Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo

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Dormindo orais por mim e me obtendes de vosso Pai celeste o descanso eterno do paraíso. Mas, antes que me introduzais no céu, como espero, para lá repousar convosco, quero que repouseis sempre em minha alma. Ó meu Deus, tenho-vos repelido outrora; mas tanto batestes à porta do meu coração, ora por temores, ora por luzes, ora por apelas chios de ternura, que creio já tenhais entrado nele. Sim, eu o creio, pois sinto uma grande confiança de haver recebido de vós o meu perdão; experimento profundo horror e sincero arrependimento das minhas ofensas contra vós; esse arrependimento me causa grande dor, mas uma dor sem perturbação, uma dor que me consola, e me dá a segurança de ter obtido o meu perdão da vossa bondade. Agradeço-vos, meu Jesus, e vos peço não vos afasteis mais de minha alma. Sei que não saireis dela se eu vos não expulsar; é essa a graça que vos peço e suplico-vos me ajudeis a pedi-la sem cessar: não permitais vos torne a banir do meu coração. Fazei que tudo esqueça para só pensar em vós, que sempre pensastes em mim e na minha felicidade. Fazei não cesse de vos amar nesta vida até que minha alma unida sempre a vós voe aos vossos braços para repousar eternamente em vós sem temor de vos perder. Ó Maria, assisti-me durante a vida, assisti-me na hora da morte a fim de que Jesus repouse sempre em mim e que eu repouse sempre em Jesus. MEDITAÇÃO VII. JESUS CHORA. As lágrimas de Jesus Menino foram bem diferentes das outras crianças que vêm ao mundo: estas, diz S. Bernardo, choram de dor, enquanto que Jesus chorava, não de dor, mas de compaixão e de amor por nós Os prantos são grande sinal 192

de amor; eis por que os judeus, vendo Jesus chorar a morte de Lázaro, diziam entre si: Eis como o amava. Da mesma forma os anjos poderiam dizer, vendo as lágrimas de Jesus Menino: Ecce quomodo amat eos: Vede como nosso Deus ama os homens: por seu amor chega a fazer-se homem, a fazer-se criança e a chorar! Jesus chorava e oferecia suas lágrimas a seu Pai para obter-nos o perdão de nossos pecados: “Suas lágrimas lavavam os meus pecados”, dizia S. Ambrósio. Por seus vagidos e prantos Jesus pedia misericórdia para nós condenados à morte e- terna, e aplacava assim a cólera de seu Pai! Oh! aquelas lágrimas bem sabiam advogar a nossa causa. Quão agradáveis foram elas a Deus! Foi então que o Senhor fez anunciar por seus anjos que fazia a paz com os homens e os recebia em sua graça: Paz na terra aos homens de boa vontade. Jesus chorou de amor, mas chorou também de dor vendo que tantos pecadores apesar de todas as suas lágrimas e de seu sangue derramado até a última gota continuariam a desprezar a sua graça. Ao considerar um Deus menino que chora as nossas faltas, que coração tão bárbaro poderia não chorar com ele, e detestar os pecados que tanto fizeram chorar esse terno Salvador? Ah! em vez de aumentarmos sem cessar a pena desse inocente Menino, apressemo-nos a consolá-lo u- nindo nossas lágrimas às suas. Ofereçamos a Deus os prantos de seu Filho e peçamos-lhe nos perdoe em atenção aos seus méritos. Afetos e Súplicas. Meu amado Menino, enquanto choráveis na gruta de Belém, pensáveis em mim; tínheis diante dos olhos todos os meus pecados, causa das vossas lágrimas. É verdade, meu Jesus, em vez de vos consolar com meu amor e reconhecimento, sabendo quanto sofrestes para salvar-me, aumentei a vossa dor 193

Dormindo orais por mim e me obten<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vosso Pai celeste o<br />

<strong>de</strong>scanso eterno do paraíso. Mas, antes que me introduzais no<br />

céu, como espero, para lá repousar convosco, quero que repouseis<br />

sempre em minha alma. Ó meu Deus, tenho-vos repelido<br />

outrora; mas tanto batestes à porta do meu coração, ora<br />

por temores, ora por luzes, ora por apelas chios <strong>de</strong> ternura, que<br />

creio já tenhais entrado nele. Sim, eu o creio, pois sinto uma<br />

gran<strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> haver recebido <strong>de</strong> vós o meu perdão; experimento<br />

profundo horror e sincero arrependimento das minhas<br />

ofensas contra vós; esse arrependimento me causa gran<strong>de</strong><br />

dor, mas uma dor sem perturbação, uma dor que me consola,<br />

e me dá a segurança <strong>de</strong> ter obtido o meu perdão da vossa<br />

bonda<strong>de</strong>. Agra<strong>de</strong>ço-vos, meu <strong>Jesus</strong>, e vos peço não vos afasteis<br />

mais <strong>de</strong> minha alma. Sei que não saireis <strong>de</strong>la se eu vos<br />

não expulsar; é essa a graça que vos peço e suplico-vos me<br />

aju<strong>de</strong>is a pedi-la sem cessar: não permitais vos torne a banir do<br />

meu coração. Fazei que tudo esqueça para só pensar em vós,<br />

que sempre pensastes em mim e na minha felicida<strong>de</strong>. Fazei<br />

não cesse <strong>de</strong> vos amar nesta vida até que minha alma unida<br />

sempre a vós voe aos vossos braços para repousar eternamente<br />

em vós sem temor <strong>de</strong> vos per<strong>de</strong>r.<br />

Ó Maria, assisti-me durante a vida, assisti-me na hora da<br />

morte a fim <strong>de</strong> que <strong>Jesus</strong> repouse sempre em mim e que eu<br />

repouse sempre em <strong>Jesus</strong>.<br />

MEDITAÇÃO VII.<br />

JESUS CHORA.<br />

As lágrimas <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> Menino foram bem diferentes das<br />

outras crianças que vêm ao mundo: estas, diz S. Bernardo,<br />

choram <strong>de</strong> dor, enquanto que <strong>Jesus</strong> chorava, não <strong>de</strong> dor, mas<br />

<strong>de</strong> compaixão e <strong>de</strong> amor por nós Os prantos são gran<strong>de</strong> sinal<br />

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