Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo
ante da manjedoura de Belém! quantos vejo ao pé da cruz no Calvário! quantos em presença do SS. Sacramento dos altares? S. Pedro Crisólogo observa que para se fazer amar do homem, nosso Salvador quis tomar várias formas. Essa Majestade infinita, imutável em si mesmo, dignou-se fazer-se ver primeiro como uma criancinha num estábulo, depois como um simples operário numa oficina, mais tarde como um criminoso sobre um patíbulo, e enfim como um pouco de pão sobre o altar. Jesus quis mostrar-se a nós sob todas essas formas; mas todas essas formas não são senão várias maneira de se revelar a nós como o amante apaixonado da natureza humana. — Ah! Senhor, dizei-me: tendes ainda outra coisa a inventar para vos fazer amar? Ide, almas redimidas, exclamava Isaías, ide publicar em toda a parte as caridosas invenções desse Deus cheio de amor, o que Ele concebeu e executou para se fazer amar dos homens; após nos haver cumulado de seus benefícios, quis dar-se pessoalmente a nós, e de quantas maneiras! — “Se estais chagado ou enfermo, diz S. Ambrósio, e desejas sarar, Jesus é o vosso médico: Ele vos restituirá a saúde com o seu sangue. Se sofreis febre, isto é, se sois atormentados pelas chamas impuras das afeições mundanas, Ele é a fonte que refresca e fortifica. Se quereis evitar a morte, Jesus é a vida; se aspirais ao céu, Ele é o caminho”. Não contente de dar-se a todos os homens em geral, Jesus Cristo quis ainda dar-se a cada um deles em particular. Foi isso que fez S. Paulo dizer: Ele me amou e se entregou por mim. Segundo S. João Crisóstomo, Deus ama a cada um de nós, como ama todos os homens. Assim, meu caro irmão, se estivesses só no mundo, o divino Redentor teria vindo e dado o seu sangue e sua vida por ti só. “Ah! quem poderia explicar ou compreender, diz S. Lourenço Justiniano, o amor que Deus tem a cada um de nós?” Também S. Bernardo dizia falando de Jesus Cristo: “Ele se deu todo a mim, Ele se pôs inteiramente ao 62
meu serviço”. E S. João Crisóstomo: “Ele nada se reservou para si”. Deu-nos o seu sangue, a sua vida; deu-se a si mesmo no SS. Sacramento; não lhe restou nada mais a dar. Com efeito, segundo observa S. Tomás, dando-se-nos a si próprio, que mais poderia Deus dar-nos? Após a obra da redenção pois Deus nada mais tinha a darnos nem a fazer por amor dos homens, e cada um de nós deveria doravante dizer com S. Bernardo: “Eu sou de Deus e me devo dar a Ele, porque Ele me criou e me deu o ser: mas que poderei dar em retorno a Deus por Ele se ter dado a mim?” — Ah! não nos inquietemos por isso; demos-lhe o nosso amor e isso basta, é isso o que Ele deseja. Os príncipes da terra gloriam-se de possuir reinos e riquezas, mas Jesus Cristo contentase com reinar sobre os corações; os nossos corações, eis o seu domínio; e esse domínio Ele o adquiriu morrendo na cruz: O sinal da sua dominação foi colocado sobre os seus ombros, diz Isaías. Por essas palavras, vários intérpretes com S. Basílio, S. Cirilo, S. Agostinho e outros Padres entendem a cruz que nosso divino Redentor levou sobre seus ombros. “Esse Rei do céu, observa Cornélio a Lápide, é um Senhor muito diferente do demônio: este impõe cargas pesadas aos ombros de seus escravos; Jesus, ao contrário, toma sobre si todo o peso de seu principado, pois abraça a cruz na qual quer morrer para adquirir o domínio dos nossos corações”. E Tertuliano: “Enquanto os monarcas da terra têm o cetro na mão e a coroa na cabeça, como emblema de seu poder, Jesus Cristo levou a cruz sobre os ombros, a qual foi o trono em que subiu para fundar seu reino de amor”. Orígenes faz esta reflexão: “Se Jesus Cristo se deu todo a cada homem, será muito para o homem dar-se todo a Jesus Cristo?” Demos pois de boa vontade o nosso coração e todo o II. 63
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meu serviço”. E S. João Crisóstomo: “Ele nada se reservou para<br />
si”. Deu-nos o seu sangue, a sua vida; <strong>de</strong>u-se a si mesmo<br />
no SS. Sacramento; não lhe restou nada mais a dar. Com efeito,<br />
segundo observa S. Tomás, dando-se-nos a si próprio, que<br />
mais po<strong>de</strong>ria Deus dar-nos?<br />
Após a obra da re<strong>de</strong>nção pois Deus nada mais tinha a darnos<br />
nem a fazer por amor dos homens, e cada um <strong>de</strong> nós <strong>de</strong>veria<br />
doravante dizer com S. Bernardo: “Eu sou <strong>de</strong> Deus e me<br />
<strong>de</strong>vo dar a Ele, porque Ele me criou e me <strong>de</strong>u o ser: mas que<br />
po<strong>de</strong>rei dar em retorno a Deus por Ele se ter dado a mim?” —<br />
Ah! não nos inquietemos por isso; <strong>de</strong>mos-lhe o nosso amor e<br />
isso basta, é isso o que Ele <strong>de</strong>seja. Os príncipes da terra gloriam-se<br />
<strong>de</strong> possuir reinos e riquezas, mas <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> contentase<br />
com reinar sobre os corações; os nossos corações, eis o<br />
seu domínio; e esse domínio Ele o adquiriu morrendo na cruz:<br />
O sinal da sua dominação foi colocado sobre os seus ombros,<br />
diz Isaías. Por essas palavras, vários intérpretes com S. Basílio,<br />
S. Cirilo, S. Agostinho e outros Padres enten<strong>de</strong>m a cruz que<br />
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escravos; <strong>Jesus</strong>, ao contrário, toma sobre si todo o peso <strong>de</strong><br />
seu principado, pois abraça a cruz na qual quer morrer para<br />
adquirir o domínio dos nossos corações”. E Tertuliano: “Enquanto<br />
os monarcas da terra têm o cetro na mão e a coroa na<br />
cabeça, como emblema <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r, <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> levou a<br />
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fundar seu reino <strong>de</strong> amor”.<br />
Orígenes faz esta reflexão: “Se <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> se <strong>de</strong>u todo a<br />
cada homem, será muito para o homem dar-se todo a <strong>Jesus</strong><br />
<strong>Cristo</strong>?” Demos pois <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong> o nosso coração e todo o<br />
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