antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

adilio.mouracosta
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13.08.2023 Views

nas placebos vermelhos e placebos amarelos ‒ não existia nenhum comprimido deParnate em qualquer um dos envelopes.Essa informação a surpreendeu, e lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.Ela admitiu que jamais teria acreditado que sua mente pudesse causar efeitos tãopoderosos no seu corpo. Havia ficado totalmente convencida de que os efeitos colateraiseram reais. Então foi em frente, tomou o Parnate em pequenas doses, e seuhumor melhorou consideravelmente em um ou dois meses. Também passou a sededicar bastante à sua lição de casa entre as sessões de psicoterapia. Continuou apreencher o Teste de Depressão e o Controle de Efeitos Colaterais uma vez por semana,mas não relatou muitos efeitos colaterais.Não estou querendo sugerir que todos os efeitos colaterais são coisas da sua cabeça.Em raras ocasiões isso pode ocorrer, mas na maior parte das vezes esses efeitossão bem reais, e a grande maioria dos meus pacientes relatou-os com precisão. Seusar o Controle de Efeitos Colaterais diariamente, isso ajudará você e o seu médicoa avaliar o tipo específico e a gravidade de qualquer sintoma que você possa apresentar.Assim será possível fazer os ajustes necessários na medicação se os efeitoscolaterais forem excessivos ou perigosos.POR QUE OS ANTIDEPRESSIVOSTÊM EFEITOS COLATERAIS?Você aprendeu no Capítulo XVII que os remédios antidepressivos podem estimularou bloquear os receptores dos neurotransmissores químicos usados pelosneurônios para transmitir mensagens entre si. Naquele capítulo concentramos-nos naserotonina, pois acredita-se que esse transmissor esteja envolvido na regulação dohumor. Uma das descobertas mais úteis e importantes das duas últimas décadas é ade que os antidepressivos também podem interagir com os receptores de vários outrostransmissores químicos do cérebro. Essas interações parecem ser responsáveispor muitos efeitos colaterais dos antidepressivos.Os três receptores cerebrais que vêm sendo estudados de forma mais intensivachamam-se receptores de histamina, receptores alfa-adrenérgicos e receptoresmuscarínicos. Eles estão localizados nos neurônios que usam a histamina, a norepinefrinae a acetilcolina, respectivamente, como seus transmissores químicos. Osremédios que bloqueiam os receptores de histamina são chamados de “anti-histamínicos”,um termo do qual você provavelmente já ouviu falar. Os remédios quebloqueiam os receptores alfa-adrenérgicos são chamados de “alfabloqueadores”, e osque bloqueiam os receptores muscarínicos são chamados de “anticolinérgicos”.

Cada tipo de receptor é responsável por certos efeitos colaterais. Podemos preveros efeitos colaterais de qualquer remédio se compreendermos com que intensidadeo remédio afeta cada um desses três sistemas cerebrais. Os medicamentosantidepressivos provocam muitos de seus efeitos colaterais por bloquearem os receptoreshistamínicos, os receptores alfa-adrenérgicos e os receptores colinérgicos(que são também chamados de receptores “muscarínicos”), localizados na superfíciedos neurônios no interior do seu cérebro e também por todo o seu corpo. Caso vocênão lembre o que é um “receptor”, trata-se simplesmente de uma área na superfíciede um neurônio que pode ligá-lo ou desligá-lo. Os receptores de histamina estãolocalizados nos neurônios que usam a histamina como transmissor químico; os receptoresalfa-adrenérgicos, nos neurônios que usam a norepinefrina como transmissorquímico; e os colinérgicos, nos neurônios que usam a acetilcolina comotransmissor químico. Se bloquearmos qualquer um desses três tipos de receptores,desligaremos os neurônios. Os efeitos dos diferentes medicamentos antidepressivossobre esses três receptores ajudam a explicar muitos efeitos colaterais desses remédios.Por exemplo, a amitriptilina (Tryptanol) é um antidepressivo mais antigo quepode causar muitos efeitos colaterais, como sonolência, ganho de peso, tontura,boca seca, visão turva e esquecimento, isso para citar apenas alguns dos mais comuns.A maioria desses efeitos colaterais não apresenta perigo, mas eles podem serincômodos. Vamos tentar entender um pouco melhor esses efeitos analisando osefeitos da amitriptilina nos três tipos de receptores neuronais.Os cientistas descobriram que a amitriptilina bloqueia os receptores colinérgicos,histamínicos e alfa-adrenérgicos do cérebro. Vamos analisar seus efeitos anticolinérgicosprimeiro. O que esses neurônios colinérgicos fazem normalmente? Entreoutras coisas, eles controlam a lubrificação da boca. Se você estimular os neurônioscolinérgicos, sairá mais líquido das glândulas localizadas nas suas bochechas paradentro da sua boca.O que aconteceria se você desligasse esses neurônios que normalmente lubrificamsua boca? Você sentiria a boca seca. Talvez já tenha sentido isso quando ficoumuito nervoso (xerostomia) ou caso tenha se exercitado sob o sol por muito temposem beber água. Os neurônios colinérgicos também diminuem a frequência cardíaca,e por isso drogas anticolinérgicas, como a amitriptilina, vão fazer o coração acelerar.Os remédios anticolinérgicos também podem provocar esquecimento, confusão,visão turva, prisão de ventre e dificuldade de urinar.A amitriptilina também bloqueia os receptores alfa-adrenérgicos nos neurôniosque usam a norepinefrina como substância transmissora. Se você estimular essesreceptores alfa-adrenérgicos, sua pressão arterial deve aumentar. Em contrapartida,se você bloqueá-los, sua pressão arterial deve diminuir. É por isso que a amitriptilina

nas placebos vermelhos e placebos amarelos ‒ não existia nenhum comprimido de

Parnate em qualquer um dos envelopes.

Essa informação a surpreendeu, e lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.

Ela admitiu que jamais teria acreditado que sua mente pudesse causar efeitos tão

poderosos no seu corpo. Havia ficado totalmente convencida de que os efeitos colaterais

eram reais. Então foi em frente, tomou o Parnate em pequenas doses, e seu

humor melhorou consideravelmente em um ou dois meses. Também passou a se

dedicar bastante à sua lição de casa entre as sessões de psicoterapia. Continuou a

preencher o Teste de Depressão e o Controle de Efeitos Colaterais uma vez por semana,

mas não relatou muitos efeitos colaterais.

Não estou querendo sugerir que todos os efeitos colaterais são coisas da sua cabeça.

Em raras ocasiões isso pode ocorrer, mas na maior parte das vezes esses efeitos

são bem reais, e a grande maioria dos meus pacientes relatou-os com precisão. Se

usar o Controle de Efeitos Colaterais diariamente, isso ajudará você e o seu médico

a avaliar o tipo específico e a gravidade de qualquer sintoma que você possa apresentar.

Assim será possível fazer os ajustes necessários na medicação se os efeitos

colaterais forem excessivos ou perigosos.

POR QUE OS ANTIDEPRESSIVOS

TÊM EFEITOS COLATERAIS?

Você aprendeu no Capítulo XVII que os remédios antidepressivos podem estimular

ou bloquear os receptores dos neurotransmissores químicos usados pelos

neurônios para transmitir mensagens entre si. Naquele capítulo concentramos-nos na

serotonina, pois acredita-se que esse transmissor esteja envolvido na regulação do

humor. Uma das descobertas mais úteis e importantes das duas últimas décadas é a

de que os antidepressivos também podem interagir com os receptores de vários outros

transmissores químicos do cérebro. Essas interações parecem ser responsáveis

por muitos efeitos colaterais dos antidepressivos.

Os três receptores cerebrais que vêm sendo estudados de forma mais intensiva

chamam-se receptores de histamina, receptores alfa-adrenérgicos e receptores

muscarínicos. Eles estão localizados nos neurônios que usam a histamina, a norepinefrina

e a acetilcolina, respectivamente, como seus transmissores químicos. Os

remédios que bloqueiam os receptores de histamina são chamados de “anti-histamínicos”,

um termo do qual você provavelmente já ouviu falar. Os remédios que

bloqueiam os receptores alfa-adrenérgicos são chamados de “alfabloqueadores”, e os

que bloqueiam os receptores muscarínicos são chamados de “anticolinérgicos”.

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