Cultura de Bancada, 20º Número
Cultura de Bancada, 20º número, lançado a 12 de dezembro de 2023
Cultura de Bancada, 20º número, lançado a 12 de dezembro de 2023
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
16
mesmo não estava acessível a todos, sendo maioritariamente disputado por cavalheiros das
classes altas, algo que contrastava com o povo de Matosinhos, gente pobre que subsistia à base
da pesca, em tempos em que a fome era uma realidade diária. Naturalmente que nos primeiros
anos eram poucos aqueles que assistiam aos “match’s”, algo que foi evoluindo positivamente
com o tempo. Em 1935, na recepção ao Sporting CP, registou-se a maior enchente num campo
do Leixões até ali, contabilizando-se a presença de 4 000 adeptos.
Mais tarde, na manhã de 1 de Dezembro de 1947, durante o período em que
Matosinhos era o maior centro conserveiro nacional, regressa ao molhe sul do nosso porto uma
traineira carregada de sardinha, contrariando o que tinha acontecido com outras embarcações.
A necessidade era grande e, nesse mesmo dia, partiram rumo à Figueira da Foz 103 traineiras.
Infelizmente, as condições climáticas mudaram drasticamente ao anoitecer e quatro embarcações
naufragaram, vitimizando um total de 152 pescadores, naquela que é a maior tragédia marítima
na costa portuguesa. Naquele tempo, Leixões já era o maior porto de pesca do país e a faina era
feita manualmente, levando a que cada traineira empregasse entre 30 a 40 pessoas. O Leixões
SC foi sempre um clube inclusivo, destacando-se como clube-escola eclético, alicerçando o
seu crescimento na sua comunidade. Ofereceu formação pessoal e desportiva, atingindo alto
nível dentro de campos e quadras e colheu frutos da união e sentido de missão da comunidade
envolvente, sendo exemplo disso a construção do Estádio do Mar. Puxando a fita atrás, sempre
foi uma dificuldade do LSC estabelecer-se num só campo e desenvolver o mesmo, uma vez que
eram espaços arrendados e o dinheiro nunca abundava, o que se traduziu em quatro mudanças
de “estádio” até aos anos 50. O problema persistiu, a vila continuou sem ter estádio municipal e
o Leixões continuou a procurar a sua independência. No ano de 1958, o clube conseguiu avançar
com a compra do terreno onde surgiria a sua tão desejada casa, tendo a direcção do LSC, com