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antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

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Estou esgotada, como se fosse uma lâmpada queimada. Você pode ligá-la à eletricidade,

mas ela não vai acender. Desculpe, mas acho que é tarde demais. Não vou mais

ter falsas esperanças... Nesses últimos instantes, não me sinto particularmente triste. De

tempos em tempos eu tento me agarrar à vida, esperando segurar alguma coisa, qualquer

coisa ‒ mas continuo de mãos vazias, sem nada.

Aquilo parecia um autêntico bilhete suicida, embora não anunciasse nenhuma

intenção explícita. De repente fui dominado por uma enorme incerteza e impotência

‒ ela havia desaparecido sem deixar rastros. Senti raiva e angústia. Como não

podia fazer nada por ela, resolvi anotar os pensamentos automáticos que passavam

pela minha cabeça. Esperava que alguma resposta racional me ajudasse a enfrentar a

enorme incerteza que eu estava sentindo (ver Quadro 52, a seguir).

Depois de registrar meus pensamentos, resolvi ligar para o meu colega, o dr.

Beck, para consultá-lo. Ele concordava que eu deveria supor que ela estava viva até

que se provasse o contrário. Sugeriu que, se ela fosse encontrada morta, eu poderia

aprender a lidar com um dos desafios profissionais de trabalhar com a depressão.

Se estivesse viva, como acreditávamos, ele enfatizou a importância de persistir no

tratamento até que sua depressão finalmente cessasse.

O efeito dessa conversa e do exercício por escrito foi magnífico. Eu percebi que

não tinha obrigação nenhuma de imaginar “o pior”, e que tinha o direito de escolher

não me sentir péssimo com sua possível tentativa de suicídio. Decidi que não podia

assumir a responsabilidade pelos seus atos, só pelos meus, e que tinha feito um bom

trabalho com ela e estava determinado a continuar fazendo até que nós dois finalmente

conseguíssemos derrotar a sua depressão e sentir o gosto da vitória.

Minha angústia e minha raiva desapareceram completamente, e me senti tranquilo

e sossegado até receber as notícias por telefone, na quarta de manhã. Ela havia

sido encontrada inconsciente num hotel de beira de estrada a cerca de 80 km

da Filadélfia. Era sua oitava tentativa de suicídio, mas ela estava viva e reclamando

como de costume na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital da periferia. Ia

sobreviver, mas precisaria fazer uma cirurgia plástica para repor a pele dos cotovelos

e tornozelos, por causa das feridas que havia adquirido durante o longo período inconsciente.

Providenciei sua transferência para a Universidade da Pensilvânia, onde

voltaria para as minhas implacáveis garras cognitivas novamente!

Quando falei com ela, estava extremamente amargurada e sem esperanças. Os

dois meses de terapia seguintes foram especialmente turbulentos. Mas a depressão

finalmente começou a melhorar no décimo primeiro mês e, exatamente um ano

depois de ser encaminhada, no seu aniversário de 21 anos, os sintomas da depressão

desapareceram.

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