Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo
nosso amor a esse Deus que, para conquistá-los, sacrificou o seu sangue, a sua vida e todo o seu ser. Disse Jesus à Samaritana: Se soubesses a graça que recebes de Deus, e quem é aquele que te pede de beber! Oh! se a alma compreendesse o favor que Deus lhe faz quando lhe diz: Dá-me o teu coração! Se um simples súdito ouvisse um príncipe reclamar a sua amizade, isto bastaria para cativá-lo. E nós ficaríamos insensíveis à voz de um Deus que nos diz: Meu filho, dá-me teu coração? Mas Deus não quer a metade desse coração; Ele quer que lho demos todo inteiro sem partilha, fazendo disso um preceito formal: Amaras o Senhor teu Deus de todo o teu coração. Não se contenta com menos. Se nos deu todo o seu sangue, toda a sua vida, todo o seu ser, foi para que nos demos inteiramente a Ele, que lhe pertençamos sem reserva. E compreendamo-lo bem: daremos a Deus todo o nosso coração quando lhe dermos toda a nossa vontade, para não querermos doravante senão o que quer esse Senhor que certamente só quer o nosso bem e a nossa felicidade. Jesus Cristo, diz o apóstolo, morreu e ressuscitou a fim de reinar sobre os mortos e sobre os vivos. — Quer vivamos, quer morramos, somos do Senhor. Jesus quis morrer por nós; não podia fazer mais para ganhar todo o nosso amor e para ser o único senhor do nosso coração; devemos pois mostrar de hoje em diante ao céu e à terra, por nossa vida e por nossa morte, que já nos não pertencemos, mas que somos de Deus e só dele. Oh! quanto Deus deseja ver, e quanto lhe é caro um coração que se dá todo a Ele! Oh! quantas provas de sua ternura Deus prodigaliza sobre aterra; quantos bens, quantas delícias, quanta glória Deus prepara no céu para um coração que é todo dele! O venerável padre João Leonardo de Lettera, dominicano, viu um dia Jesus Cristo que, sob a figura dum caçador e empunhando um dardo. percorria a floresta deste mundo. O servo de Deus perguntou-lhe aonde ia e que queria fazer. Jesus respon- 64
deu-lhe que ia à caça dos corações. Oxalá possa o Menino Jesus durante esta novena ferir e apoderar-se de algum coração que Ele procura há tempo e ainda não conseguiu ferir e ganhar! Almas devotas, se Jesus conseguir possuir-nos, nós possuiremos a Jesus; a troca é muito mais vantajosa para nós. “Teresa, disse um dia o Senhor a essa Santa, até agora não foste inteiramente minha; mas agora que és toda minha, saibas que sou todo teu”. S. Agostinho chama o amor “um vínculo que prende quem ama à pessoa amada”. Deus tem vivo desejo de prender-se e unir-se a nós; mas é preciso que, do nosso lado, procuremos unir-vos a Deus. Se queremos que Deus se dê inteiramente a nós, devemos dar-nos inteiramente a Deus. Afetos e Súplicas. Oh! quão feliz seria se doravante eu pudesse sempre dizer com a sagrada Esposa: O meu Deus bem-amado se deu todo a mim; é justo que me dê todo a meu Deus! Eu deveria repetir sem cessar com o profeta-rei: Que há para mim no céu, e, fora de ti, que desejei eu sobre a terra?... ó Deus, que és o Deus do meu coração, e a minha herança para sempre! Sim, ó caro Infante, meu divino Redentor, já que descestes do céu para vos dar todo a mim, que procurarei eu ainda sobre a terra e no céu senão a vós, que sois meu soberano bem, meu único tesouro e o paraíso das almas? — Sêde pois o único senhor do meu coração, possuí-o inteiramente. Só a vós obedeça o meu coração e procure agradar. Só a vós ame a minha alma, e sêde vós só a minha partilha! Corram outros atrás dos bens e fortunas do mundo; procurem neles a sua alegria, se é que se pode encontrar verdadeira alegria fora de vós; quanto a mim, quero que só vós sejais toda a minha fortuna, minha riqueza, minha paz e minha esperança nesta vida e na eternidade! Eis o meu coração, eu vo-lo dou inteiramente; ele já não é meu mas vosso. Entrando no mundo oferecestes e destes a vosso Pai eterno 65
- Page 13 and 14: cados o teriam matado realmente, se
- Page 15 and 16: etribuir de alguma maneira a um Deu
- Page 17 and 18: ção era tão inflamado de amor po
- Page 19 and 20: parte, digamos melhor, quase todos
- Page 21 and 22: estavam satisfeitos. Queriam vê-lo
- Page 23 and 24: séria? foi o amor: Assim quis nasc
- Page 25 and 26: disse ele, mas os pecadores. Digamo
- Page 27 and 28: Temos ofendido a Deus; merecemos se
- Page 29 and 30: ame, ó divino Infante. Este coraç
- Page 31 and 32: tados de todo o temor e arrancados
- Page 33 and 34: sentença de Pilatos, e entrega-se
- Page 35 and 36: E quantas ações de graças não d
- Page 37 and 38: sar de amá-lo. Eis por que é prec
- Page 39 and 40: pode haver mais de um Deus. De outr
- Page 41 and 42: ça do amor de Deus, exclama aqui S
- Page 43 and 44: virá, e vos salvará (Is 35,4). N
- Page 45 and 46: seus pés, o filho pródigo que o h
- Page 47 and 48: esquecestes das ofensas que vos fiz
- Page 49 and 50: Maria, minha Mãe, que sois a esper
- Page 51 and 52: É a esses homens temerários e ing
- Page 53 and 54: Esse texto é interpretado no mesmo
- Page 55 and 56: os demônios, se abririam a sentime
- Page 57 and 58: ta nos assegura que Ela é o “tes
- Page 59 and 60: nada pode destruir ou diminuir a su
- Page 61 and 62: trelas, as montanhas, os campos, os
- Page 63: meu serviço”. E S. João Crisós
- Page 67 and 68: CONSIDERAÇÃO VII. O VERBO ETERNO
- Page 69 and 70: nós”. E como quem ama quer ser a
- Page 71 and 72: fugir e exilar-se no Egito para esc
- Page 73 and 74: O Filho de Deus quis exercer sobre
- Page 75 and 76: mais longe: “Sofrer, dizia ela, e
- Page 77 and 78: as nossas faltas nesta vida, merece
- Page 79 and 80: CONSIDERAÇÃO VIII. O VERBO ETERNO
- Page 81 and 82: Bernardo chama “escola de Jesus C
- Page 83 and 84: Do Egito voltam de novo à Palestin
- Page 85 and 86: Francisco Regis, que o assunto ordi
- Page 87 and 88: nosso coração, e se os temos de d
- Page 89 and 90: Ó Maria, que sois a digna Mãe de
- Page 91 and 92: do-se, segundo a palavra do Apósto
- Page 93 and 94: los por trinta dinheiros, quantia i
- Page 95 and 96: à vista dum Deus que tanto se humi
- Page 97 and 98: tão diferente da vossa. Mas quero
- Page 99 and 100: Permiti que antes vos historie em p
- Page 101 and 102: oferecessem um asilo a Jesus e o co
- Page 103 and 104: ademais são frios, são úmidos; e
- Page 105 and 106: em qualquer tempo para ver esse Rei
- Page 107 and 108: de salvação, uma noite de perdão
- Page 109 and 110: infinitos; se essas perfeições n
- Page 111 and 112: vo-lo dará. — Tudo o que pedirde
- Page 113 and 114: tocante exclamação dum piedoso au
nosso amor a esse Deus que, para conquistá-los, sacrificou o<br />
seu sangue, a sua vida e todo o seu ser. Disse <strong>Jesus</strong> à Samaritana:<br />
Se soubesses a graça que recebes <strong>de</strong> Deus, e quem é<br />
aquele que te pe<strong>de</strong> <strong>de</strong> beber! Oh! se a alma compreen<strong>de</strong>sse o<br />
favor que Deus lhe faz quando lhe diz: Dá-me o teu coração!<br />
Se um simples súdito ouvisse um príncipe reclamar a sua amiza<strong>de</strong>,<br />
isto bastaria para cativá-lo. E nós ficaríamos insensíveis<br />
à voz <strong>de</strong> um Deus que nos diz: Meu filho, dá-me teu coração?<br />
Mas Deus não quer a meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse coração; Ele quer que<br />
lho <strong>de</strong>mos todo inteiro sem partilha, fazendo disso um preceito<br />
formal: Amaras o Senhor teu Deus <strong>de</strong> todo o teu coração. Não<br />
se contenta com menos. Se nos <strong>de</strong>u todo o seu sangue, toda a<br />
sua vida, todo o seu ser, foi para que nos <strong>de</strong>mos inteiramente a<br />
Ele, que lhe pertençamos sem reserva. E compreendamo-lo<br />
bem: daremos a Deus todo o nosso coração quando lhe <strong>de</strong>rmos<br />
toda a nossa vonta<strong>de</strong>, para não querermos doravante senão<br />
o que quer esse Senhor que certamente só quer o nosso<br />
bem e a nossa felicida<strong>de</strong>. <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>, diz o apóstolo, morreu<br />
e ressuscitou a fim <strong>de</strong> reinar sobre os mortos e sobre os vivos.<br />
— Quer vivamos, quer morramos, somos do Senhor. <strong>Jesus</strong><br />
quis morrer por nós; não podia fazer mais para ganhar todo o<br />
nosso amor e para ser o único senhor do nosso coração; <strong>de</strong>vemos<br />
pois mostrar <strong>de</strong> hoje em diante ao céu e à terra, por<br />
nossa vida e por nossa morte, que já nos não pertencemos,<br />
mas que somos <strong>de</strong> Deus e só <strong>de</strong>le.<br />
Oh! quanto Deus <strong>de</strong>seja ver, e quanto lhe é caro um coração<br />
que se dá todo a Ele! Oh! quantas provas <strong>de</strong> sua ternura<br />
Deus prodigaliza sobre aterra; quantos bens, quantas <strong>de</strong>lícias,<br />
quanta glória Deus prepara no céu para um coração que é todo<br />
<strong>de</strong>le!<br />
O venerável padre João Leonardo <strong>de</strong> Lettera, dominicano,<br />
viu um dia <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> que, sob a figura dum caçador e empunhando<br />
um dardo. percorria a floresta <strong>de</strong>ste mundo. O servo <strong>de</strong><br />
Deus perguntou-lhe aon<strong>de</strong> ia e que queria fazer. <strong>Jesus</strong> respon-<br />
64