antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

adilio.mouracosta
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13.08.2023 Views

mais propensos a apresentar delírios paranoicos. Pacientes deprimidos que ficamextremamente agitados e não conseguem parar quietos às vezes também se beneficiamdos agentes antipsicóticos. Entretanto, os tranquilizantes maiores também podefazer a depressão piorar por causa de sua tendência a provocar sonolência e fadiga.Além disso, ao contrário da maioria dos antidepressivos, muitos medicamentosantipsicóticos acarretam o risco de um efeito colateral irreversível chamado discinesiatardia. A discinesia tardia é uma alteração do rosto, dos lábios e da língua; elaenvolve movimentos involuntários repetitivos como estalar os lábios sem parar oufazer caretas. Os movimentos anormais às vezes podem incluir os braços, as pernase o tronco. Os tranquilizantes maiores também podem provocar uma série de outrosefeitos colaterais alarmantes, mas reversíveis. Portanto, esses remédios só devem serusados quando forem visivelmente necessários e seus potenciais benefícios ultrapassaremos potenciais riscos.POLIFARMÁCIAA polifarmácia refere-se à prática de prescrever mais de um remédio psiquiátricoao mesmo tempo a um determinado paciente. A ideia é a de que, se um remédioé bom, dois, três ou mais serão ainda melhores. Os médicos podem combinar ummedicamento antidepressivo com outros tipos de antidepressivos e também outrostipos de medicamentos, como tranquilizantes menores e maiores. O paciente acabatomando um coquetel formado por vários tipos de remédios diferentes.A polifarmácia costumava ser vista com maus olhos. Hoje em dia, a prática temsido mais aceita, e muitos psiquiatras prescrevem sistematicamente dois ou mais remédiospara muitos de seus pacientes psiquiátricos. Por outro lado, se a sua depressãoestiver sendo tratada pelo médico da família, é bem menos provável que ele prescrevamais de um medicamento psiquiátrico por vez. Isso porque os clínicos geraiscostumam se preocupar mais com os seus problemas de saúde e ser bem menosagressivos no tratamento de problemas emocionais.Em alguns casos, a polifarmácia pode ser útil no tratamento dos transtornos dehumor. Por exemplo, eu descrevi várias estratégias de potencialização que podemaumentar a eficácia de um antidepressivo. Também já descrevi como o uso eventualde um segundo medicamento pode combater um efeito colateral. A polifarmáciaracional também pode ser útil quando um paciente apresenta diferentes transtornosque exigem tratamento. Por exemplo, um paciente com esquizofrenia também podeficar deprimido e se beneficiar da combinação de um medicamento antipsicóticocom um antidepressivo. Um paciente bipolar (maníaco-depressivo) pode ser tratadocom um antidepressivo acrescentado ao lítio durante um episódio de depres­

são. Durante um episódio maníaco, o médico pode receitar um neuroléptico ou umbenzodiazepínico além do lítio para combater os sintomas agudos, como descritoanteriormente.Embora existam casos específicos como esses em que a combinação dos medicamentosé indicada, geralmente não sou a favor da polifarmácia no tratamentoda depressão ou da ansiedade por causa do aumento dos efeitos colaterais, das interaçõesmedicamentosas e do custo. Além disso, a polifarmácia tende a transmitira mensagem de que todos os problemas do pacientes podem ser resolvidos com remédios.Ele pode tomar um ou dois remédios para depressão, mais um ou dois paracombater os efeitos colaterais dos antidepressivos, outro para tratar a ansiedade eassim por diante. E se o paciente ficar com raiva, ainda pode tomar outro remédio,como um estabilizador do humor, para cuidar da raiva.O paciente pode acabar ficando com um papel muito passivo, uma espécie detubo de ensaio humano. Você pode achar que estou exagerando, mas já vi inúmerospacientes que ficaram exatamente assim. Eles estavam tomando uma porção deremédios com um monte de efeitos colaterais, mas obtinham pouquíssimos benefícioscom isso. Eu tive bons resultados no tratamento desses pacientes por meiode terapia cognitiva sem o uso de remédios, ou de terapia cognitiva com apenasum antidepressivo.Acredito que alguns psiquiatras recorrem demais aos medicamentos. Por queisso acontece? Um dos problemas é que a maioria dos programas de treinamentopsiquiátrico dá muita ênfase a teorias biológicas sobre depressão e acentua a importânciado tratamento medicamentoso para depressão e outros transtornos. Alémdisso, muitos programas de educação continuada para psiquiatras em atividade sãopatrocinados por laboratórios farmacêuticos, e o foco dessas palestras concentra-sequase sempre nos medicamentos. As publicações científicas sobre psiquiatria tambémestão cheias de anúncios caros de laboratórios farmacêuticos promovendo osbenefícios dos últimos remédios contra depressão ou ansiedade, mas nunca vi umanúncio promovendo a mais recente técnica psicoterapêutica. É que simplesmentenão há dinheiro para pagar um anúncio desses! Os laboratórios também financiamboa parte das pesquisas sobre medicamentos que aparecem nas revistas científicas, ejá se questionou o potencial conflito de interesses inerente a esses acordos.Não estou querendo fazer demagogia! Essa não é uma questão inequívoca. Semdúvida, as excelentes pesquisas conduzidas pela indústria farmacêutica trouxeramenormes benefícios à profissão psiquiátrica e às pessoas que sofrem de transtornospsiquiátricos. O que me preocupa é que a ênfase nos remédios às vezes me pareceexagerada. Infelizmente, alguns psiquiatras não têm um bom treinamento nasformas mais modernas de psicoterapia, entre elas a terapia cognitiva, que podem

mais propensos a apresentar delírios paranoicos. Pacientes deprimidos que ficam

extremamente agitados e não conseguem parar quietos às vezes também se beneficiam

dos agentes antipsicóticos. Entretanto, os tranquilizantes maiores também pode

fazer a depressão piorar por causa de sua tendência a provocar sonolência e fadiga.

Além disso, ao contrário da maioria dos antidepressivos, muitos medicamentos

antipsicóticos acarretam o risco de um efeito colateral irreversível chamado discinesia

tardia. A discinesia tardia é uma alteração do rosto, dos lábios e da língua; ela

envolve movimentos involuntários repetitivos como estalar os lábios sem parar ou

fazer caretas. Os movimentos anormais às vezes podem incluir os braços, as pernas

e o tronco. Os tranquilizantes maiores também podem provocar uma série de outros

efeitos colaterais alarmantes, mas reversíveis. Portanto, esses remédios só devem ser

usados quando forem visivelmente necessários e seus potenciais benefícios ultrapassarem

os potenciais riscos.

POLIFARMÁCIA

A polifarmácia refere-se à prática de prescrever mais de um remédio psiquiátrico

ao mesmo tempo a um determinado paciente. A ideia é a de que, se um remédio

é bom, dois, três ou mais serão ainda melhores. Os médicos podem combinar um

medicamento antidepressivo com outros tipos de antidepressivos e também outros

tipos de medicamentos, como tranquilizantes menores e maiores. O paciente acaba

tomando um coquetel formado por vários tipos de remédios diferentes.

A polifarmácia costumava ser vista com maus olhos. Hoje em dia, a prática tem

sido mais aceita, e muitos psiquiatras prescrevem sistematicamente dois ou mais remédios

para muitos de seus pacientes psiquiátricos. Por outro lado, se a sua depressão

estiver sendo tratada pelo médico da família, é bem menos provável que ele prescreva

mais de um medicamento psiquiátrico por vez. Isso porque os clínicos gerais

costumam se preocupar mais com os seus problemas de saúde e ser bem menos

agressivos no tratamento de problemas emocionais.

Em alguns casos, a polifarmácia pode ser útil no tratamento dos transtornos de

humor. Por exemplo, eu descrevi várias estratégias de potencialização que podem

aumentar a eficácia de um antidepressivo. Também já descrevi como o uso eventual

de um segundo medicamento pode combater um efeito colateral. A polifarmácia

racional também pode ser útil quando um paciente apresenta diferentes transtornos

que exigem tratamento. Por exemplo, um paciente com esquizofrenia também pode

ficar deprimido e se beneficiar da combinação de um medicamento antipsicótico

com um antidepressivo. Um paciente bipolar (maníaco-depressivo) pode ser tratado

com um antidepressivo acrescentado ao lítio durante um episódio de depres­

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