RBS Magazine ED 55
• Para construir valor no setor elétrico, temos que ampliar GD • A ilusão: Proteção interna contra surtos elétricos em inversores fotovoltaicos • Maximizando a Eficiência da Energia Solar com Microinversores • Grid Zero e armazenamento: mais autonomia e inteligência para os sistemas fotovoltaicos • Seguros para usinas fotovoltaicas: as armadilhas que comprometem a indenização • A consciência empresarial para aplicação das Energias Renováveis: Um Caminho para um Futuro Sustentável • A proteção contra surtos nas linhas de sinal das usinas fotovoltaicas • Integração de recursos energéticos distribuídos e seus impactos nos consumidores da rede elétrica • Marco regulatório do Brasil (Lei Nº 14300 de 2022 e REN Nº 1059 de 2023) e as lacunas socioambientais da geração fotovoltaica
• Para construir valor no setor elétrico, temos que ampliar GD • A ilusão: Proteção interna contra surtos elétricos em inversores fotovoltaicos
• Maximizando a Eficiência da Energia Solar com Microinversores • Grid Zero e armazenamento: mais autonomia e inteligência para os sistemas fotovoltaicos • Seguros para usinas fotovoltaicas: as armadilhas que comprometem a indenização • A consciência empresarial para aplicação das
Energias Renováveis: Um Caminho para um Futuro Sustentável • A proteção contra surtos nas linhas de sinal das usinas fotovoltaicas • Integração de recursos energéticos distribuídos e seus impactos nos consumidores da rede elétrica • Marco regulatório do Brasil (Lei Nº 14300 de 2022 e REN Nº 1059 de 2023) e as lacunas socioambientais da geração fotovoltaica
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Vol. 06 - Nº 55 - NOV/DEZ 2023
www.revistabrasilsolar.com
8
BELO HORIZONTE - MG - BRASIL
16 E 17
NOVEMBRO
2023
2023
O MAIOR CONGRESSO E FEIRA DE
GERAÇÃO DISTRIBUÍDA DA
AMÉRICA LATINA
2023
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO
DO EVENTO
SOLAR
DIGITAL MARKETING
ISSN 2526-7167
índice
Editorial
Olá, Amigos
Chegamos a nossa 55ª edição da RBS Magazine e uma edição dedicada
ao Congresso Brasileiro da Geração Distribuída, o CBGD, que está
ocorrendo em Belo Horizonte, MG.
Nosso país continua instalando sistemas solares em número significativo
e até o fechamento desse editorial 35 GWp de potência solar instalada,
tanto GD como GC. Em relação a GD, o Brasil já instalou 6,2 GW até
início de novembro de 2023 o que representa 75% de tota a instalação
de 2022. Quais serão os valores de potência instalada que a GD Solar irá
alcançar até o final do ano?
Na Entrevista do Editor, tive a grata surpresa de entrevistar a Dra. e
Professora Aline Pan, onde pontos como o desafio das mulheres no setor
solar, projetos solares inovadores na UFRGS e os objetivos do MESOL
são apresentados e mostrando que o setor de energia solar tem um forte
protagonismo na inclusão de gêneros.
Também nesta edição, temos um excelente artigo do Eng. Gilmar
Rodrigo falando sobre o uso dos microinversores e como maximalizar o
seu aproveitamento nos sistemas fotovoltaicos. Além do uso de inversores
Grid Zero e suas características.
Além disso, a entrevista com o vice-presidente da GoodWe, Sr. Fábio
Mendes, onde ele explora a história da empresa e as suas tendências e
expectativas para o mercado brasileiro.
Nesta edição temos a inserção de dois artigos do CBGD que irão
trazer insights acadêmicos e com forte revisão bibliográfica. Um deles
descreve os impactos sofridos por um consumidor devido à conexão de
recursos distribuídos por um cliente vizinho de rede baseado nos resultados
de simulação a partir do software OpenDSS. Já o outro artigo busca
analisar alternativas para questões como os impactos sociais e potenciais
danos ambientais que os sistemas fotovoltaicos podem ocasionar e discutir
a fim de garantir o desenvolvimento sustentável pelo setor de energia
limpa.
Aproveite a nossa 55ª edição da RBS Magazine e amplie seus conhecimentos
com um material de qualidade preparado para você, leitor.
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Boa leitura e até mais!
Cassol – Editor RBS Magazine
Para construir valor no setor elétrico, temos
que ampliar GD
A ilusão: Proteção interna contra surtos elétricos
em inversores fotovoltaicos
Maximizando a Eficiência da Energia Solar
com Microinversores
Grid Zero e armazenamento: mais autonomia
e inteligência para os sistemas fotovoltaicos
Seguros para usinas fotovoltaicas: as armadilhas
que comprometem a indenização
A consciência empresarial para aplicação das
Energias Renováveis: Um Caminho para um
Futuro Sustentável
A proteção contra surtos nas linhas de sinal
das usinas fotovoltaicas
Integração de recursos energéticos distribuídos e
seus impactos nos consumidores da rede elétrica
Marco regulatório do Brasil (Lei Nº 14300 de
2022 e REN Nº 1059 de 2023) e as lacunas
socioambientais da geração fotovoltaica
Expediente
Curitiba - PR – Brasil
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EDIÇÃO
FRG Mídia Brasil Ltda.
CHEFE DE EDIÇÃO
Tiago Cassol Severo
JORNALISTA RESPONSÁVEL
Ingrid Ribeiro Souza
DIREÇÃO COMERCIAL
Tiago Fraga
COMERCIAL
Claudio Fraga, Luan Ignacio Dias
e Klidma Bastos
COMITÊ EDITORIAL
Colaboradores da edição
DISTRIBUIÇÃO
Carlos Alberto Castilhos
REDES SOCIAIS
Nicole Fraga
EDIÇÃO DE ARTE
Vórus Design e Web
www.vorusdesign.com.br
CAPA
Carolina Corral Blanco
APOIO
ABGD / TECPAR / WBA - Associação Mundial
de Bioenergia Solar / Instituto BESC / CBCN
/ Portal Brasileiro de Energia Solar / NEEAL
- Núcleo de Estudo em Energia Alternativa /
ABEAMA
DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA
Empresas do setor de energia solar
fotovoltaica, geração distribuída e energias
renováveis, sustentabilidade, câmaras
e federações de comércio e indústria,
universidades, assinantes, centros de
pesquisas, além de ser distribuído em grande
quantidade nas principais feiras e eventos do
setor de energia solar, energias renováveis,
construção sustentável e meio ambiente.
TIRAGEM: 5.000 exemplares
VERSÕES: Impressa / eletrônica
PUBLICAÇÃO: Bimestral
CONTATO: +55 (41) 3225.6693 - (41) 3222.6661
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Carlos Evangelista, Gilmar Rodrigo, Gabriel
Reversi, Edmur de Almeida, Fábio T. Sato,
Sergio R. Santos, Cleiton Busse, Hugo L. T.
Rangel, Raphael Poubel, Márcio M. Afonso,
Wesley Peres, José P. R. Fernandes, Ebony
S. S. Alberto, Borel Júnior, Paulo R. Gomes,
Thiago F. Teixeira, Renato J.
A Revista RBS é uma publicação do
Para reprodução parcial ou completa das
informações da RBS Magazine - Revista Brasil Solar
é obrigatório a citação da fonte.
Os artigos e matérias assinados por colunistas e
ou colaboradores, não correspondem a opinião
da RBS Magazine - Revista Brasil Solar, sendo
de inteira responsabilidade do autor.
RBS Magazine 3
Artigo
Para construir valor
no setor elétrico,
temos que ampliar GD
Por Carlos Evangelista,
presidente do Conselho Deliberativo
da Associação Brasileira de Geração Distribuída*
“Os fatos são coisas inflexíveis,
mas as estatísticas são flexíveis.”
Esta frase do escritor norte-americano
Mark Twain reflete
bem o que tem sido equivocadamente
publicado sobre geração
distribuída (GD) – ou geração
própria de energia – nas últimas
semanas, a exemplo de artigo
intitulado “A destruição de valor
elétrico”, publicado por este jornal
na edição de 26 de setembro.
A raiz da nova bateria de
afirmações imprecisas e injustas
contra o setor é o gráfico apresentado
no site da Agência Nacional
de Energia Elétrica (ANEEL)
com o sugestivo título de “Subsidiômetro”.
Com a informação de
que a conta de energia tem, em
média, uma carga de 13,5% de
subsídios para todo o setor elétrico,
o gráfico mostra a GD como
o terceiro maior “beneficiário”.
E, assim, por meio de argumentos
simplificados e cálculos
tendenciosos, a geração distribuída
foi precipitadamente marcada
como a antagonista dos altos
preços da energia no Brasil. A
GD já foi até ilustrada como um
Robin Hood inverso, deslocando
recursos dos menos favorecidos
para os mais afortunados, uma
narrativa que, sem embasamento
sólido, tem sido ecoada por
anos. É notável que esses analistas
frequentemente omitem ou
falham em citar a considerável
quantidade de encargos e impostos
sobre esse serviço vital –
energia elétrica.
O debate sobre subsídios à
geração distribuída requer uma
análise cuidadosa. A visão limitada
de que apenas os usuários
de GD se beneficiam dessas compensações
financeiras não reflete
completamente a realidade: o
investimento nesse modelo beneficia
não apenas os consumidores
finais que instalam painéis
solares, mas todo o setor elétrico
e a sociedade.
A diversificação da matriz
energética, a redução das emissões
de gases de efeito estufa
e a diminuição da demanda nas
horas de pico são apenas alguns
dos benefícios coletivos da GD e
que deveriam ter seu valor financeiro
contabilizado nos números
da ANEEL, como previsto no
Marco Legal da Geração Distribuída.
Tendo agregado uma capacidade
de mais de 23 gigawatts
(GW) ao parque gerador brasileiro,
a GD contribuiu efetivamente
para a expansão da oferta de
energia sem que esse esforço representasse
o impacto ambiental
normalmente associado a projetos
com outras fontes de energia
não renováveis.
Mais que isso: dessa capacidade,
a energia solar, por exemplo,
corresponde a 96%, sendo
o restante proporcionado por
geração eólica, pelo uso de biomassa,
biogás e outras fontes
renováveis. A GD contribuiu decisivamente
para viabilizar a incorporação
da geração fotovoltaica
à matriz elétrica brasileira.
Esse feito é bastante relevante.
A expansão da geração distribuída
proporcionou uma saudável
diversificação da matriz, incorpo-
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RBS Magazine
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RBS Magazine 5
Artigo
A GD não é causadora das discrepâncias de desenvolvimento
regional existentes e tampouco contribui para perpetuar ou
exacerbar essa situação...
rando-se fontes renováveis distribuídas
em um momento em que
a geração hidrelétrica centralizada
apresentou sinais de limitação,
seja por ausência de grandes
empreendimentos viáveis, seja
devido à severa estiagem que
afetou, há pouco tempo, o nível
dos reservatórios.
Não se pode perder de vista
que, enquanto boa parte do planeja
encontra dificuldades ara
“limpar” duas matrizes energéticas,
ainda muito dependentes de
combustíveis fósseis, no Brasil,
temos a possibilidade de liderar
a transição energética aproveitando
nossas riquezas naturais,
como o sol e o vento.
Além disso, a geração distribuída
tem potencial de reduzir os
investimentos necessários em infraestrutura
elétrica, contribuindo
para a eficiência do sistema
como um todo. Ou seja, quem
instala um painel de energia solar
em casa está fazendo um investimento
em micro usina que,
conectada à rede, traz benefícios
coletivos. Contudo, como a discussão
não envolve grandes usinas
e as corporações do mercado
de energia, os críticos da GD desprezam
o investimento individual
privado e acham que este não
seria “digno” de compensação
apropriada.
O número colocado no gráfico
do “Subsidiometro” não representa
a realidade como um todo.
O que lá se apresenta como subsídio
é, de forma grosseira, um
cálculo da receita não recolhida
pelas empresas distribuidoras de
energia. Cálculo que, sem a devida
subtração do que a coletividade
economiza, não representa de
modo fidedigno a realidade.
Pelo critério usado no “Subsidiometro”,
o crescimento da
geração distribuída no agronegócio,
por exemplo, com produtores
rurais economizando na
conta de energia, tem impacto
positivo nos custos de produção,
o que reflete em preços mais
competitivos para os alimentos.
Esse é um exemplo de benefício
coletivo não contabilizado, e que
deveria ser considerado no gráfico
da ANEEL.
A ausência de detalhamento
na comparação entre regiões
com diferentes Índices de Desenvolvimento
Humano (IDH) e a
afirmação de que a estrutura de
cálculo da compensação é injusta
transmitem de forma distorcida
a realidade. Historicamente, as
regiões Sul e Sudeste evoluíram
mais em GD, desde o surgimento
desse meio de geração de energia,
mesmo antes da aprovação
do Marco Legal do setor (Lei
14.300/2022) e da nova forma de
cálculo da compensação.
A GD não é causadora das
discrepâncias de desenvolvimento
regional existentes e tampouco
contribui para perpetuar ou
exacerbar essa situação. É, ainda,
fato que regiões com maior atividade
econômica e densidade
populacional demandem mais
geração de energia; essas, sim,
são razões para o significativo
crescimento da GD no eixo Sul-
-Sudeste.
Por outro lado, se compararmos,
energias não renováveis
também desfrutam de históricos
subsídios, como, por exemplo,
a Conta de Consumo de
Combustíveis (CCC), afetando a
competitividade de alternativas
mais limpas. Além disso, grandes
empreendimentos que utilizam
fontes incentivadas, substancialmente
diferentes e que não
se enquadram em Geração Distribuída,
usufruem dos maiores
subsídios do setor, ocupando
isoladamente e disparado a primeiríssima
posição no “Subsidiometro”.
A transição para uma matriz
energética mais limpa e sustentável
é uma necessidade global.
Nesse contexto, políticas de incentivo
e compensação desempenham
um papel crucial e devem
ser analisadas de maneira
ampla, sem miopia ou paixão.
Com uma perspectiva ampla e
uma análise equilibrada, o Brasil
pode continuar avançando em
direção a um futuro energético
mais verde e inclusivo. O Brasil
pode liderar a transição energética
mundial, mas temos que nos
despir de preconceitos ou saudosismos.
(*) CARLOS EVANGELISTA,
é formado em engenharia e
direito, com MBA em Marketing
de Serviços e pós-graduado em
Política & Estratégia. Também é
cofundador e atual presidente
do Conselho Deliberativo
da Associação Brasileira de
Geração Distribuída (ABGD).
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RBS Magazine
RBS Magazine 7
Fotovoltaica distribuída entra em
uma nova era! Tongwei ajuda a
transição energética global
O
setor fotovoltaico está
enfrentando grandes
oportunidades e desafios
no contexto da
transição energética. A
Tongwei está totalmente preparada
para enfrentar as oportunidades
e os desafios do setor.
Com base na cadeia perfeita
do setor da nova energia verde, a
Tongwei se aventurou no negócio
de módulos em 2013 e estabeleceu
um Departamento de Projeto
de Pesquisa e Desenvolvimento
de Módulos de Alta Eficiência em
2016, que gradualmente abriu o
caminho para pesquisa e desenvolvimento
do processo de módulos.
Em setembro de 2022, a Tongwei
anunciou oficialmente a integração
e aumentou o investimento em
módulos.
Após vários anos de desenvolvimento,
a Tongwei se tornou uma
empresa fotovoltaica integrada no
setor de nova energia, com produção
de silício cristalino de alta
pureza a montante, produção de
células e módulos solares de alta
eficiência no meio e construção e
operação de usina fotovoltaica no
mercado em terminais, formando
uma cadeia completa de nova
energia fotovoltaica com direitos
de propriedade intelectual independentes,
o que pode ajudar a
ativar o potencial de desenvolvimento
global da fotovoltaica distribuída,
fornecer produtos de
módulo de alta qualidade e alta
eficiência e ajudar no desenvolvimento
saudável e sustentável do
setor fotovoltaico regional.
Módulos fotovoltaicos de Tongwei
atualmente são vendidos a
mais de quaranta países, incluindo
França, Alemanha, Holanda, Chile,
Brasil, Japão, Coreia do Sul e Cingapura.
No campo da energia fotovoltaica
distribuída, após mais de dez
anos de forte investimento e estudo
aprofundado em pesquisa e
desenvolvimento de tecnologia, a
Tongwei sempre considerou as necessidades
reais dos clientes como
o ponto de partida fundamental e
lançou uma variedade de produtos
de módulos diferenciados de
acordo com as características de
diferentes cenários, e formou um
módulo de célula solar sobreposta
totalmente flexível, com chumbo
zero e ecologicamente correto,
com características da Tongwei, e
uma inha completa de matrizes de
produtos de módulos de meia folha
para atender às necessidades diferenciadas
do mercado, respetivamente,
para telhados residenciais,
estações de energia distribuída e
terrestres industriais e comerciais,
recebendo uma boa resposta do
mercado.
Sob a tendência de aumento da
demanda do mercado por produtos
de módulos, amadurecimento
da cadeia da indústria de geração
de energia fotovoltaica e avanço
contínuo da tecnologia de armazenamento
de energia, a Tongwei
continuará a assumir a liderança
em tecnologia, integrar recursos
vantajosos, melhorar o layout do
canal, continuar a se concentrar
nos mercados-alvo da Europa, Ásia-
-Pacífico e América do Sul, fortalecer
a expansão do canal e adotar
várias estratégias de comunicação,
como matriz de mídia, publicidade
em exposições e fóruns, para
fortalecer de forma abrangente a
exposição da marca dos módulos
Tongwei, aumentar rapidamente
a influência da marca dos módulos
Tongwei no mercado final e satisfazer
a crescente demanda por
energia limpa de clientes em todo
o mundo.
De acordo com a tendência
de desenvolvimento em larga escala
do mercado da fotovoltaica
distribuída, a Tongwei continuará
a aproveitar ao máximo as vantagens
do layout integrado, a aderir à
atualização industrial liderada pela
inovação e a fornecer aos clientes
produtos de módulo de alta qualidade,
alta eficiência, seguros, confiáveis,
ecológicos e limpos para
atender à demanda do mercado da
fotovoltaica distribuída e ajudar a
atingir a meta da transição energética
global.
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RBS Magazine
RBS Magazine 9
BRAMETAL:
a inovação brasileira
no setor solar
Quando falamos em
liderança e inovação
no mercado de
estruturas metálicas
para geração de
energia, a BRAMETAL imediatamente
se destaca. Com raízes
profundamente brasileiras e
uma trajetória marcada por sucessos
desde 1975, a empresa
consolida-se não apenas como
uma das principais no continente
americano, mas também
como uma referência mundial
em sua área de atuação.
A Jornada da BRAMETAL
Nascida em território nacional
há quase cinco décadas,
a BRAMETAL logo mostrou que
veio para fazer a diferença.
Como uma das principais fornecedoras
de estruturas metálicas
para Geração, Transmissão e
Distribuição de Energia Elétrica,
bem como para Torres de Telecomunicações
nas Américas, a
empresa conseguiu se destacar
pela qualidade e inovação de
seus produtos.
Com duas unidades produtivas
estrategicamente localizadas
em Linhares, Espírito Santo,
e Criciúma, Santa Catarina, a
BRAMETAL produz uma vasta
gama de produtos, que vão desde
Torres Treliçadas, Torres Metálicas
Monotubulares (Postes
Metálicos), a colunas, vigas, suportes
para Subestação e, claro,
Suportes para Módulos Fotovoltaicos
para Energia Solar.
E é neste último ponto, o
solar, que a BRAMETAL tem
buscado crescer ainda mais,
mostrando seu compromisso
com o futuro e com o desenvolvimento
sustentável do país e
do mundo.
Os produtos fabricados têm certificações
internacionais e passam por rigorosos
ensaios em túneis de vento, garantindo sua
eficácia e segurança
Evolução e Expansão: A
Nova Fábrica Solar
Investindo fortemente na
energia solar, a BRAMETAL possui
uma unidade verticalizada
dedicada à produção de estruturas
metálicas voltadas para este
segmento. Em um movimento
ambicioso, a empresa está expandindo
sua capacidade produtiva
para 1,5GW de trackers por
ano. Mas a visão da BRAMETAL
vai além: há planos de, em médio
prazo, dobrar essa capacidade,
alcançando impressionantes
3 GW anuais.
Além da expansão em capacidade,
a nova fábrica também
se destaca por seus elevados padrões
de qualidade e excelência
técnica. Os produtos fabricados
têm certificações internacionais
e passam por rigorosos ensaios
em túneis de vento, garantindo
sua eficácia e segurança. Isso
reflete o compromisso da empresa
em atender a um mercado
notoriamente exigente com
o mais alto padrão. Para complementar,
a BRAMETAL conta
com engenharia própria, capaz
de atuar em todo o processo, de
ponta a ponta, certificando-se
10
RBS Magazine
A BRAMETAL não é apenas uma empresa que produz estruturas metálicas.
Ela é um reflexo da capacidade brasileira de inovar, de se reinventar
e de buscar sempre os melhores resultados...
de que cada detalhe atenda aos
padrões mais rigorosos.
HexaTracker: A Revolução
Solar da BRAMETAL
Dentre os diversos produtos
inovadores da BRAMETAL,
destaca-se o HexaTracker.
Esse sistema, pensado e desenvolvido
para o mercado solar,
traz uma série de vantagens
que fazem toda a diferença em
campo.
O Hexa Tracker é compatível
com todos os módulos do
mercado, incluindo os bifaciais.
Com capacidade para comportar
até 64 módulos em retrato
(vertical) no monofileira e
128 módulos no bifileira, ele
se mostra extremamente versátil.
E o mais interessante: sua
instalação não requer soldas
em campo nem ferramentas
especiais.
A tecnologia também está
presente no sistema de acionamento
do HexaTracker.
Utilizando um Motor DC,
que pode ou não ser acompanhado
de bateria, e contando
com Comunicação Wireless
(Zigbee), ele dispensa
infraestrutura elétrica para
instalação, tornando todo o
processo mais ágil, prático e
eficiente.
Conclusão
A BRAMETAL não é apenas
uma empresa que produz
estruturas metálicas. Ela é um
reflexo da capacidade brasileira
de inovar, de se reinventar e
de buscar sempre os melhores
resultados. Com quase meio
século de existência, a empresa
mostra que, independentemente
dos desafios, está pronta
para seguir em frente, investindo,
inovando e consolidando-se
como líder em seu segmento.
Seja no setor de energia elétrica,
telecomunicações ou solar,
a BRAMETAL está lá, mostrando
ao mundo o que o Brasil tem de
melhor.
RBS Magazine 11
Importância do
atendimento
humanizado
em todos os
processos de uma
distribuidora solar
Em 2023, começamos o ano com a
implementação da regulamentação
para micro e minigeração de
energia. Como uma distribuidora
ativa no setor solar há oito anos, temos
confiança no potencial desse mercado.
Atualmente, menos de 5% da matriz
energética brasileira é proveniente da
energia fotovoltaica, o que indica um
mercado promissor e vasto para todos os
participantes. A possibilidade de adquirir
um sistema fotovoltaico próprio está se
tornando cada vez mais vantajosa. Temos
diversificadas formas de crédito visando
auxiliar o integrador na hora da venda
junto ao seu cliente. A modalidade mais
conhecida é o financiamento solar oferecido
pela Serrana em parceria com as
maiores instituições financeiras do país.
Em 2023, introduzimos novas opções de
parcelamento, incluindo a possibilidade
de dividir o pagamento entre mais de um
cartão de crédito até 21 vezes, além da
opção de pagamento via boleto bancário
em até 48 vezes fixas.
Somos pioneiros em trazer vantagens
comerciais exclusivas para os
Integradores Solares e seus clientes.
Começamos em 2018 com o lançamento
do Programa CashBack e do Seguro
de Instalação e Montagem. Atualmente,
oferecemos mais de 15 benefícios,
sendo nossa prioridade o atendimento
humanizado. Estamos em constante
evolução, aumentando nossa presença
em feiras do setor para nos aproximarmos
dos Integradores parceiros em
todo o Brasil.
Esse ano também tivemos a regulamentação
da Lei 14.300, que nos proporciona
segurança jurídica e estabelece os
direitos e deveres tanto para os Integradores
Solares quanto para os clientes e
as concessionárias de energia. Com os
conhecimentos acumulados ao longo de
15 anos de história, estamos em posição
de oferecer as melhores soluções em
Kits Fotovoltaicos completos, garantindo
uma geração de energia robusta a longo
prazo.
Expandimos nosso portfólio de produtos,
proporcionando mais opções para
os Integradores. Atuamos com Kits Foto-
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ou de Superfície até 110 CV
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Além da ampla linha de produtos de alta geração de energia, identificamos que
o integrador brasileiro está mudando de perfil e está procurando estruturar
sua empresa de forma mais profissional e organizada...
voltaicos completos que abrangem
carregador elétrico veicular
wallbox, linha de Inversores On
grid para redes monofásicas e trifásicas,
e também inversores Off
Grid Híbrido até 120 kVA. Para
usinas acima de 75 kWp, o Integrador
conta com atendimento
direto e exclusivo do Departamento
de Engenharia da Serrana
Solar. Nosso objetivo é fornecer
auxílio no dimensionamento,
análise e elaboração do projeto
da Usina Solar, além de esclarecer
quaisquer dúvidas técnicas e jurídicas
que possam surgir para garantir
o sucesso das negociações
entre o Integrador e seus clientes
finais.
A solução On Grid mais recente
é o Micro Inversor Solar, ideal
para gerenciar o painel solar de
forma individualizada, uma das
principais características é facilitar
o monitoramento de forma
remota pelo Wi-fi individual. É
equipado com 2 MPPT individuais
e 4 entradas, proporcionando
elevada eficiência. Tal característica
reduz perdas na geração de
energia em situações adversas de
sombreamento ou de telhados
com diferentes posições ou ângulos.
Outro destaque é o Driver
bomba solar, ideal para uso no
campo e atende bombas submersas
ou de superfície de 2 CV até
110 CV. Solução para irrigação e
abastecimento em áreas rurais. O
driver bomba solar pode ser conectado
a rede ou a um gerador
de energia. Algumas das funções
são MPPT integrado, Controle de
níveis de água, dispensa o uso de
baterias, conexão direta com painel
solar e partida suave e automática.
Fornecendo mais autonomia
para o Integrador e cliente
final, no site da Serrana disponibilizamos
a funcionalidade de
atualização facilitada do status do
pedido que pode ser facilmente
consultada pelo Integrador e seu
cliente.
Além da ampla linha de produtos
de alta geração de energia,
identificamos que o integrador
brasileiro está mudando de perfil
e está procurando estruturar
sua empresa de forma mais profissional
e organizada. Dessa forma,
desenvolvemos a plataforma
comercial GestãoSolar, em parceria
com a Azume, para auxiliar os
integradores na gestão empresarial
da empresa integradora. Nela
é possível ter o controle total da
empresa, desde a captação de
clientes, geração de propostas
e acompanhamento do projeto
das usinas solares. A plataforma
oferece inúmeros recursos que
podem ser facilmente acessados
pelo desktop ou smartphone.
Em 2022, alcançamos a 14ª
posição como a distribuidora nacional
mais lembrada, segundo a
revista Greener, um testemunho
do nosso compromisso em proporcionar
o melhor atendimento
possível em todos os departamentos
da Serrana Solar. Além
disso, obtivemos a certificação
GPTW, que reconhece nossos esforços
em cultivar uma cultura de
desenvolvimento conjunto, alto
desempenho e inovação. Na Serrana
Solar, valorizamos a transparência,
a seriedade, a plena satisfação
dos clientes, bem como o
reconhecimento e a valorização
dos nossos colaboradores e fornecedores.
A validação do nosso trabalho
é evidenciada pelos inúmeros
feedbacks positivos dos nossos
Integradores, como indicado
pela pesquisa de satisfação, que
mostra uma média de aprovação
de 92,5% nos últimos anos.
Investimos em um novo sistema
de gestão que automatiza processos,
garantindo transparência
e interação desde o pagamento
até a entrega no cliente do nosso
Integrador. Ampliamos nossa
área construída para 15.000 m²,
assegurando um estoque robusto,
envios ágeis e uma logística
otimizada.
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RBS Magazine
SUNNY TRIPOWER
CORE2 STP 110-60 (AFCI)
STP 110-60 (AFCI)
NOVO: Agora com interruptor
de circuito contra falha de
arco voltáico integrado
NOVO: Agora com
Proteção contra surtos de
corrente contínua Tipo 1/2
AGORA COM NOVAS
FUNCIONALIDADES
Mais flexibilidade
Mais potência
Mais rendimento
Mais integração do sistema
• Para grandes instalações em telhados
e no solo até a faixa de MW
• 12 rastreadores MPP
• 24 strings com conectores Sunclix de
1100 VCC
• Interruptor de circuito de falha de
arco integrado (AFCI)
• 110 kW para 400 VAC padrão
• Rápido comissionamento sem
combinadores CC adicionais
• Eficiência de pico de 98,6%
• Serviço de monitoramento premium
para um desempenho confiável do
sistema
• Rendimentos máximos graças à
solução de software integrada
SMA ShadeFix
• Expansão flexível e preparada para o futuro
devido à integração perfeita do sistema com o
SMA Energy System Business
• Gerenciamento holístico de energia com o
ennexOS
• Alta segurança de TI
SUNNY TRIPOWER CORE2
Projeto de sistema flexível e rendimentos mais altos graças aos recursos integrados
Ideal para estruturas de sistemas descentralizados até a faixa de megawatts. Com 110 quilowatts, 24 strings e 12 rastreadores MPP, o
Sunny Tripower CORE2 permite uma cobertura solar particularmente alta em sistemas fotovoltaicos montados no solo, bem como em
diferentes inclinações de telhado durante o dia. A solução integrada de software SMA ShadeFix otimiza automaticamente o desempenho do
sistema a qualquer momento, mesmo com módulos parcialmente sombreados. O serviço de monitoramento automático do inversor SMA
Smart Connected também garante o máximo rendimento do sistema fotovoltaico ao detectar falhas o mais rápido possível. O interruptor de
circuito de falha de arco integrado AFCI contribui adicionalmente para a segurança. Com o Sunny Tripower CORE2 como um componente
central do SMA Energy System Business, os instaladores e operadores de sistemas fotovoltaicos se beneficiarão dos componentes de alta
qualidade de uma única fonte e das opções à prova de futuro para expandir seus sistemas com as soluções de armazenamento da SMA.
DISPONÍVEL PARA ENTREGA IMEDIATA NO BRASIL
RBS Magazine sma-brasil.com 15
Entrevista do Editor
Nessa edição do Entrevista do Editor, Cassol conversa
com a Professora, Dra. e Mãe ALINE CRISTIANE PAN,
formada em Física e com Mestrado em Engenharia de
Materiais pela PUCRS, com doutorado pela Universidade
Politécnica de Madri. Tem mais de 25 anos de experiencia
em energia solar e hoje leciona e tem diversos projetos
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Também é Co-fundadora e Coordenadora da Rede
Brasileira de Mulheres na Energia Solar (Rede MESol),
além de Conselheira do Programa RS Solar. Mãe de dois
filhos, Sofia (2012) e Benício (2014). Vamos conversar
sobre os projetos e a jornada desta espetacular mulher e
profissional do setor solar brasileiro e mundial.
Segue nosso bate-papo fascinante...
RBS Magazine - Aline, é um prazer
conversar com a minha amiga de
longa data que a energia solar me
trouxe! Também, é um orgulho ver o
seu desenvolvimento no campo solar
e, principalmente, a sua atuação na
Rede Brasileira de Mulheres na Energia
Solar (MESol). Assim, para começarmos
nosso bate-papo, poderia nos
explicar a missão e os principais objetivos
do MESol?
ALINE PAN - A Rede MESol defende a
necessidade de mitigar os principais
obstáculos enfrentados pelas mulheres
no setor de energia solar propondo
modelos alternativos, fortalecendo
e dando visibilidade para projetos,
pesquisas e trabalhos conduzidos por
mulheres e promovendo mudanças
nos ambientes de trabalho. Ao mesmo
tempo em que conecta, apoia,
informa, inspira e promove as mulheres
para atuarem ativamente no
processo brasileiro de diversificação
e transição energética.
RBS Magazine - Certo, eu li que as
energias renováveis, em especial a
solar, é um dos setores que mais empregam
mulheres no mundo. O que
nossa área tem de diferente que faz
ela se destacar na empregabilidade
mais equalitária entre os gêneros e
quais ainda são as principais barreiras
que as mulheres têm enfrentado
no setor?
As energias renováveis, incluindo a
energia solar fotovoltaica, têm se
destacado na empregabilidade mais
igualitária entre os gêneros por várias
razões: crescimento rápido e
oportunidades, caráter inovador e
tecnológico e conscientização sobre
sustentabilidade. Segundo os dados
da Agência Internacional de Energias
Renováveis (IRENA), a área de energias
renováveis emprega aproximadamente
32% de mulheres, enquanto
a de energias não renováveis emprega
20%. O setor de energia solar fotovoltaica
teve crescimento recorde no
último ano, 2022, no Brasil e, segundo
o Plano Decenal de Expansão de
É meu desejo que todas
as mulheres que tenham
o interesse de entrar na
área da energia solar se
sintam apoiadas, em vez
de intimidadas...
Energia 2030 da EPE, as perspectivas
são de que a capacidade instalada triplique
nos próximos 10 anos. No entanto,
a participação feminina ainda é
desproporcional em relação ao crescimento
do mercado da tecnologia
fotovoltaica. O estudo realizado pela
Greener (2022) mostrou que apenas
24% das empresas que atuam com a
tecnologia fotovoltaica possuem mulheres
em sua equipe de trabalho, e
que destas, apenas 7% estão atuando
na área técnica, ou seja, em projetos
e engenharia. Acredito que isso se
deve à falta de reconhecimento, ao
preconceito e ao machismo, e que
essas são as principais barreiras enfrentadas.
Logo, eliminar esses obstáculos
e promover um ambiente de
respeito se torna fundamental para
que as mulheres permaneçam no setor.
O Instituto Global McKinsey revela
que US$ 12 trilhões podem ser adicionados
ao PIB global até 2025 com
o avanço da igualdade das mulheres
nos postos de trabalho. Pois, se as
mulheres, que representam metade
da população mundial em idade ativa,
não atingirem seu potencial econômico
completo, a economia global
sofrerá. Se tivermos um setor de
energia solar mais diverso, construiremos
um segmento mais eficiente,
lucrativo e que aproveita todo o seu
potencial de crescimento e inovação.
Além disso, estaremos em consonância
com a busca de uma transição
energética efetiva, que contemple
todas as formas de diversificação e
sustentabilidade."
RBS Magazine - Aline, sabemos que
a empreitada de ser profissional, ser
mãe, ser mulher não é fácil nos dias
de hoje. Qual a mensagem que você
tem as mulheres que estão nesta situação
e sentem essa jornada dupla, ou
até tripla, sobrecarregar suas costas,
mas não querem perder a motivação
em sua jornada?
É meu desejo que todas as mulheres
que tenham o interesse de entrar na
área da energia solar se sintam apoia-
16
RBS Magazine
das, em vez de intimidadas. Gostaria
que cada uma delas fosse capaz de
tomar suas decisões com base em
suas próprias vontades, em vez de
ser influenciada por uma visão idealizada
de uma indústria dominada
exclusivamente por homens. Juntas,
podemos construir nossas carreiras
e desempenhar nossas funções da
melhor maneira possível, reconhecendo
que somos diversas em muitos
aspectos. Não devemos sentir
vergonha de nossas diferenças, mas
sim orgulho. Além disso, desejo que
os leitores homens desta revista busquem
dados estatísticos sobre a relação
entre gênero e energia fornecidos
por organizações de renome do
setor, como IRENA, Greener, GWNET,
IPEA e McKinsey. Isso lhes permitirá
entender que não se trata apenas de
minha opinião, mas de uma representação
precisa da realidade do setor.
Somente reconhecendo e abraçando
essa diversidade seremos capazes de
desenvolver um setor de energia solar
no Brasil mais eficiente, lucrativo
e que realize todo o seu potencial de
crescimento e inovação.
RBS Magazine - Ótimo, Aline. No último
mês de agosto, a UFRGS inaugurou
a usina Mulheres na Energia
Solar, pelo Programa EnergIF. Esta
magnífica usina vai alimentar de forma
plena uma parcela significativa
da instituição, mas qual é objetivo
principal dessa empreitada e o que
resultados a médio e longo prazo são
esperados para a comunidade acadêmica?
A Usina Solar Fotovoltaica "Mulheres
na Energia Solar", localizada no Campus
Litoral Norte (CLN) da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), desempenhará um papel
central como modelo de excelência
para a instalação de sistemas fotovoltaicos
interligados em ambientes
universitários, representando um ícone
de progresso, educação e responsabilidade
ambiental. Este campus
servirá como um laboratório prático
para demonstrar a eficácia desses sistemas.
Além dos benefícios financeiros,
que se traduzem em uma economia
substancial de aproximadamente
R$ 6.000.000,00 ao longo de 25 anos,
essa usina representa uma significativa
contribuição para a causa ambiental.
No entanto, sua importância
transcende as esferas financeiras e
ecológicas, pois a Usina desempenhará
um papel de suma relevância
no âmbito educativo e inovador. Esta
instalação desempenhará um papel
essencial como recurso de apoio ao
ensino, estimulando o desenvolvimento
e a promoção de pesquisas
em uma variedade de disciplinas
oferecidas pelos cursos do campus
universitário, tais como engenharia
de gestão de energia, engenharia de
serviços, geografia, desenvolvimento
regional, entre outras. Além disso,
promoverá o empreendedorismo no
setor de energias renováveis e eficiência
energética. É importante ressaltar
que o nome dado à Usina presta
homenagem a todas as mulheres do
setor de energia solar fotovoltaica,
em especial aquelas que estiveram
envolvidas no gerenciamento da
elaboração e execução do projeto, o
qual foi liderado exclusivamente por
mulheres. Acreditamos que ao destacar
essa representatividade, demonstramos
que o setor de energia
também é ocupado por mulheres, e
isso pode incentivar a procura de estudantes
do sexo feminino para os
cursos de Engenharia da Universidade,
encorajando a participação ativa
de mulheres e fomentando a inovação
nesse campo.
RBS Magazine - Além de doutora,
pesquisadora, coordenadora do ME-
SOL, você também é professora da
graduação e pós-graduação na UFR-
GS. Falando em formação de recursos
humanos, como você vê a falta
de profissionais qualificados para o
setor de energia e quais são as possíveis
soluções que você vê para essa
solução?
Entrevista do Editor
Infelizmente, cada vez mais observa-
-se uma diminuição no interesse por
estudar engenharias em geral, e isso
me preocupa bastante. Precisamos
continuar a desenvolver tecnologia
e promover o progresso tecnológico,
e para isso, necessitamos de profissionais
qualificados que atendam a
essas crescentes demandas. Como
professora e pesquisadora, acredito
que as universidades desempenham
um papel crucial na formação de profissionais
capacitados para o setor
de energia. Através da colaboração
entre a academia e a indústria, juntamente
com a promoção da diversidade
e o acesso à educação, podemos
abordar a escassez de profissionais
qualificados e contribuir para um
setor de energia mais forte e sustentável.
Além disso, a sociedade deve
reconhecer o valor fundamental dos
engenheiros na resolução de desafios
globais e na promoção da inovação
sustentável.
RBS Magazine - Para concluirmos e
já estendendo o meu agradecimento
e felicidade de entrevistar a minha
querida amiga, qual a sua opinião
sobre o futuro da energia solar no
Brasil? Que caminhos ainda teremos
que percorrer para sermos um dos
principais protagonistas no setor solar
mundial?
Minha opinião sobre o futuro da
energia solar no Brasil é muito otimista.
O país possui um imenso potencial
solar devido à sua localização geográfica
privilegiada e tem condições de
desenvolver toda a cadeia produtiva
aqui. Além disso, quando observamos
todas as tendências de inovação
para o setor de energia solar, como
armazenamento, reciclagem e produção
de hidrogênio a partir do recurso
solar, o Brasil se destaca por
possuir os requisitos fundamentais
para desenvolver e promover essas
inovações. Esse protagonismo em relação
às possibilidades de ações para
a transição energética o coloca em
destaque quando comparado a outros
países, sinalizando as possibilidades
de desenvolvimento econômico,
social e ambiental que temos. Para
o Brasil se tornar um dos principais
protagonistas no setor de energia solar
fotovoltaica mundial, é essencial
investir em várias frentes, como o desenvolvimento
de políticas públicas
específicas para mitigar a instabilidade
regulatória, o desenvolvimento
tecnológico para aumentar a eficiência
e a confiabilidade dos sistemas
solares, a formação de profissionais
para atender à crescente demanda,
a integração na rede elétrica garantindo
estabilidade e confiabilidade, e
promovendo a gestão eficaz de sistemas
de geração distribuída, a educação
e conscientização sobre os benefícios
da energia solar e seu papel na
mitigação das mudanças climáticas,
e a cooperação internacional para
compartilhar conhecimento e experiências
no setor de energia solar.
RBS Magazine 17
A SolaX apresenta seu novo
inversor híbrido de 30 kW - X3-ULTRA
No campo das soluções de
energia solar, a empresa
elevou, mais uma vez,
o padrão com seu lançamento
mais recente — o
inversor híbrido comercial X3-ULTRA
(15~30 kW). Com um sistema trifásico
de três MPPTs, a novidade traz uma
série de características para revolucionar
a forma como aproveitamos e
utilizamos a energia solar. Aqui estão
sete características que diferenciam
o X3-ULTRA:
1. Compatibilidade Máxima
O X3-ULTRA foi criado para se
integrar perfeitamente com todos
os tipos de painéis fotovoltaicos,
permitindo uma entrada máxima de
36A DC por MPPT. Isso assegura um
desempenho ideal e compatibilidade
com uma ampla gama de configurações
de sistemas de energia solar.
2. Maximização do Rendimento
e da Utilização
Alcançando o sobredimensionamento
de 200%, o X3-ULTRA garante
que a energia fotovoltaica seja
aproveitada de forma eficiente, sem
deixar espaço para desperdício. Isso
resulta em um alto rendimento e utilização
completa dos recursos fotovoltaicos
disponíveis.
3. Flexibilidade e Capacidade de
Expansão em Sua Essência
Com duas portas de bateria, o
X3-ULTRA oferece a liberdade de conectar
baterias separadamente ou
em paralelo, oferecendo flexibilidade
nas configurações de armazenamento
de energia. Essa adaptabilidade
torna o produto ainda mais versátil
para as mais diversas aplicações e
demandas.
4. Energia de Back-up de Ponta
Quanto se trata de garantir uma
fonte de alimentação ininterrupta,
o X3-ULTRA não decepciona. Com
tempo de comutação de menos de
10 milissegundos, ele garante uma
transição perfeita para a energia de
back-up. Além disso, ele pode suportar
uma sobrecarga de 200% do EPS
por até dez segundos, o que o torna
robusto para suportar uma grande
variedade de cargas.
5. Funcionamento Econômico
em Larga Escala
O X3-ULTRA se destaca por sua
capacidade de fornecer uma saída
100% desigual, permitindo a importação
zero de energia em cada
fase.
6. Segurança em Primeiro Lugar
Tendo a segurança como prioridade
máxima, o X3-ULTRA incorpora
amostragem isolada e oferece
AFCI (Arc Fault Circuit Interrupter)
opcional para maior proteção.
Além disso, ele possui DPS (Dispositivo
de Proteção contra Surtos)
Tipo II nos lados CA e CC, protegendo
seu sistema contra surtos
elétricos.
7. Gerenciamento Inteligente
de Energia
O X3-ULTRA vem equipado
com um conjunto de recursos inteligentes.
O Smart Schedule otimiza
os modos de trabalho para aumentar
a eficiência e economizar nos
custos. O inversor também conta
com o Gerenciamento Inteligente
de Cargas, estendendo o suporte
a veículos elétricos (EVs) e bombas
de calor, o que o torna uma opção
com visão de futuro para o cenário
energético moderno.
Em resumo, o inversor híbrido comercial
de armazenamento de energia
SolaX X3-ULTRA (15~30kW) redefine
as possibilidades de utilização
da energia solar. Com seus incomparáveis
recursos de compatibilidade,
eficiência, flexibilidade e segurança,
ele é uma prova do compromisso da
SolaX com a inovação e a sustentabilidade
no campo da tecnologia solar.
Faça o upgrade para o X3-ULTRA e
experimente uma nova era de soluções
comerciais de energia solar.
18
RBS Magazine
RBS Magazine 19
Entrevista
Entrevista exclusiva com
FRANCISCO VIEIRA, gerente
de vendas, da AMPHENOL
" Os conectores H4 Amphenol são fornecidos para todos os TIER1,
fabricantes de Painéis Solares e Inversores"
RBS Magazine - A Amphenol é líder
mundial em projetos, fabricação e comercialização
de conectores e sistemas
de interconexão elétricos, eletrônicos
e de fibra ótica, além de cabos
tipo flat e coaxiais, ou seja, atuam em
diversos segmentos. Conte como começou
a atuação da marca no mercado
de energia solar no Brasil?
FRANCISCO VIEIRA - A Amphenol
iniciou suas atividades no Brasil no
ano de 1997 com uma unidade fabril
em Caçapava – SP. Esta unidade atendeu
os seus clientes globais no segmento
de telecomunicações. Entre
estes clientes estão a Ericsson, Nokia,
Alcatel, Lucent, Nec entre outras.
Em 2012 com o início do mercado de
energia solar no Brasil a Amphenol
iniciou a divulgação e o fornecimento
dos conectores solares H4 para o
mercado Brasileiro.
Em 2018 com a demanda de cabos
solares iniciou a produção de cabos
em nossa fábrica localizada em Campinas,
SP utilizando a já destacada experiência
de fabricação, desempenho
e tecnologia derivadas de outras unidades
da Amphenol no mundo.
RBS Magazine - A Amphenol se destaca
no mercado com os seus produtos
para energia solar, como o Conector
H4 e H4 Plus e a sua linha completa
de cabos solares. Conte sobre como
funcionam essas soluções?
Os conectores H4 Amphenol são fornecidos
para todos osTIER1, fabricantes
de Painéis Solares e Inversores.
Em 2021, atendendo a demanda de nossos clientes
globais, lançamos uma nova versão do conector H4,
o H4 PLUS...
Em 2021, atendendo a demanda
de nossos clientes globais, lançamos
uma nova versão do conector
H4, o H4 PLUS. Esta versão atende
às novas tecnologias dos módulos e
inversores.
O conector H4 PLUS oferece um grau
de proteção à água prolongado e travas
de segurança diferenciadas. Esta
nova tecnologia oferece um desempenho
superior e vem para substituir
o uso de conectores fotovoltaicos de
baixa qualidade, o que é muito comum
no Brasil.
RBS Magazine - O foco da Amphenol
é criar soluções inovadoras que facilitem
o dia a dia de seus clientes, oferecendo
uma grande variedade de itens
que correspondam às suas necessidades.
Quais projetos, em específico
do setor de energia solar, a empresa
possui para o segundo semestre?
Para este semestre lançamos um
novo modelo de conector fotovoltaico
denominado - Rad Crimp – o qual
possui uma tecnologia de terminação
espiral. Um conector robusto com
classificação dupla para UL 1500 V, e
uma nova linha de conectores para
o segmento de ESS (Energy Storage
System). Estas novidades estarão disponíveis
em nosso estande na EXPOG
2023.
20
RBS Magazine
AS MELHORES MARCAS DO
MERCADO VOCÊ ENCONTRA AQUI!
R
SAIBA MAIS
RBS Magazine 21
Sistema PHB Retrofit leva
confiabilidade energética para postos
de combustíveis no Mato Grosso
economia trazida
pela ener-
A
gia solar se
mostra cada
vez mais indispensável
nos comércios brasileiros.
Além da economia
na fatura de energia,
a certeza de sempre
ter disponibilidade de
energia elétrica para
atender os clientes
vêm chamando a atenção
ao passo que os
problemas de fornecimento
se agravam em diversas regiões
do Brasil.
Essa necessidade de economia
e de segurança energética foi o que
levou o Alfa Auto Posto, que conta
com unidades em Araguainha e Ponte
Branca no Mato Grosso, a buscar
as soluções da energia solar.
Os postos de combustíveis instalaram
sistemas on-grid retrofit da
PHB Solar, com um inversor on-grid
de 6 kW, três inversores off-grid de
3 kW e 12 módulos fotovoltaicos JA
Solar de 545 W em cada uma de suas
unidades.
“O Cliente nos procurou buscando
uma solução para conseguir
manter o atendimento aos clientes
mesmo em casos de falta de energia.
Como ele já contava com energia solar
em casa e sabia dos benefícios da
economia, pensou na solar com baterias
para a solução de backup” conta
Felipe Moura, sócio da RM Projetos
Elétricos, que realizou a venda e instalação
do sistema.
“Já conhecíamos a solução PHB
Retrofit. Conversamos com os engenheiros
Fernando e Ivan no fórum
GD de Campo Grande, onde nos foi
apresentada essa solução, que encaixou
perfeitamente na necessidade de
atendimento da carga sem interrupção.
Contendo uma solução completa,
o cliente economiza na conta de
energia através do inversor on-grid, e
as mesmas placas que geram energia
e enviam créditos pra concessionária
fazem uma comutação automática
para os inversores off-grid em caso
de falta de rede, em que quase não
é notada que houve a queda
de energia. Com isso, todo o
posto de combustível mantém
operando através de
uma energia limpa e renovável”
relata Moura.
De acordo com a PHB
Solar, o sistema nobreak solar
retrofit é ideal para locais
onde o cliente quer economizar
na fatura de energia
sem ficar sujeito a faltas de
energia. Os clientes que já
contam com o sistema convencional,
com inversores on-grid,
podem realizar o retrofit da instalação
através da instalação dos inversores
off-grid da PHB, juntamente
com baterias e os quadros de transferência
da empresa.
Atualmente é possível atender
cargas de até 45 kW com operação
contínua, garantindo também a geração
de créditos de energia junto da
concessionária.
Autor: FERNANDO SCHMIDT
Engenheiro Eletricista na PHB
Solar, com graduação e mestrado
na área de Sistemas Fotovoltaicos
e Qualidade de Energia pela
Universidade Federal de Santa
Maria/RS. Trabalha no ramo de
geração fotovoltaica desde 2018,
atuando no desenvolvimento
de projetos de Minigeração
Distribuída e Autoprodução
de Energia. Na PHB Solar atua
na área de treinamentos e
concepção de soluções para
grandes usinas fotovoltaicas.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
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RBS Magazine
KIT COMPLETO
NOBREAK SOLAR
RETROFIT
NÃO FIQUE SEM ENERGIA
NO APAGÃO
Seletor
Fotovoltáico
Nosso retrofit nobreak solar e os nossos inversores off-grid
ajudam você a ter energia neste apagão e em outros.
INVERSORES
PHB3048-MKS (127V)
PHB5048-MKS (220V)
Através de baterias de alta
tecnologia, a energia solar é captada
pelos painéis solares durante o dia e
armazenada para uso posterior.
Assim, você tem energia durante a
noite e até mesmo em dias nublados.
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RBS Magazine 23
Livoltek anuncia primeira fábrica nacional
de inversores fotovoltaicos no Brasil,
com investimentos de R$ 70 milhões
Empresa vai produzir toda a linha monofásica e os trifásicos até 25kW, tanto os
tradicionais (380v) quanto a linha low-voltage (220v), e todos os modelos das string box
A
Livolteck, fabricante de inversores
fotovoltaicos on-
-grid, off-grid e híbridos, com
comunicação IoT e plataformas
em nuvem para monitoramento
que pertence do Grupo Hexing Brasil,
anuncia a construção da primeira fábrica
nacional de inversores fotovoltaicos
no Brasil.
Com investimentos de R$ 70 milhões,
a fábrica em Manaus será o
centro da produção de uma variedade
de produtos da Livoltek, que incluirá
inversores monofásicos e trifásicos,
cobrindo até 25 kW. Esta gama
abrangerá tanto os modelos tradicionais
(380v) quanto os de baixa tensão
(220v), oferecendo flexibilidade e eficiência
em soluções de energia solar.
Além disso, a fábrica produzirá uma
variedade completa de string boxes,
reforçando ainda mais a abrangência
da oferta da Livoltek.
A planta de fabricação em Manaus
tem uma área fabril de 18 mil
metros quadrados. Inicialmente projetada
para produzir até 1,8 GW em
inversores fotovoltaicos, além de carregadores
veiculares e string boxes,
essa capacidade está sujeita a expansão.
Conforme a demanda pelas soluções
inovadoras da Livoltek aumentar,
a capacidade produtiva pode ser
escalada para até 4 GW, refletindo o
compromisso contínuo da empresa
em promover a adoção sustentável
da energia solar.
“A Livoltek reconhece que a fabricação
local tem o potencial de minimizar
a pegada de carbono global
e a oportunidade de aproveitar uma
fábrica quase pronta para acelerar
o início das operações. O transporte
intercontinental de componentes é
consideravelmente mais eficiente em
termos de espaço em comparação
ao transporte de produtos acabados.
Além disso, a matriz energética brasileira
apresenta um volume consideravelmente
menor de emissões em
comparação com as matrizes chinesa
e europeia”, afirmaRui Cheng, CEO
da Livoltek Power Brasil.
Isso significa que os inversores
fotovoltaicos fabricados no Brasil
têm uma pegada de carbono substancialmente
menor em comparação
com produtos fabricados em outras
partes do mundo. Embora os números
precisos da pegada de carbono
ainda estejam em fase de obtenção,
a Livoltek está empenhada em fornecer
dados definitivos que evidenciem
as vantagens inegáveis das soluções
"Made-In-Brasil" da empresa.
“Queremos também contribuir
significativamente para a redução
das emissões de dióxido de carbono
(CO²) e aumentar a conscientização
sobre a proteção da Amazônia, visando
mitigar os efeitos das mudanças
climáticas”, ressalta Cheng.
Com base na instalação das linhas
de produção e nos testes necessários,
a Livoltek tem como meta
disponibilizar os primeiros equipamentos
a partir de 2024. A inauguração
oficial da fábrica também está
programada para ocorrer no mesmo
período, marcando um marco significativo
para a empresa e a indústria
de energia solar no Brasil.
A empresa também vai realizar
parcerias de distribuição, entre elas
com as empresas Techlux, L8 Energy,
Acqua Solar, Acroni, A Dias Solar, Eletroforça,
Techsolar e Sol+.
Sobre a Livoltek
A Livoltek está comprometida
em fornecer energia solar de alta
qualidade para seus clientes globais,
cobrindo usos residenciais, comerciais,
industriais, agrícolas e concessionárias
de energia e saneamento. O
portfólio da empresa abrange inversores
fotovoltaicos on-grid, off-grid
e híbridos, com comunicação IoT e
plataformas em nuvem para monitoramento
remoto.
O maior diferencial da Livoltek é
o tamanho de sua estrutura no Brasil,
por meio das outras empresas do
Grupo Hexing, que conta com mais
de 1400 colaboradores no país, com
escritórios em diversas cidades, além
da fábrica da Eletra Energy, que já
completou 10 anos em Itaitinga-CE,
região metropolitana de Fortaleza.
A missão da empresa é ser a primeira
escolha de soluções de armazenamento
de energia para clientes
de energia solar em todo o mundo.
Seus produtos utilizam componentes
de alta qualidade, com 80% deles
provenientes de fornecedores
internacionais conhecidos da Alemanha,
Japão e Estados Unidos,
entre outros.
24
RBS Magazine
Perspectivas e Desafios
da Energia Solar no Brasil
À
medida que o mercado de
energia solar no Brasil continua
a crescer, não podemos
deixar de explorar as oportunidades
e desafios que estão no cerne
dessa revolução energética. Como
Sócio-Fundador da Domínio Solar,
empresa que atua há 8 anos no setor
de integração e EPC, bem como da
O&M Solar, empresa que há 5 anos
se dedica à operação, manutenção e
monitoramento de sistemas de energia
solar, tenho uma vivência privilegiada
sobre o setor. Neste artigo,
compartilharei minha perspectiva sobre
o potencial do mercado de energia
solar, os desafios impostos pela
legislação e a importância da operação
e manutenção para o sucesso
contínuo dessas instalações.
Potencial do Mercado de Energia
Solar no Brasil
É gratificante testemunhar o incrível
crescimento da energia solar
no Brasil nos últimos anos. Quando
iniciamos, em 2015, eram pouco
mais de 100 integradores e pouco
mais de 1000 sistemas pelo Brasil. A
vasta extensão territorial e a generosa
irradiação solar que o país desfruta
o tornam um local ideal para a expansão
da energia solar. O potencial
é enorme, especialmente em regiões
como o Nordeste, onde a abundância
de sol é uma dádiva. Além disso,
a crescente conscientização ambiental,
altos custos da energia elétrica no
Brasil e a busca por fontes de energia
limpa têm impulsionado a adoção da
energia solar por consumidores residenciais,
comerciais e industriais.
Desafios da Lei 14.300 no Mercado
Brasileiro de Energia Solar
A Lei 14.300 trouxe uma série de
mudanças no cenário da energia solar
no Brasil. Embora tenha proporcionado
uma estrutura regulatória
necessária, também trouxe consigo
desafios que exigem nossa atenção.
A revisão da política de compensação
de energia, por exemplo, tem
impacto direto sobre o retorno sobre
o investimento para os proprietários
de sistemas solares. Outro ponto relevante
são as dificuldades técnicas e
administrativas impostas pelas concessionárias
de energia (inversão de
fluxo por exemplo) e a infraestrutura
de transmissão e distribuição do setor
energético brasileiro. Estas mazelas
afloraram após a “corrida do
ouro” da conexão em GD I.
Outro obstáculo é a complexidade
das regulamentações estaduais,
que variam significativamente. A harmonização
dessas regulamentações
entre os estados é crucial para simplificar
o processo de adoção da energia
solar e reduzir os custos associados à
conformidade com diferentes regulamentos.
Operação, Manutenção e Monitoramento
adequados para a Energia
Solar
A operação e manutenção desempenham
um papel vital no sucesso
a longo prazo dos sistemas solares.
Como Sócio-Fundador da O&M Solar
e Domínio Solar, sei que a operação
e manutenção eficientes não apenas
maximizam a produção de energia,
mas também estendem a vida útil
dos sistemas. Isso envolve a limpeza
regular dos painéis, inspeções técnicas
minuciosas e um monitoramento
constante do desempenho da rede e
da usina. Além disso, uma resposta
rápida a quaisquer problemas é essencial
para garantir uma performance
ratio e índice de disponibilidade
elevados.
Conclusão
O Brasil está diante de uma oportunidade
ímpar no setor de energia
solar, mas também enfrenta desafios
complexos. A capacidade de superar
esses obstáculos dependerá de uma
relação transparente e honesta entre
o governo, empresas e a sociedade.
Juntos, podemos desenvolver políticas
e práticas que promovam um
crescimento sustentável da energia
solar no Brasil, aproveitando ao máximo
o vasto potencial dessa fonte
de energia limpa. A O&M Solar está
comprometida em desempenhar um
papel fundamental nesse processo,
garantindo a operação e manutenção
eficiente das instalações solares
e contribuindo para um futuro mais
sustentável e energeticamente independente.
RBS Magazine 25
Entrevista
Entrevista exclusiva
com FÁBIO MENDES, vicepresidente
da GoodWe
para a América do Sul
"No setor de geração de energia em larga escala, a GoodWe
vai apresentar as soluções para usinas centralizadas"
RBS Magazine - A Goodwe é
uma fabricante líder mundial
de inversões fotovoltaicas e soluções
de armazenamento de
energia. Conte como a marca
iniciou sua atuação no Brasil?
FÁBIO MENDES - A GoodWe foi
fundada em 2010, na China, e
desde então, vem expandindo a
sua atuação no mercado global
de energia solar fotovoltaica.
Em 2014, a empresa fabricou
seu primeiro inversor híbrido, se
posicionando como pioneira em
soluções de armazenamento de
energia e baterias no mundo.
Iniciou suas operações no Brasil
em 2018, quando efetivamente
expandiu a sua atuação para outros
países.
RBS Magazine - A Goodwe recentemente
lançou um programa
intitulado ‘’EcoSmart Tour’’
que vai promover capacitação
em todo o Brasil. Qual o principal
objetivo do projeto e público
destinado? Além disso, como irá
funcionar e quais cidades estarão
presentes?
A iniciativa itinerante levará treinamentos
gratuitos em energia
solar para 10 cidades em 10
diferentes estados do Brasil. O
No setor de geração
de energia em larga
escala, a GoodWe
vai apresentar as
soluções para usinas
centralizadas...
projeto teve início em 5 de outubro
e percorrerá o país até 5
de dezembro de 2023. A expectativa
é alcançar cerca de 1200
alunos. Qualquer pessoa pode
participar do treinamento, melhor
ainda se tiver conhecimentos
em elétrica.
RBS Magazine - Entrando na
questão de produtos e serviços,
quais as principais soluções em
residências, C&I, utilities e armazenamento
que a GoodWe
oferece atualmente para seus
clientes? E possuem algum lançamento
já em andamento para
o próximo ano?
Neste ano, durante a feira Intersolar
South America, realizada
no final de agosto, foram lançados
alguns produtos para as
áreas mencionadas na pergunta.
A empresa acaba de anunciar
a sua entrada no mercado
de micro-inversores e apresentará
os novos GW1600-MIS,
GW1800-MIS e GW2000-MIS no
evento. Essa expansão estratégica
reforça a posição da GoodWe
como uma empresa pioneira em
tecnologia, trazendo maior eficiência
e flexibilidade para a geração
de energia solar distribuída.
Os micro-inversores da GoodWe
oferecem eletrônica de potência
à nível de módulo (MLPE),
permitindo um aproveitamento
mais eficaz da energia solar.
Outra novidade é o início das atividades
da empresa no mercado
de BIPV, com a linha Galaxy de
módulos ultraleves, de 315W e
335W de apenas 11 kg e espessura
de 4mm; e a apresentação
da linha Sunshine de telhas FV,
que conta com os modelos BM-
T-S1/032A (92W/cor ébano) e
BMT-S1/032A (70W/cor ocre).
De rápida e fácil instalação, os
painéis são facilmente integrados
à arquitetura da residência.
A expansão estratégica reforça a
posição da GoodWe como uma
empresa pioneira em tecnolo-
26
RBS Magazine
Entrevista
Para o mercado comercial e industrial, a GoodWe vai apresentar a
solução EcoSmart Commercial, que inclui inversores de string (on-grid
e de armazenamento), baterias LiFePO4, soluções integradas de controle,
limitação e gestão de energia e módulos fotovoltaicos
ultraleves (linha Galaxy)...
gia, trazendo maior eficiência e
flexibilidade para a geração de
energia solar distribuída.
No setor de geração de energia
em larga escala, a GoodWe
vai apresentar as soluções para
usinas centralizadas. O grande
destaque será a nova linha
UT 1500V de inversores string
trifásicos (320/350 kW),
com opções em 12 ou 15
MPPTs e suportabilidade
de correntes de até
20A. Além dos inversores,
o portfólio para
grandes usinas conta
com dispositivos de
comunicação HPLC
de última geração
e estações compactas
de transformação
de média tensão
para conexão à rede.
Essas soluções exemplificam
a capacidade
da GoodWe de liderar a
transformação energética
em grande escala, proporcionando
eficiência, confiabilidade
e integração excepcionais
para projetos de usinas de grande
porte.
A GoodWe reafirma seu compromisso
com a transformação
energética sustentável ao destacar
a solução Eco Smart Home,
que traz componentes inovadores,
como baterias de lítio ferro
fosfato para armazenamento
de energia, telhas fotovoltaicas
e carregadores para veículos
elétricos, além dos famosos
inversores on-grid, híbridos e
retrofit da empresa. Com essas
soluções, a GoodWe capacita os
pro-
prietários
re-
sidenciais
a transformarem suas casas em
ecossistemas de energia inteligente,
aproveitando ao máximo
a energia solar gerada e trazendo
maior disponibilidade de alimentação
e independência da
rede pública.
Para o mercado comercial e
industrial, a GoodWe vai apresentar
a solução EcoSmart Commercial,
que inclui inversores de
string (on-grid e de armazenamento),
baterias LiFePO4, soluções
integradas de controle,
limitação e gestão de energia e
módulos fotovoltaicos ultraleves
(linha Galaxy). Essas soluções
oferecem às empresas
a oportunidade de
otimizar seus sistemas
de energia, reduzir
custos operacionais
e demonstrar seu
compromisso com
a sustentabilidade
por meio da geração
e armazenamento
eficientes
de energia solar.
RBS Magazine - A
quarta pergunta
pode ser algo de interesse
ou que a empresa
gostaria de informar.
Iniciamos o nosso plano de expansão
para a América do Sul,
destinado para os próximos 4
anos. Nossa expectativa é alcançar
uma participação relevante
de mercado, crescer em
oferta de produtos e volume
de vendas na região.", destaca
Fábio Mendes, vice-presidente
da GoodWe para a América
do Sul.
RBS Magazine 27
Artigo
A ILUSÃO:
Proteção interna
contra surtos elétricos em
inversores fotovoltaicos
Por Borel Júnior, Paulo R. Gomes, Thiago F. Teixeira, Renato J.
RESUMO
Tal como outros milhares de assuntos desvirtuados pelo “telefone sem fio” mundo a fora, a suportabilidade dos inversores e componentes
do sistema fotovoltaico a surtos elétricos também foi atingida e, hoje, tende a sofrer fortes consequências. Talvez, de uma forma enfática,
este alerta soe forte aos ouvidos – infelizmente; os inversores não estão livres ou imunes aos surtos elétricos.
1. Introdução
Notoriamente, no entendimento
dos profissionais que compreendem
os princípios básicos do conceito de
proteção contra surtos elétricos, a
proteção dos inversores, módulos
fotovoltaicos, controladores de carga
e demais componentes do sistema
fotovoltaico deve ser aplicada.
Entretanto, infelizmente, o mercado
– em busca de menor custo e sem
atentar-se ao mínimo de qualidade
e segurança – instiga dúvidas sobre
a necessidade de proteger os sistemas
fotovoltaicos. Essa ação ardilosa
expõem todas as empresas, profissionais
e clientes menos atentos aos
riscos provenientes da falta de proteção
contra surtos elétricos.
As normas nacionais e internacionais
preconizam a necessidade de
proteção contra surtos elétricos devido
à baixa suportabilidade aos surtos
elétricos provida pelos componentes
do sistema fotovoltaico. Essa abordagem
é fomentada pela comparação
dos pequenos valores em joules
suportados pelos equipamentos do
sistema fotovoltaico – da ordem de
milijoules – frente a altíssima energia
que possui o fenômeno das descargas
atmosféricas – da ordem de
megajoules –, principalmente nos
sistemas fotovoltaicos instalados em
regiões com alta incidência de raios,
tais como os instaladas no Brasil. Segundo
estudo estratégico de geração
distribuída [1] os estados de São Paulo
e Minas Gerais foram os que mais
investiram em energia solar, somando
4,3 bilhões de reais em investimento.
Porém, todo esse investimento
pode ser comprometido, uma vez
que está situado entre dois dos 14
estados brasileiros onde houve ocorrência
de raios em todos os dias do
primeiro bimestre de 2022.
Muitos incêndios em edificações
com geradores fotovoltaicos começam
por descargas atmosféricas, chegando
ao percentual de 56% devido
a ocorrência de raios e quase 40%
associados a falhas na instalação ou
de produto, segundo trabalho apresentado
a Câmara dos Deputados
pelo Corpo de Bombeiros Militar de
Minas Gerais [2]. A elevada ocorrência
de incêndios por raios devido ao
crescimento acentuado dos sistemas
fotovoltaicos – que possuem equipamentos
eletroeletrônicos – além dos
custos financeiros, devido à perda de
equipamentos e da capacidade de
geração, traz uma série de transtornos
para os usuários que ficam privados
de serviços essenciais.
2. Desenvolvimento
2.1. Tensão de impulso suportável
Um dos itens primários para a
correta seleção da proteção contra
surtos elétricos de qualquer equipa-
28
RBS Magazine
RBS Magazine 29
Artigo
mento é o valor U w
– valor de tensão
suportável de impulso. Esse parâmetro
inerente ao equipamento, definido
por seu fabricante, caracteriza a
capacidade específica da sua isolação
contra sobretensões transitórias. Em
outras palavras, é a capacidade do
equipamento funcionar sem significativa
degradação na presença de
surtos elétricos.
O equipamento está protegido
se seu valor de U w
for superior à
sobretensão do surto entre os condutores
conectados em seus terminais.
Normalmente, a tensão U w
é
inferior a tensão do surto, conduzido
ou induzido, nos condutores
conectados ao equipamento, impondo
a necessidade de proteção
externa, por exemplo, um DPS. Nesse
caso o DPS deve possuir nível de
proteção U p
inferior à tensão suportável
de impulso do equipamento,
ou seja, U p
< U w
.
Figura 1 - Ensaio de ciclo de operação para classes de DPS – adaptada da
ABNT NBR IEC 61643-32 [5].
Embora a definição do valor U w
seja de responsabilidade do fabricante,
há normas que estabelecem
uma referência comum para avaliação
da imunidade dos equipamentos
quando sujeitos a surtos elétricos e
que determinam uma série de níveis,
configurações e procedimentos de
ensaio.
Assim, com proposito de tornar
os equipamentos compatíveis com
as referências normativas, os fabricantes
incorporam aos seus produtos
tecnologias capazes de limitar as
sobretensões transitórias. Por exemplo,
a utilização de varistores, cujo
valor de resistência elétrica é inversamente
proporcional ao valor da
tensão aplicada aos seus terminais, é
amplamente empregada por possuir
boa relação custo-benefício.
Entretanto, o simples ato de incorporar
uma tecnologia de proteção
ao equipamento não a torna um DPS,
antes esse ato tem relação direta com
a imunidade do equipamento. O grau
de imunidade é determinado pelo nível
de ensaio recomendado para esse
equipamento, estabelecido na tabela
de níveis de ensaio da ABNT NBR IEC
61000 [3].
Figura 2 - Diagrama de montagem para ensaio de ciclo de operação
Porém, o ensaio de imunidade
pode não ser diretamente comparável
aos ensaios de segurança e desempenho
dos DPS. Por exemplo, a
quantidade de pulsos aplicados ao
DPS no ensaio de ciclo de operação é,
no mínimo, 50% maior que a quantidade
aplicada ao ensaio de imunidade
do equipamento. A Figura 1 ilustra
o ensaio de ciclo de operação para
as classes de DPS. De acordo com a
ABNT NBR IEC 61643-31 [4], os DPS
devem ser submetidos a três grupos
de cinco impulsos de corrente e após
o último impulso o DPS segue alimentado
por mais 15 minutos para verificar
sua estabilidade.
2.2. Procedimentos de teste
Os DPS contêm ao menos um
componente não linear e são utilizados
para limitar os surtos de tensão
e para escoar as correntes de surto,
sendo responsáveis por realizar a
proteção dos equipamentos contra
os efeitos diretos e indiretos das descargas
atmosféricas ou contra as sobretensões
transitórias.
Para que eles possam ser eficazes
são, normalmente, submetidos a
uma série de métodos normalizados
de ensaio de segurança e desempenho
que possuem dois objetivos básicos:
• Garantir que o DPS não sofra
dano inaceitável com a circulação de
corrente durante sua operação;
• Garantir que a tensão desenvolvida
durante sua operação tenha
valores abaixo do limite suportável
pelos equipamentos.
Para atingir esses objetivos da
ABNT NBR IEC 61643-31 [4] distingue
os DPS entre as classes e aponta características
de desempenho, ensaios
e valores nominais – de tensão e/
ou corrente – aplicáveis a cada classe.
Uma série de requisitos devem
ser atendidos e para isso executa-
30
RBS Magazine
Artigo
-se ampla sequência de checagens
e ensaios. Por exemplo, o ensaio de
tipo, que atesta a qualidade e o desempenho
do produto durante seu
desenvolvimento, avalia os seguintes
requisitos: identificação, aspectos
ambientais e materiais, características
elétricas, características mecânicas
e aspectos adicionais no caso de
projetos específicos.
Na avaliação das características
elétricas devem ser, ainda, realizados
uma série de ensaios, tais como: proteção
contra contato acidental, nível
de tensão de proteção, sinalização,
rigidez dielétrica e, inclusive, o ensaio
de ciclo de operação – mencionado
no item anterior.
Se tratando do ensaio de ciclo
aos DPS aplicados em sistemas fotovoltaicos,
um número específico de
impulsos é aplicado ao DPS alimentado
com tensão máxima de operação
contínua (U cpv
), estipulada pelo
fabricante do protetor. Para simular
a tensão U cpv
deve ser utilizado uma
fonte de alimentação que poderá ser
uma fonte PV ou uma fonte linear
em corrente contínua, a ser definida
pelo valor da corrente subsequente
do DPS sob teste.
A Figura 2 demonstra o diagrama
de montagem para o ensaio de ciclo
de operação dos DPS, onde:
U cpv
: fonte de alimentação em
corrente contínua;
L: indutor (≥100 µH);
D: desligador do DPS, especificado
pelo fabricante;
DPS: dispositivo de proteção contra
surtos sob ensaio;
Gerador de impulso: gera de impulsos
com forma de onda 8/20 µs.
Outro fator determinante para
que os ensaios sejam realizados conforme
prescrições normativas é o
atendimento às características do
impulso transitório. Isso porque as
correntes impulsivas utilizadas nos
procedimentos de ensaios assumem
formas de ondas que consideram as
Figura 3 - Diagrama elétrico simplificado do gerador de impulsos
Tabela 1 – Características técnicas
dos inversores testados.
Figura 4 -Resultado dos testes de ciclo de operação dos inversores.
principais características das correntes
das descargas reais, tais como:
tempo de frente de onda e tempo
de cauda, corrente de pico, carga e
energia específica.
A forma de onda dupla exponencial,
muito utilizada na literatura
técnica e nas normas, sobretudo pela
facilidade de sua geração em ambiente
laboratorial, é caracterizada
pelo seu valor de pico, pelo tempo de
subida, que corresponde ao período
aproximado para que a tensão atinja
seu valor máximo, e pelo tempo de
meia-onda, que é o período necessário
para que a tensão atinja metade
de seu valor máximo.
Uma das formas mais usuais para
gerar ondas impulsivas de tensão ou
corrente com as características supracitadas
é com a utilização de um
circuito composto de resistor, indutor
e capacitor, também denominado
por gerador de ondas impulsivas. Esses
geradores podem ser de tensão,
de corrente ou também geradores de
onda combinada em que as formas
de onda da tensão em circuito aberto
e da corrente em curto-circuito são
normalizadas.
A Figura 3 ilustra a associação
dos componentes em um gerador de
onda combinada. Verifica-se a partir
do esquema elétrico a presença
do estágio retificador, responsável
pelo armazenamento de energia, do
relé de alta tensão, responsável pelo
disparo impulsivo do gerador, e do
circuito conformador, responsável
por modelar o tempo de subida e de
meia-onda.
A impossibilidade de a proteção
interna ser classificada como
DPS pode ser aferida submetendo
essa proteção aos mesmos testes
preconizados aos DPS. Para isso, foram
selecionados dois modelos de
inversores – equipamento do sistema
de geração fotovoltaica que alega
possuir DPS incorporado – cujas
RBS Magazine 31
Artigo
As normas e boas práticas apontam para a necessidade de proteção
contra sobretensões transitórias nos sistemas fotovoltaicos e contribuem
significativamente com ferramentas...
características técnicas são dadas
na Tabela 1. As marcas e modelos
dos equipamentos escolhidos não
são divulgadas por não ser o foco
desse trabalho.
Os inversores foram submetidos
ao ensaio de ciclo de operação,
conforme descrito na ABNT NBR IEC
61643-32 [5], por se tratar de ensaio
realizado nas portas em corrente
contínua. Os pulsos foram aplicados
com ambos os equipamentos em
funcionamento, sendo o modelo A
configurado para geração em 360 V cc
,
com corrente 8 A e o modelo B configurado
para geração em 500 V cc
, com
corrente 6 A.
A Figura 4 apresenta os resultados
do teste do ciclo de operação dos
inversores. O modelo A, que declara
possuir DPS com corrente nominal de
15 kA, não suportou sequer um impulso
de corrente no valor declarado.
O modelo B, que declara possuir
DPS com corrente nominal de 3 kA,
suportou 7 impulsos sem se danificar.
Porém a cada impulso aplicado
o equipamento reiniciava automaticamente.
Após a aplicação do oitavo
impulso de corrente o equipamento
sofreu dano interno irreversível que
culminou no fim de sua vida
Todos os equipamentos utilizados
eram originais e testados em um
laboratório preparado especificamente
para esses ensaios. Ou seja, o
laboratório e os testes atendem aos
requisitos propostos nas normas nacionais
e internacionais que tratam
do assunto.
3. Considerações finais
As normas e boas práticas apontam
para a necessidade de proteção
contra sobretensões transitórias nos
sistemas fotovoltaicos e contribuem
significativamente com ferramentas
para avaliação dos riscos e medidas
de proteção que visam tornar a operação
desses sistemas segura e longeva.
Logo, ativar e operar um sistema
de geração fotovoltaica sem o uso
das contribuições normativas supramencionadas,
sob a alegação de que
há um DPS integrado ao inversor,
pode não ser suficiente, principalmente
para ambientes cujo nível de
estresse é superior ao suportado pela
proteção interna.
Como mencionado no tópico anterior,
a proteção interna não suporta
os ensaios destinados aos DPS. O
inversor de modelo A apresenta um
desacordo entre o valor declarado e
sua real capacidade. O fato de o equipamento
não suportar sequer um
pulso demonstra a vulnerabilidade a
que o usuário – aquiridor do sistema
– está exposto e a ineficiência da proteção
interna. O inversor de modelo
B não suportou metade da quantidade
de impulsos do ciclo de operação,
ademais, em todos os impulsos aplicados,
o equipamento apresentou
perda temporária de função, requerendo
um operador para garantir o
reestabelecimento do funcionamento.
Essas falhas são indesejáveis por
produzirem inatividade do sistema,
despesas com reparo ou substituição
dos equipamentos e são geralmente
associadas a uma proteção interna
inadequada, que permite tensões
e correntes excessivas do surto no
equipamento e que culmina em interrupções,
falhas dos componentes
internos, avarias no isolamento, expondo,
acima de tudo, o sistema e as
pessoas aos perigos de incêndios ou
choques elétricos.
Por fim, é importante que projetistas,
integradores e distribuidores
de sistemas fotovoltaicos compreendam
que um sistema robusto de
proteção contra descargas atmosféricas
e surtos elétricos requer um
estudo sistemático e que o efeito
das medidas de proteção resulta
da soma de cada medida de proteção,
reduzindo as probabilidades
de danos.
Referências bibliográficas
[1] Greener. Estudo Estratégico: Geração
Distribuída 2022 | Mercado Fotovoltaico
1° Semestre. Greener, 2022.
Disponível em: https://www.greener.
com.br/estudo/estudo-estrategico-
-geracao-distribuida-2022-mercado-fotovoltaico-1-semestre/.
Acesso
em: 04 e mar. 2023.
[2] Corpo de Bombeiros de Minas
Gerais (CBMMG). Riscos de incêndio
em instalações de geração fotovoltaica
de energia. Câmara dos deputados.
Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cme/
apresentacoes-em-eventos/apresen-
tacoes-de-convidados-em-eventos-
-em-2022/06-07-2022-riscos-de-in-
cendio-em-instalacoes-de-geracao-
-fotovoltaica-de-energia/10%20-%20
Tenente%20Evandro%20Maroni%20
-%20CBMMG%20-%20Apresentacao%20Paineis%20FV%20.pdf.
Acesso
em: 04 de mar. 2023.
[3] ABNT NBR IEC 61000-4-5. Compatibilidade
eletromagnética (EMC)
Parte 4-5: Ensaios e técnicas de medição
— Ensaio de imunidade a surtos,
dezembro de 2020.
[4] ABNT NBR IEC 61643-32. Dispositivos
de proteção contra surtos de
baixa tensão Parte 32: DPS conectado
no lado corrente contínua das instalações
fotovoltaicas – Princípios de
seleção e aplicação, agosto de 2022.
[5] ABNT NBR IEC 61643-31. Dispositivos
de proteção contra surtos de
baixa tensão Parte 31: DPS para utilização
específica em corrente contínua
— Requisitos e métodos de ensaio
para os dispositivos de proteção
contra surtos para instalações fotovoltaicas,
janeiro de 2022.
[6] Paulino, J. O. S., Proteção de
equipamentos elétricos e eletroeletrônicos
contra surtos elétricos em
instalações - Lagoa Santa: Editora
Clamper, 2016.
32
RBS Magazine
PARCEIROS QUE FAZEM
PARTE DESTA HISTÓRIA
8
2023
2023
HIDROGÊNIO
DIGITAL MARKETING
Canal
Solar
SOLAR
RBS Magazine 33
Artigo
MAXIMIZANDO A EFICIÊNCIA
da Energia Solar com Microinversores
Uma Revolução Sustentável com os Microinversores SAJ
Por: Gilmar Rodrigo - Engenheiro
Se o sol já é importante para
a humanidade, agora ele se
torna uma solução extremamente
eficiente e, claro,
ambientalmente sustentável
para a produção de eletricidade,
tornando-se fundamental no grande
desafio global de transição para uso
de fontes mais limpas e renováveis
de energia.
Embora crucial no desafio ecológico,
a produção de eletricidade a
partir do sol, enfrenta o desafio da
aquisição dos componentes que não
apenas unam custo/benefício mas
atendam adequadamente a produção
de energia fotovoltaica.
Nesse âmbito, vemos uma tecnologia
que revolucionou a indústria
solar: os microinversores. Tais dispositivos
tem adquirido importância e
destaque, em função da sua capacidade
de aumentar, de forma significativa,
a eficiência e a confiabilidade
dos sistemas voltaicos, nas residências,
comércio e indústria.
Microinversores Solares: A Base
da Eficiência Energética
Nos sistemas convencionais de
eletricidade fotovoltaica, um único
inversor torna-se responsável por
todo o conjunto de painéis solares.
Nesse contexto, a eficiência de todo
o sistema instalado pode ser comprometida,
bastando um único painel
não estar funcionando corretamente,
por diversos problemas, como
sombreamento e sujeira. No que se
refere aos microinversores, estes são
instalados individualmente, em cada
painel solar, fazendo assim cada unidade
operar de modo independente
e otimizado.
Além disso, outra principal distinção
entre microinversores e inversores
centralizados, reside na forma
como eles são instalados e funcionam,
ou seja, possuem uma função
crítica na conversão da energia gerada
pelos painéis solares, transformarem
a corrente contínua (DC),
produzida pelos painéis solares, em
corrente alternada (AC), plenamente
apta para alimentar dispositivos
e edifícios. Desse modo, desempenham
um papel fundamental nos
sistemas de energia solar, resultando
em uma série de benefícios notáveis:
1. Maximiza a Eficiência da Produção
Energética: Com o uso dos
microinversores vários problemas,
mesmo menores, em um único painel,
não afetam o desempenho geral
do sistema. Em vista disso, cada
painel pode operar no seu potencial
máximo de geração de energia, aumentando
a eficiência global daquele
sistema.
2. Torna Possível o Monitoramento
Individual: Monitorar individualmente
cada painel solar: essa
capacidade, que é uma característica
crucial dos microinversores, possibilita
a detecção rápida e, na sequência,
a resolução de problemas, o que resulta
em uma manutenção bem mais
eficaz e, claro, menos tempo de inatividade.
3. Possui Expansibilidade Simplificada:
Adicionar novos painéis
ao sistema tornava dimensionar um
inversor central para essa nova capacidade.
Com os microinversores isso
não é mais necessário, o que proporciona
flexibilidade aos proprietários
de sistemas solares.
4. Apresenta Tolerância a Sombreamento:
Sistemas que utilizam
microinversores têm maior tolerância
ao sombreamento. Um painel
sombreado não afeta o desempenho
dos demais, ao contrário dos sistemas
tradicionais, onde sombreamento
em um único painel pode comprometer
todo o sistema.
5. Tem Longevidade: Na prática
tanto os painéis solares, quanto os
microinversores, têm durabilidade e
vida útil semelhantes, garantindo assim
um sistema confiável e de longa
duração.
6. Fator Segurança: Neste quesito,
comparando com os inversores
centrais, os microinversores operam
em tensões mais baixas, reduzindo
significativamente os riscos elétricos,
além de tornar a tecnologia mais segura
para instalação e manutenção.
Por tudo isso, os microinversores
representam uma evolução notável
na tecnologia de energia solar, fazendo
os sistemas serem mais eficientes,
confiáveis e fáceis de gerenciar.
A Inovação da SAJ no Brasil: O
Microinversor M2
Uma tecnologia se torna melhor
ainda quando seu potencial é explorado.
A empresa SAJ fez isso ao
introduzir no mercado brasileiro de
microinversores, o modelo M2, que
promete levar a eficiência da energia
34
RBS Magazine
solar a um novo patamar. Isso quer
dizer que, além de todos os benefícios
anteriormente mencionados dos
microinversores, o modelo M2 da SAJ
tem os seguintes diferenciais:
- Corrente de entrada máxima
de 20A: torna o M2 projetado para
corresponder aos módulos solares
de maior potência disponíveis atualmente;
- Eficiência máxima de 97,50%:
faz o M2 aproveitar todo o potencial
dos painéis solares aumentando a geração
de energia;
- Classificação IP67 de alta confiabilidade:
além da tranquilidade do
cliente quanto a adquirir um dispositivo
confiável, faz do mesmo uma opção
atraente para os consumidores
que buscam um sistema de energia
solar de última geração.
Assim, o microinversor M2 da
SAJ representa um avanço significativo
para a produção de energia solar
no Brasil, cujo mercado busca custo
acessível porém aliado benefícios
eficazes. Nessa equação, a eficiência
excepcional e confiabilidade do M2,
o tornam uma escolha de destaque
para aqueles que desejam adotar a
energia solar, como uma fonte de
energia limpa e eficiente. Em breve,
ele estará disponível no mercado
brasileiro de dispositivos para energia
solar, através de distribuidores
parceiros da SAJ. E assim, os brasileiros
terão, com o mesmo, uma oportunidade
emocionante de maximizar
a eficiência da energia solar, além de
contribuir para um futuro mais sustentável.
Conclusão
Os microinversores estão desempenhando
um papel fundamental
na expansão da energia solar, fonte
preciosa de energia limpa e renovável,
pois a capacidade dos mesmos
em maximizar a eficiência, permitir
o monitoramento individual, simplificar
a expansibilidade e proporcionar
maior tolerância ao sombreamento,
torna imprescindível a adoção desses
dispositivos inovadores em toda
estação de energia fotovoltaica. Nesse
âmbito, a introdução do microinversor
M2 da SAJ no mercado brasileiro,
marca um passo importante na
promoção da energia solar, pois além
de dinamizar a tecnologia desses dispositivos,
ampliando o potencial dos
mesmos, constitui uma opção acessível
e eficaz para os consumidores do
Brasil.
Referências:
Artigo
1. EnergySage. (2021). Microinverters
vs. String Inverters. https://news.energysage.com/microinverters-vs-string-inverters/
2. Solar Power World. (2021). String
inverters vs. microinverters: Which is
right for your solar panel installation?
https://www.solarpowerworldonline.
com/2018/08/string-inverters-vs-microinverters-right-solar-panel-installation/
3. Clean Energy Reviews. (2021). Microinverters
vs String Inverters. https://
www.cleanenergyreviews.info/blog/microinverters-vs-string-inverters
4. SAJ. (2023). Microinversor M2. [Informativo
da SAJ] (Informação não pública).
RBS Magazine 35
Artigo
GRID ZERO E ARMAZENAMENTO:
mais autonomia e inteligência para
os sistemas fotovoltaicos
Como o mercado brasileiro já está usando alternativas para um relacionamento
amigável entre as usinas geradoras de energia e a rede elétrica
Por: Gabriel Reversi – Gerente de Produtos da Ecori
Engenheiro Eletricista e Técnico em Eletrônica.
A
produção de energia solar
fotovoltaica vem crescendo
de forma muito consistente
ao longo dos últimos anos.
Tanto que se consolidou na segunda
posição na matriz elétrica brasileira,
com cerca de 15% do total, superando
a fonte eólica. São quase 34 GW
operacionais, sendo que desses praticamente
70% são de Geração Distribuída.
Tamanho crescimento aponta
para um setor mais consistente, que,
assim como acontece em mercados
mais maduros, passa a estar sujeito a
novas regulamentações.
É fato que estamos em um novo
momento de mercado, diferente do
que experimentamos até o final de
2022. Isso também significa que precisamos
identificar novos modelos
e oportunidades para continuar aumentando
a relevância do fotovoltaico
na matriz energética. Esse crescimento
exige dos profissionais uma
atuação mais qualificada e consultiva,
além de um relacionamento amigável
entre as unidades geradoras de
energia e a rede elétrica, o que inclui
lidar com as concessionárias.
Por isso, na Ecori Energia Solar
vemos com otimismo a expansão dos
sistemas de armazenamento com
baterias, que ganharam mais espaço
na edição deste ano da Intersolar.
O armazenamento permite atuar de
forma mais estratégica no controle
de injeção da energia excedente dos
sistemas fotovoltaicos na rede, especialmente
na produção de pequenos
geradores, como as usinas fotovoltaicas
instaladas em residências ou comércios,
por exemplo.
Em muitos lugares no mundo,
como na Califórnia, nos Estados
Unidos, há um fenômeno na curva
de carga da rede elétrica conhecido
como Curva de Pato, quando há uma
diferença grande entre os momentos
de consumo elevado, geralmente nas
primeiras horas da manhã e durante
a noite, quando as famílias estão
em maior número dentro de casa, e
aqueles com alta injeção de energia
na rede elétrica, especialmente no
meio do dia, quando a produção está
no pico e os usuários não estão em
casa, como observado na figura 1.
Alguns eventos recentes no Brasil
já podem ser um indício dos impactos
da Curva do Pato e de suas consequências,
como algumas reprovações
de pareceres de acesso por inversão
de fluxo na rede. Isso faz com que os
consumidores precisem limitar a produção
de suas usinas fotovoltaicas,
operem sem exportar o excedente
para a rede (sistemas Grid Zero) ou
até mesmo permitindo a injeção em
horários diferentes aos de produção.
Sistemas Grid Zero
Os sistemas com a funcionalidade
Grid Zero já estão presentes
em nossa rotina há certo
tempo. Há algumas situações que
levam os sistemas a operarem desta
maneira.
Uma delas é com redes reticuladas,
que na maioria das vezes realiza
a distribuição de energia através de
redes subterrâneas. Nesse caso, um
sistema de proteção interpreta a injeção
de energia como uma falha na
rede, impossibilitando os sistemas de
produção de energia de exportarem
seus excedentes.
FIGURA 01
https://www.energy.gov/eere/articles/confronting-duck-curve-how-address-over-generation-solar-energy
36
RBS Magazine
Artigo
Outro caso conhecido para o uso
do Grid Zero é o de sistemas fotovoltaicos
instalados por consumidores
do Mercado Livre de Energia. Essas
unidades consumidoras não têm
acesso ao sistema de compensação
de créditos, o que impede o recebimento
de benefícios ao exportar o
excedente de produção do sistema
para a rede elétrica.
Na prática, a função Grid Zero
atua no consumo instantâneo da unidade
consumidora (autoconsumo),
impedindo que qualquer sobra da
energia produzida seja enviada para
a rede, como observado nas figuras
2 e 3.
FIGURA 02
FIGURA 03
Soluções de armazenamento
Para se enquadrar nas exigências
e otimizar ainda mais a produção e o
consumo de energia, além
dos sistemas operantes em
regime Grid Zero, estão se
tornando cada vez mais populares
no Brasil as soluções
de armazenamento integradas
com os sistemas fotovoltaicos.
uma fonte de energia que podemos
controlar e gerenciar o seu uso conforme
a demanda de consumo e geração.
Em termos práticos,
a bateria permite
que a energia
excedente da produção
seja armazenada
para que seja
utilizada em outro
momento, como demonstra
a figura 4.
Isso faz com
que cada vez mais
tenhamos um achatamento
da curva
de pato, como observado
na figura 5,
pois a quantidade
de energia injetada
na rede em horários
de pico diminui consideravelmente
e parte do consumo
de energia em horários de pico passa
a ser compensado pela energia armazenada
na bateria e torna a demanda
FIGURA 04
de carga no sistema elétrico seja mais
previsível.
Essa previsibilidade da característica
de consumo no sistema faz
com que o operador tenha redução
nos custos e riscos na operação e torna
a interação da geração distribuída
com a rede muito mais amigável.
Podemos concluir então, que
com o aumento da GD no Brasil, se
torna cada vez mais necessária a interação
amistosa das usinas de geração
distribuída com o sistema elétrico nacional.
Essa interação é extremamente
importante para que o operador
tenha confiabilidade e segurança no
gerenciamento do sistema de distribuição.
Para os geradores fotovoltaicos,
a funcionalidade Grid Zero faz com
que a energia produzida seja apenas
direcionada ao autoconsumo,
e os sistemas de armazenamento,
que possibilitam que o excedente de
produção seja armazenado e utilizado
em horários em que a produção
fotovoltaica não supre o
consumo. Isso faz com
que a quantidade de energia
injetada na rede e o
consumo de energia em
horários de pico diminuam,
trazendo um perfil de
consumo mais linear.
Com as soluções de armazenamento,
os sistemas
fotovoltaicos podem ser melhor
aproveitados e inclusive
ajudarem o sistema elétrico
nacional. Isso acontece
pois tornamos uma fonte de
energia não despachável em
https://www.power-grid.com/solar/addressing-the-duckcurve-with-integrated-energy-storage/#gref
Essas soluções permitem
uma interação mais
amistosa, reduzindo os
impactos e, ainda sim, tornam
viáveis os sistemas
para geração da própria
energia.
RBS Magazine 37
Artigo
SEGUROS PARA USINAS FOTOVOLTAICAS:
as armadilhas que comprometem a indenização
Por Edmur de Almeida (*)
A
consultoria sobre riscos e
seguros para UFV (usinas
fotovoltaicas) deve ser
sempre buscada junto a
corretores especialistas.
Existem soluções para todas as fases
de instalação e operação de uma
UFV, mas há inúmeros detalhes que,
se não forem observados, podem
comprometer o recebimento de indenização
de um eventual sinistro. E
isto justamente no momento em que
o investidor mais precisa estar protegido.
Abaixo listo algumas situações
que temos observado ao longo dos
anos de experiência da Amura no
atendimento a alguns importantes
players deste mercado.
Transporte
Confiar no seguro de uma transportadora
demanda cuidados. A seguradora
impõe muitas obrigações à
transportadora, como consultas a cadastros
de veículos e motoristas, tipo
de caminhão e de carroceria, valor
máximo por embarque, rastreador,
averbação de viagem, pagamento de
fatura mensal e até viagem em comboios.
Caso uma destas exigências
não seja atendida, a seguradora não
vai indenizar o sinistro e a transportadora
é quem terá que bancar o prejuízo
do cliente. Quem garante que isto
vai acontecer? Assim, o ideal é que
o proprietário da usina contrate seu
seguro de transporte, independentemente
do seguro da transportadora.
Instalação
Roubos durante a instalação de
UFV são frequentes. A maioria das
apólices de
seguro de riscos
de engenharia
impõe
condicionantes
para indenizar,
como
vigilância treinada
24 horas
por dia/7 dias
por semana
e empresa
de monitoramento
externo.
Como
nem sempre
é possível atendê-las, é preciso negociar
as exclusões com a seguradora
para garantir a indenização.
Operação
O valor a ser declarado para fins
de seguro (valor em risco declarado)
é um dos temas mais importantes
para a contratação do seguro. Se
informado a menor, a indenização
poderá ser reduzida na mesma proporção.
Não se pode tomar a Capex
como referência para definir o valor
correto, pois devem ser excluídos
os valores de itens que não estão
sujeitos a perdas por acidentes; por
exemplo, investimentos em projetos,
licenças, estudos de solo e supressão
vegetal. Caso contrário, o proprietário
da usina estará pagando prêmio à
toa.
Estes são apenas alguns exemplos.
Tem muito mais... Mas muito
mais mesmo! Por isso, confie sempre
os seguros da sua UFV a corretores
especialistas – e que tenham
seguro de responsabilidade civil
profissional.
(*) EDMUR DE ALMEIDA
é sócio e diretor executivo
da Amura Consultoria e
Corretagem de Seguros.
Consultor especialista em
gestão de riscos e seguros para
a cadeia de geração distribuída
e centralizada, atuando neste
mercado há mais de cinco anos.
Gerente de Riscos formado pela
Fundação ALARYS e membro
da ABGR. Diretor da ANSP e
Coordenador da Comissão
Técnica de Seguros de Crédito,
Garantia e Fiança Locatícia
do SINCOR‐SP e da FENACOR.
38
RBS Magazine
RBS Magazine 39
Artigo
A consciência empresarial
para aplicação das
Energias Renováveis:
UM CAMINHO PARA UM
FUTURO SUSTENTÁVEL
Por Fábio Takeshi Sato, Mentor e Coach de Empresários
Nos últimos anos, o cenário
empresarial tem
passado por mudanças
significativas. A consciência
empresarial para
a aplicação das energias renováveis
tornou-se uma necessidade
premente. Empresários e líderes
não podem mais ignorar o impacto
de suas decisões no meio ambiente.
Neste artigo, como mentor e
coach de empresários, quero compartilhar
minha visão sobre esse
tema crucial e a importância da inteligência
emocional na tomada de
decisões.
Energias Renováveis: Um Caminho
Inegável
Hoje, falar de energias renováveis
não é mais uma escolha, mas
uma necessidade. Biomassa, Energia
Solar, Energia Eólica e Mobilidade
Elétrica são termos que ecoam
em salas de reuniões e escritórios
em todo o mundo. Ouvimos falar
das mudanças climáticas e da importância
de agir de forma sustentável.
No entanto, a pergunta que
muitos empresários ainda se fazem
é: como incorporar essas energias
em suas operações? A resposta
está na consciência empresarial.
Nível de Consciência Empresarial
para Decisões
Para abraçar as energias renováveis,
um empresário deve elevar
seu nível de consciência. Isso implica
em compreender que suas decisões
vão muito além do impacto
financeiro. Elas afetam a saúde do
planeta, a qualidade de vida das
pessoas e o legado que deixarão
para as futuras gerações. A consciência
empresarial é o primeiro passo
nessa jornada rumo a um futuro
mais sustentável.
Hoje, muitas empresas reconhecem
que as energias renováveis
não são apenas uma escolha ética,
Hoje, muitas empresas reconhecem que as energias
renováveis não são apenas uma escolha ética, mas
também uma escolha inteligente...
mas também uma escolha inteligente.
Elas representam uma oportunidade
de negócio para aqueles
que estão dispostos a abraçá-las.
Investir em fontes de energia limpa
e sustentável pode reduzir custos
operacionais, aumentar a eficiência
e fortalecer a reputação de uma
empresa.
Além disso, a adoção de energias
renováveis pode proporcionar
independência em relação às flutuações
dos preços dos combustíveis
fósseis e às incertezas no fornecimento
de energia. Isso representa
uma estratégia de longo prazo que
melhora a resiliência dos negócios.
Inteligência Emocional para
Decidir
Aqui entra a inteligência emocional.
Decisões que envolvem a
adoção de energias renováveis
muitas vezes esbarram em desafios
e incertezas. É um terreno novo,
onde o desconhecido se mescla
com a inovação. A capacidade de
reconhecer e gerir emoções, bem
como a empatia para com as preocupações
de sua equipe, são habilidades
fundamentais para navegar
por essas águas desconhecidas.
40
RBS Magazine
Artigo
A gestão das emoções é uma
peça-chave na tomada de decisões
sólidas e fundamentadas.
A incerteza pode gerar ansiedade
e resistência à mudança. A
inteligência emocional permite
que líderes e empresários reconheçam
esses sentimentos,
compreendam-nos e os utilizem
como uma força propulsora para
a ação.
Preparação para a Sucessão
No contexto da sucessão dos
negócios, é essencial que os futuros
líderes estejam alinhados com
a visão de sustentabilidade. Não
basta prepará-los para lidar com
finanças e estratégias de mercado.
Eles precisam herdar a paixão pela
preservação do planeta e o compromisso
com a responsabilidade
social.
A sucessão de negócios é uma
etapa crítica na vida de uma empresa.
É o momento em que os
valores e a cultura da organização
são transmitidos para a próxima
geração de líderes.
Portanto, a preparação para a
sucessão deve incluir não apenas
habilidades de gestão, mas também
um profundo entendimento
dos princípios da sustentabilidade.
Um Futuro Sustentável Está
em Nossas Mãos
As energias renováveis não são
apenas uma resposta à crise climática,
mas uma oportunidade de
negócio. Aqueles empresários que
entendem a importância de aplicar
a inteligência emocional em suas
decisões, abraçam a consciência
empresarial e preparam sua sucessão
com foco na sustentabilidade,
estão construindo um futuro mais
brilhante.
A energia do sol, do vento e
da biomassa é, acima de tudo, a
energia da transformação. Como
mentor e coach de empresários,
acredito que essa transformação
começa dentro de cada um de nós.
A escolha está em nossas mãos, e
é uma escolha que afeta não apenas
nossos negócios, mas o mundo
que deixaremos para as futuras gerações.
Conclusão
O futuro pertence àqueles que
são capazes de alinhar a inteligência
emocional com a consciência
empresarial. As energias renováveis
representam uma oportunidade
sem precedentes para transformar
não apenas nossos negócios,
mas também nosso planeta. A preparação
para a sucessão é a chave
para assegurar que essa visão seja
transmitida de uma geração para a
próxima. O futuro sustentável que
todos desejamos está ao nosso alcance.
Vamos juntos construí-lo.
ANOS
RBS Magazine 41
Artigo
A proteção contra surtos nas linhas
de sinal das usinas fotovoltaicas
Por: Sergio Roberto Santos, Cleiton Busse
Usinas Fotovoltaicas
(UFV) são
muito vulneráveis
às descargas
atmosféricas, diretas ou
indiretas, devido à área
ocupada pelos painéis
fotovoltaicos, o posicionamento
dos seus componentes
em locais abertos
e o desenho dos seus
cabos de energia e sinal
(imagem 1). Por este
motivo, têm se investido
muito na proteção contra
surtos nas linhas de
energia, principalmente para a proteção
do inversor solar, mas pouca
atenção é dirigida às linhas de sinal.
Este artigo apresenta os principais
pontos que devem ser observados na
proteção contra surtos das linhas de
sinal das UFV, tornando essas usinas
menos vulneráveis às descargas atmosféricas.
Proteção contra descargas atmosféricas
O objetivo da Proteção contra Descargas
Atmosféricas é proteger as
pessoas, estruturas e instalações
elétricas contra os danos causados
pelas descargas atmosféricas,
diretas ou indiretas, limitando os
riscos das perdas apresentadas a
seguir a valores considerados toleráveis
segundo critérios prédefinidos
[1].
1) Perda de vida humana (L1)¹
2) Perda de serviço ao público (L2)
3) Perda de patrimônio cultural (L3)
4) Perda de valor econômico (L4).
Esta proteção é obtida através
da instalação de um Sistema de
Imagem 1. Painéis fotovoltaicos expostos às descargas
atmosféricas.(Fonte: Internet).
Proteção contra Descargas Atmosféricas
(SPDA) [2] e das Medidas de
Proteção contra Surtos (MPS) [3].
Enquanto o SPDA protege a estrutura
contra os impactos diretos de
uma descarga atmosférica, as MPS
reduzem os efeitos das sobretensões
transitórias nas suas instalações
elétricas.
Proteção das linhas de sinal de
UFV
A função das linhas de sinal é
transmitir informações, que quando
é feita através de condutores metálicos
pode conduzir até os seus Equipamentos
de Tecnologia da Informação
(ETI) também correntes de surto,
os danificando. Como a eficiência de
uma UFV depende do tratamento em
tempo real de várias informações,
principalmente de natureza ambiental,
a falha, mesmo que por curto período,
de um ETI pode reduzir ou interromper
o fornecimento de energia
pela usina. Para que isso não aconteça,
é necessário proteger as linhas de
energia² e sinal, através das MPS.
As MPS correspondem ao aterramento,
equipotencialização, roteamento
e blindagem dos cabos, interfaces
isolantes e Dispositivos
de Proteção contra Surtos (DPS).
Cada uma dessas medidas tem a
sua finalidade, sendo que a aplicação
delas em conjunto assegura
a redução da vulnerabilidade das
UFV às sobretensões transitórias³
a níveis muito baixos. Caso sejam
incluídas já na fase de projeto elétrico
da usina muitas destas medidas
não representarão custos
adicionais, porque envolvem aspectos
construtivos da infraestrutura
elétrica. Por outro lado, caso
não sejam previstas em projeto,
algumas delas, como o roteamento
de cabos, não poderão ser implementadas,
principalmente finalizada
a construção da UFV.
Dispositivos de Proteção contra
Surtos para linhas de sinal
Enquanto as outras MPS reduzem
as várias formas de acoplamento das
perturbações eletromagnéticas nas
linhas elétricas, os DPS limitam os valores
das sobretensões e desviam as
correntes de surto no local onde eles
são instalados. Neste caso, os DPS de
sinal seguem os mesmos princípios
dos DPS de energia (imagem 2), sendo
também divididos nas classes 4 (ou
tipos) I, II e III, seguindo o conceito
de Zonas de Proteção contra Raios
(ZPR) [4]. Aplicando-se corretamente
este conceito é possível especificar o
DPS mais adequado para o ponto da
instalação que se deseja proteger, incluindo
cabos, painéis e ETI.
Devido à multiplicidade de sistemas
de comunicação, a especificação
dos DPS de sinal envolve o protocolo
de comunicação das suas linhas, o
que por sua vez depende do responsável
por elas, que é quem com certeza
possui esta informação. Existem
diferentes sistemas, como Profibus
ou Modbus, sinais 4-20mA ou redes
42
RBS Magazine
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RBS Magazine 43
Artigo
Imagem 2. DPS para linhas de energia CC.
(Fonte: Embrastec).
ethernet, por exemplo, cada um com
as suas características específicas,
que são levadas em consideração no
desenvolvimento dos seus respectivos
DPS [5]. Embora este aspecto
possa ser considerado um complicador
pelo projetista da PDA, trata-se
de uma informação simples de ser
obtida, quando existe a devida cooperação
entre profissionais com diferentes
atribuições.
Os DPS de sinal devem ter dimensões
e formato que facilitem a sua
instalação no local em que devem ser
colocados, além de possuírem o mesmo
tipo de conector que os ETI que
irão proteger. Caso isto não aconteça
e os DPS sejam instalados poucos
metros de distância do ponto indicado
e/ou necessitarem de adaptadores
para conexão, respectivamente
a eficácia da proteção contra surtos
será comprometida e a atenuação
do sinal irá aumentar, prejudicando
a comunicação do sistema. Por isso,
deve-se verificar, através das imagens
de catálogo [6] se o DPS especificado
é construtivamente compatível
com o ETI que ele deve proteger
(imagem 3).
Imagem 3. Um DPS para câmeras com entradas e
saídas BNC. (Fonte: Embrastec).
Mesmo que aparentemente
iguais, cada sistema de comunicação
requer seu DPS específico, adequado
para o protocolo de comunicação
deste sistema (imagem 4). Caso não
seja instalado o dispositivo correto,
mesmo que a linha esteja protegida,
a transmissão será comprometida,
até que o DPS seja retirado, ou preferencialmente
substituído.
Imagem 4. DPS para rede de dados.
(Fonte: Embrastec).
Conclusão.
Uma UFV deve operar de forma
eficiente por vários anos, para
que o retorno do investimento para
a sua construção seja positivo. Para
que isso aconteça é necessário que
as suas instalações sejam protegidas
contra surtos de tensão e corrente
provocados por descargas atmosféricas
ou operações de chaveamento.
Para que seja eficaz, esta proteção
deve ser feita através das MPS, incluindo
entre elas a utilização de DPS
de energia e de sinal. Um trabalho
que deve ser feito pela cooperação
entre o projetista da PDA e os responsáveis
pelos sistemas de sinal da
usina.
Notas:
1) A letra L vem de perdas em inglês
(Loss).
2) A proteção das linhas de energia
não protege as linhas de sinal.
3) As sobretensões também podem
ser causadas por operações de chaveamento
em circuitos da própria
usina ou redes de distribuição ou
transmissão próximas a ela.
4) Existem DPS que combinam mais
de uma classe, como os DPS classe
I+II.
Referências:
1] Associação Brasileira de Normas
Técnicas. ABNT NBR 5419-2:2015
Versão Corrigida 2018. Proteção contra
Descargas Atmosféricas Parte 2
Gerenciamento de risco. 2018.
2] Associação Brasileira de Normas
Técnicas. ABNT NBR 5419-3:2015
Versão Corrigida:2018 Proteção contra
descargas atmosféricas Parte 3:
Danos físicos a estruturas e perigos à
vida.
3] Associação Brasileira de Normas
Técnicas. ABNT NBR 5419-4:2015 Versão
Corrigida: 2018 Proteção contra
descargas atmosféricas Parte 4: Sistemas
elétricos e eletrônicos internos
na estrutura.
4] Santos, Sergio Roberto. Zonas de
proteção contra raios. Revista O Setor
Elétrico. Edição 114. Julho de
2015.
5] Santos, S. R. Tecnologias de dispositivos
de proteção contra surtos. Revista
Eletricidade Moderna, Nº568,
novembro-dezembro de 2022. Pág.
24. Disponível em: https://issuu.com/
aranda_editora/docs/em_novembro_2022?fr=sZDcyNzUxMjcxNzM.
6] Embrastec Indústria e Comércio de
Equipamentos Eletrônicos Ltda. Catálogo
de produtos. Disponível em:
https://www.embrastec.com.br/produtos.
Autores:
Sergio Roberto Santos.
Engenheiro Eletricista pela
Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Especialista em
economia e negócios (MBA) pela
Universidade Federal de São
Carlos (UFSCAR) e mestrando
em tecnologia da energia pelo
Instituto de Energia e Ambiente
da Universidade de São Paulo.
Foi coautor do livro Science,
Engineering, and Economic
Implications for Developing
Countries e atualmente é
engenheiro da Embrastec,
membro de comissões sobre
normas da ABNT e colunista da
revista Eletricidade Moderna.
Cleiton Busse, engenheiro
eletricista pela Universidade
Paulista. Gerente da engenharia
da Embrastec, com mais de 14
anos de experiência em proteção
contra descargas atmosféricas e
surtos de tensão.
44
RBS Magazine
The 1P Tracker by Soltec
soltec.com
PATENT PENDING
RBS Magazine 45
EDELTEC SOLAR
Energia que conecta
você ao futuro!
Há mais de 15 anos no mercado de soluções
tecnológicas, a Edeltec é uma
distribuidora paranaense de equipamentos
fotovoltaicos que atende
todo o Brasil. Com início em 2008, a Edeltec
se lançou no mercado com a linha print, oferecendo
uma ampla gama de produtos com
entregas para todo o território nacional.
Com a ascensão constante da empresa
e uma novidade no mercado de energia, a
energia fotovoltaica, expandimos nossos horizontes
e criamos a Edeltec Solar, em 2018,
uma marca dedicada à distribuição de geradores
solares - módulos fotovoltaicos, inversores,
stringbox, cabos, conectores e estruturas
de fixação.
A Edeltec Solar se tornou a força motriz
para que nos tornássemos referência nacional,
sempre prezando pela excelência. Para
isso, nos aliamos a líderes mundiais do mercado
fotovoltaico, como BYD, Deye, Growatt,
Hoymiles, Osda, Resun, Saj, Sine e Sungrow,
além de dispormos de uma equipe técnica de
engenheiros capacitada para oferecer todo
suporte necessário, uma plataforma on-line
para a verificação da disponibilidade dos
produtos, simulação de orçamentos e montagem
de kits geradores, bem como um aplicativo
mobile prático e intuitivo.
Com um olhar já voltado para um futuro
mais sustentável, recentemente, lançamos
mais uma marca ao nosso grupo, a Hawk,
uma linha exclusiva de mobilidade elétrica,
especializada em oferecer soluções inovadoras
e ecologicamente conscientes, desde
scooters e patinetes elétricos, até bicicletas
elétricas, com loja física localizada na cidade
de Maringá, no Paraná, e plataforma on-line
www.hawkeletrics.com.br.
Nossa busca por inovação e tecnologia é
um dos principais motivos que nos deixa entre
os primeiros nomes a serem lembrados,
além da frota própria e do nosso Centro de
Distribuição localizado em Itajaí em Santa Catarina,
que facilita as entregas para qualquer
lugar do Brasil. Agora, temos uma grande novidade,
o novo CD em Maringá, no Paraná,
que irá beneficiar nossa logística, e principalmente,
o atendimento ao integrador e parceiro
Edeltec.
Em 2024, pretendemos seguir com nosso
compromisso em inovar, trazendo novidades,
como as baterias para geradores híbridos,
além de apresentar nosso mais novo
investimento, a Geração Centralizada. Com
uma trajetória marcada por conquistas e um
olhar voltado para o amanhã, nosso compromisso
com a qualidade é contínuo e um
testemunho do profundo respeito que temos
por nossos clientes, impulsionando o presente
rumo a um futuro mais verde e tecnologicamente
avançado.
46
RBS Magazine
RBS Magazine 47
Artigo
Integração de recursos energéticos
distribuídos e seus impactos nos
consumidores da rede elétrica
Hugo L. T. Rangel 1 , Raphael Poubel 2 , Márcio M. Afonso 2 , Wesley Peres 3
1
Departamento de Engenharia Elétrica - Centro Federal de Educação Tecnológica MG, hrangel.tomaz@gmail.com
2
Departamento de Engenharia Elétrica - Centro Federal de Educação Tecnológica MG
3
Departamento de Engenharia Elétrica - Universidade Federal de São João del-Rei MG
RESUMO
Em um cenário de expansão da integração de recursos energéticos distribuídos (REDs) na rede de distribuição elétrica, este estudo
apresenta uma análise dos impactos sofridos por um consumidor devido à conexão de REDs por outro cliente na rede. A investigação
será conduzida utilizando o software OpenDSS e tem como objetivo identificar a contribuição dos REDs para desequilíbrios de
tensão e fluxos nos ramais. Para atingir esse objetivo, os sistemas de 13 e 8500 barramentos do IEEE serão utilizados nas análises.
Palavras-chave: OpenDSS. Recursos energéticos distribuídos. Impactos na rede.
1. INTRODUÇÃO
Muitos países estabeleceram
metas ambiciosas para a inserção de
fontes alternativas de energia (FAEs)
nas matrizes elétricas. Muitas das
medidas foram na forma se isenção
fiscal ou mesmo tarifas do tipo feed-
-in, para motivar consumidores a produzirem
sua própria energia (Jenner
et al. (2013)). Estes incentivos proporcionaram
um grande avanço na
integração de recursos energéticos
distribuídos (REDs) nas redes de distribuição
(Hatziargyriou et al. (2015)).
Entretanto, no nível de distribuição,
uma alta penetração de REDs
proporciona diversos desafios para
as concessionárias de energia, no
que diz respeito à operação e planejamento
de suas redes elétricas. Dentre
estes desafios, são identificados,
de acordo com (Deuse et al. (2006)):
(i) violação de limites térmicos dos
equipamentos da rede; (ii) problemas
de regulação de tensão em localidades
com alta penetração de geração
distribuída combinada com baixo
consumo; (iii) alteração no nível das
correntes de curto- circuito da rede;
(iv) impactos na qualidade de energia
em virtude das interfaces de eletrônica
de potência e (v) reversão do fluxo
de energia nos ramais de distribuição.
Apesar destes desafios operacionais,
as concessionárias estão sujeitas,
muitas vezes, a pressões políticas
e de investidores que, em virtude dos
incentivos econômicos, desejam ampliar
a hospedagem de REDS na rede
elétrica (Hatziargyriou et al. (2015)).
Neste ambiente, de pressão pela
ampliação da inserção de recursos
energéticos distribuídos alocados na
rede, e a necessidade de se manter
indicadores de qualidade mínimos
para os usuários do sistema elétrico,
é fundamental estabelecer métricas
para definir a capacidade de REDs na
rede.
Diversos estudos foram publicados
na tentativa de mensurar o
impacto da inserção crescente de
REDs no sistema elétrico, bem como
propor maneiras de adequar a rede
para mitigar estes impactos. Em (Balamurugan
et al. (2012)) foi utilizado
um software comercial para avaliar o
impacto de geradores fotovoltaicos
(GFs) em diversos parâmetros técnicos
do sistema de distribuição.
Já (Razavi et al. (2019)) apresentou
um trabalho extensivo avaliando
os novos desafios proporcionados
pela geração descentralizada principalmente
no que diz respeito as
configurações de dispositivos de proteção
e reguladores de tensão. O trabalho
deu ênfase aos desafios impostos
por fontes renováveis variáveis,
como a solar fotovoltaica e a geração
eólica.
48
RBS Magazine
Outro trabalho bastante abrangente
a respeito dos problemas e impactos
causados pela alta penetração
de geradores fotovoltaicos (Karimi et
al. (2016)). Neste trabalho, questões
pertinentes como flutuação de tensão,
sobretensões, desequilíbrio de
tensão e harmônicos são discutidos
em detalhes proporcionando uma
excelente fonte de questões a serem
consideradas quanto a penetração
de GFs.
Muitos trabalhos deram uma
atenção especial aos impactos dos
recursos energéticos distribuídos nas
perdas técnicas e perfil de tensão nas
redes. (Vita et al. (2015)) avaliou o
impacto causado por três tipos diferentes
de fontes energéticas (geradores
a Diesel, eólicos e fotovoltaicos)
concluindo que, diferentes tipos de
REDs influenciam de maneira diferente
a rede de distribuição. Já (Ma et
al. (2019)) realizou um estudo analítico
sobre as perdas técnicas na rede,
ademais, foi proposto um indicador
capaz de estimar as perdas anuais de
energia para uma ampla gama de cenários.
De forma geral, estes estudos
legitimam as preocupações de se conhecer
o impacto causado por estas
fontes de geração próximas ao consumo.
Porém, a grande maioria dos
trabalhos avalia os impactos de forma
centralizada, na visão dos operadores
e planejadores.
Neste contexto, este trabalho
tem por objetivo avaliar os impactos
de uma forma local, avaliando os desafios
que consumidores possam estar
sujeitos em virtude da instalação
de recursos energéticos por outros
consumidores próximos.
2. METODOLOGIA PROPOSTA
Esta seção tem como objetivo
introduzir a metodologia empregada
para analisar o impacto da integração
de recursos energéticos distribuídos
na rede elétrica.
2.1 Software OpenDss
Para avaliação dos impactos da
inserção de REDs na rede, fez-se uso
do software EPRI OpenDSS (Dugan
and McDermott (2011)). O OpenDSS
é uma ferramenta abrangente que
permite análises de sistemas de distribuição
de energia elétrica bem
como apoiar estudos de integração
de recursos energéticos distribuídos
na rede.
A justificativa para seu uso está
em sua característica flexível e personalizável,
que permite aos usuários
realizarem análises complexas
de maneira simples, dando suporte a
desafios atuais e futuros da integração
de novas tecnologias e recursos
na rede de distribuição.
Para a obtenção do estado da
rede, o software faz uso de um processo
iterativo de ponto fixo. A metodologia
de solução é resumida na
equação (1).
Onde n é o número de iterações (n=0,
1, 2, ..., até convergir), V n+1 é o vetor
da nova projeção para os valores das
tensões, V n é o vetor de tensões para
a iteração anterior, ou mesmo, V n =
V o , em que V o é o vetor de condições
iniciais para as tensões, Y sistema é a matriz
de impedâncias do sistema e, por
fim, I c representa o vetor constituído
pelas correntes de compensação dos
equipamentos (cargas, geradores,
etc).
Mais detalhes a respeito da metodologia
de solução bem como da
construção da matriz de admitância
podem ser encontrados em (Dugan &
McDermott, 2011).
2.2 Modelo do RED
O recurso energético distribuído
é modelado conforme (P. R. Radatz,
2015). Este modelo combina o arranjo
de células fotovoltaicas junto com
o inversor. É importante ressaltar
que a formulação pressupõe que o
inversor seja capaz de rastrear rapidamente
o ponto de máxima potência
(PMP) do painel, uma suposição
adequada para a maioria dos estudos
de impactos de interconexão de recursos
distribuídos (P. Radatz et al.,
2020).
A potência do recurso energético
distribuído é calculada conforme
equação (2).
P red
= P cc
.η inversor
(2)
Artigo
Em que P cc
é a potência de saída
do painel fotovoltaico e η inversor
é
o rendimento do inversor para uma
dada potência de saída. O rendimento
do inversor pode ser obtido com
auxílio da curva apresentada na Figura
1.
Figura. 1 Curva de eficiência do inversor.
Adaptado de (P. Radatz et al., 2020).
Pode-se observar que a curva
apresentada na Figura 1 caracteriza
a variação da eficiência no inversor
como uma função da potência do
painel, P cc
, em por unidade da potência
nominal do inversor em kVA.
Já a potência de saída do painel
pode ser calculada conforme equação
(3).
P cc
= P .Irrad.FC(temp) (3)
mpp
Em que P mpp
representa a máxima
potência nominal do arranjo fotovoltaico
para 1 kW/m 2 de irradiância,
sua unidade é kW. Irrad representa a
irradiância no arranjo fotovoltaico e,
por fim, FC(temp) representa um fator
de correção para uma dada temperatura
temp no painel. O fator de
correção FC segue a curva apresentada
na Figura 2. Para este trabalho
foi utilizada uma temperatura (temp)
igual a 25º.
Figura. 2 Fator de correção pela temperatura.
Adaptado de (P. Radatz et al.,
2020).
RBS Magazine 49
Artigo
2.3 Restrições técnicas
Algumas restrições técnicas são
importantes para a correta operação
da rede elétrica.
Ainda que se deseje avaliar impactos
da instalação dos recursos
energéticos, na modelagem do problema
não será admitido algumas
violações.
A primeira restrição, equação (4),
diz respeito aos limites de tensão nos
barramentos.
Esta restrição impõe que, em
nenhum barramento do sistema, a
tensão de operação, V k
, deverá ultrapassar,
por conta da instalação de
unidades de geração, o limite de 1,05
pu. A escolha do valor se dá como
forma de adequar a operação do sistema
ao módulo 8 do PRODIST (de
Distribuição, 2010).
Ademais é importante garantir
que em nenhum momento o incremento
do P mpp
, como forma de avaliar
o impacto da hospedagem de recursos
energéticos, cause uma reversão
no fluxo de potência na subestação.
Esta restrição é bastante comum em
problemas que buscam identificar a
máxima capacidade de hospedagem
em sistemas de distribuição (Ismael
et al., 2019). Desta forma, a todo
momento, a equação (5) deverá ser
respeitada.
Fluxo SE
≥ 0 (5)
3.1 Impactos na regulação de
tensão – Sistema IEEE 13 barramentos
Para a realização da análise, foi
efetuada a instalação de uma unidade
fotovoltaica trifásica com P mpp
de 100 kW no barramento 671 da
rede elétrica. Em seguida, foram realizados
incrementos na potência
gerada elevando-se o P mpp
até que se
atingisse uma das restrições técnicas
consideradas na seção 2.3. Foi constatado
que a maior integração de GD
possível para o barramento, sem que
ocorresse reversão de fluxo na subestação
(equação 5), foi de 3,54 MW,
definindo-se assim a máxima hospedagem.
Na Tabela 1 são apresentados os
fluxos de potência ativa nos ramais
principais bem como as perdas técnicas
para a condição simulada, todas
as grandezas estão em kW.
A observação da Tabela 2 revela
uma clara mudança na distribuição
dos fluxos na rede ao final da análise.
Outra característica que ficou evidente
foi a inversão de fluxo em alguns
dos ramais de distribuição.
A Figura 3 ilustra o comportamento
das perdas técnicas no ramal
670-671. Inicialmente ocorre um
decréscimo no módulo das perdas a
medida em que ocorre o incremento
da potência gerada pelo RED, uma
vez que, parte cada vez maior da carga
é atendida localmente, diminuindo
o fluxo de potência no ramal que
liga o barramento a subestação.
A partir do momento em que
ocorre a reversão no fluxo no ramal,
as perdas voltam a apresentar um
crescimento à medida que o módulo
do fluxo reverso aumenta. Este comportamento
reforça a característica
não linear das perdas técnicas na
rede elétrica.
Esta primeira análise permitiu
conhecer a capacidade de hospedagem
da rede. De posse desta informação,
foi realizada a instalação de
uma unidade de geração distribuída
com potência de 3,54 MW em cada
um dos barramentos da rede elétrica,
de forma individualizada.
Isso significa que a instalação
ocorreu em cada barramento separadamente,
primeiro em um e depois
no outro, seguindo sucessivamente
para os demais barramentos.
O barramento 670 foi escolhido
como local de estudo. Este barramento
atuará como um consumidor
e terá sua tensão avaliada. O motivo
da escolha se dá por conta de o barramento
estar situado em uma posição
central na rede elétrica. A Figura
4 apresenta o perfil de tensão no
barramento 670 para a instalação de
REDs em cada uma das outras barras
do sistema.
Esta análise ilustra como um
consumidor pode ser afetado pela
instalação de REDs realizado por um
outro cliente. Ainda que não tenha
ocorrido violações nos limites de tensão
estipulados, ocorreram grandes
variações na tensão do barramento
Em que Fluxo SE
representa o fluxo
de potência ativa no sentido da
subestação para o sistema de distribuição.
3. ESTUDO DE CASO
Esta seção tem como objetivo
conduzir análises para identificar os
impactos da implantação de recursos
energéticos distribuídos nos sistemas
de 13 e 8500 barramentos do IEEE.
Para mais informações sobre esses
sistemas, incluindo diagramas, consulte
(Schneider et al., 2017) e (Schneider
et al., 2010).
Tabela 1. Perdas e fluxo de potência ativa nos principais ramais
Figura. 3 Perdas técnicas no alimentador 670-671.
50
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RBS Magazine 51
Artigo
670 com a instalação de geradores
em outros barramentos.
Ademais, a adição da unidade de
geração em alguns barramentos (barramento
611, por exemplo) resultou
em um aumento de desequilíbrio.
Desequilíbrios de tensão podem ter
efeitos prejudiciais sobre o funcionamento
de equipamentos elétricos,
muitas vezes comprometendo seu
desempenho e vida útil. Portanto, é
crucial minimizar essas situações.
3.2 Impactos na regulação de
tensão – Sistema IEEE 8500 barramentos
Para o sistema IEEE 8500 barramentos,
uma análise semelhante à
realizada no sistema IEEE 13 barramentos
foi conduzida. Uma unidade
de geração distribuída de 2,7 MW
(obtida de maneira semelhante à
abordagem utilizada no Estudo de
Caso 3.1) foi alocada em cada uma
das barras trifásicas do sistema e o
barramento m1089196 foi selecionado
como consumidor.
são estipulados, ocorreram grandes
variações na tensão do barramento
670 com a instalação de geradores
em outros barramentos.
Ademais, a adição da unidade
de geração em alguns barramentos
(barramento 611, por exemplo)
resultou em um aumento de desequilíbrio.
Desequilíbrios de tensão
podem ter efeitos prejudiciais sobre
o funcionamento de equipamentos
elétricos, muitas vezes comprometendo
seu desempenho e vida
útil. Portanto, é crucial minimizar
essas situações.
3.2 Impactos na regulação de
tensão – Sistema IEEE 8500 barramentos
Para o sistema IEEE 8500 barramentos,
uma análise semelhante à
realizada no sistema IEEE 13 barramentos
foi conduzida. Uma unidade
de geração distribuída de 2,7 MW
(obtida de maneira semelhante à
abordagem utilizada no Estudo de
Caso 3.1) foi alocada em cada uma
das barras trifásicas do sistema e o
barramento m1089196 foi selecionado
como consumidor.
A Figura 5 apresenta, de forma
amostral, para 100 barramentos do
sistema, como a instalação do RED
impactou o perfil tensão no barramento
m1089196.
Duas características sobressaem:
A primeira está relacionada à variação
nos valores absolutos das tensões,
influenciados pela localização
da unidade de geração distribuída.
A segunda característica diz respeito
à ocorrência de sobretensões, tensões
superiores a 1,05 por unidade,
na Fase C do barramento m1089196
devido à instalação de RED em um
outro ponto do sistema.
Figura 4. Perfil de tensão no barramento 670
Esta primeira análise permitiu
conhecer a capacidade de hospedagem
da rede. De posse desta informação,
foi realizada a instalação de
uma unidade de geração distribuída
com potência de 3,54 MW em cada
um dos barramentos da rede elétrica,
de forma individualizada.
Isso significa que a instalação
ocorreu em cada barramento separadamente,
primeiro em um e depois
no outro, seguindo sucessivamente
para os demais barramentos.
O barramento 670 foi escolhido
como local de estudo. Este barramento
atuará como um consumidor
e terá sua tensão avaliada. O motivo
da escolha se dá por conta de o barramento
estar situado em uma posição
central na rede elétrica. A Figura
4 apresenta o perfil de tensão no
barramento 670 para a instalação de
REDs em cada uma das outras barras
do sistema.
Figura. 5 Perfil de tensão no barramento m1089196
Esta análise ilustra como um
consumidor pode ser afetado pela
instalação de REDs realizado por um
outro cliente. Ainda que não tenha
ocorrido violações nos limites de ten-
52
RBS Magazine
Embora o fenômeno possa ter
sido majorado devido à considerável
capacidade de geração da usina, que
totaliza 2,7 MW, o estudo indica que
os consumidores podem estar expostos
a sobretensões decorrentes da
instalação de geração distribuída por
parte de outros clientes.
4. CONCLUSÕES
O presente trabalho apresentou
um estudo dos impactos provenientes
da inserção de recursos energéticos
distribuídos na rede de distribuição.
Com o auxílio do software
OpenDSS foi possível identificar o
comportamento da tensão, perdas
técnicas e distribuição dos fluxos em
virtude dos pontos de instalação dos
recursos energéticos e a maneira
como a instalação destes recursos,
por um consumidor, afeta indicadores
de qualidade de outros consumidores.
Foram realizadas análises considerando
o local de instalação da geração
distribuída e análises relacionadas
ao aumento da hospedagem.
Pode-se identificar que, independentemente
da localidade da instalação
da unidade de geração, ocorreram
impactos na regulação de tensão
para um consumidor específico. Ademais,
foi possível identificar que a
hospedagem de recursos energéticos
pode inverter fluxos nos ramais de
distribuição, fazendo com que as perdas
tenham características bastante
não lineares.
Trabalhos futuros irão ampliar
o número de desafios técnicos a serem
analisados, incluindo, principalmente,
a contribuição dos recursos
energéticos distribuídos no nível das
correntes de curto-circuito e possíveis
impactos nas configurações de
dispositivos de proteção.
5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao PPGEL
(UFSJ e CEFET-MG) pelo apoio e auxílio
financeiro.
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RBS Magazine 53
Artigo
MARCO REGULATÓRIO DO BRASIL
(Lei Nº 14300 de 2022 e REN Nº 1059 de 2023) e
as lacunas socioambientais da geração fotovoltaica
José Paulo Ramos Fernandes 1 , Ebony Stephanie Silva Alberto 2
1
Universidade de São Paulo, joseprf@usp.br, 2 Advogada, especialista em Direito Público.
RESUMO
O crescimento acelerado da instalação de sistemas de geração distribuída (GD) fotovoltaica no Brasil tem causado problemas técnicos
nas redes de distribuição e reclamações por parte de consumidores, que nem sempre são autorizados a ligar seus empreendimentos. A
REN 1059 da ANEEL foi lançada na expectativa de contornar os impasses gerados, mas ainda é causa de muitos questionamentos. Neste
trabalho, busca-se analisar alternativas para questões que são deixadas de lado pelo texto regulatório e pela própria sociedade, como
impactos sociais e potenciais danos ambientais que os sistemas fotovoltaicos podem ocasionar, utilizando a metodologia bibliográfica.
Dessa maneira, acredita-se que esses conflitos necessitam ser discutidos e consolidados na legislação brasileira, a fim de garantir o desenvolvimento
sustentável tão alardeado pelo setor de energia limpa.
Palavras-chave: Lei 14300/22. REN 1059/23. Impactos Socioambientais. GD.
1. INTRODUÇÃO
Dentro do contexto atual, um
dos desafios mais prementes da humanidade
é buscar um equilíbrio
justo e apropriado que permita o
progresso sem comprometer o meio
ambiente. Com o intuito de suprir as
demandas energéticas, a geração distribuída
(GD) de energia elétrica tem
sido uma alternativa viável e sustentável.
Essa demanda já é conhecida
há anos, foi considerada nos últimos
estudos realizados pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE) e também
serviu de motivação para criação de
leis e incentivos fiscais.
Gomes e Ferreira (2018) apontam
que o conceito de desenvolvimento
sustentável está evoluindo
em direção à ideia de sustentabilidade,
e, para atingir esse objetivo,
a Organização das Nações Unidas
(ONU) elabora os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS),
com o propósito de cumprir a agenda
2030 para o desenvolvimento
sustentável.
Posteriormente, se aprovou o
documento “Transformando Nosso
Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável” (ONU,
2016). Nesse contexto, o “Objetivo
7” da Agenda 2030 da ONU busca
garantir o acesso universal à energia
barata, confiável, sustentável e renovável
para todas as pessoas, com
ênfase nas fontes renováveis e cooperação
internacional para pesquisa
e desenvolvimento de novas tecnologias
que promovam a eficiência energética
global.
Este cenário representa um compromisso
global para alcançar uma
transição energética sustentável e
acessível, que contribua para o desenvolvimento
socioeconômico, a
mitigação das mudanças climáticas
e a melhoria da qualidade de vida
da população. Nessas circunstâncias,
na Nota Técnica DEA 26/14 publicada
pela EPE, referente ao horizonte
2014-2023, previa-se que em 2023 o
Brasil teria uma capacidade instalada
de geração fotovoltaica de 664MW,
valor que provou-se extremamente
distante da realidade observada
atualmente. Em março de 2023, conforme
a Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL), ao mesmo tempo
que o país alcançou uma capacidade
de geração de 190GW, a geração
fotovoltaica, principal fonte utilizada
pelas GDs, chegou aos 18GW, apro-
54
RBS Magazine
Artigo
Figura 1. Evolução da geração distribuída no Brasil entre 2012 e 2022.
Fonte: ANEEL, 2023.
utilizada para abater o seu próprio
consumo, considerando o valor integral
da tarifa.
ximadamente 10% da matriz energética
até aquele momento. Em junho
do mesmo ano, este valor já ultrapassava
a barreira dos 21GW, com
projeções da Associação Brasileira de
Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR)
de crescimento de mais de 10GW ao
longo do ano.
Diante do impacto causado ao
sistema elétrico pelo crescimento
acima do projetado na GD, os órgãos
regulamentadores e legislativos do
país têm atuado para elaboração de
normas para minimizar os efeitos do
aumento exponencial das conexões.
Além de lidar com questões técnicas,
é necessário que as normas atendam
aos interesses sociais e econômicos
do país. Com a finalidade de trazer
maior segurança jurídica ao setor,
houve a promulgação da Lei nº 14300
de 06/01/2022, que instituiu o marco
legal da microgeração e minigeração
distribuída (MMGD) e publicação da
Resolução Normativa nº 1059, de
07/02/2023 (REN 1059), que aprimorou
as regras para a conexão e o faturamento
dessas centrais.
Apesar de apresentar avanços
jurídicos para o setor energético e a
definição de alternativas de conexão
a serem apresentadas pelas concessionárias,
a REN 1059 deixa de abranger
aspectos socioambientais. Dentre
estes, observa-se a manutenção
do faixa de microgeração em 75kW,
que estimula a subdivisão de áreas
por clientes para garantia de benefícios
e reduz a disponibilidade da rede
para consumo local de residências
e pequenos negócios, a ausência da
exigência de mecanismos de controle
destes acessantes para minimização
de perdas técnicas e controle dos
níveis de tensão da rede, os quais
ficam sob total responsabilidade da
concessionária, com impactos tarifários
significativos para todos, além da
inexistência de contrapartidas socioambientais.
Nessa perspectiva, o objetivo do
trabalho é discutir as lacunas deixadas
pela norma e avaliar alternativas
capazes de suprir as demandas energéticas
do país através de energia
limpa, buscando maior justiça social
e minimização dos impactos ambientais.
2. ANÁLISE DA LEI Nº 14300/2022
E DA RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº
1059/2023 E OS IMPACTOS SOCIO-
AMBIENTAIS
Ao longo dos anos, a GD foi objeto
de regulação das Resoluções
Normativas 687/2015 e 786/2017.
Essas normas tinham o intuito de
aprimorar a regulação e os benefícios
do sistema para os consumidores e o
setor de energia. A REN 1059/2023
trata importantes questões para
o mercado brasileiro, mantendo a
possibilidade de consumidores gerarem
sua própria energia elétrica
com fornecimento do excedente
para a rede.
Com essa medida, quando o consumidor
com MMGD produz excesso
de energia em relação ao que consome,
essa energia excedente é enviada
à rede da distribuidora e pode ser
Assim, o consumidor utiliza a
energia injetada na rede para abatimento
do seu consumo.
Na prática, a energia produzida e
enviada à rede é concedida à distribuidora
como um empréstimo sem
custo. Cada kWh injetado é aproveitado
para deduzir as parcelas da tarifa
do consumidor e esse crédito pode
ser utilizado ao longo de 60 meses
(ANEEL, 2015).
O sistema de compensação de
energia elétrica (SCEE) oferece uma
vantagem significativa aos consumidores,
permitindo-lhes otimizar o
aproveitamento de sua energia excedente
e reduzir seus custos de eletricidade
de forma sustentável.
No que tange à Lei 14300/2022,
a utilização das modalidades de “autoconsumo
remoto” e “consórcio de
consumidores de energia elétrica”
(artigo 1º, incisos II e III), permite
que consumidores sem condições de
possuir um sistema fotovoltaico residencial
instale sua usina em outros
locais, acarretando consequências
socioambientais.
É fundamental considerar os impactos
associados a empreendimentos
de energia, buscando formas de
mitigar seus efeitos e promover um
equilíbrio entre o progresso econômico,
a preservação do meio ambiente
e promoção do bem estar social.
Nesse viés, a transição para uma economia
limpa, baseada em energias
renováveis, é crucial para garantir a
sustentabilidade ambiental e energética,
impulsionando a inovação e o
desenvolvimento socioeconômico no
cenário global. Contudo, percebe-se
que ainda prevalece a negligência em
relação às questões ambientais em
favor do progresso econômico.
Nos últimos três anos, observou-
-se um crescimento significativo na
quantidade de consórcios de energia
solar, que oferecem descontos na
conta de energia para seus membros,
e na quantidade de condomínios e
fazendas solares, bastante deslocadas
dos locais de maior consumo de
RBS Magazine 55
Artigo
Figura 2. Usinas fotovoltaicas na zona rural
de Montes Claros. Fonte: Google, 2023
condomínios solares, estão entre os
principais estimuladores deste comportamento,
não apresentando potencial
para fomentar o crescimento
econômico nas áreas onde são implementados.
Em relação à modalidade de consórcio
de energia, é percebido uma
melhora na questão da justiça social,
ao permitir que pessoas mais vulneráveis
façam parte do sistema de compensação.
Porém, essa modalidade
se tornou uma maneira de indivíduos
com melhores condições econômicas
e financeiras comercializarem a energia
elétrica que geram, normalmente
concentradas em regiões com alta
insolação e que já sofrem com problemas
técnicos no sistema elétrico
devido ao excesso de geração.
energia. Esta situação é exemplificada
na Figura 2, que mostra, dentro
de círculos amarelos, uma série de
usinas fotovoltaicas na zona rural. A
concentração de fontes de geração
em locais distantes dos centros de
consumo contraria o próprio conceito
de geração distribuída, ao demandar
obras de reforço no sistema de
distribuição para transportar grandes
quantidades de energia, não havendo
consumo local relevante.
O aumento da disponibilidade de
energia local também não é garantia
de geração de empregos locais, visto
que a maioria das usinas fotovoltaicas
requer pouquíssima mão de obra
uma vez que se encontram em operação.
Ademais, melhorias operacionais
esperadas para o sistema são
perdidas, com impacto aquém do esperado
na redução de perdas técnicas
e diminuição da flexibilidade operativa
por parte da concessionária.
Idealmente, nas proximidades
dos empreendimentos de energia
solar, seriam erguidos casas, comércios,
escolas e outros serviços destinados
a atender os trabalhadores e
suas famílias, além de poder oferecer
novas oportunidades de emprego. A
construção destes deve não apenas
promover o desenvolvimento do setor
energético, mas também impulsionar
o progresso socioeconômico
das comunidades, oferecendo melhores
condições de vida e oportunidades,
elevando a renda per capita e
o Produto Interno Bruto (PIB) local.
Os dados apresentados na Figura
3 mostram que a maior parte da
energia elétrica fotovoltaica é proveniente
da zona rural e não consumida
no localmente. Esses dados corroboram
a ideia de uma GD cada vez mais
distante do conceito inicial de suprir
a própria demanda. O autoconsumo
emoto, juntamente com consórcios e
Figura 3. Distribuição da energia gerada por fontes fotovoltaicas
por classe e tipo de consumo. Fonte: EPE, 2023
Para resolver os problemas técnicos
causados pelo excesso de energia,
as concessionárias precisam realizar
investimentos, os quais são
repassados aos demais consumidores
na forma de aumentos tarifários,
aumentando o valor do produto dos
comerciantes de energia e pressionando
ainda mais os consumidores
das classes sociais mais vulneráveis,
como verificado no último reajuste
aprovado pela ANEEL (2023).
Interpretar a composição tarifária
é fundamental para que os consumidores
compreendam os custos
envolvidos. Cada kWh é constituído
por duas partes: a Tarifa de Energia,
que corresponde ao valor pago pela
energia consumida pela residência
ou empresa ao longo do mês; e a Tarifa
de Uso do Sistema de Distribuição,
que representa o custo cobrado
pela concessionária pelo uso de sua
infraestrutura, abrangendo instalações,
equipamentos, subestações,
transformadores e postes.
As obras são parcialmente custeadas
pelos acessantes, porém
observa-se o uso de artifícios para
burlar o pagamento dos valores devidos.
É comum a subdivisão de centrais
geradoras para caracterização
como microgeração e a declaração
de cargas inexistentes, quando há
clara intenção de comercialização da
energia gerada nesses empreendimentos.
Destaca-se que a viabilidade
para esses investimentos fica restrita
56
RBS Magazine
às pessoas com maior poder aquisitivo,
sendo esta prática promotora
de maior desigualdade social a longo
prazo, visto que estes custos serão
repassados aos consumidores.
Nota-se que o problema de esgotamento
do sistema elétrico não
é exclusividade do Brasil. O mercado
elétrico espanhol, por exemplo, saturado
de projetos de energias renováveis
viu sua agência reguladora recusar
empreendimentos por falta de
capacidade na rede, em vista do aumento
significativo no interesse dos
promotores de energias renováveis.
Para aumentar a capacidade de
escoamento energético, o sistema
elétrico, tanto na Espanha como em
Portugal (EXPRESSO, 2019), tiveram
que ser reforçadas, com os custos
dessas obras incorporados à tarifa.
Nesse contexto, percebe-se que
o Brasil tem alterado a legislação e
atuado na taxação do excedente de
energia para cobrir custos.
Ambientalmente, destaca-se que
a geração de energia através de fontes
solares em pontos distantes do
consumo tem potencial para causar
o efeito inverso ao desejado no que
diz respeito às perdas técnicas, pois
provocam aumentos significativos do
fluxo energético em trechos específicos
da rede. Isso contraria uma das
principais bandeiras dos promotores
de geração distribuída nos aspectos
técnico e ambiental da operação do
sistema elétrico.
Outra questão que tem sido analisada,
é o desmatamento de áreas
verdes para instalação de painéis
solares ou mesmo para redução do
sombreamento, o que raramente é
discutido pela sociedade, que resulta
também em alterações no habitat de
diversas espécies, afetando negativamente
a fauna e a flora. A retirada da
vegetação, a remoção superficial do
solo e a ocupação do terreno acabam
por ocasionar a morte de inúmeras
espécies, pois pode comprometer a
disponibilidade de alimento aos animais.
Essa situação é observada por
Nascimento et al. (2022), quando sinalizam
que existe um conjunto de
impactos ambientais relacionados à
instalação e funcionamento de empreendimentos
de energia solar,
quais sejam, os impactos relacionados
à poluição, que surgem como
consequência direta da instalação de
usinas fotovoltaicas com placas solares
no chão; poluição visual, que altera
significativamente a aparência natural
do ambiente e aumenta o brilho
da superfície, causando desconforto
para quem observa a área; ocorre
a poluição do solo, da água e do ar,
em função do acúmulo de poeira nas
placas e a sua limpeza, e devido à liberação
de resíduos sólidos durante
a montagem das placas fotovoltaicas;
pode ainda ocasionar a alteração do
fluxo hidrológico sobre a superfície,
acelerando os processos de erosão e
empobrecimento do solo; dentre outros
impactos.
Artigo
Outro estudo a respeito dos impactos
ambientais da geração distribuída
é apresentado no Relatório
Anual de Desmatamento do Map-
Biomas (2023). No relatório, é atribuído
o desmatamento de aproximadamente
3200ha para instalação de
usinas de energias renováveis, equivalente
a quase 60% das atividades
ligadas à mineração. Os dados do relatório
estão sintetizados na Figura 4.
Por fim, é essencial considerar
que as placas solares e inversores
utilizados têm vida útil limitada e serão
descartados e/ou trocados em
alguns anos. A conversão da energia
solar em energia elétrica sofre uma
redução gradual ao longo do tempo,
alcançando, em média, cerca de 80%
de seu desempenho inicial após aproximadamente
25-30 anos de operação.
Devido à existência de elementos
nocivos como chumbo, cádmio,
cromo e níquel em sua composição,
o dispositivo, quando descartado de
forma inadequada, pode representar
um risco para o meio ambiente.
Se esses dispositivos forem descartados
de forma inadequada e
expostos às condições climáticas,
eles podem sofrer lixiviação de metais
tóxicos, contaminando o solo e
os lençóis freáticos. Se incinerados
sem controle, podem liberar gases
nocivos e contribuir para a poluição
atmosférica, causando a contaminação
da chuva e do solo. Além disso,
devido à sua natureza não biodegradável,
o volume desse tipo de resíduo
continuará aumentando, em vista da
grande demanda, ocupando cada vez
mais áreas de terra.
É crucial implementar práticas de
reciclagem e descarte apropriado de
dispositivos de energias renováveis,
sobretudo a solar, a fim de minimizar
a contaminação ambiental e proteger
a natureza dos efeitos prejudiciais
dessas substâncias perigosas. Porém,
ainda não há qualquer contrapartida
legal exigida ou incentivo relativo à
reciclagem dos materiais.
Figura 4. Vetores do desmatamento no Brasil de 2019 a 2022. O desmatamento relativo à
instalação de usinas renováveis foi incluído na categoria “Outros”.
Fonte: MapBiomas, 2023.
3. PROPOSTAS PARA ATENDER
ÀS NECESSIDADES DE ENERGIA NO
BRASIL
O propósito deste estudo consistiu
em abordar as lacunas presentes
nos documentos legais e analisar
possíveis soluções para atender às
necessidades de energia do país por
meio de fontes limpas. Assim, almeja-se
uma abordagem que considerasse
tanto a sustentabilidade energética
quanto a responsabilidade
social e ambiental.
RBS Magazine 57
Artigo
Como uma das alternativas, se
propõe instituir um critério de definição
de microgeração que proporcione
aspectos técnicos e o que é socialmente
justo. A Lei 14.300/22 define o
limite para microgeração distribuída
de até 75kW, garantindo facilidades
e benefícios para esse tipo de conexão.
No entanto, essa potência é suficiente
para gerar uma quantidade
de energia média de quase 10MWh,
o que supera, por uma larga margem,
o consumo de qualquer unidade consumidora
residencial ou mesmo comercial
em baixa tensão. Com tamanho
excedente de energia, torna-se
um bom negócio para investidores
que se aproveitam dos benefícios regulatórios
sem possuir qualquer demanda
por carga.
Como diretriz, propõe-se diminuir
os valores já estabelecidos para
microgeração, dado que a geração
fotovoltaica, fonte mais comum de
GD, tem fator de utilização unitário
durante o período de sol, o que representa
um grande impacto para a
rede de distribuição.
Isto é, ela está quase sempre injetando
sua capacidade total de potência
durante o período de sol, ao
contrário da carga, que varia fortemente
ao longo do dia e raramente
seu pico coincide com o período de
sol, portanto, não devem ser tratadas
da mesma forma.
Valores razoáveis para o limite
de microgeração com participação
no SCEE devem ser compatíveis com
as demandas do consumidor residencial.
Potências de até 5kW, suficientes
para suprir até 600kWh de
energia por mês, ante um consumo
médio residencial no Brasil de 161,3
kWh (EPE, 2022), beneficiam às classes
sociais com melhores condições
ao permitir descontos significativos
nas tarifas de energia, ao mesmo
tempo que aumentam a disponibilidade
do sistema para residências
com demandas menores. Este valor
pode ser atrelado ao consumo médio
do acessante em unidades consumidoras
não residenciais em baixa
tensão, limitando o máximo de
créditos para compensação gerados
mensalmente para desestimular o
sobredimensionamento dos sistemas
fotovoltaicos.
Tais mudanças representam um
impacto significativo aos comercializadores
de créditos para compensação
na conta de energia. É preciso
exigir contrapartidas dessa atividade
para que sua função social não seja
distorcida para gerar lucro para pequenos
grupos às custas de aumentos
tarifários para toda sociedade.
Dentre as degradações socioambientais,
ressalta-se que esses
acessantes de grande porte ou com
interesse em realizar a comercialização
de energia devem se comprometer
com a reciclagem das placas
e outros dispositivos utilizados, com
o reflorestamento da região e com a
restauração do solo. A fim de cumprirem
sua função social, grandes produtores
de energia devem ser cobrados
quanto à geração de empregos e
incentivos à economia local.
Essas mudanças são importantes
para manter saudável um mercado
que se manterá atrativo para seus
investidores. Em um caso extremo,
observado no Chile, o governo tornou
gratuita a energia para a população
devido ao excesso de energia
disponível (GLOBO, 2016). Tal fato no
Brasil poderia levar o setor ao colapso,
com impactos significativos para
toda sociedade.
Outra necessidade que deve ser
discutida com órgãos legislativos é a
de se investir no desenvolvimento e
barateamento de sistemas de armazenamento
de energia e veículos elétricos
no Brasil, cujo fato é reconhecido
pela própria ABSOLAR em suas
diversas publicações informativas.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As discussões propostas não têm
a finalidade de reprimir o mercado
de geração solar fotovoltaica, ainda
que pareçam rígidas para os agentes
deste. Os ganhos socioambientais,
afinal, eram a justificativa para que
o país oferecesse benefícios a quem
investisse em geração distribuída.
Ao ignorar essas questões, portanto,
o propósito destes benefícios
se perde em detrimento do favorecimento
de pequenos grupos, atuando
no sentido contrário e promovendo
maior desigualdade social e com
efeitos colaterais danosos ao meio
ambiente que são ignorados pela sociedade.
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optante. UNIFACS.
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CALENDÁRIO 2024
JANEIRO
JULHO
30 E 31 MERCADO LIVRE DE ENERGIA
BELO HORIZONTE - MG
30 E 31 SOLAR EXPERIENCE
MARINGÁ - PR
FEVEREIRO
A DEFINIR FRG DAY
A DEFINIR
28 e 29 FÓRUM MOVE
FORTALEZA - CE
MARÇO
06 E 07 FÓRUM GD SUDESTE
SÃO PAULO - SP
20 E 21 SINERGIA SERGIPE
A DEFINIR - SE
13 E 14 SOLAR EXPERIENCE
NATAL - RN
ABRIL
03 E 04 5º FÓRUM DE VALORIZAÇÃO
ENERGÉTICA
CURITIBA - PR
17 E 18 FÓRUM GD SUL
CURITIBA - PR
MAIO
08 E 09 SOLAR EXPERIENCE
BELÉM / MANAUS
22 E 23 SINERGIA MARANHÃO
A DEFINIR - MA
27 E 28 SMART ENERGY
CURITIBA - PR
AGOSTO
07 E 08 FÓRUM GD NORDESTE
RECIFE - PE
A DEFINIR MERCADO LIVRE DE ENERGIA
A DEFINIR
SETEMBRO
11 E 12 FÓRUM GD NORTE E FÓRUM
AMAZÔNIA SUSTENTÁVEL
MANAUS - AM
19 E 20 SOLAR EXPERIENCE
VITÓRIA - ES
OUTUBRO
02 E 03 FÓRUM GC
SÃO PAULO - SP
16 E 17 SOLAR EXPERIENCE
CAMPO GRANDE - MT
30 E 31 CBGD/EXPOGD
BELO HORIZONTE - MG
NOVEMBRO
A DEFINIR SINERGIA RN
A DEFINIR - RN
JUNHO
04 E 05 SOLAR EXPERIENCE
FLORIANÓPOLIS - SC
DEZEMBRO
04 E 05 SOLAR EXPERIENCE
PORTO ALEGRE - RS
26 E 27 FÓRUM GD CENTRO-OESTE
CUIABÁ - MT
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100% POLIETILENO
60
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