antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)
mais desiludido. Além disso, eu estava mesmo ansioso para acrescentá-lo à minhalista de casos bem-sucedidos. Como havia um pouco de verdade nos ataques verbaisde Hank, eu me sentia culpado e ficava na defensiva quando ele se dirigia a mim.Ele, é claro, percebia isso e, consequentemente, o volume de suas críticas aumentava.Pedi orientações aos meus colegas da Clínica do Humor sobre como lidar melhorcom os acessos de Hank e com os meus próprios sentimentos de frustração.O conselho que recebi do dr. Beck foi especialmente útil. Primeiro, ele ressaltou queeu tinha uma “sorte extraordinária” por Hank estar me dando uma oportunidadede ouro para aprender a lidar melhor com a crítica e a raiva. Isso foi uma surpresacompleta para mim; não havia percebido a grande sorte que tinha. Além de me incentivara usar as técnicas cognitivas para reduzir e eliminar meu próprio sentimentode irritação, o dr. Beck propôs que eu experimentasse uma estratégia incomum parainteragir com Hank quando ele estivesse de mau humor. Os pontos essenciaisdesse método eram: (1) Não afaste Hank se defendendo. Em vez disso, faça o contrário‒ peça que ele diga as piores coisas que puder a seu respeito; (2) Procureencontrar um fundo de verdade em todas as suas críticas e então concorde com ele;(3) Depois disso, ressalte qualquer ponto de divergência de forma direta e educada,sem discutir; (4) Enfatize a importância de se unirem, apesar dessas divergênciasocasionais. Eu poderia lembrar a Hank que a frustração e as brigas podem retardar anossa terapia de vez em quando, mas que isso não precisa destruir o relacionamentoou impedir que o nosso trabalho acabe sendo proveitoso.Eu apliquei essa estratégia na vez seguinte em que Hank começou a esbravejarpelo consultório gritando comigo. Como havia planejado, pedi a Hank para continuare dizer as piores coisas que pudesse pensar a meu respeito. O resultado foidrástico e imediato. Em poucos instantes, ele ficou totalmente sem ação ‒ toda a suarevolta parecia ter se esvaído. Começou a se comunicar de maneira sensata e calma,e sentou-se. Na verdade, quando concordei com algumas de suas críticas, ele subitamentecomeçou a me defender e disse algumas coisas boas a meu respeito! Fiqueitão impressionado com esse resultado que comecei a usar a mesma abordagem comoutras pessoas explosivas e mal-humoradas, e passei a apreciar seus acessos de hostilidadeporque tinha uma maneira eficaz de lidar com eles.Também usei a técnica das duas colunas para registrar e contestar meus pensamentosautomáticos depois de um dos telefonemas de Hank à meia-noite (verQuadro 50, a seguir). Como meus colegas sugeriram, procurei ver as coisas sob aótica dele para adquirir um certo grau de empatia. Esse foi o antídoto específico quedissolveu em parte minha própria frustração e raiva, fazendo que eu me sentissebem menos chateado e defensivo. Isso me ajudou a encarar seus acessos mais comouma defesa de sua própria autoestima do que como um ataque pessoal contra mim,
QUADRO 50Lidar com a hostilidadePensamentos automáticos1. Dediquei mais energia aomeu trabalho com o Hankdo que com qualquer um, e éisso que eu ganho ‒ ofensas!2. Por que ele não confia emmim em relação ao seudiagnóstico e tratamento?3. Mas, enquanto isso, eledeveria pelo menos metratar com respeito!4. Mas é justo ele ligar tantasvezes para a minha casaà noite? E precisa ser tãoofensivo?Respostas racionais1. Pare de reclamar. Você tá parecendo o Hank! Ele está com medo,frustrado e enclausurado em seu ressentimento. Só porque você seempenha muito por alguém, isso não significa necessariamente que elevai se sentir grato. Talvez se sinta algum dia.2. Porque está em pânico, sentindo-se extremamente desconfortável ecom dor, e ainda não obteve nenhum resultado significativo. Ele vaiacreditar em você quando começar a ficar bom.3. Você espera que ele demonstre respeito o tempo todo ou parte do tempo?Em geral, ele se esforça imensamente em seu programa de autoajudae trata você com respeito. Está determinado a ficar bom ‒ se você nãoesperar perfeição, não precisará se sentir frustrado.4. Converse com ele sobre isso quando vocês dois estiverem mais tranquilos.Sugira a ele que complemente sua terapia individual participando de umgrupo de autoajuda em que os pacientes liguem uns para os outros paradar apoio moral. Isso vai ajudar a fazer que ele ligue menos para você.Mas, por enquanto, lembre-se de que ele não planeja essas emergências,e que elas são muito assustadoras e reais para ele.e pude compreender seus sentimentos de futilidade e desespero. Recordei a mimmesmo que ele era bastante esforçado e colaborador durante grande parte do tempo,e que era tolice de minha parte exigir que colaborasse totalmente o tempo inteiro.À medida que passei a me sentir mais tranquilo e confiante em meu trabalho comHank, nosso relacionamento melhorou cada vez mais.Por fim, a depressão e as dores de Hank se acalmaram, e ele terminou seu trabalhocomigo. Eu já não o via há vários meses quando recebi uma mensagem do meuserviço de atendimento de que Hank queria que eu ligasse para ele. De repente, fiqueiapreensivo; lembranças de seus discursos exaltados invadiram minha mente,e os músculos do meu estômago se retesaram. Com certa hesitação e uma mistura desentimentos, disquei o número dele. Era uma tarde de sábado ensolarada, e eu estavaansioso por um descanso merecido após uma semana particularmente desgastante.Hank atendeu ao telefone: “dr. Burns, aqui é o Hank. Lembra de mim? Faz algumtempo que estou querendo lhe dizer uma coisa...”. Ele fez uma pausa, e me prepareipara a explosão iminente. “Estou praticamente livre da dor e da depressão desde queterminamos, um ano atrás. Saí da invalidez e arrumei um emprego. Sou também olíder de um grupo de autoajuda aqui da minha cidade.”Aquele não era o Hank de quem eu me lembrava! Senti uma onda de alívio esatisfação quando ele continuou a explicar:
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mais desiludido. Além disso, eu estava mesmo ansioso para acrescentá-lo à minha
lista de casos bem-sucedidos. Como havia um pouco de verdade nos ataques verbais
de Hank, eu me sentia culpado e ficava na defensiva quando ele se dirigia a mim.
Ele, é claro, percebia isso e, consequentemente, o volume de suas críticas aumentava.
Pedi orientações aos meus colegas da Clínica do Humor sobre como lidar melhor
com os acessos de Hank e com os meus próprios sentimentos de frustração.
O conselho que recebi do dr. Beck foi especialmente útil. Primeiro, ele ressaltou que
eu tinha uma “sorte extraordinária” por Hank estar me dando uma oportunidade
de ouro para aprender a lidar melhor com a crítica e a raiva. Isso foi uma surpresa
completa para mim; não havia percebido a grande sorte que tinha. Além de me incentivar
a usar as técnicas cognitivas para reduzir e eliminar meu próprio sentimento
de irritação, o dr. Beck propôs que eu experimentasse uma estratégia incomum para
interagir com Hank quando ele estivesse de mau humor. Os pontos essenciais
desse método eram: (1) Não afaste Hank se defendendo. Em vez disso, faça o contrário
‒ peça que ele diga as piores coisas que puder a seu respeito; (2) Procure
encontrar um fundo de verdade em todas as suas críticas e então concorde com ele;
(3) Depois disso, ressalte qualquer ponto de divergência de forma direta e educada,
sem discutir; (4) Enfatize a importância de se unirem, apesar dessas divergências
ocasionais. Eu poderia lembrar a Hank que a frustração e as brigas podem retardar a
nossa terapia de vez em quando, mas que isso não precisa destruir o relacionamento
ou impedir que o nosso trabalho acabe sendo proveitoso.
Eu apliquei essa estratégia na vez seguinte em que Hank começou a esbravejar
pelo consultório gritando comigo. Como havia planejado, pedi a Hank para continuar
e dizer as piores coisas que pudesse pensar a meu respeito. O resultado foi
drástico e imediato. Em poucos instantes, ele ficou totalmente sem ação ‒ toda a sua
revolta parecia ter se esvaído. Começou a se comunicar de maneira sensata e calma,
e sentou-se. Na verdade, quando concordei com algumas de suas críticas, ele subitamente
começou a me defender e disse algumas coisas boas a meu respeito! Fiquei
tão impressionado com esse resultado que comecei a usar a mesma abordagem com
outras pessoas explosivas e mal-humoradas, e passei a apreciar seus acessos de hostilidade
porque tinha uma maneira eficaz de lidar com eles.
Também usei a técnica das duas colunas para registrar e contestar meus pensamentos
automáticos depois de um dos telefonemas de Hank à meia-noite (ver
Quadro 50, a seguir). Como meus colegas sugeriram, procurei ver as coisas sob a
ótica dele para adquirir um certo grau de empatia. Esse foi o antídoto específico que
dissolveu em parte minha própria frustração e raiva, fazendo que eu me sentisse
bem menos chateado e defensivo. Isso me ajudou a encarar seus acessos mais como
uma defesa de sua própria autoestima do que como um ataque pessoal contra mim,