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Revista Dr Plinio 309

dezembro 2023

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João, o mais jovem, foi chamado<br />

também para mostrar, com sua vida,<br />

seu testemunho sobre a divindade<br />

de Jesus. Mas era preciso, para o martírio<br />

de um tal Apóstolo, um teatro digno<br />

dele. A Ásia Menor, evangelizada<br />

por seus cuidados, não era um lugar<br />

bastante ilustre para a glória de um tal<br />

combatente. Roma, somente Roma, onde<br />

Pedro estabelecera sua sede e derramara<br />

o seu sangue, onde Paulo curvara<br />

a sua cabeça sobre o gládio, merecia<br />

a honra de ver em seus muros o augusto<br />

ancião, o discípulo que Jesus amou,<br />

o único sobrevivente do Colégio Apostólico,<br />

que se dirigia ao martírio.<br />

Flávio Lourenço<br />

Submerso no azeite fervente,<br />

rejuvenesce milagrosamente<br />

Martírio de São João Evangelista - São Lourenço de Morunys, Espanha<br />

Quando foi levado para Roma,<br />

ele já era muito velho, por isso se diz<br />

que era um venerando ancião que ia<br />

para Roma para sofrer o martírio.<br />

João compareceu em presença da justiça<br />

romana no ano de 95. Era acusado<br />

de ter propagado, numa vasta província<br />

do Império, o culto de um judeu crucificado<br />

sob Pôncio Pilatos. Ele deve perecer<br />

e a sentença conclui que um suplício vergonhoso<br />

e cruel desembaraçará a Ásia de<br />

um velho e supersticioso rebelde.<br />

O pregador de Cristo deve aí ser mergulhado.<br />

Chegou o momento em que<br />

o filho de Salomé vai participar do cálice<br />

de seu Mestre. O coração de João<br />

alegra-se. Após lhe terem infligido uma<br />

cruel flagelação, os carrascos colocam o<br />

ancião no lugar do suplício.<br />

Mas, ó prodígio! O azeite fervente<br />

perdeu o seu calor, nenhum sofrimento<br />

afeta os membros do Apóstolo.<br />

Quando ele é retirado dessa tortura,<br />

tinha recobrado todo o vigor que os<br />

anos lhe haviam arrebatado.<br />

Imaginem que cena linda: um velho,<br />

com o semblante venerando e virginalmente<br />

puro como era o de São João,<br />

um ancião de barba e cabelos brancos,<br />

com um espírito muito contemplativo,<br />

com um ar ao mesmo tempo varonil e<br />

angelical, todo recurvado e alquebrado<br />

pelos anos, entrar num caldeirão de<br />

azeite. Em volta, as pessoas permanecem<br />

na expectativa: “Agora o velho se<br />

desintegrará ali dentro.”<br />

De repente, o azeite para de ferver<br />

e cessa aquele barulho da trepidação<br />

das bolhas que se formam. O Apóstolo,<br />

embora com os cabelos brancos e<br />

com alguns traços da velhice, sai rejuvenescido<br />

de dentro do caldeirão. Ele recobrou<br />

todo vigor da juventude no esplendor<br />

da idade madura e da ancianidade.<br />

Desce da caldeira e vai andando<br />

com passo altaneiro e, como veremos<br />

daqui a pouco, depois foi para Patmos,<br />

onde teve as visões do Apocalipse.<br />

Imaginem a atitude estarrecida de<br />

todo mundo diante desse fato. Nunca<br />

ninguém conseguiu voltar anos<br />

atrás no calendário; porém, isto consegue<br />

aquele ancião, conservando a<br />

venerabilidade na juventude.<br />

Naturalmente os soldados o prendem.<br />

Ele vai com eles, em passo<br />

marcial, até o cárcere, deixando todo<br />

mundo estupefato atrás de si. Vitória<br />

espetacular, lapidar, completa!<br />

Uma promessa cheia<br />

de mistérios<br />

Ora, não podemos esquecer que,<br />

após a Ressureição, São Pedro perguntou<br />

a Jesus qual seria a sorte do discípulo<br />

amado, ao que Nosso Senhor declarou<br />

de forma misteriosa: “Que te<br />

importa se eu quero que ele fique até<br />

que eu venha?” E logo o Evangelho<br />

continua: “Correu por isso o boato entre<br />

os irmãos de que aquele discípulo<br />

não morreria” (Jo 21, 22 – 23).<br />

A meu ver, o tema teria a sua explicação<br />

mais meticulosa e mais completa<br />

na seguinte perspectiva. Suponhamos<br />

que, por uma razão qualquer, já<br />

havia entre os discípulos uma suspeita<br />

de que São João Evangelista teria<br />

uma atuação muito longa para o futuro,<br />

donde a pergunta: Ele então não<br />

morrerá? E associaram as duas coisas.<br />

Mas, Nosso Senhor distinguiu as<br />

duas questões. Ele disse a São Pedro o<br />

seguinte: “Eu quero que ele fique até<br />

que eu venha. Não quero dizer se ele<br />

vai morrer ou não. E o que você tem<br />

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