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MERCADO<br />
GUERRA<br />
A maioria dos danos diretos a propriedades em caso<br />
de guerra estão excluídos das apólices de seguro<br />
e contratos de resseguro, pois podem ocasionar<br />
a insolvência de seguradores e resseguradores.<br />
Entretanto, temos exemplos de sinistros grandes,<br />
como o confisco de aviões e embarcações de “lessors”<br />
internacionais na Rússia, que podem trazer prejuízo<br />
de bilhões de dólares ao mercado internacional e no<br />
momento ainda estão em discussão”<br />
BRUNO FREIRE, da Austral Re<br />
A FAB (Força Aérea Brasileira)<br />
realizou a operação “Voltando em Paz”,<br />
coordenada pelo Governo Federal,<br />
com atuação do Ministério da Defesa e<br />
do Ministério das Relações Exteriores,<br />
organizando dez voos para resgatar<br />
brasileiros que estavam na região. Até<br />
17 de novembro, segundo atualizações<br />
da FAB, foram repatriados 1.477<br />
brasileiros e 53 animais de estimação,<br />
sendo considerada a maior ação de<br />
repatriação em regiões de conflito da<br />
história. O Brasil foi o primeiro país<br />
a repatriar seus cidadãos logo que a<br />
guerra começou.<br />
SEGUROS SERÃO AFETADOS?<br />
Além dos impactos humanitários<br />
e econômicos, o conflito entre o Hamas<br />
e Israel voltou a desafiar o mercado<br />
de seguros na interpretação de usuais<br />
causas de exclusão de cobertura por<br />
guerras em apólices de diversos ramos,<br />
como no seguro Viagem, Vida, Aéreo,<br />
Marítimo, Crédito etc. Pensando nisso,<br />
após seis dias do primeiro ataque,<br />
o governo israelense chegou a liberar<br />
um pacote de US$ 6 bilhões para cobrir<br />
os riscos de suas empresas aéreas e garantir<br />
que elas continuassem operando.<br />
Em entrevistas para diversos veículos<br />
de comunicação, especialistas do setor<br />
afirmam que o volume de indenizações<br />
tende a ser alto, por Israel ser um país com um grande nível de<br />
consumo de seguros.<br />
Bruno Freire, CEO da Austral Re, acredita que guerras como<br />
a em Israel, e até mesmo a da Ucrânia, podem trazer impactos<br />
diretos e indiretos no mercado de seguros e resseguros internacionais.<br />
Segundo o executivo, um destes impactos são os grandes<br />
sinistros, que podem afetar o setor mundialmente. “A maioria dos<br />
danos diretos a propriedades em caso de guerra estão excluídos<br />
das apólices de seguro e contratos de resseguro, pois podem ocasionar<br />
a insolvência de seguradores e resseguradores. Entretanto,<br />
temos exemplos de sinistros grandes, como o confisco de aviões<br />
e embarcações de “lessors” internacionais na Rússia, que podem<br />
trazer prejuízo de bilhões de dólares ao mercado internacional e<br />
no momento ainda estão em discussão”.<br />
De acordo com Freire, perdas materiais geradas por atos<br />
terroristas também podem ter cobertura, desde que sejam contratadas<br />
de forma específica. Além disso, as sanções aos países envolvidos<br />
e a própria exclusão de danos de guerra em si tiram do<br />
mercado uma parte prêmio de resseguro, diminuindo assim a receita<br />
dos resseguradores. “Um bom exemplo é o setor de Energia,<br />
que perdeu bastante receita vinda da Rússia. Danos consequentes,<br />
como a volatilidade dos preços das commodities ou o aumento do<br />
custo de capital, também refletem na economia como um todo e<br />
no nosso setor”. O executivo ainda ressalta que o mercado de resseguros<br />
é um aliado importante ao cobrir as grandes perdas, que<br />
não poderiam ser cobertas pelas seguradoras sozinhas.<br />
Segundo Freire, em cenários de guerra, dependendo de<br />
sua dimensão, a infraestrutura e as propriedades de cidades e até<br />
países inteiros podem ser completamente destruídas, causando<br />
prejuízos que, caso os danos materiais derivados do conflito estivessem<br />
cobertos, trariam a insolvência de diversas seguradoras<br />
e resseguradoras e um risco a todo o sistema global de seguros,<br />
afetando assim a capacidade de pagamento mesmo nos países<br />
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