Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo

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coração; entrai, pois, ó Jesus, mas entrai para não mais sair. Sei que vós não vos afastareis jamais, se eu vos não tonar a expulsar; mas é isso que temo; e é essa a graça que vos peço e espero pedir-vos sempre, de antes morrer do que tornar-me culpado dessa nova e extrema ingratidão. Meu caro Redentor, as ofensas que vos fiz, tornaram-me indigno de vos amar; mas peço-vos pelos vossos méritos me concedais o dom do vosso santo amor. Para isso fazei-me conhecer o grande bem que sois, o amor que me tendes, e tudo quanto fizestes para me obrigar a amar-vos. Ah! meu Deus e meu Salvador, não me deixeis viver mais na ingratidão para com tão grande bondade. Não quero mais abandonar-vos, meu Jesus. Muito vos tenho ofendido; é justo que empregue o resto da minha vida em a- mar-vos e agradar-vos. Meu Jesus! meu Jesus! ajudai-me; ajudai um pecador que deseja amar-vos. Ó Maria, minha Mãe, podeis tudo junto de Jesus, porque sois sua Mãe; dizei-lhe que me perdoe; dizei-lhe que me prenda com seu santo amor. Vós sois a minha esperança, em vós confio. MEDITAÇÃO II. Et Verbum caro factum est. E o Verbo se fez carne (Jo 1,14). O Senhor mandou S. Agostinho escrever no coração de S. Maria Madalena de Pazzi estas palavras: O Verbo se fez carne. Ah! peçamos também ao Senhor ilumine o nosso espírito e nos faça compreender por que excesso e prodígio de amor o Verbo eterno, o Filho de Deus, se fez homem por amor de nós! A Santa Igreja fica como que atônita ao contemplar esse grande mistério: Considerai as vossas obras, exclama ela com o profeta, e fiquei estupefata. Se Deus houvesse criado mil ou- 120

tros mundos, mil vezes maiores e mais belos que este, essa obra seria certamente infinitamente menor do que a Encarnação do Verbo. Ele manifestou o poder de seu braço. Na obra da Encarnação foi necessária a onipotência e a sabedoria infinita dum Deus, para fazer que a natureza humana se unisse a uma pessoa divina, e que uma pessoa divina se humilhasse até tomar a natureza humana. Assim, Deus fez-se homem, e o homem tornou-se Deus; e estando a divindade do Verbo unida à alma e ao corpo de Jesus Cristo, todas as ações desse Homem-Deus foram divinas; divinas foram suas preces, divinos os seus sofrimentos, divinos seus vagidos, divinas as suas lágrimas, divinos os seus passos, divinos os seus membros, divino o seu sangue, esse sangue do qual queria fazer um banho de salvação para nos purificar de todos os nossos pecados, e um sacrifício de valor infinito para aplacar a justiça do Pai irritado com os homens. E que são esses homens? Criaturas miseráveis, ingratas, rebeldes. E para salvar esses indignos, um Deus se faz homem, sujeita-se às misérias humanas! Ele sofre, morre! Humilhou-se, fazendo-se obediente até à morte, até a morte da cruz. Ó santa fé! Se a fé não no-lo garantisse, quem poderia jamais acreditar que um Deus de infinita majestade se humilhou ao ponto de tornar-se um verme da terra como nós, para nos salvar a custo de tantas penas e ignomínias, a custo duma morte tão cruel e vergonhosa? Ó graça! ó poder do amor! exclama S. Bernardo. Ó graça que homem algum jamais poderia imaginar, se Deus mesmo não pensasse em no-la fazer! Ó amor divino, que ninguém jamais poderia compreender! Ó misericórdia! ó caridade infinita, que só podem nascer duma bondade infinita! 121

tros mundos, mil vezes maiores e mais belos que este, essa<br />

obra seria certamente infinitamente menor do que a <strong>Encarnação</strong><br />

do Verbo. Ele manifestou o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> seu braço. Na obra da<br />

<strong>Encarnação</strong> foi necessária a onipotência e a sabedoria infinita<br />

dum Deus, para fazer que a natureza humana se unisse a uma<br />

pessoa divina, e que uma pessoa divina se humilhasse até tomar<br />

a natureza humana. Assim, Deus fez-se homem, e o homem<br />

tornou-se Deus; e estando a divinda<strong>de</strong> do Verbo unida à<br />

alma e ao corpo <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>, todas as ações <strong>de</strong>sse Homem-Deus<br />

foram divinas; divinas foram suas preces, divinos os<br />

seus sofrimentos, divinos seus vagidos, divinas as suas lágrimas,<br />

divinos os seus passos, divinos os seus membros, divino<br />

o seu sangue, esse sangue do qual queria fazer um banho <strong>de</strong><br />

salvação para nos purificar <strong>de</strong> todos os nossos pecados, e um<br />

sacrifício <strong>de</strong> valor infinito para aplacar a justiça do Pai irritado<br />

com os homens.<br />

E que são esses homens? Criaturas miseráveis, ingratas,<br />

rebel<strong>de</strong>s. E para salvar esses indignos, um Deus se faz homem,<br />

sujeita-se às misérias humanas! Ele sofre, morre! Humilhou-se,<br />

fazendo-se obediente até à morte, até a morte da cruz.<br />

Ó santa fé! Se a fé não no-lo garantisse, quem po<strong>de</strong>ria jamais<br />

acreditar que um Deus <strong>de</strong> infinita majesta<strong>de</strong> se humilhou ao<br />

ponto <strong>de</strong> tornar-se um verme da terra como nós, para nos salvar<br />

a custo <strong>de</strong> tantas penas e ignomínias, a custo duma morte<br />

tão cruel e vergonhosa?<br />

Ó graça! ó po<strong>de</strong>r do amor! exclama S. Bernardo. Ó graça<br />

que homem algum jamais po<strong>de</strong>ria imaginar, se Deus mesmo<br />

não pensasse em no-la fazer! Ó amor divino, que ninguém jamais<br />

po<strong>de</strong>ria compreen<strong>de</strong>r! Ó misericórdia! ó carida<strong>de</strong> infinita,<br />

que só po<strong>de</strong>m nascer duma bonda<strong>de</strong> infinita!<br />

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