Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo

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culdades que ela encontra no caminho da perfeição. Assim se realiza a bela promessa que Isaías fazia ao mundo, suspirando pela vida do Salvador: Oxalá romperas tu os céus, e desceras de lá! Os montes se derreteriam diante da tua face. À vinda do Redentor, dizia ainda, os caminhos tortuosos serão endireitados, e os escabrosos aplanados. Os montes são os obstáculos opostos pelos apetites carnais à perfeição: fortalecidas pelo Salvador, as almas de boa vontade o vêem desaparecer. Os caminhos tortuosos e escabrosos são as humilhações e as penas que os homens acham naturalmente duras e difíceis de suportar: tudo isso se lhes torna doce e leve pela graça que Jesus Cristo lhes dá pelo amor divino que Ele ateia em seus corações. Assim S. João de Deus regozijava em passar por louco e em ser espancado num hospital; assim S. Ludovina gozava ao ver-se toda coberta de chagas e presa ao leito por vários anos; assim S. Lourenço arrostou o tirano que o fazia arder na grelha, e deu com alegria sua vida por Jesus Cristo. Assim ainda muitas almas fervorosas acham a paz e a felicidade, não nos prazeres e nas honras do mundo, mas nos sofrimentos e nas ignomínias. Ah! peçamos a Jesus Cristo nos penetre desse fogo divino, que Ele veio acender sobre a terra, que assim também nós não acharemos pena nem dificuldade em espezinhar a lama dos bens do mundo e empreendermos grandes coisas por Deus. Quando se ama, não se sofre, diz S. Agostinho. Para uma alma que ama a Deus não é penoso nem difícil sofrer, o- rar, mortificar-se, humilhar-se, renunciar aos prazeres terrestres. Quanto mais trabalha e sofre tanto mais quer trabalhar e sofrer. As chamas do amor divino, como as chamas do inferno, diz o Sábio, não dizem jamais: basta. — Nada pode saciar o ardor duma alma que ama a Deus. É pelas mãos da SS. Virgem, como foi revelado a S. Maria Madalena de Pazzi, que se distribui às almas o amor divino; peçamos-lhe nos proporcione esse dom precioso. O sábio Idio- 56

ta nos assegura que Ela é o “tesouro de Deus e a tesoureira de todas as graças”, e principalmente do divino amor. Afetos e Súplicas. Meu sumo Deus e Redentor, eu estava perdido e vós me resgatastes do inferno com o vosso sangue; mas depois eu me perdi miseravelmente e muitas vezes, e sempre me subtraístes à morte eterna. Eu sou vosso, salvai-me. Já que agora sou vosso, como espero, não permitais me suceda ainda revoltarme contra vós e perder-me. Estou resolvido a sofrer a morte, e mil mortes, antes que ver-me de novo vosso inimigo e escravo do demônio. Mas conheceis minha fraqueza e as minhas infidelidades passadas: vós haveis de fazer-me invencível aos assaltos do inferno. Sei que nas tentações serei por vós socorrido, sempre que vos invocar; esse é a vossa promessa: Pedi e recebereis. Quem pede, recebe. Mas resta-me um temor: temo que nas minhas necessidades eu deixe de recorrer a vós: isso seria a minha ruína. Eis a graça que vos peço antes de tudo: a força de recorrera vós e de implorar a vossa proteção todas as vezes que eu for tentado; peço-vos ainda o auxílio para vos pedir sempre essa graça; concedei-ma pelos méritos do vosso sangue. E vós, ó Maria, obtende-me essa graça, eu vos conjuro pelo amor que tendes a Jesus Cristo. CONSIDERAÇÃO VI. O VERBO ETERNO DE SEU SE FEZ NOSSO. Parvulus natus est nobis, et Filius datus est nobis. Nasceu-nos um Menino e nos foi dado 57

culda<strong>de</strong>s que ela encontra no caminho da perfeição. Assim se<br />

realiza a bela promessa que Isaías fazia ao mundo, suspirando<br />

pela vida do Salvador: Oxalá romperas tu os céus, e <strong>de</strong>sceras<br />

<strong>de</strong> lá! Os montes se <strong>de</strong>rreteriam diante da tua face. À vinda do<br />

Re<strong>de</strong>ntor, dizia ainda, os caminhos tortuosos serão endireitados,<br />

e os escabrosos aplanados. Os montes são os obstáculos<br />

opostos pelos apetites carnais à perfeição: fortalecidas pelo<br />

Salvador, as almas <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong> o vêem <strong>de</strong>saparecer. Os<br />

caminhos tortuosos e escabrosos são as humilhações e as penas<br />

que os homens acham naturalmente duras e difíceis <strong>de</strong><br />

suportar: tudo isso se lhes torna doce e leve pela graça que<br />

<strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> lhes dá pelo amor divino que Ele ateia em seus<br />

corações. Assim S. João <strong>de</strong> Deus regozijava em passar por<br />

louco e em ser espancado num hospital; assim S. Ludovina<br />

gozava ao ver-se toda coberta <strong>de</strong> chagas e presa ao leito por<br />

vários anos; assim S. Lourenço arrostou o tirano que o fazia<br />

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Assim ainda muitas almas fervorosas acham a paz e a felicida<strong>de</strong>,<br />

não nos prazeres e nas honras do mundo, mas nos sofrimentos<br />

e nas ignomínias.<br />

Ah! peçamos a <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> nos penetre <strong>de</strong>sse fogo divino,<br />

que Ele veio acen<strong>de</strong>r sobre a terra, que assim também nós<br />

não acharemos pena nem dificulda<strong>de</strong> em espezinhar a lama<br />

dos bens do mundo e empreen<strong>de</strong>rmos gran<strong>de</strong>s coisas por<br />

Deus. Quando se ama, não se sofre, diz S. Agostinho. Para<br />

uma alma que ama a Deus não é penoso nem difícil sofrer, o-<br />

rar, mortificar-se, humilhar-se, renunciar aos prazeres terrestres.<br />

Quanto mais trabalha e sofre tanto mais quer trabalhar e<br />

sofrer. As chamas do amor divino, como as chamas do inferno,<br />

diz o Sábio, não dizem jamais: basta. — Nada po<strong>de</strong> saciar o<br />

ardor duma alma que ama a Deus.<br />

É pelas mãos da SS. Virgem, como foi revelado a S. Maria<br />

Madalena <strong>de</strong> Pazzi, que se distribui às almas o amor divino;<br />

peçamos-lhe nos proporcione esse dom precioso. O sábio Idio-<br />

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