antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

adilio.mouracosta
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13.08.2023 Views

As respostas para as perguntas sobre o tratamento também são pouco claras.Quais pacientes devem ser tratados com medicamentos? Quais pacientes precisamde psicoterapia? A combinação dos dois tipos é melhor do que um único tratamentoisolado? Você verá que as respostas para perguntas tão fundamentais são mais controversasdo que se poderia esperar.Neste capítulo, eu abordo essas questões. Discuto se a depressão é mais causadapela biologia (natureza) ou pelo ambiente (criação). Explico como o cérebro funciona,e analiso as evidências de que a depressão possa ser causada por um desequilíbrioquímico do cérebro. Também descrevo como os antidepressivos tentam corrigiresse desequilíbrio.No Capítulo XVIII, discuto o “problema mente-corpo” e falo sobre as atuais controvérsiasquanto aos tratamentos que afetam a “mente” (por exemplo, a terapiacognitiva) versus aqueles que afetam o “corpo” (por exemplo, os antidepressivos).Nos Capítulos XIX e XX, fornecerei informações práticas sobre todos os medicamentosantidepressivos que são prescritos atualmente para problemas de humor.QUEM TEM UM PAPEL MAIS IMPORTANTENA DEPRESSÃO ‒ AS INFLUÊNCIASGENÉTICAS OU AMBIENTAIS?Embora muitas pesquisas ainda estejam sendo conduzidas para tentar esclarecera relação de forças existente entre as influências genéticas e ambientais sobrea depressão, os cientistas ainda não sabem quais são as mais importantes. No quediz respeito à doença bipolar (maníaco-depressiva), as evidências são muito fortes:os fatores genéticos parecem ter um papel preponderante. Por exemplo, se umde dois gêmeos idênticos desenvolve uma doença maníaco-depressiva bipolar, háuma grande probabilidade de que o outro também desenvolva esse distúrbio (de50% a 75%). Por outro lado, quando um de dois gêmeos não idênticos desenvolveuma doença bipolar (maníaco-depressiva), as chances de que o outro desenvolva amesma doença são menores (de 15% a 25%). As possibilidades de desenvolver umadoença bipolar se um dos pais ou um irmão que não seja gêmeo tiver esse distúrbiosão de aproximadamente 10%. Todas essas probabilidades são bem mais altas do quea de um indivíduo qualquer desenvolver doença bipolar ‒ o risco ao longo da vida éinferior a 1%.Lembre-se de que os gêmeos idênticos possuem genes idênticos, enquanto osnão idênticos compartilham apenas a metade dos seus genes. Provavelmente é por

isso que a probabilidade de uma doença bipolar (maníaco-depressiva) é bem maisalta se você tiver um irmão gêmeo idêntico do que um não idêntico com esse distúrbio;isso também explica por que esses índices são bem mais altos do que os dedoença bipolar na população em geral. O maior risco de doença bipolar entregêmeos idênticos é real, mesmo que eles sejam separados no nascimento e criadospor famílias diferentes. Embora a adoção de gêmeos idênticos por famílias separadasseja rara, às vezes isso acontece. Em alguns desses casos, os cientistas conseguiramlocalizar os gêmeos posteriormente para determinar o quanto estavamparecidos ou diferentes. Essas experiências “naturais” podem nos dizer muita coisasobre a relação de importância entre os genes e o meio ambiente, pois os gêmeosidênticos criados separadamente possuíam genes idênticos, mas viviam em ambientesdiferentes. Esses estudos ressaltam a importância da forte influência genéticano transtorno bipolar.Com relação à depressão comum sem episódios maníacos incontroláveis, bemmais frequente, as evidências dos fatores genéticos ainda não estão muito definidas.Parte do problema enfrentado pelos pesquisadores genéticos vem do fato de queo diagnóstico da depressão é bem menos claro que o da doença bipolar (maníacodepressivo).A doença maníaco-depressiva bipolar é um distúrbio tão incomum,pelo menos em suas formas mais graves, que muitas vezes o diagnóstico é óbvio.O paciente apresenta uma mudança de personalidade repentina e alarmante, que semanifesta sem o uso de drogas ou álcool, juntamente a sintomas como:• euforia intensa, muitas vezes com irritabilidade;• energia incrível, com exercícios constantes, inquietação ou movimentoscorporais agitados;• pouquíssima necessidade de sono;• falar depressa e sem parar;• pensamentos acelerados que pulam de um assunto para outro;• ilusões grandiosas (por exemplo, alguém acreditar de repente que tem umplano para conseguir a paz mundial);• atitudes impulsivas, irresponsáveis e inadequadas (como gastar dinheiroà toa);• comportamento leviano e atividade sexual imprópria e excessiva;• alucinações (em casos graves).Em geral, esses sintomas são inconfundíveis e muitas vezes tão incontroláveisque o paciente pode precisar de internação e tratamento médico. Após a recuperação,geralmente o indivíduo volta a levar uma vida absolutamente normal outra vez.Essas características distintas da doença bipolar tornam a pesquisa genética relati­

isso que a probabilidade de uma doença bipolar (maníaco-depressiva) é bem mais

alta se você tiver um irmão gêmeo idêntico do que um não idêntico com esse distúrbio;

isso também explica por que esses índices são bem mais altos do que os de

doença bipolar na população em geral. O maior risco de doença bipolar entre

gêmeos idênticos é real, mesmo que eles sejam separados no nascimento e criados

por famílias diferentes. Embora a adoção de gêmeos idênticos por famílias separadas

seja rara, às vezes isso acontece. Em alguns desses casos, os cientistas conseguiram

localizar os gêmeos posteriormente para determinar o quanto estavam

parecidos ou diferentes. Essas experiências “naturais” podem nos dizer muita coisa

sobre a relação de importância entre os genes e o meio ambiente, pois os gêmeos

idênticos criados separadamente possuíam genes idênticos, mas viviam em ambientes

diferentes. Esses estudos ressaltam a importância da forte influência genética

no transtorno bipolar.

Com relação à depressão comum sem episódios maníacos incontroláveis, bem

mais frequente, as evidências dos fatores genéticos ainda não estão muito definidas.

Parte do problema enfrentado pelos pesquisadores genéticos vem do fato de que

o diagnóstico da depressão é bem menos claro que o da doença bipolar (maníacodepressivo).

A doença maníaco-depressiva bipolar é um distúrbio tão incomum,

pelo menos em suas formas mais graves, que muitas vezes o diagnóstico é óbvio.

O paciente apresenta uma mudança de personalidade repentina e alarmante, que se

manifesta sem o uso de drogas ou álcool, juntamente a sintomas como:

• euforia intensa, muitas vezes com irritabilidade;

• energia incrível, com exercícios constantes, inquietação ou movimentos

corporais agitados;

• pouquíssima necessidade de sono;

• falar depressa e sem parar;

• pensamentos acelerados que pulam de um assunto para outro;

• ilusões grandiosas (por exemplo, alguém acreditar de repente que tem um

plano para conseguir a paz mundial);

• atitudes impulsivas, irresponsáveis e inadequadas (como gastar dinheiro

à toa);

• comportamento leviano e atividade sexual imprópria e excessiva;

• alucinações (em casos graves).

Em geral, esses sintomas são inconfundíveis e muitas vezes tão incontroláveis

que o paciente pode precisar de internação e tratamento médico. Após a recuperação,

geralmente o indivíduo volta a levar uma vida absolutamente normal outra vez.

Essas características distintas da doença bipolar tornam a pesquisa genética relati­

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