Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
às misérias <strong>de</strong>sta vida, o Sábio por excelência tornado criança<br />
sem palavra, o Gran<strong>de</strong> feito pequeno, o Altíssimo tão rebaixado,<br />
o Riquíssimo feito tão pobre, o Todo-po<strong>de</strong>roso feito fraco.<br />
Numa palavra, vejamos a Majesta<strong>de</strong> divina oculta sob a forma<br />
duma criancinha, <strong>de</strong>sprezada e abandonada por todos, fazendo<br />
e sofrendo tudo para se tornar amável aos homens, e peçamos-lhe<br />
a graça <strong>de</strong> sermos admitidos nessa santa solidão; <strong>de</strong>tenhamo-nos<br />
lá, lá fiquemos e <strong>de</strong> lá não saiamos mais. “Ó bela<br />
solidão, exclama S. Jerônimo, na qual Deus fala e conversa<br />
com as almas que ama”, não como um soberano, mas como<br />
um amigo, como um irmão, como um esposo! Oh! que paraíso,<br />
entreter-se a sós com <strong>Jesus</strong> Menino na humil<strong>de</strong> gruta <strong>de</strong> Belém!<br />
Afetos e Súplicas.<br />
Meu caro Salvador, sois o Rei do céu, o Rei dos reis, o Filho<br />
<strong>de</strong> Deus; como pois vos vejo nesse estábulo abandonado<br />
<strong>de</strong> todos? junto <strong>de</strong> vós só vejo José e vossa santa Mãe. Desejo<br />
juntar-me a eles para vos fazer companhia; não me repilais.<br />
Sou indigno disso; mas consi<strong>de</strong>rando-vos parece-me ouvir no<br />
fundo do meu coração uma doce voz que me chama... Sim,<br />
venho a vós, ó querido Infante! <strong>de</strong>ixo tudo para ficar a sós convosco<br />
durante toda a minha vida, ó divino Solitário, único amor<br />
<strong>de</strong> minha alma! Insensato que fui no passado, quando vos a-<br />
bandonei, meu <strong>Jesus</strong>, e vos <strong>de</strong>ixei só, para mendigar das criaturas<br />
prazeres miseráveis e envenenados; mas agora, aclarado<br />
pela vossa graça, não tenho outro <strong>de</strong>sejo senão <strong>de</strong> viver solitário<br />
convosco, que quereis viver solitário neste mundo. Ah!<br />
quem me dará assas como as da pomba, e voarei ao lugar do<br />
meu repouso. Quem me dará a força <strong>de</strong> sair <strong>de</strong>ste mundo, on<strong>de</strong><br />
tantas vezes encontrei a minha ruína, <strong>de</strong> fugir, e <strong>de</strong> ficar<br />
sempre convosco, que sois a alegria do paraíso e o verda<strong>de</strong>iro<br />
amigo da minha alma? Senhor, pren<strong>de</strong>i-me a vossos pés, a fim<br />
198