Belo Horizonte.<br />

E o plano de fundo foi o projeto Flores<br />

do Café e do Bem-estar, conduzido por Maria<br />

Elisa e suas parceiras Lorena Mangabeira e<br />

Lucimar Silva (leia mais na página 35). O<br />

nome do painel não deixa dúvidas: “Flores do<br />

33


CAPA | PROTAGONISMO FEMININO<br />

revista<br />

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Café e do Bem-estar – A União entre o Técnico,<br />

a Inspiração e a Emoção”. Maria Elisa,<br />

Lorena e Lucimar falaram para um público de<br />

mais de 250 pessoas.<br />

HORTA NA ESCOLA: Outro destaque de 2023 foi<br />

o projeto “Agricultura Sustentável: Despertando<br />

o Interesse Através de Horta Orgânica”. Focado<br />

na promoção da horta sustentável nas escolas por<br />

meio da construção de hortas orgânicas, o programa<br />

levou informações sobre o cultivo básico de<br />

alimentos, em especial as culturas de maior impacto<br />

regional, aproveitando para valorizar a presença<br />

feminina desde a educação infantil.<br />

Ambientado dentro e fora do meio escolar, o<br />

projeto impacta positivamente as famílias e auxilia<br />

no desenvolvimento pessoal das crianças, dentre<br />

outros ganhos para a comunidade.<br />

Em 2023, foi contemplada a Escola Municipal<br />

“Tancredo Neves”. Houve troca de<br />

saberes, como dinâmicas, treinamentos, rodas<br />

de conversa e práticas.<br />

E, na I Semana de Extensão e Aprimoramento<br />

Regional (SEMEAR), da UFV-CRP,<br />

em maio, o Grupo realizou o I Mulher em<br />

Foco. Dedicado à valorização das mulheres,<br />

a programação contou com três momentos:<br />

um piquenique temático sobre o olhar feminino,<br />

ministrado pelas integrantes do grupo,<br />

com foco no mercado de trabalho; uma palestra<br />

com Raquel Dornelas, gestora do programa<br />

de empreendedorismo feminino “Sebrae<br />

Delas”, abordando os entraves e prazeres do<br />

empreendedorismo feminino; e uma roda de<br />

conversa com Patrícia Borges (rede Epa’s Delícias),<br />

Roseane Aquino (Ipacer Pesquisa) e Andreia<br />

Cruz, especialista em gestão de pessoas,<br />

sobre cases de sucesso de mulheres empreendedoras.<br />

Aliás, as rodas de conversa foram muito<br />

produtivas ao longo de 2023. Entre os temas,<br />

destaque para o impacto dos sabotadores<br />

emocionais e as áreas de atuação das mulheres<br />

no agronegócio. Foram valiosas trocas de<br />

experiências vivenciadas além da sala de aula.<br />

A construção de uma rede de apoio, principalmente<br />

no ambiente acadêmico, é importante<br />

porque contribui para a quebra de estereótipos,<br />

promovendo a igualdade de gênero e o enfrentamento<br />

do preconceito, fortalecendo a empatia<br />

e a solidariedade. Essas ações, aliadas a campanhas<br />

de cunho social, estimulam o trabalho<br />

conjunto por uma agricultura mais sustentável<br />

e demonstram que a união entre propósitos e<br />

parceiros, homens e mulheres, potencializa o<br />

agronegócio.<br />

34<br />

Fonte: Censo Agro 2017/IBGE - Arte IBGE


CAPA | PROTAGONISMO FEMININO<br />

Flores do Café e do<br />

Bem-Estar UFV-CRP<br />

Maria Elisa,<br />

Lucimar Silva<br />

e Lorena Mangabeira<br />

Foto: @opratess<br />

revista<br />

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Em 2023, a professora Maria Elisa juntou-se a<br />

outras duas mulheres atuantes no agronegócio regional<br />

para criar um projeto inovador. Ao lado de Lucimar<br />

Silva, Diretora Agrícola da Auma Agronegócios,<br />

e de Lorena Mangabeira, especialista em Psicologia<br />

Positiva, Maria Elisa lançou o “Flores do Café e do<br />

Bem-estar UFV-CRP”.<br />

Juntas, as três desenvolveram e realizaram um<br />

cuidadoso programa fundamentado em três eixos:<br />

técnico, emocional e inspiracional, destinado a capacitar<br />

mulheres da cadeia produtiva do café, em seis<br />

encontros mensais em Patrocínio, Monte Carmelo,<br />

Patos de Minas (2), Carmo do Paranaíba e Rio Paranaíba.<br />

A alternância de locais dos encontros permitiu<br />

maior união das participantes, ampliando para mais<br />

de 500 o número de mulheres impactadas.<br />

No eixo técnico, palestras com especialistas ampliaram<br />

conhecimentos e forneceram capacitação.<br />

O programa tratou de tendências de mercado e estratégias<br />

de comercialização do café; pós-colheita e<br />

produção de cafés especiais pela mulher; economia<br />

circular e manejo biológico; empreendedorismo;<br />

manejo biológico de pragas do cafeeiro e plantas de<br />

cobertura; e sucessão e liderança.<br />

O eixo emocional rendeu resultados surpreendentes<br />

e provou que o cuidado de cada uma com<br />

seu “eu” interior é tão importante quanto a retenção<br />

de conhecimentos. A especialista Lorena Mangabeira<br />

foi responsável pela condução, atendendo individualmente<br />

e acompanhando 30 mulheres inscritas.<br />

No eixo inspiracional, Lucimar Silva mostrou<br />

como é ser uma mulher atuante e dedicada à cafeicultura.<br />

Em <strong>2024</strong>, a segunda temporada do Flores do<br />

Café e do Bem-estar UFV-CRP promete muitas novidades,<br />

capacitações, histórias e conhecimento.<br />

35


CAPA | PROTAGONISMO FEMININO<br />

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36<br />

MÍRIAN DELGADO:<br />

Engenheira Agrônoma<br />

Movida por<br />

desafios,<br />

apaixonada<br />

pelo agro<br />

“Uma das grandes certezas que tenho na minha<br />

vida é de que não fui eu quem escolheu o<br />

agro; o agro me escolheu e me acolheu”. A frase<br />

de Mírian Delgado é uma declaração de amor<br />

perfeita. Engenheira agrônoma, Mírian é a atual<br />

diretora científica da Associação Mineira dos Produtores<br />

de Alho (AMIPA)<br />

Mírian Delgado passou a infância e o início da<br />

adolescência na fazenda, vendo o amor<br />

da família com o campo. Aprendeu sobre<br />

pecuária com o pai e sobre hortaliças<br />

e plantas medicinais com a mãe e<br />

os avós. Viu as mudanças do lugar onde<br />

viveu os 16 primeiros anos de sua vida,<br />

onde sua personalidade foi moldada por<br />

meio dos aprendizados com familiares e<br />

observando os ciclos de animais e plantas.<br />

Prestes a fazer a matrícula nos cursos<br />

de Administração ou Direito, Mírian<br />

optou por Agronomia. “Lembro-<br />

-me, como se fosse hoje, quando vi o<br />

outdoor com a divulgação do curso.<br />

Meu coração disparou, tinha certeza<br />

que meu caminho era aquele, mas não<br />

sabia ainda o quanto Deus seria generoso<br />

comigo em minha trajetória”.<br />

Mírian Delgado iniciou o curso de<br />

Agronomia em 2012, e de lá pra cá, o<br />

contato com o agro foi se ampliando<br />

cada dia mais. “Sempre tinha mais a certeza<br />

da vocação. Meu refúgio de paz e<br />

tranquilidade sempre era uma planta ou<br />

uma lavoura, que chamo de mar verde<br />

das bênçãos de Deus”.<br />

Atuando no agronegócio por mais de 10 anos,<br />

essa jovem agrônoma está sempre preparada<br />

para oportunidades, e se dedica muito na busca<br />

por aperfeiçoamento diário. “Atuei em diferentes<br />

áreas, dentre as quais a financeira, administrativa,<br />

planejamento, marketing, aplicação aérea, produção<br />

de grãos, produção de HF, todas sempre atreladas<br />

com muita tecnologia e pessoas singulares”,<br />

conta orgulhosa.<br />

Mírian Delgado acredita que os desafios por<br />

ela vencidos foram fundamentais para o seu desenvolvimento<br />

pessoal e profissional. Uma das<br />

suas citações favoritas é de Steve Jobs, e traduz<br />

claramente o que ela pensa sobre trabalhar com<br />

amor e paixão pelo que escolhe fazer na vida “Seu<br />

trabalho vai preencher uma parte grande da sua<br />

vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito<br />

é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho.<br />

E a única maneira de fazer um excelente<br />

trabalho é amar o que você faz”.


CAPA | PROTAGONISMO FEMININO<br />

MADELAINE VENZON:<br />

Pesquisadora<br />

Jornada de<br />

impacto na<br />

Agricultura<br />

Regenerativa<br />

Aos 16 anos, Madelaine Venzon tomou uma<br />

decisão que mudaria sua história e marcaria definitivamente<br />

a conexão dela com o agro. Mesmo<br />

tão jovem, não havia dúvida alguma em seu coração.<br />

O caminho estava escolhido e o propósito,<br />

traçado. Sua jornada seria de aprendizado constante<br />

e de entrega pessoal e profissional a algo<br />

que ela tinha certeza absoluta: garantir segurança<br />

alimentar ao maior número possível de pessoas.<br />

Ainda adolescente, Madelaine ingressou no<br />

curso de agronomia na Universidade Federal de<br />

Pelotas, no Rio Grande do Sul. Cinco anos depois,<br />

já trabalhava com pesquisa em controle biológico<br />

no Mestrado em Entomologia da Universidade Federal<br />

de Lavras (UFLA), em Minas Gerais. Em 1992, Venzon<br />

ingressou na Empresa de Pesquisa Agropecuária de<br />

Minas Gerais (EPAMIG). Em seguida, veio o PhD em<br />

Biologia Populacional pela University of Amsterdam.<br />

Quinze anos depois, o Pós-Doutorado na mesma área,<br />

na University of California, Davis, EUA.<br />

Além das pesquisas em controle biológico de pragas,<br />

Venzon coordenou, por sete anos, o programa estadual<br />

de pesquisa em Agroecologia e Transferência e Difusão<br />

de Tecnologia da EPAMIG Sudeste. Além de pesquisadora<br />

da EPAMIG, Venzon é orientadora nos cursos de<br />

Pós-graduação em Entomologia, Mestrado Profissionalizante<br />

em Defesa Sanitária Vegetal e no Lato Sensu em<br />

Proteção de Plantas da Universidade Federal de Viçosa<br />

(UFV), em Minas Gerais. São mais de 100 teses e dissertações<br />

orientadas e co-orientadas por ela.<br />

Membro da Comissão Científica do Fórum do Futuro<br />

e do Projeto Regenera Cerrado, Madelaine Venzon foi<br />

eleita uma das 100 doutoras do Agro pela revista Forbes,<br />

em 2023. Suas pesquisas envolvem ativamente bolsistas<br />

e parceiros de diversas instituições públicas e privadas,<br />

congregando pesquisa básica e aplicada. A equipe de<br />

Madelaine é responsável pela geração de diversas tecnologias<br />

em controle biológico conservativo para o café,<br />

com impactos significativos na produção sustentável e<br />

regenerativa do café no Cerrado Mineiro.<br />

“O ano de 2023 foi intenso. Um despertar para a<br />

agricultura regenerativa e para os métodos de controle<br />

biológico de pragas. Muitos eventos, muitos debates.<br />

<strong>2024</strong>, na minha visão, será um ano de implementação<br />

dessas tecnologias, e serão bem-sucedidos aqueles que<br />

realizarem a transição da agricultura convencional para a<br />

regenerativa com base na ciência, nas tecnologias geradas<br />

pela pesquisa. Vejo como um ano decisivo, pois é urgente<br />

a adoção de estratégias que mitiguem os efeitos adversos<br />

das mudanças climáticas. Não podemos mais esperar,<br />

e vejo a agricultura regenerativa como instrumento para<br />

essas mudanças positivas gerarem conservação e aumento<br />

da biodiversidade e da resiliência climática”, diz a pesquisadora.<br />

revista<br />

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CAPA | PROTAGONISMO FEMININO<br />

revista<br />

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38<br />

MICHELLE E CYNTHIA MORAIS<br />

Empresárias<br />

Duas irmãs em<br />

uma jornada<br />

de sucesso no<br />

agronegócio<br />

Há 18 anos à frente de empresas do agro, as<br />

irmãs Cynthia e Michelle Morais vêm cultivando<br />

uma história de desenvolvimento, destacando-se<br />

como verdadeiros exemplos de empreendedorismo<br />

feminino no setor.<br />

Em uma época em que a liderança feminina<br />

do agro era quase inexistente, as duas iniciaram<br />

sua trajetória enfrentando grandes desafios. Mas,<br />

mantiveram-se firmes no propósito de preservar o<br />

legado de seu pai, Amilton Morais, e promover a<br />

diferença na indústria e no campo.<br />

“Após o falecimento de nosso pai, caímos de<br />

paraquedas no agronegócio e, no início, não foi<br />

fácil. Tivemos que nos inovar constantemente,<br />

sempre buscando conhecimento. Assim, conseguimos<br />

superar as dificuldades, dando continuidade<br />

e ampliando o legado que ele deixou”, afirma<br />

Cynthia.<br />

Atualmente na liderança das empresas Duofértil,<br />

Fazenda CBM e Colmeia Hub de Negócios,<br />

Cinthya e Michelle trazem uma visão moderna e<br />

uma gestão versátil que abrange atividades como<br />

a pecuária de corte, reflorestamento, misturadora<br />

de fertilizantes e um hub que conecta diferentes<br />

agentes do agro.<br />

Desta forma, Cynthia e Michelle Morais vêm<br />

gerando oportunidades, incentivando uma produção<br />

mais responsiva e nutrindo grandes resultados,<br />

que impactam positivamente o setor e toda a<br />

comunidade, evidenciando a força da mulher no<br />

agronegócio.<br />

“Para nós, é uma honra fazer parte e impulsionar<br />

o agronegócio brasileiro, trabalhando de mãos<br />

dadas com nosso time e fomentando um desenvolvimento<br />

coletivo através do nosso trabalho”,<br />

conclui Michelle.


CAPA | PROTAGONISMO FEMININO<br />

NAIARA RODRIGUES MARRA<br />

Analista do Sebrae<br />

Empreender é<br />

pra vida toda<br />

O empreendedorismo é uma atitude e um<br />

comportamento que se leva para a vida. Assim<br />

pensa Naiara Marra. Formada em Letras, Naiara<br />

empreendeu pela primeira vez ainda adolescente,<br />

aos 13 anos. E, depois, já professora, resolveu<br />

voltar a empreender. Abriu uma franquia de escola<br />

de inglês e, graças a essa escola, conheceu<br />

o Sebrae. “Tive alunos que eram colaboradores<br />

do Sebrae e me convidaram a fazer o Empretec.<br />

Sou muito grata até hoje. Naquele momento, me<br />

apaixonei pela missão”, conta.<br />

Em 2012, Naiara Marra passou a integrar os<br />

quadros desta que é considerada a maior<br />

organização de apoio ao empreendedorismo<br />

do Brasil. Começou atendendo empresas<br />

urbanas e, após o nascimento do<br />

filho Vitor, em 2016, migrou para o agro.<br />

“Sempre tive excelentes mentores, que<br />

me ajudam a percorrer essa trajetória. Vejo<br />

que a confiança dessas pessoas, que acreditaram<br />

no meu potencial, mudou minha<br />

trajetória profissional”.<br />

A analista explica que trabalhar no<br />

agronegócio envolve tecnologia, estratégia<br />

e gestão. É por isso que o Sebrae criou o<br />

Educampo, há mais de 25 anos. O programa<br />

ajuda empreendedores rurais na gestão<br />

de suas fazendas, com base em indicadores<br />

econômicos. É um modelo de gestão das<br />

propriedades rurais de café e leite, com desdobramentos<br />

para várias outras atuações<br />

como: certificações em boas práticas agrícolas<br />

e sustentabilidade, prêmios, utilização<br />

eficiente dos recursos hídricos e governança.<br />

“Foi exatamente na gestão que me encontrei.<br />

Meu comprometimento com a excelência<br />

é natural, e não posso dar menos do que o meu<br />

melhor. É um prazer colocar em cada entrega minha<br />

assinatura. Esse, na minha opinião, é um dos<br />

requisitos mais importantes para fluir com sucesso<br />

em qualquer atividade”, diz.<br />

Naiara fez diversas capacitações em gestão,<br />

pós-graduação e mestrado em Administração Estratégica.<br />

Para <strong>2024</strong>, sua meta é continuar contribuindo<br />

com conhecimento na desafiadora tarefa<br />

de produzir. “Através do nosso trabalho de identidade<br />

e origem, vamos mostrar para os consumidores<br />

onde e como o produto foi feito e quem<br />

produziu. Continuar apoiando iniciativas sustentáveis:<br />

agricultura regenerativa e carbono neutro,<br />

trabalhando por uma agricultura mais sustentável<br />

e com excelentes frutos econômicos. O agro é<br />

responsável pela nobre missão de alimentar pessoas.<br />

É a solução para a segurança alimentar, segurança<br />

energética e sustentabilidade”, conclui.<br />

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CAPA | PROTAGONISMO FEMININO<br />

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SANDRA MORAES:<br />

Specialty Coffee Manager<br />

Conhecimento<br />

e dedicação ao<br />

agronegócio e<br />

à cafeicultura<br />

Sandra Moraes é uma das mulheres mais<br />

atuantes do agronegócio regional, e possui<br />

um histórico de estreita ligação com a cafeicultura.<br />

Fluente em inglês, Sandra é administradora<br />

de empresas com formação complementar<br />

em coaching de vendas, licenciatura<br />

em matemática e informática, e possui três<br />

MBAs no currículo: Agronegócio (FIA<br />

Business School), Marketing em Vendas<br />

(Escola de Administração de Empresas de<br />

São Paulo, da Fundação Getulio Vargas /<br />

FGV EAESP) e Economia/Gestão Empresarial<br />

(UNICERP).<br />

Sua família é de agricultores. Profissionalmente,<br />

está no agro há 27 anos, tendo<br />

ingressado na atividade em uma revenda<br />

de produtos agrícolas e exportadora de<br />

café. Foi professora universitária e coordenadora<br />

educacional na faculdade UNI-<br />

CERP. Atualmente leciona no curso técnico<br />

em agropecuária da Escola “Sérgio<br />

Pacheco”, em Patrocínio (MG).<br />

Sandra é a atual gerente de cafés especiais<br />

da Cooperativa dos Cafeicultores<br />

do Cerrado (Expocacer), onde está há 12<br />

anos. “Sinto orgulho em dizer que fui uma<br />

das primeiras mulheres no Brasil a conquistar<br />

a certificação Q-grader. Isso abriu<br />

portas para a participação em concursos<br />

de café no Brasil e no exterior, e me levou<br />

a participar como juíza do primeiro<br />

concurso de barismo na China, em 2018”,<br />

conta.<br />

Sempre focada na produção de cafés especiais e<br />

apaixonada por novos conhecimentos, buscou entender<br />

o processo dentro da porteira. Por meio da<br />

certificação Q-Processing, Sandra Moraes ampliou<br />

seus conceitos sobre excelência na produção. Idealizadora<br />

dos programas “Elas no Café”, Sandra se<br />

dedicou a fomentar conhecimento teórico e prático,<br />

inspirando outras mulheres a se empoderarem<br />

diante do papel de cada uma delas na cafeicultura e<br />

nos negócios da família.<br />

Recentemente, em um post nas redes sociais,<br />

Sandra resumiu seu pensamento sobre família e<br />

educação: “Ser professor é muito mais que uma<br />

profissão. É acreditar na transformação e ajudar a<br />

construir esperança. Parabéns a todos os professores!<br />

Parabéns à minha melhor professora, minha<br />

mãezinha, que nunca abandonou seu grande dom<br />

de ensinar e servir!”


CAPA | PROTAGONISMO FEMININO<br />

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MARIANA HEITOR:<br />

Cafeicultora<br />

Jornada<br />

sustentável na<br />

cafeicultura do<br />

Cerrado<br />

Psicóloga e especialista em Gestão do Agronegócio,<br />

Mariana Heitor é uma das mulheres mais<br />

influentes na cafeicultura do Cerrado. À frente da<br />

Fazenda Reserva Heitor, uma empresa familiar localizada<br />

em Patos de Minas, Mariana gerencia áreas<br />

próprias e arrendadas, totalizando 140 hectares de<br />

café, com foco na produção de qualidade aliada à<br />

responsabilidade ambiental, social e econômica.<br />

Sua ligação com o agronegócio iniciou-se cedo<br />

por meio de sua família. Bisneta, neta e filha de<br />

produtores rurais, Mariana retornou a Patos de Mi-<br />

nas em 2009 com a missão de iniciar uma jornada de<br />

sucessão familiar. Atualmente, é gestora da fazenda<br />

ao lado de seus pais, Sheyla e Marcus Heitor.<br />

Buscando capacitação e aperfeiçoamento constantes,<br />

Mariana participa de cursos promovidos<br />

pelo Sebrae e pela Expocacer (Cooperativa dos Cafeicultores<br />

do Cerrado). Na cooperativa, ingressou<br />

em 2013 como membro do Conselho Fiscal, posteriormente<br />

integrando o Conselho de Administração.<br />

Desde 2023, é a primeira mulher a ocupar a vice-<br />

-presidência.<br />

No ano de <strong>2024</strong>, seu desafio é dar continuidade<br />

ao trabalho em prol de uma cafeicultura de qualidade<br />

com impacto, contribuindo para o crescimento<br />

sustentável, com ideias regenerativas e diálogos<br />

transparentes.<br />

“Acredito que o mercado trará muitas oportunidades,<br />

principalmente para aqueles comprometidos<br />

com a produção de cafés de qualidade e sustentabilidade,<br />

características marcantes dos cafeicultores<br />

do Cerrado Mineiro. Essa realidade é evidente na<br />

Fazenda Reserva Heitor e nos produtores da Expocaccer”,<br />

conclui Mariana Heitor.<br />

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REPORTAGEM ESPECIAL<br />

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“Sou obrigado a prestar contas para os meus credores de tudo<br />

que estou fazendo. Todo dia 20 tenho fechamento. O nível de<br />

profissionalização melhorou muito” — José Eduardo, produtor rural


Recuperação Judicial requer<br />

coragem e responsabilidade<br />

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Produtor conta detalhes sobre como está profissionalizando<br />

a gestao financeira de sua empresa rural. Processo requer<br />

coragem para assumir falhas e enfrentar a situação.<br />

Palavras de ordem são responsabilidade e transparência<br />

Em 2003, um jovem agrônomo recém-formado<br />

pela Universidade Federal de Lavras<br />

(UFLA), listada entre as melhores instituições<br />

de agrárias do mundo, voltou para casa com a<br />

cabeça fervilhando de belas ideias sobre como<br />

poderia tornar as fazendas da família mais<br />

produtivas e lucrativas. Mal sabia ele, mas ali<br />

começava um sofrido e didático período de<br />

dissonância cognitiva. O personagem central<br />

dessa história é José Eduardo Menezes Mendonça.<br />

O cenário são as fazendas Lenheiros e<br />

Ponte Funda, de Carmo do Paranaíba (MG).<br />

José Eduardo faz parte da quarta geração de<br />

uma família tradicional no agronegócio. E o<br />

que ele viveria nos anos seguintes determinaria<br />

a preservação do legado de seus ancestrais.<br />

Uma luta que começaria em 2019 e ainda não<br />

tem data para acabar, mas que vem deixando<br />

grandes lições para José Eduardo, seu irmão,<br />

sua mãe e o padrasto. Juntos, os quatro encaram<br />

o desafio de manter a tradição centenária<br />

da família, modernizar as duas propriedades e<br />

garantir os empregos de cerca de 20 chefes de<br />

família que lá trabalham.<br />

Descrita pela primeira vez pelo psicólogo<br />

nova-iorquino Leon Festinger, em 1957, a<br />

dissonância cognitiva é um conceito importante<br />

para entender como as pessoas mudam<br />

de opinião e comportamento. É, literalmente,<br />

uma mudança de atitude. Esse emaranhado<br />

de emoções desagradáveis leva ao crescimento<br />

pessoal. Exatamente o que ocorreu com<br />

José Eduardo e seus parceiros na jornada pela<br />

recuperação das fazendas.<br />

As fazendas são uma empresa rural. De<br />

volta para casa, em 2003, ele iniciou o processo<br />

de profissionalização das propriedades.<br />

Profissionalização que ficou ainda mais intensa<br />

em 2009, com o retorno de seu irmão Carlos<br />

Henrique. Neste ponto, os dois se viram<br />

diante de um enorme problema: as dívidas estavam<br />

fora de controle. “Na época, tínhamos<br />

80 hectares de café e uma produção aproximada<br />

de 6 mil litros de leite. Percebemos que<br />

as contas não iriam fechar e vendemos uma<br />

propriedade em 2017. Reduzimos a dívida em<br />

30%. Só que, no início de 2019, nossa dívida<br />

estava praticamente do mesmo tamanho e, de<br />

novo, compreendemos que a conta não fecharia.<br />

Colocamos todo o nosso patrimônio à<br />

venda; porém, o potencial comprador desistiu<br />

do negócio.” E este foi o momento da virada.<br />

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José Eduardo ouviu de um amigo o seguinte:<br />

“Quando você me disse que havia<br />

vendido patrimônio, vi que estava no caminho<br />

errado. Mas eu não tinha liberdade para<br />

falar. Agora eu tenho.” Aí entra a Recuperação<br />

Judicial do Produtor Rural. Com a ajuda<br />

do amigo e a orientação de um advogado, o<br />

grupo decidiu aderir à Recuperação Judicial. E<br />

não foi simples, diante das diferentes opiniões<br />

de pessoas próximas. Algumas favoráveis e<br />

muitas contrárias. “A partir do momento em<br />

que conheci a fundo essa ferramenta, entendi<br />

que as visões contrárias eram preconceituosas<br />

e superficiais, por falta de conhecimento. Ora,<br />

é um instrumento previsto em lei. É profissional.<br />

Simples assim. Através da Recuperação<br />

Judicial, eu consegui o que precisava para<br />

reestruturar minha empresa.”<br />

O aspecto reputacional também pesou.<br />

José Eduardo conta que, por ser uma empresa<br />

familiar, as pessoas lembravam muito da<br />

mãe dele – “Nossa, o grupo da Ana Maria entrou<br />

em Recuperação Judicial!”. Foi um susto,<br />

mas logo ninguém tocava mais no assunto, e<br />

a sensação ruim ficou apenas com quem está<br />

dentro da história.<br />

José Eduardo não sabe dizer se a Recuperação<br />

Judicial foi a melhor saída, mas foi<br />

a única. “Não tínhamos mais crédito. Tudo<br />

já estava hipotecado. Negociar com bancos<br />

era impossível. Os credores pediam taxas altíssimas,<br />

sem carência, sem deságio e por um<br />

período menor do que estamos pleiteando<br />

agora, no processo de Recuperação em andamento.”<br />

A Recuperação Judicial do Produtor Rural<br />

é, no fim das contas, um freio de arrumação.<br />

Ela leva inevitavelmente a boas práticas de<br />

gestão. “Sou obrigado a prestar contas para<br />

os meus credores de tudo que estou fazendo.<br />

Todo dia 20 tenho fechamento. O nível de<br />

profissionalização melhorou muito”, explica<br />

José Eduardo. “Nós somos quatro pessoas<br />

em Recuperação Judicial. Todos fomos afetados.<br />

É um desgaste emocional muito forte.<br />

O que compensa é a recuperação da empresa<br />

e a oportunidade de manter um negócio centenário.”<br />

O processo de Recuperação Judicial das<br />

fazendas de José Eduardo e família está na<br />

fase de homologação do juiz e já tem a adesão<br />

dos credores. “É preciso ter coragem de assumir<br />

e enfrentar a situação. Estamos fazendo<br />

um processo muito autêntico, de grande responsabilidade<br />

e transparência. O sucesso do<br />

nosso processo é por isso. A situação toda foi<br />

provocada por problemas climáticos, problemas<br />

de mercado, política externa, mas também<br />

por uma má gestão financeira. Sempre fomos<br />

bons tecnicamente, mas não tínhamos uma<br />

boa gestão financeira. A partir do momento<br />

em que compreendemos isso, mudamos da<br />

água para o vinho”, conclui José Eduardo.<br />

Mais pedidos de recuperação judicial<br />

em 2023<br />

O cenário de alta nas recuperações judiciais<br />

no agronegócio já foi uma realidade em<br />

2023, o que confirma a pesquisa divulgada<br />

pelo Serasa Experian, que trouxe dados instigantes,<br />

tais como o fato de Minas Gerais ter<br />

sido o estado brasileiro que mais teve pedidos<br />

de RJ em 2023 para pessoa jurídica, ficando<br />

o Mato Grosso com o primeiro lugar em pedidos<br />

de recuperação judicial veiculados por<br />

pessoas físicas.<br />

A pesquisa também apontou para as principais<br />

culturas que os negócios foram afetados<br />

por pedidos de recuperação judicial,<br />

sendo que soja e pastagem foram destaque,<br />

seguidos de cana-de-açúcar, café, silvicultura,<br />

milho, arroz e citrus.<br />

Outro dado interessante é o fato de que<br />

grandes proprietários de imóveis rurais, grupos<br />

familiares e arrendatários, tiveram maior<br />

propensão a pedidos de recuperação judicial,<br />

o que acende alerta dos credores em <strong>2024</strong>.


Por dentro da<br />

recuperação<br />

judicial<br />

Taciani Acerbi Campagnaro<br />

Colnago Cabral<br />

Foto: ACCC Advogados<br />

revista<br />

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Uma gigante do agronegócio chamou<br />

a atenção da mídia especializada no final<br />

de dezembro ao anunciar sua entrada<br />

em Recuperação Judicial. O Grupo Sperafico<br />

Agroindustrial teve a aprovação<br />

de seu plano de recuperação confirmada<br />

por credores e pela Justiça. Após mais<br />

de um ano de processo, que incluiu a<br />

mudança do estado do Mato Grosso do<br />

Sul, onde o caso estava sendo julgado,<br />

para o Paraná, local da sede do grupo,<br />

a empresa viu seu plano ser aprovado,<br />

encerrando um capítulo desafiador iniciado<br />

em meados de 2022. A Sperafico,<br />

reconhecida como precursora no agronegócio<br />

brasileiro, atingiu seu auge em<br />

2007, registrando um faturamento superior<br />

a R$ 1,2 bilhão com o cultivo de soja, milho<br />

e trigo. Em seu melhor momento, o grupo<br />

administrava 34 armazéns com capacidade total<br />

de 1 milhão de toneladas de grãos, além de<br />

cinco unidades de esmagamento de soja, com<br />

capacidade para esmagar 7 mil toneladas por<br />

dia. A empresa acumula dívidas superiores a<br />

R$ 1 bilhão.<br />

O plano de recuperação homologado prevê<br />

a renegociação dos passivos com deságio<br />

médio de 80% e prazo para quitação de até<br />

20 anos. O plano inclui a reestruturação do<br />

passivo, venda de ativos e preservação de investimentos<br />

essenciais à manutenção das atividades.<br />

A Recuperação Judicial é uma ferramenta<br />

legal para empresas em dificuldades financeiras<br />

negociarem suas dívidas. Produtores rurais<br />

com CNPJ ativo também podem utilizá-la.<br />

Superada a crise, é possível à empresa manter-<br />

-se como fonte produtora, conservar empregos<br />

e atender aos interesses dos credores. É<br />

uma forma de a empresa evitar a falência. Na<br />

Recuperação Judicial, ficam suspensas as cobranças<br />

de dívidas pelo “stay period”, período<br />

no qual há a suspensão das ações de execuções<br />

em face da empresa em recuperação judicial,<br />

justificada essa suspensão no princípio<br />

da preservação da empresa ou produtor rural,<br />

tendo estes a oportunidade de trabalhar em<br />

sua reorganização financeira sistêmica.<br />

De acordo com a advogada Taciani Acerbi<br />

Campagnaro Colnago Cabral, instabilidades<br />

no mercado internacional e problemas climáticos<br />

impactam fortemente o fluxo de caixa<br />

das empresas rurais. O Escritório ACCC:<br />

Acerbi Campagnaro Colnago Cabral Administração<br />

Judicial, do qual Taciani é sócia, já<br />

atuou como coadministrador judicial do Cruzeiro<br />

Esporte Clube e figura entre as maiores<br />

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firmas brasileiras dedicadas à administração<br />

de pedidos de recuperação judicial e de falência,<br />

inclusive no setor do agronegócio, em<br />

empreendimentos de médio, pequeno e grande<br />

porte envolvendo produção agrícola para<br />

exportação. No Alto Paranaíba, Noroeste e<br />

Triângulo Mineiro, a ACCC atua nas cadeias<br />

de café, soja, frutas e pecuária.<br />

“É possível dizer que os pedidos de recuperação<br />

judicial são cabíveis para empresas<br />

que, em um momento de crise com colapso<br />

de fluxo de caixa e perda de crédito, se vejam<br />

na iminência de situação de inadimplência suficiente<br />

a ameaçar o prosseguimento de sua<br />

atividade empresarial. Quadro desta natureza<br />

justifica inegavelmente um pedido de recuperação<br />

judicial”, explica a especialista.<br />

No caso específico das empresas agrícolas,<br />

“o contexto das recuperações judiciais está<br />

habitualmente atrelado a variações do mercado<br />

internacional, dada a vocação brasileira<br />

para a produção de commodities, e ainda a<br />

intempéries climáticas, circunstâncias bastante<br />

tendentes a ameaçar o fluxo de caixa de<br />

uma empresa rural. A opção pela via da recuperação<br />

judicial exige do empresário conhecimentos<br />

técnicos especializados, seja para<br />

instrumentalizar o pedido em juízo, seja para<br />

reorganizar economicamente sua atividade<br />

empresarial, de modo a lhe assegurar sobrevida<br />

viável após a decisão judicial”.<br />

A advogada enfatiza que o pedido judicial<br />

é apenas uma etapa do procedimento e deve<br />

ser integrado ainda por profissionais qualificados<br />

que viabilizem o equacionamento da<br />

dívida e a reestruturação econômica do empreendimento.<br />

PERSPECTIVA DOS CREDORES: No contexto<br />

da recuperação judicial, os credores parecem<br />

acreditar que todas as possibilidades de ação<br />

já foram esgotadas. Existe a concepção de que<br />

a empresa em processo de recuperação estaria<br />

protegida, enquanto os credores estariam limitados<br />

em suas opções, mas essa perspectiva<br />

é equivocada. As questões culturais frequentemente<br />

influenciam as normas e obscurecem<br />

a visão dos agentes envolvidos em uma relação.<br />

A observação é da advogada Anna Paula<br />

Santos, sócia cofundadora do SantOliveira<br />

Advogados, escritório especializado em agronegócio<br />

e agroindústria, que acredita que os<br />

credores, em geral, exploram pouco as saídas<br />

jurídicas existentes na lei.<br />

Com as recentes mudanças na legislação,<br />

novas oportunidades se apresentaram e ampliaram<br />

o escopo de defesa para os credores.<br />

Entre essas oportunidades, destaca-se a possibilidade<br />

de recebimento antecipado e até<br />

mesmo a capacidade de demonstrar que a<br />

empresa em recuperação, que alega estar apta<br />

a aderir ao processo de recuperação judicial,<br />

talvez não preencha os requisitos necessários<br />

e, portanto, não deveria estar nessa condição.<br />

“Em alguns casos, isso poderia resultar até<br />

mesmo no encerramento do processo de recuperação<br />

judicial”, alerta.<br />

Para a especialista, é essencial desmistificar<br />

a percepção geral em torno da recuperação<br />

judicial e adotar uma abordagem estratégica<br />

como credores nesse cenário.<br />

A também advogada Laís Marques destaca<br />

que, em meio à complexidade financeira do<br />

setor do agronegócio, a recuperação judicial<br />

se revela vital para empresas e produtores rurais<br />

em tempos de crises. “No entanto, é imperativo<br />

compreender que esse mecanismo<br />

legal não é uma solução universal. Sua eficácia<br />

depende de transparência, negociação e comprometimento<br />

com um plano de recuperação<br />

viável”.<br />

Assim como Anna Paula, Laís atua no escritório<br />

SantOliveira Advogados . Laís Marques<br />

considera que, no cenário agro, a legitimidade<br />

conferida aos produtores rurais para<br />

buscar a recuperação judicial não é apenas um<br />

direito. “Vejo como uma oportunidade estratégica<br />

diante da complexidade inerente à ati-


vidade, proporcionando uma resposta necessária<br />

às peculiaridades do setor — marcado<br />

por sua sazonalidade e exposição a variáveis<br />

climáticas e de mercado – e contribuindo para<br />

a sustentabilidade de um dos pilares essenciais<br />

da economia brasileira”, conclui a especialista.<br />

A Recuperação Judicial é uma saída jurídica<br />

que ainda comporta atualizações e aprimoramentos<br />

em sua aplicação, mas muito do que<br />

se vê sobre a divisão de opiniões acerca do<br />

instrumento decorre da forma como ele é utilizado<br />

por muitos. Infelizmente ainda há caso<br />

de fraude ou má utilização da ferramenta, a<br />

ponto de os credores estarem ajustando sua<br />

postura, demonstrando maior vigilância em<br />

relação aos aspectos contábeis e financeiros<br />

das empresas, especialmente após os acontecimentos<br />

envolvendo grandes nomes, como<br />

foi o caso da Americanas, recentemente.<br />

A experiência compartilhada por produtores<br />

como José Eduardo Menezes demonstra<br />

que a recuperação judicial estabelece uma salvaguarda<br />

legal de tempo para negociar com os<br />

credores e, também, para reorganizar integralmente<br />

os negócios, compreendendo questões<br />

mercadológicas, produtos, rentabilidade, operações<br />

e estratégias. Fato é que não ocorrendo<br />

essa reorganização, os desafios persistirão.<br />

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SUINOCULTURA<br />

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Foto: Suinco<br />

Leandro Reis Dias, Gerente de Unidade de Negócios; Weber Vaz de Melo<br />

(ao centro), Diretor Comercial e Industrial; e Cleber Rosa Magalhães, Diretor<br />

Administrativo e Financeiro<br />

Premiação da Suinco<br />

garante compromisso com a<br />

sustentabilidade<br />

Em 2023, a Suinco, a maior cooperativa<br />

processadora de carne suína de Minas<br />

Gerais e a terceira maior empregadora no<br />

ramo agropecuário do estado, foi premiada com o<br />

Selo Mais Integridade.<br />

48<br />

O Selo Mais Integridade, criado em 2018<br />

pelo Ministério da Agricultura, é uma certificação<br />

que tem como objetivo reconhecer empresas<br />

do setor agropecuário que adotam práticas<br />

de integridade, transparência e ética em<br />

suas atividades. Essa certificação é uma ferramenta<br />

importante para promover a confiança<br />

do consumidor nos produtos agropecuários,<br />

garantindo qualidade e segurança alimentar.<br />

Diego Ramos, Diretor de Marketing da<br />

Suinco, ressaltou que a jornada enfrentada<br />

para receber o Selo Mais Integridade foi gratificante<br />

para a empresa. “O desafio de obter o<br />

Selo foi extremamente edificante para a Suinco<br />

e todos os profissionais envolvidos. Durante<br />

o processo, muitas boas práticas foram<br />

implantadas e ganharam protagonismo entre<br />

os processos da Cooperativa. A integridade na


Suinco é inegociável. O objetivo do Selo Mais<br />

Integridade é premiar práticas de integridade<br />

por empresas e cooperativas do agronegócio,<br />

sob os enfoques anticorrupção, trabalhista e<br />

de sustentabilidade, e recebê-lo é reforçar o<br />

compromisso com a integridade”, avalia.<br />

O processo para receber o Selo começa pelo<br />

pré-cadastro e por um Pacto Empresarial. Em seguida,<br />

a empresa realiza a inscrição e o envio de<br />

toda a documentação exigida. Acontece, então,<br />

uma auditoria para a avaliação dos documentos e<br />

o esclarecimento de dúvidas que possam surgir durante<br />

o processo. Após todas as etapas cumpridas,<br />

a empresa está oficialmente participando da premiação.<br />

Receber o Selo Mais Integridade é de extrema<br />

importância para as empresas e produtores rurais,<br />

pois demonstra o compromisso com a transparência,<br />

boas práticas e qualidade dos produtos agrícolas.<br />

Além disso, contribui para o desenvolvimento<br />

sustentável do agronegócio.<br />

“O pioneirismo da Suinco no Selo Mais Integridade<br />

representa o reconhecimento de todo o<br />

esforço empregado pela Cooperativa em ter uma<br />

postura íntegra em suas operações, comprometimento<br />

com a legalidade e a ética nos negócios. O<br />

Programa de Compliance da Suinco foi criado para<br />

evidenciar o sempre existente compromisso da<br />

Cooperativa com o que é correto, e receber o Selo,<br />

de forma precursora entre as cooperativas de Minas<br />

Gerais, indica o sucesso completo e contínuo<br />

do Programa”, conclui Diego Ramos.<br />

Fundada em 2004 por 36 produtores do Alto<br />

Paranaíba e Triângulo Mineiro, a Suinco recebeu o<br />

Selo Verde 2023, que corresponde à primeira premiação,<br />

assegurando para a empresa o uso do Selo<br />

nos documentos, sites comerciais, folders e nas<br />

publicações internas. Após o Selo Verde, é possível<br />

ainda receber o Selo Amarelo ao renovar a sua<br />

premiação e ainda o Selo Especial.<br />

A importância do Selo Mais Integridade está relacionada<br />

a diversos aspectos, como a garantia da<br />

qualidade dos produtos, a transparência e ética ao<br />

adotar práticas de integridade, a competitividade<br />

ao evidenciar na empresa a responsabilidade social<br />

e o compromisso com a qualidade. Isso pode atrair<br />

consumidores cada vez mais exigentes que buscam<br />

produtos confiáveis e produzidos de forma sustentável.<br />

Além disso, receber o Selo Mais Integridade<br />

resulta também em informação para o consumidor,<br />

facilitando a identificação de produtos que atendem<br />

aos requisitos de integridade e transparência,<br />

e ainda o estímulo à adoção de boas práticas ao<br />

implementarem consultas de integridade e transparência<br />

em suas atividades.<br />

AMADURECIMENTO: A advogada Clarice<br />

Doyle, uma das profissionais que assessorou<br />

a Cooperativa na obtenção do Selo, destaca as<br />

melhorias e o amadurecimento da própria política<br />

de compliance e integridade da Suinco,<br />

incluindo políticas e normas internas, código<br />

de ética e conduta, processos e treinamentos.<br />

“Na prática, a Suinco já tem em sua cultura<br />

um compromisso muito claro com a ética,<br />

com a qualidade dos produtos e do ambiente<br />

de trabalho, com a segurança, a sustentabilidade<br />

e a conformidade com a legislação e normas<br />

vigentes”, explica Doyle.<br />

A conquista do Selo foi um processo de<br />

melhoria e amadurecimento validado pela alta<br />

administração da Suinco, fortalecendo a política<br />

de compliance e integridade da cooperativa.<br />

“Sem o envolvimento da alta direção, todo<br />

o processo para obtenção do Selo fica comprometido”,<br />

avalia a doutora Clarice Doyle.<br />

A obtenção do Selo considera aspectos elementares<br />

de responsabilidade social, sustentabilidade e<br />

ética, além do claro empenho da organização para<br />

a mitigação das práticas de fraude, suborno e corrupção.<br />

Uma das principais consequências do processo<br />

é a implementação de um plano de ação envolvendo<br />

a revisão de todos os processos, políticas e<br />

normas envolvendo os colaboradores da cooperativa.<br />

“Além da alta administração e da diretoria, a<br />

Suinco contou com uma equipe altamente engajada<br />

e disposta a rever os processos internos e pro-<br />

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ceder com as adequações necessárias para garantir<br />

a conformidade e a melhoria contínua e, de fato,<br />

os colaboradores foram envolvidos em treinamentos<br />

constantes para que aqueles que se relacionam<br />

com a Suinco ajam de acordo com sua cultura e<br />

normas”, conclui.<br />

Cada vez mais as organizações adotam estratégias<br />

para fortalecer a governança corporativa e<br />

promover uma cultura ética focada na sustentabilidade<br />

e perenidade do negócio, como formas de se<br />

prevenirem contra práticas lesivas que podem acarretar<br />

processos judiciais, multas e indenizações, levando<br />

a perdas financeira e altos custos operacionais<br />

e reputacionais.<br />

E o mercado reconhece a importância desses<br />

programas como parte integral das práticas de gestão<br />

responsável e sustentável.<br />

DESAFIADOR: A assessoria no processo de obtenção<br />

do Selo demandou um estudo aprofundado,<br />

incluindo análises de outros marcos legais, como a<br />

Lei Anticorrupção de 2013 e o Proética, instituído<br />

em 2014, destaca a doutora Mirian Gontijo, sócia<br />

fundadora do Mírian Gontijo Advogados, responsável<br />

pelo suporte jurídico à Cooperativa.<br />

“O trabalho foi extenso e complexo, mas a<br />

Suinco já possuía um sólido programa de compliance.<br />

O que fizemos foi revisitar e aprimorar<br />

todas as práticas previamente estabelecidas, abrangendo<br />

ética, integridade, responsabilidade social e<br />

sustentabilidade ambiental.”<br />

Mirian destaca que a cultura desenvolvida pela<br />

Suinco ao longo dos anos a posicionou como líder<br />

em seu setor. Na visão da advogada, a implementação<br />

de um canal de denúncias, a revisão de todos<br />

os instrumentos já existentes e a introdução de novos,<br />

juntamente com os treinamentos realizados,<br />

foram elementos cruciais para cumprir todas as<br />

exigências para obtenção do selo.<br />

“Além dos benefícios adicionais, ao conquistar<br />

o Selo Verde, a Suinco torna-se um modelo para<br />

que outras cooperativas busquem a certificação. O<br />

agronegócio, o Brasil e o mundo, sem dúvida, agradecerão”,<br />

conclui Mirian.<br />

Mírian Gontijo: “Os reflexos<br />

internos na cooperativa se<br />

tornaram evidentes”<br />

Foto: Acervo Pessoal<br />

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EMPREENDEDORISMO<br />

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Marcos Alves da Silva<br />

Gerente Regional do Sebrae no<br />

Noroeste de Minas e Alto Paranaíba<br />

Foto: Sebrae<br />

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Sebrae transforma<br />

empreendedorismo em prosperidade<br />

no agronegócio do Noroeste de<br />

Minas e Alto Paranaíba<br />

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No cenário do agronegócio, o Sebrae emerge como<br />

catalisador do empreendedorismo no Noroeste de Minas<br />

e Alto Paranaíba. Em 2023, suas ações impulsionaram<br />

negócios inovadores, consolidando uma trajetória de sucesso e<br />

prenunciando mais prosperidade para a região em <strong>2024</strong><br />

O Brasil possui uma das mais sólidas organizações<br />

de apoio ao empreendedorismo<br />

do mundo: o Sebrae, Serviço Brasileiro de<br />

Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Criado<br />

em 1972, dá suporte aos empreendedores por<br />

meio de feiras e rodadas de negócios, conteúdos<br />

e ferramentas, consultoria, cursos e capacitação.<br />

Também promove a articulação com<br />

bancos, cooperativas de crédito e instituições<br />

de microcrédito para a criação de produtos financeiros.<br />

Os municípios do Alto Paranaíba e<br />

Noroeste são atendidos pela unidade de Patos<br />

de Minas. Em entrevista exclusiva ao podcast<br />

100Porcentoagro, o gerente regional do Sebrae,<br />

Marcos Geraldo Alves da Silva, fez um<br />

balanço das ações em 2023 e falou das perspectivas<br />

para <strong>2024</strong>, notadamente no agronegócio.<br />

Impulsionar o empreendedorismo para<br />

transformar vidas é o que move as equipes do<br />

Sebrae no seu dia a dia. Marcos Alves lembra<br />

que com a força do empreendedorismo tudo<br />

se transforma e o Sebrae contribui por meio<br />

do suporte empresarial com intervenções diretas<br />

dentro da empresa, do desenvolvimento<br />

econômico local no ambiente onde os negócios<br />

estão instalados e através da educação<br />

empreendedora com foco no protagonismo<br />

dos jovens.<br />

“Dentro dessa lógica de desenvolvimento<br />

econômico local, existe uma base de que, para<br />

uma região ser desenvolvida, a base é o capital<br />

empreendedor. Ou seja, a quantidade e a<br />

qualidade de iniciativas empreendedoras que<br />

ali existem”, explica Marcos Alves. O gerente<br />

cita os outros elementos que cooperam para<br />

o crescimento econômico como um todo: as<br />

entidades, associações e outras organizações<br />

capazes de criar a força necessária para proteger<br />

e promover o capital empreendedor.<br />

Quando atores diversos dialogam em favor<br />

de uma construção maior, surge a governança<br />

para o desenvolvimento. Em um cenário<br />

de convergência e de atuações positivas, essa<br />

governança cria condições ideais para a prosperidade.<br />

Notadamente no agronegócio, quando<br />

coexistem empreendedorismo, entidades fortes<br />

dialogando entre si e a necessária organização<br />

produtiva que seja referência para a<br />

região surgem diversos outros negócios atraídos<br />

por essa vocação. “No agro, a gente tem<br />

várias como a hortifruticultura em São Gotardo,<br />

o café na Região do Cerrado Mineiro,<br />

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a bacia leiteira do Alto Paranaíba”, lembra<br />

Marcos Alves. Quando os produtos da região<br />

são vendidos para outras partes do Estado e<br />

do Brasil, retornando em forma de recursos<br />

econômicos, ocorre a inserção competitiva,<br />

fechando o ciclo do suporte oferecido pelo<br />

Sebrae para o empreendedorismo e o desenvolvimento.<br />

RETROSPECTIVA: Especialmente no agronegócio,<br />

o que se percebeu na região em 2023<br />

foram empreendedores cada vez mais profissionais,<br />

inovadores e coerentes com as agendas<br />

mundiais. O gerente regional do Sebrae<br />

considera que essas características conferem<br />

aos empresários rurais do Noroeste de Minas<br />

e do Alto Paranaíba maior poder no médio e<br />

no longo prazo em seus negócios.<br />

A Regional Noroeste de Minas e Alto Paranaíba<br />

do Sebrae engloba 50 municípios atendidos<br />

por cinco agências em Patrocínio, Patos<br />

de Minas, Paracatu, Unaí e Arinos. O foco da<br />

atuação é a vocação econômica de cada área<br />

geográfica coberta. “Nossa região é eminentemente<br />

agropecuária. Vinte e cinco por cento<br />

do PIB agrícola se concentra na produção da<br />

nossa região”, explica o gerente regional do<br />

Sebrae. Um dos exemplos é o Café da Região<br />

do Cerrado Mineiro, modelo global de governança,<br />

como referência para todas as outras<br />

cadeias agropecuárias em termos de profissionalização,<br />

tecnologia, sustentabilidade e<br />

inovação. E o Sebrae tem participação ativa<br />

e estratégica na construção, preservação e no<br />

futuro deste cenário.<br />

Foram diversos os programas de destaque<br />

nos setores, todos determinantes para o sucesso<br />

do agronegócio regional. Na horticultura<br />

de São Gotardo, o agente local de inovação<br />

foi determinante em 2023 acompanhando a<br />

indicação geográfica. No queijo da Região do<br />

Cerrado Mineiro o Sebrae atua na estruturação<br />

e fortalecimento da governança. “Tanto<br />

no leite quanto no café, a gente tem uma atuação<br />

que sustenta a credibilidade<br />

conquistada pelo Sebrae<br />

ao longo do tempo junto aos<br />

produtores rurais por meio<br />

do Educampo. É um programa<br />

continuado de gestão das<br />

propriedades rurais (...) reunindo<br />

quase 500 produtores<br />

atendidos mensalmente”, explica<br />

Marcos Alves. “Eu desconheço<br />

um modelo de consultoria<br />

de gestão agronômica<br />

e pecuária com uma metodologia<br />

tão consistente”.<br />

PERSPECTIVA: O Sebrae aposta<br />

na recorrência de sua atuação<br />

junto a todos os setores<br />

da economia, mas especialmente<br />

nas cadeias produtivas<br />

do agronegócio no Noroeste<br />

de Minas e Alto Paranaíba.<br />

“Não se gerencia aquilo<br />

que não se mede. E como<br />

existe um histórico importante<br />

do Sebrae no segmento,<br />

a gente consegue ter, como<br />

avaliação das entregas, com<br />

empreendedores rurais cada<br />

vez mais profissionalizados<br />

(...), empresas rurais cada vez<br />

mais sustentáveis. Essa é uma<br />

agenda sem volta”, conclui<br />

Marcos Alves.<br />

Podcast<br />

100porcentoagro no<br />

Spotify


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O Educampo, programa de sucesso citado por<br />

Marcos Alves, é uma plataforma tecnológica<br />

do Sebrae que oferece assistência gerencial e<br />

tecnológica para grupos de produtores de uma<br />

mesma atividade econômica. O Educampo foi<br />

criado em 1997 em Minas Gerais. O gerente regional<br />

do Sebrae diz que 500 produtores são atendidos<br />

mensalmente no Noroeste e Alto Paranaíba<br />

Foto: Divulgação Sebrae Minas<br />

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AGRICULTURA REGENERATIVA<br />

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Auma Agronegócios vence<br />

Troféu Atitude Sustentável no<br />

11º Prêmio RCM<br />

Auma Agronegócios transforma os recursos da terra por<br />

meio da economia circular e da agricultura regenerativa<br />

F<br />

azenda Recanto é reconhecida como<br />

um polo da cafeicultura sustentável no<br />

11º Prêmio Região do Cerrado Mineiro.<br />

Apostando na economia circular e na agricultura<br />

regenerativa, resíduos orgânicos são transformados<br />

em biofertilizantes e biogás<br />

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A Auma Agronegócios, uma referência em inovação<br />

e sustentabilidade no agronegócio brasileiro,<br />

foi premiada com o Troféu Atitude Sustentável no<br />

11º Prêmio Região do Cerrado Mineiro pelo Projeto<br />

Armone.<br />

Sob a liderança de Claudio Nasser e a gestão de<br />

Lucimar Silva, a Auma Agronegócios transforma<br />

os recursos da terra por meio da economia circular<br />

e agricultura regenerativa, equilibrando produção<br />

com responsabilidade ambiental na Fazenda Recanto,<br />

berço do Projeto Armone.<br />

O projeto Armone se destaca pela implementação<br />

da economia circular, uma abordagem que<br />

demonstra como recursos naturais, antes considerados<br />

finitos, podem ser infinitos em um ciclo<br />

de renovação constante. Na Fazenda Recanto, resíduos<br />

orgânicos são transformados em biofertilizantes<br />

e biogás, com o objetivo de promover uma


agricultura regenerativa e autossustentável.<br />

“O ecossistema Auma é uma celebração da<br />

vida e da sustentabilidade. Cada iniciativa que adotamos,<br />

da economia circular à agricultura regenerativa,<br />

reflete nosso compromisso profundo com<br />

o planeta e com as pessoas. Estamos honrados em<br />

contribuir para um futuro sustentável e próspero”,<br />

conta a CEO Lucimar.<br />

Essas iniciativas reduzem drasticamente o desperdício,<br />

minimizam impactos ambientais e demonstram<br />

um comprometimento ímpar com a<br />

sustentabilidade.<br />

O projeto inclui a geração e o uso sustentável<br />

de energia, com a produção de bioenergia a partir<br />

de dejetos de suínos, além da transição energética<br />

para a mobilidade, com o uso de biometano como<br />

combustível para veículos da empresa.<br />

Desse modo, a Auma Agronegócios busca um<br />

futuro agrícola mais responsável e regenerativo.<br />

PROJETO ARMONE: A Fazenda Recanto, operada<br />

pela Auma Agronegócios no Cerrado Mineiro,<br />

é um modelo de sucesso em economia circular e<br />

agricultura regenerativa. O projeto Armone, implementado<br />

na fazenda, é um exemplo vivo de como<br />

a agricultura pode ser sustentável e inovadora.<br />

O projeto utiliza recursos de maneira sustentável,<br />

reiniciando ciclos produtivos e reduzindo o<br />

desperdício. Na Fazenda Recanto, mais de 10.000<br />

m³ de efluente líquido e 650 toneladas de resíduos<br />

sólidos são mensalmente transformados em biofertilizantes<br />

e biogás.<br />

Além disso, a produção de energia na fazenda é<br />

um exemplo de sustentabilidade: mais de 140.000<br />

kWh de energia elétrica são gerados mensalmente,<br />

contribuindo para uma redução significativa das<br />

emissões de CO2. A mobilidade também é um<br />

ponto chave, com o uso de biometano como combustível<br />

(em veículos selecionados), e a parceria<br />

com a New Holland no aperfeiçoamento do trator<br />

movido a biometano.<br />

A agricultura regenerativa é enfatizada com a<br />

produção de 600 toneladas mensais de fertilizante<br />

orgânico, o que reduz a dependência de fertilizantes<br />

fosfatados importados. Estas práticas não<br />

apenas promovem solos mais vivos e equilibrados,<br />

mas também reafirmam o compromisso da Auma<br />

Agronegócios com um futuro agrícola mais sustentável<br />

e produtivo.<br />

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Sistema de economia circular e plantas<br />

de biogás da Fazenda Recanto<br />

Fotos: Auma Agronegócios<br />

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PECUÁRIA<br />

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jan, 24<br />

Marcelo Candiotto<br />

Presidente da Cooperativa Central<br />

dos Produtores Rurais<br />

Foto: CCPR)<br />

Vizinhos incômodos: a crise na<br />

produção leiteira<br />

Junto com essa redução, aconteceu uma leve valorização<br />

do real frente ao dólar, resultando no estímulo<br />

das importações e, consequentemente, numa redução<br />

nos preços do mercado interno. Para o país, essa<br />

diminuição é péssima, pois, além de desestabilizar a<br />

cadeia produtiva, vem contribuindo para o encerramento<br />

das atividades da pecuária leiteira de pequenos<br />

e, até mesmo, de médios produtores do ramo que se<br />

veem dentro de uma competitividade desleal.<br />

Com o aumento das importações de leite de ou-<br />

Produtores de leite enfrentam crise<br />

inédita devido a desafios como custos<br />

elevados, importações concorrentes<br />

e baixos preços, buscando apoio<br />

governamental e ajustes internos para evitar<br />

um colapso iminente na atividade.<br />

58<br />

Num primeiro momento, a redução no preço do<br />

leite aparenta ser uma grande vitória para o consumidor,<br />

que, há meses, estava pagando um valor alto<br />

pelo litro do produto. Essa queda proporciona um<br />

maior consumo de produtos lácteos em geral. Por<br />

outro lado, a cadeia produtiva do leite está vivenciando<br />

uma situação dramática neste ano de 2023, resultante<br />

do aumento da importação do produto vindo<br />

da Argentina e do Uruguai.<br />

Dentro do panorama global, o preço do leite caiu.


tros países do Mercosul, o impacto gerado para o pequeno<br />

produtor é enorme. Juntamente com a pouca<br />

remuneração, vem o alto custo da produção, o que<br />

leva muitos produtores a trabalhar no vermelho.<br />

Segundo João Paulo Santana, médico veterinário<br />

e sócio da Fazenda Lageado, em Lagoa Formosa,<br />

a crise vivenciada em 2023 é a maior vista até hoje<br />

pelos produtores. “O setor leiteiro tem enfrentado<br />

uma das maiores crises da história da produção de<br />

leite. Essa crise é decorrente das grandes importações<br />

da Argentina e do Uruguai, além dos altos custos de<br />

produção que vivemos. Hoje, os produtores de leite<br />

não estão fechando a conta; estão trabalhando no<br />

vermelho. Já são três meses consecutivos no negativo<br />

e, se não houver respaldo político, principalmente na<br />

questão da importação, a situação tende a se agravar.<br />

É uma situação que está deixando o produtor sem<br />

condição de continuar no setor”.<br />

Devido aos inúmeros fatores como custos de<br />

produção, impostos e deficiência na estrutura, em alguns<br />

casos, o leite produzido custa mais ao produtor.<br />

Isso afeta toda a cadeia leiteira, como as indústrias do<br />

processamento, que estão operando no vermelho e<br />

acabam utilizando matéria-prima importada para reduzir<br />

o custo, e os fornecedores de insumos. Alguns<br />

comerciantes do setor também citam a crise em seus<br />

negócios devido à redução nas vendas de produtos.<br />

O comerciante Sérgio Rodrigues, que possui uma<br />

loja de produtos agrícolas em São Gotardo, MG,<br />

cita que diversos conhecidos e até mesmo familiares<br />

abandonaram a produção de leite devido à baixa<br />

remuneração. “Todos os dias chega alguém comentando<br />

que reduziu R$ 0,12 naquele dia, ou ainda que<br />

reduziu R$ 0,25 no mês”. Reconhece, ainda, que a<br />

situação afeta muito o comércio, pois são produtores<br />

que encerraram as atividades e com isso a compra de<br />

produtos.<br />

POLÍTÍCA: O cenário é preocupante. Segundo Marcelo<br />

Candiotto, Presidente da Cooperativa Central<br />

dos Produtores Rurais (CCPR), “muitos produtores<br />

estão saindo da atividade, e isso já acontece há alguns<br />

anos. Para se ter uma ideia, apenas nos últimos cinco<br />

anos, mais de mil produtores deixaram de produzir<br />

leite, apenas no Sistema CCPR. De qualquer forma,<br />

mesmo com a saída desses produtores, o volume de<br />

leite não foi impactado porque os que permanecem<br />

têm melhorado a produtividade dos animais. E isso<br />

se deve, especialmente, ao trabalho dos técnicos da<br />

CCPR que levam inovações e tecnologias por meio<br />

de produtos e serviços do nosso portfólio. Acredito<br />

no potencial transformador do cooperativismo e,<br />

por isso, seguimos criando estratégias em busca das<br />

melhores soluções, pensando sempre no desenvolvimento<br />

social e econômico de todos”.<br />

O setor vem se reunindo com as lideranças políticas<br />

em busca de soluções que possam amenizar<br />

a situação. “A luta em defesa dos produtores rurais<br />

é diária, permanente, incansável. Como presidente<br />

da CCPR, maior cooperativa captadora de leite do<br />

Brasil, trabalho junto a lideranças políticas e de entidades<br />

do setor agropecuário e do cooperativismo<br />

para avançar em medidas emergenciais que trarão,<br />

pelo menos, um alento imediato aos produtores de<br />

leite”, reforça Candiotto.<br />

No entanto, essa crise revelou a necessidade de<br />

uma reformulação nas políticas agrícolas e comerciais<br />

do setor leiteiro, visando proteger os produtores e garantir<br />

a sustentabilidade da produção de leite a longo<br />

prazo.<br />

Candiotto sustenta ainda que “o momento é desafiador,<br />

mas o Governo já se posicionou diante de<br />

propostas que apresentamos, que envolvem: a criação<br />

de um plano nacional de renegociação de dívidas;<br />

a adoção de medidas para conter a importação de lácteos<br />

subsidiados; e a execução de compras públicas<br />

com a inserção permanente de leite nos programas<br />

sociais do Governo, como Bolsa Família e Merenda<br />

Escolar”.<br />

Dois decretos federais publicados recentemente<br />

trouxeram medidas paliativas, como o aumento de<br />

alíquotas nos créditos de PIS e Cofins das empresas<br />

que importam leite, e outro que cria o grupo interministerial,<br />

onde serão debatidas novas medidas para<br />

valorizar o produtor de leite.<br />

Até mesmo a eleição do novo Presidente da Argentina,<br />

Javier Milei, pode interferir no cenário atual,<br />

conforme explica Candiotto: “Seguimos atentos,<br />

acompanhando todos os desdobramentos e preparados<br />

para continuar debatendo amplamente a pauta<br />

da cadeia produtiva do leite. Estamos passando por<br />

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um momento de crise como jamais vimos. Ainda não<br />

sabemos o impacto da eleição do novo presidente<br />

argentino diante das importações de leite, uma vez<br />

que a Argentina é o país que mais exporta leite para o<br />

Brasil hoje. O cenário é incerto, mas caso se concretize<br />

o que o presidente Milei tem afirmado sobre as<br />

relações comerciais com o Brasil, o mercado brasileiro<br />

do leite será beneficiado”.<br />

CONSUMIDOR: Dentro de todo esse contexto, se<br />

para o produtor a situação é dramática, para o consumidor<br />

essa queda possibilita, além de maior consumo<br />

do leite, o aumento na compra de produtos lácteos.<br />

Segundo Maria do Carmo Vieira, consumidora na cidade<br />

de São Gotardo, “a redução no valor do leite<br />

foi benéfica. Em meses anteriores, cheguei a pagar<br />

mais de R$7,00 em uma caixinha do produto, e agora<br />

estou comprando por valores abaixo de R$ 5,00”.<br />

A dona de casa Marli Santana, de Patos de Minas,<br />

relatou que antes estava difícil manter o mesmo consumo<br />

da atual realidade. Mãe de 4 filhos, chegou ao<br />

ponto de ter que economizar no consumo para não<br />

faltar em casa. Hoje ainda considera o valor alto, mas<br />

está melhor do que quando pagava mais de R$ 6,00<br />

pelo litro.<br />

PERSPECTIVAS: Conforme Áurea Lúcia Silva Andrade,<br />

Professora de Administração Rural na UFV,<br />

campus Rio Paranaíba, a crise enfrentada atualmente<br />

pela cadeia produtiva de leite se dá pela queda da taxa<br />

de importação que aconteceu em 2022. “Em agosto<br />

de 2023, houve um aumento da taxa de imposto de<br />

importação e alguns ajustes, como a proibição das<br />

empresas de usar os créditos presumidos, mas esse<br />

decreto tem um prazo para entrar em vigor, o que<br />

resulta em um atraso no reflexo positivo da medida.<br />

Agora em novembro a medida começa a vigorar, mas<br />

para o ano é um tempo muito curto para a recuperação<br />

do setor”, relata.<br />

Para Áurea, a perspectiva é que o setor se recupere<br />

em <strong>2024</strong>, pois já não haverá essa concorrência<br />

da importação do leite em pó da Argentina e do Uruguai.<br />

“Se em 2023 o setor fecha com prejuízo, em<br />

<strong>2024</strong> a perspectiva será mais positiva com o olhar<br />

do Governo Federal sobre o setor, e suas demandas<br />

específicas. E também, há uma preocupação para<br />

João Paulo Santana, médico<br />

veterinário e sócio da Fazenda<br />

Lageado: a crise vivenciada<br />

em 2023 é a maior vista até<br />

hoje pelos produtores<br />

Foto: Acervo Pessoal<br />

monitorar o custo da produção com o apoio de políticas<br />

públicas para atender esse público. Sabemos da<br />

importância social da pecuária do leite no Brasil composto<br />

por pequenos e médios produtores, e esperamos<br />

que em <strong>2024</strong> haja políticas públicas específicas<br />

para atender as demandas desse setor em função da<br />

sua importância social e econômica”.<br />

No entanto, é importante ressaltar que a realidade<br />

da crise na pecuária leiteira em <strong>2024</strong> dependerá<br />

de uma série de fatores imprevisíveis, como eventos<br />

econômicos, políticos, ambientais e de saúde, que<br />

podem tanto resultar no atual cenário quanto em<br />

mudanças favoráveis para o setor.


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sinônimo de solo vivo e protegido.<br />

Foto: Lucimar Silva


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