antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

adilio.mouracosta
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13.08.2023 Views

ser muito úteis para indivíduos que sofrem de depressão e ansiedade. Quando umpaciente não responder a medicamentos, a principal reação do psiquiatra talvez sejaaumentar a dose ou acrescentar outro medicamento, pois é para isso que ele foitreinado. E quando um paciente queixar-se de um efeito colateral adverso, talvez opsiquiatra decida acrescentar algum outro remédio como antídoto ‒ pois é para issoque ele foi treinado. O resultado em alguns casos é o de que o paciente acaba tomandocada vez mais remédios, em doses cada vez maiores ‒ sem qualquer benefícioreal. É quando a polifarmácia pode ficar fora de controle.Quando eu era residente de psiquiatria, costumava acreditar que, se conseguisseencontrar a “fórmula mágica” (em outras palavras, o comprimido certo), poderiaajudar todos os pacientes. Naquele tempo, tratávamos os nossos pacientes comum comprimido atrás do outro, mas com pouquíssima psicoterapia. Minha experiênciaclínica ensinou-me várias vezes que esse modelo não era o bastante ‒ muitospacientes meus simplesmente não se recuperavam, não importava quantos remédioseu usasse, isoladamente ou em combinações.Para piorar as coisas, a maioria dos psiquiatras não exige que os pacientes façamteste de humor, como o do Capítulo II, entre as sessões de terapia para acompanhar oprogresso. Consequentemente, o psiquiatra pode concluir que o paciente está sendo“ajudado” por um remédio quando, na verdade, o paciente não apresentou nenhumamelhora significativa. No meu modo de pensar, tratar pacientes sem avaliaçõesa cada sessão é anticientífico e constitui um obstáculo a um bom tratamento e aoprogresso na área.Alguns psiquiatras e muitos pacientes estão concentrados quase exclusivamentenessas teorias biológicas e tratamentos para depressão. Eles podem ignorar o valorde outras abordagens, às vezes com um fervor religioso. Vários psiquiatras renomadossão muito francos a esse respeito. Às vezes a intensidade desses debates emtorno da comparação entre a psicoterapia e a terapia medicamentosa lembra maisuma disputa de poder por controle territorial do que uma busca intelectual pelaverdade. Felizmente, existe uma tendência crescente e saudável a se reconhecer quetodas as nossas drogas psiquiátricas atuais têm uma eficácia limitada. Além disso, háum reconhecimento cada vez maior de que a combinação de medicamentos com asformas mais modernas de psicoterapia (como a terapia cognitiva comportamentale outras) geralmente oferece um resultado mais satisfatório do que o tratamentoapenas com remédios.Está claro que os antidepressivos podem ajudar algumas pessoas, mas tambémestá evidente que muitos pacientes não respondem adequadamente. Quando os pacientesnão responderem, eu prefiro mudar o esquema e usar a terapia cognitiva, ouuma combinação de terapia cognitiva com um medicamento antidepressivo por vez.

A maioria das pessoas com depressão tem problemas concretos na vida, e quase todosnós precisamos de uma relação compreensiva e curadora com outro ser humanopara colocar tudo isso para fora de vez em quando. A ideia de que os medicamentospodem curar sozinhos a depressão e a ansiedade pode ser muito atraente, mas essaabordagem muitas vezes não funciona.Para ser justo, concentrar-se exclusivamente na psicoterapia apenas pode serigualmente tendencioso. Já vi pacientes que não respondiam a várias intervençõespsicoterapêuticas que eu mesmo administrava ‒ semana após semana, sua pontuaçãono teste de depressão do Capítulo II não se alterava. Às vezes prescrevia um antidepressivoenquanto continuávamos aplicando uma série de estratégias psicoterapêuticas.Em algumas semanas, muitas vezes a depressão e a ansiedade começavam amelhorar, e de repente a psicoterapia passava a dar mais resultado. Nesses casos, euficava feliz por ter os medicamentos à disposição.Um último problema que contribui para a polifarmácia é que muitos pacientesnão fazem valer o seu ponto de vista. Embora sintam-se incomodados com a quantidadede remédios que estão tomando, eles podem achar às vezes que “o médicosabe o que é melhor”. Isso é compreensível. O médico tem uma longa formação,e o conhecimento do paciente geralmente é limitado. Além disso, muitas vezes opaciente admira o médico e respeita os seus conselhos. Mas em psiquiatria e psicologia,as abordagens terapêuticas são bem mais subjetivas e variadas do que namedicina interna, cujos tratamentos são bem mais precisos e uniformes. Os seussentimentos em relação ao tratamento são importantes, e você tem todo o direito decompartilhá-los com o seu médico.Evidentemente, essa revisão das práticas de prescrição de medicamentos representaa minha própria abordagem. As ideias do seu médico podem ser diferentes.A psiquiatria ainda é uma mistura de ciência e arte. Talvez algum dia a “arte” nãoseja mais um componente tão importante. Se você se sente inseguro quanto ao seutratamento, faça perguntas ao seu médico. Exponha suas preocupações e insista paraque ele que explique o tratamento de uma forma simples, que você consiga compreender.Afinal, são o seu cérebro e o seu corpo que estão em risco, e não os domédico. O senso de colaboração e trabalho em equipe é importante para o sucessodo tratamento. Se vocês dois chegarem a um acordo quanto a uma estratégia racional,compreensível e que possa ser aceita pelas duas partes quanto ao seu tratamento,você terá uma excelente chance de se beneficiar dos esforços feitos pelo seu médicopara ajudá-lo.

A maioria das pessoas com depressão tem problemas concretos na vida, e quase todos

nós precisamos de uma relação compreensiva e curadora com outro ser humano

para colocar tudo isso para fora de vez em quando. A ideia de que os medicamentos

podem curar sozinhos a depressão e a ansiedade pode ser muito atraente, mas essa

abordagem muitas vezes não funciona.

Para ser justo, concentrar-se exclusivamente na psicoterapia apenas pode ser

igualmente tendencioso. Já vi pacientes que não respondiam a várias intervenções

psicoterapêuticas que eu mesmo administrava ‒ semana após semana, sua pontuação

no teste de depressão do Capítulo II não se alterava. Às vezes prescrevia um antidepressivo

enquanto continuávamos aplicando uma série de estratégias psicoterapêuticas.

Em algumas semanas, muitas vezes a depressão e a ansiedade começavam a

melhorar, e de repente a psicoterapia passava a dar mais resultado. Nesses casos, eu

ficava feliz por ter os medicamentos à disposição.

Um último problema que contribui para a polifarmácia é que muitos pacientes

não fazem valer o seu ponto de vista. Embora sintam-se incomodados com a quantidade

de remédios que estão tomando, eles podem achar às vezes que “o médico

sabe o que é melhor”. Isso é compreensível. O médico tem uma longa formação,

e o conhecimento do paciente geralmente é limitado. Além disso, muitas vezes o

paciente admira o médico e respeita os seus conselhos. Mas em psiquiatria e psicologia,

as abordagens terapêuticas são bem mais subjetivas e variadas do que na

medicina interna, cujos tratamentos são bem mais precisos e uniformes. Os seus

sentimentos em relação ao tratamento são importantes, e você tem todo o direito de

compartilhá-los com o seu médico.

Evidentemente, essa revisão das práticas de prescrição de medicamentos representa

a minha própria abordagem. As ideias do seu médico podem ser diferentes.

A psiquiatria ainda é uma mistura de ciência e arte. Talvez algum dia a “arte” não

seja mais um componente tão importante. Se você se sente inseguro quanto ao seu

tratamento, faça perguntas ao seu médico. Exponha suas preocupações e insista para

que ele que explique o tratamento de uma forma simples, que você consiga compreender.

Afinal, são o seu cérebro e o seu corpo que estão em risco, e não os do

médico. O senso de colaboração e trabalho em equipe é importante para o sucesso

do tratamento. Se vocês dois chegarem a um acordo quanto a uma estratégia racional,

compreensível e que possa ser aceita pelas duas partes quanto ao seu tratamento,

você terá uma excelente chance de se beneficiar dos esforços feitos pelo seu médico

para ajudá-lo.

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