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antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

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LIDAR COM A HOSTILIDADE:

O HOMEM QUE DISPENSOU 20 MÉDICOS

Uma situação de grande tensão que costumo enfrentar envolve o contato com

pessoas zangadas, exigentes e insensatas. Acho que tratei de alguns campeões da

costa leste em matéria de raiva. Essas pessoas costumam expressar seu ressentimento

com as pessoas que mais se importam com eles, e às vezes isso me inclui.

Hank era um jovem mal-humorado. Já havia dispensado 20 médicos quando foi

encaminhado a mim. Hank reclamava de dores frequentes nas costas, e estava convencido

de que sofria de algum grave distúrbio médico. Como nunca havia surgido

qualquer evidência de alguma anormalidade física, mesmo com longas avaliações e

exames sofisticados, vários médicos lhe disseram que as suas dores, muito provavelmente,

eram resultado de tensões emocionais, como uma dor de cabeça. Hank tinha

dificuldade para aceitar isso, e achava que os médicos o estavam ignorando e não

lhe davam a mínima. Por diversas vezes, ele explodiu de raiva, dispensou seu médico

e procurou alguém novo. Finalmente, concordou em consultar um psiquiatra. Ele

se ressentiu com a indicação e, após cerca de um ano sem fazer nenhum progresso,

dispensou seu psiquiatra e procurou tratamento em nossa Clínica do Humor.

Hank estava muito deprimido, e comecei a lhe ensinar as técnicas cognitivas.

À noite, quando sua dor nas costas se manifestava, Hank acabava se entregando a uma

raiva frustrada e, impulsivamente, ligava para minha casa (ele havia me convencido

a lhe dar meu telefone para não ter de passar pelo serviço de atendimento). Ele começava

a praguejar e me acusar de ter errado no seu diagnóstico. Insistia que o seu

problema era médico, e não psiquiátrico. Depois fazia alguma exigência absurda na

forma de um ultimato: “dr. Burns, ou o senhor dá um jeito de me conseguir um tratamento

de choque para amanhã, ou vou sair e cometer suicídio esta noite.”. Em geral

era difícil para mim, quando não impossível, cumprir a maioria de suas exigências.

Eu não administro tratamento de choque, por exemplo, e também não achava

que esse tipo de tratamento fosse indicado para Hank. Quando tentava explicar isso

com diplomacia, ele explodia e ameaçava cometer algum ato destrutivo sem pensar.

Durante nossas sessões de psicoterapia, Hank tinha o hábito de ressaltar cada

uma das minhas imperfeições (que são bastante reais). Costumava esbravejar pelo

consultório, bater nos móveis, despejando insultos e ofensas contra mim. O que me

incomodava particularmente era a acusação de Hank de que eu não me importava

com ele. Dizia que eu só me importava com dinheiro e em manter um alto índice

de sucesso na terapia. Isso me colocava num dilema, pois havia um fundo de verdade

em suas críticas ‒ ele costumava atrasar vários meses no pagamento de sua terapia, e

eu me preocupava que pudesse abandonar o tratamento antes da hora e acabar ainda

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