Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo
E agora Maria convida todos os homens, nobres e plebeus, ricos e pobres, santos e pecadores, a entrarem na gruta de Belém, a adorarem seu divino Filho e a lhe beijarem os pés. — Entrai, pois, almas cristãs, vinde ver sobre a palha o Criador do céu e da terra sob a forma duma criancinha, dum menino resplandecente de beleza e de brilhante luz. Agora que Ele nasceu na gruta e que está reclinado sobre palha, esse lugar já nada tem de repelente, mas tornou-se um paraíso. Entremos e não temamos. Jesus nasceu para todos, para quem o deseja. Eu sou, diz Ele nos Cânticos, eu sou a flor dos campos e o lírio dos vales. Ele se diz Lírio dos vales, para nos dar e entender que, tendo Ele nascido tão pobre, só os humildes o podem achar. Eis porque o anjo não anunciou o seu nascimento a César ou a Herodes, mas a pobres e humildes pastores. De resto, segundo o comentário do Cardeal Hugo, Ele se diz Flor dos campos, porque é acessível a todos. As flores dos jardins são reservadas s seu dono; não é permitido a todos colhê-las nem mesmo vêlas; os muros que as cercam, a isso se opõem. As flores dos campos, ao contrário, são expostas à vista de todos os transeuntes, e cada um as pobre colher: assim Jesus quis estar ao alcance de todos que o desejam achar. Entremos; a porta está aberta e, acrescenta S. João Crisóstomo, “não há guarda para dizer: Não é hora”. Os reis da terra fecham-se em seus palácios, e esses palácios são rodeados de soldados; não é fácil chegar-se a eles: quem lhes quer falar tem de suportar aborrecimentos: Venha em outra ocasião, agora não há audiência. Jesus Cristo não é assim: fica naquela gruta, e sob a forma duma criança para atrair docemente todos os que se apresentam; a gruta está aberta, sem guardas e sem portas, de sorte que cada um pode entrar à vontade e III. 104
em qualquer tempo para ver esse Rei-menino, falar-lhe e até abraçá-lo, se o ama e deseja. Entrai, pois, almas cristãs, vinde ver no presépio sobre palhas esse tenro Menino que chora. Vêde como é belo; vêde que luz irradia, que amor respira; seus olhos enviam setas de fogo aos corações que o desejam; seus vagidos são chamas para toda a alma que o ama; “o estábulo e o presépio, diz S. Bernardo, vos clamam que ameis aquele que tanto vos amou”. Amai um Deus que é digno de amor infinito e que desceu dos céus, se fez menino, se fez pobre, para vos mostrar seu amor e ganhar o vosso por seus sofrimentos. Se lhe perguntardes: Ah! Menino encantador! dizei-me, de quem sois Filho? — Ele responderá: “Minha Mãe é essa Virgem toda bela e toda pura que está perto de mim. — E quem é o vosso Pai? — Meu Pai é Deus. — E como! vós sois o Filho de Deus, e nasceis em tanta pobreza e humilhação? quem poderá jamais reconhecer-vos? que caso farão de vós? — Não, responde Jesus, a santa fé me fará conhecer pelo que sou, e me fará amar pelas almas que vim resgatar da morte e inflamar de amor. Não vim para ser temido, mas amado; e se é como criança pobre e humilde que me mostro aos vossos olhos pela primeira vez, é para que me ameis mais, vendo a que humilhação me reduziu o amor que vos tenho. — Mas, dizei-me, amável Menino, porque girais assim os vossos olhos ao redor de vós? que estão olhando? Ouço-vos suspirar! dizei-me: porque suspirais? Ó Deus, vejo-vos chorar! dizei-me: porque chorais? — Ah! me responde Jesus, olho ao redor de mim, para ver se encontro uma alma que me deseje. Suspiro, porque quisera ver ao meu lado um coração ardente de amor por mim, como eu ardo de amor por ele. Choro, sim, e eis porque choro: porque não vejo, ou vejo bem poucas almas e corações que me procuram e que me querem amar! 105
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em qualquer tempo para ver esse Rei-menino, falar-lhe e até<br />
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Entrai, pois, almas cristãs, vin<strong>de</strong> ver no presépio sobre palhas<br />
esse tenro Menino que chora. Vê<strong>de</strong> como é belo; vê<strong>de</strong> que<br />
luz irradia, que amor respira; seus olhos enviam setas <strong>de</strong> fogo<br />
aos corações que o <strong>de</strong>sejam; seus vagidos são chamas para<br />
toda a alma que o ama; “o estábulo e o presépio, diz S. Bernardo,<br />
vos clamam que ameis aquele que tanto vos amou”.<br />
Amai um Deus que é digno <strong>de</strong> amor infinito e que <strong>de</strong>sceu dos<br />
céus, se fez menino, se fez pobre, para vos mostrar seu amor e<br />
ganhar o vosso por seus sofrimentos.<br />
Se lhe perguntar<strong>de</strong>s: Ah! Menino encantador! dizei-me, <strong>de</strong><br />
quem sois Filho? — Ele respon<strong>de</strong>rá: “Minha Mãe é essa Virgem<br />
toda bela e toda pura que está perto <strong>de</strong> mim. — E quem é<br />
o vosso Pai? — Meu Pai é Deus. — E como! vós sois o Filho<br />
<strong>de</strong> Deus, e nasceis em tanta pobreza e humilhação? quem po<strong>de</strong>rá<br />
jamais reconhecer-vos? que caso farão <strong>de</strong> vós? — Não,<br />
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me fará amar pelas almas que vim resgatar da morte e inflamar<br />
<strong>de</strong> amor. Não vim para ser temido, mas amado; e se é como<br />
criança pobre e humil<strong>de</strong> que me mostro aos vossos olhos pela<br />
primeira vez, é para que me ameis mais, vendo a que humilhação<br />
me reduziu o amor que vos tenho. — Mas, dizei-me, amável<br />
Menino, porque girais assim os vossos olhos ao redor <strong>de</strong><br />
vós? que estão olhando? Ouço-vos suspirar! dizei-me: porque<br />
suspirais? Ó Deus, vejo-vos chorar! dizei-me: porque chorais?<br />
— Ah! me respon<strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, olho ao redor <strong>de</strong> mim, para ver se<br />
encontro uma alma que me <strong>de</strong>seje. Suspiro, porque quisera ver<br />
ao meu lado um coração ar<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> amor por mim, como eu<br />
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não vejo, ou vejo bem poucas almas e corações que me procuram<br />
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