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antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

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Até que ponto essas teorias estão fundamentadas e comprovadas? Nem um

pouco. Como já sugeri, é muito fácil formular uma teoria, mas é bem mais difícil

comprová-la. Até hoje, não foi possível validar nem refutar nenhuma dessas teorias

de modo convincente. Além disso, não existe nenhum teste clínico ou de laboratório

que pudéssemos aplicar em grupos ou em pacientes individuais para detectar de

forma confiável qualquer desequilíbrio químico capaz de causar depressão.

O principal valor das teorias vigentes é estimular a pesquisa, para que o nosso

conhecimento da função cerebral possa se aprimorar com o tempo. No fim das contas,

acredito que poderemos desenvolver teorias bem mais refinadas e ferramentas

muito melhores para testá-las.

Você pode estar pensando agora: “Isso encerra o assunto?” Basta os cientistas

dizerem que “A depressão pode ser causada por um excesso ou uma deficiência desse

ou daquele transmissor ou receptor no cérebro?”. Até certo ponto, isso realmente

encerra o assunto. Parte do problema é que nossos modelos cerebrais ainda são

muito primitivos, e por isso nossas teorias sobre a depressão também não são muito

sofisticadas.

Talvez se descubra que a depressão não é causada por nenhum problema relacionado

a algum transmissor ou receptor químico. Um dia podemos descobrir que,

na verdade, a depressão é mais um problema de “software” que de “hardware”. Em

outras palavras, se você tem um computador, sabe que tal tipo de máquina trava o

tempo todo. Às vezes isso pode ser causado por algum problema no hardware. Um

defeito no seu disco rígido, por exemplo. Porém, na maioria das vezes, há algum problema

com o software ‒ um erro que faz que o programa não funcione direito em

certas situações. Portanto, com relação às pesquisas sobre o cérebro e a depressão,

talvez estejamos procurando um problema no “hardware” (por exemplo, um desequilíbrio

químico congênito) quando o verdadeiro problema está no “software” (por

exemplo, um padrão de pensamento negativo baseado na aprendizagem). Os dois

tipos de problema seriam “orgânicos”, uma vez que envolvem o tecido cerebral, mas

as soluções para cada um deles seriam radicalmente diferentes.

Um outro grande problema enfrentado pelos pesquisadores da depressão é o dilema

do ovo e da galinha. As alterações verificadas no cérebro são a causa da depressão

ou o resultado? Para ilustrar esse problema, vamos conduzir uma experiência

mental envolvendo um cervo na floresta. O cervo está feliz e contente. Imagine que

tenhamos uma máquina especial que nos permita visualizar a atividade química e

elétrica no cérebro do cervo. Poderíamos ter, por exemplo, algum aparelho portátil

do futuro capaz de produzir imagens cerebrais a distância, como as pistolas a laser

que a polícia usa para medir a que velocidade você está dirigindo. No entanto, o cervo

não sabe que estamos monitorando a sua atividade cerebral. De repente, ele avista

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