antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

adilio.mouracosta
from adilio.mouracosta More from this publisher
13.08.2023 Views

INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃODE SEROTONINA (ISRSs)Hoje em dia, os antidepressivos mais populares são os inibidores seletivos darecaptação de serotonina, ou ISRSs. Atualmente, seis ISRSs são prescritos nos EstadosUnidos. Entre eles estão o citalopram (Cipramil), o ISRS mais recente, que foilançado nos EUA em 1998; a fluoxetina (Prozac) o primeiro ISRS, que foi lançadoem 1988; a fluvoxamina (Luvox); a paroxetina (Aropax); e a sertralina (Zoloft). Osefeitos desses ISRSs no cérebro são bem mais específicos e seletivos que os dos remédiostricíclicos e tetracíclicos mais antigos discutidos antes. Em vez de interagircom vários sistemas cerebrais diferentes, essas drogas têm efeitos seletivos sobre osneurônios que usam a serotonina como substância transmissora.Quando ele surgiu no mercado, houve grande entusiasmo em relação ao Prozacporque, quimicamente, ele era bem diferente dos antidepressivos mais antigos. Aocontrário dos remédios tricíclicos e tetracíclicos, ele tem efeitos específicos sobreos neurônios serotoninérgicos do cérebro. Como foi levantada a hipótese de queuma deficiência de serotonina pudesse ser a causa da depressão, esperava-se que oProzac fosse radicalmente mais eficaz do que as drogas tricíclicas e tetracíclicas, quepareciam afetar tantos sistemas cerebrais diferentes de maneira menos específica.Esperava-se também que o Prozac (e os demais ISRSs) tivessem menos efeitos colateraisdo que os remédios tricíclicos e tetracíclicos. É que o Prozac não tem efeitos tãofortes sobre os receptores histamínicos, alfa-adrenérgicos e muscarínicos.Apenas uma dessas expectativas foi atingida. O Prozac e os outros quatro ISRSsproduzem bem menos efeitos colaterais do que os antidepressivos tricíclicos e tetracíclicose são mais agradáveis de serem tomados. Por exemplo, eles têm menorprobabilidade de causar sonolência, ganho de peso, boca seca, tontura etc. Tambémsão bem mais seguros, por serem menos propensos a ter efeitos adversos sobre ocoração e terem uma probabilidade bem menor de levar à morte se um pacientetomar uma dose excessiva, intencionalmente ou não. Os bioquímicos que criaramessas novas drogas merecem crédito por isso.Infelizmente, os ISRSs não são mais eficazes que os remédios mais antigos. Cercade 60% a 70% dos pacientes deprimidos melhoram ao serem tratados com ISRSs,e esses percentuais não são melhores do que os dos remédios mais antigos. Entre ospacientes com depressão crônica, a probabilidade de resposta parece ser menor.Os ISRSs também parecem ser ligeiramente menos eficazes que os antidepressivostricíclicos mais antigos para os pacientes com depressão mais grave. Além disso,muitas vezes a melhora é apenas parcial ‒ o paciente pode ficar menos deprimido,

mas não recuperar totalmente sua autoestima e alegria cotidiana. Esse é um problemade todos os antidepressivos, e não só dos ISRSs. Embora não sejam mais eficazes,os ISRSs são drasticamente mais caros que os remédios mais antigos. Além disso,apresentam alguns efeitos colaterais novos e diferentes, descritos a seguir, que nãoforam divulgados na época do seu lançamento.Por causa de seu histórico favorável em termos de segurança e por terem menosefeitos colaterais, os ISRSs realmente conquistaram o mercado de antidepressivos.Gastou-se mais dinheiro com Prozac em 1995 (2,5 bilhões de dólares) do que segastou com todos os antidepressivos em 1991 (2 bilhões de dólares). Uma das razõespara sua grande popularidade vem do fato de que agora os clínicos gerais sentem-seà vontade para prescrever antidepressivos, uma vez que os ISRSs serão tão seguros.Por conseguinte, muitos pacientes deprimidos que não pensariam em procurar umpsiquiatra ou psicólogo são tratados com ISRSs pelo médico da família.Por serem tão consumidos e receberem tanta atenção da mídia, muitas pessoasacreditam que os ISRSs são incrivelmente poderosos e têm um efeito quase milagroso.Mas não se trata disso, como observado antes. Para algumas pessoas deprimidas,os ISRSs podem ser muito eficazes. Para muitas outras, eles têm uma eficácia apenaslimitada. E muitas vezes parecem não ter nenhum efeito antidepressivo. É o mesmocaso de todos os antidepressivos disponíveis atualmente ‒ são ferramentas valiosaspara combater a depressão, porém muitas vezes não resolvem totalmente o problemae, com certeza, não podem curar todos os males que o afligem.O fato de os ISRSs não serem mais eficazes do que os remédios mais antigos fezque os cientistas reconsiderassem a legitimidade da teoria “serotoninérgica” da depressãodescrita no Capítulo XVII. Você deve se recordar que, segundo essa teoria, adepressão é causada por uma deficiência de serotonina no cérebro, e um aumento daserotonina deveria revertê-la. Se essa teoria tivesse fundamento, os ISRSs deveriamfazer os pacientes deprimidos se livrarem da depressão quase imediatamente ‒ maso Prozac pode levar cerca de cinco a oito semanas para fazer efeito. Seja qual for acausa da depressão, ou a razão pela qual os antidepressivos funcionam, os ISRSs jáforam úteis para muitos indivíduos deprimidos.DOSAGEM DOS ISRSsA dosagem dos cinco ISRSs é mostrada no Quadro 59, p. 422. Ao contráriodos antidepressivos mais antigos, que muitas vezes são prescritos em doses baixasdemais, os ISRSs costumam ser prescritos em doses desnecessariamente altas. Pelofato de terem tão poucos efeitos colaterais, os médicos sentem-se à vontade para

INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO

DE SEROTONINA (ISRSs)

Hoje em dia, os antidepressivos mais populares são os inibidores seletivos da

recaptação de serotonina, ou ISRSs. Atualmente, seis ISRSs são prescritos nos Estados

Unidos. Entre eles estão o citalopram (Cipramil), o ISRS mais recente, que foi

lançado nos EUA em 1998; a fluoxetina (Prozac) o primeiro ISRS, que foi lançado

em 1988; a fluvoxamina (Luvox); a paroxetina (Aropax); e a sertralina (Zoloft). Os

efeitos desses ISRSs no cérebro são bem mais específicos e seletivos que os dos remédios

tricíclicos e tetracíclicos mais antigos discutidos antes. Em vez de interagir

com vários sistemas cerebrais diferentes, essas drogas têm efeitos seletivos sobre os

neurônios que usam a serotonina como substância transmissora.

Quando ele surgiu no mercado, houve grande entusiasmo em relação ao Prozac

porque, quimicamente, ele era bem diferente dos antidepressivos mais antigos. Ao

contrário dos remédios tricíclicos e tetracíclicos, ele tem efeitos específicos sobre

os neurônios serotoninérgicos do cérebro. Como foi levantada a hipótese de que

uma deficiência de serotonina pudesse ser a causa da depressão, esperava-se que o

Prozac fosse radicalmente mais eficaz do que as drogas tricíclicas e tetracíclicas, que

pareciam afetar tantos sistemas cerebrais diferentes de maneira menos específica.

Esperava-se também que o Prozac (e os demais ISRSs) tivessem menos efeitos colaterais

do que os remédios tricíclicos e tetracíclicos. É que o Prozac não tem efeitos tão

fortes sobre os receptores histamínicos, alfa-adrenérgicos e muscarínicos.

Apenas uma dessas expectativas foi atingida. O Prozac e os outros quatro ISRSs

produzem bem menos efeitos colaterais do que os antidepressivos tricíclicos e tetracíclicos

e são mais agradáveis de serem tomados. Por exemplo, eles têm menor

probabilidade de causar sonolência, ganho de peso, boca seca, tontura etc. Também

são bem mais seguros, por serem menos propensos a ter efeitos adversos sobre o

coração e terem uma probabilidade bem menor de levar à morte se um paciente

tomar uma dose excessiva, intencionalmente ou não. Os bioquímicos que criaram

essas novas drogas merecem crédito por isso.

Infelizmente, os ISRSs não são mais eficazes que os remédios mais antigos. Cerca

de 60% a 70% dos pacientes deprimidos melhoram ao serem tratados com ISRSs,

e esses percentuais não são melhores do que os dos remédios mais antigos. Entre os

pacientes com depressão crônica, a probabilidade de resposta parece ser menor.

Os ISRSs também parecem ser ligeiramente menos eficazes que os antidepressivos

tricíclicos mais antigos para os pacientes com depressão mais grave. Além disso,

muitas vezes a melhora é apenas parcial ‒ o paciente pode ficar menos deprimido,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!