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antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

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criamos um excelente rapaz, que foi para a faculdade e hoje é um executivo

muito bem-sucedido. Eu sou uma boa cozinheira; e além de ser,

talvez, uma boa mãe, meus netos parecem achar que sou uma boa avó.

Essas seriam as coisas que acredito ter realizado durante a minha vida.

David: Diante de todo isso, como pode me dizer que não realizou nada?

Louise: Veja bem, todos na minha família falam cinco línguas. Sair da Europa foi

apenas uma questão de sobrevivência. Meu emprego era comum e não

exigia nenhum talento especial. Uma mãe tem obrigação de cuidar da família

e qualquer boa dona de casa deve aprender a cozinhar. Como tudo

isso é coisa que eu tinha mesmo de fazer, ou que qualquer um podia ter

feito, elas não são realizações de verdade. São apenas coisas comuns, e é

por isso que resolvi cometer suicídio. Minha vida não vale a pena.

Percebi que Louise estava se aborrecendo sem necessidade por dizer “Isso não

conta” para tudo de bom em relação a si mesma. Essa distorção cognitiva comum,

chamada “desqualificar os pontos positivos”, era sua maior inimiga. Louise concentrava-se

somente em suas imperfeições ou erros, e insistia que seus êxitos não eram

nada de mais. Se desconsiderar suas realizações dessa forma, você vai criar a ilusão

mental de que não tem valor nenhum.

Para demonstrar seu erro mental de maneira drástica, propus a Louise que fizéssemos

uma encenação. Disse a ela que faria o papel de um psiquiatra deprimido e

ela seria minha terapeuta, que tentaria descobrir por que ando tão deprimido.

Louise (como terapeuta): Por que se sente deprimido, dr. Burns?

David (como psiquiatra deprimido): Bom, percebi que não realizei nada na

minha vida.

Louise: Então acha que não realizou nada? Mas isso não faz sentido. Você deve

ter realizado alguma coisa. Por exemplo, você cuida de muitos pacientes

que sofrem de depressão, e soube que publica artigos sobre sua pesquisa

e faz palestras. Parece que você já realizou muita coisa para alguém

tão jovem.

David: Não. Nenhuma dessas coisas conta. Veja, todo médico tem obrigação de

cuidar de seus pacientes. Então, isso não conta ‒ só estou fazendo o que

devia fazer. Além do mais, é meu dever na universidade fazer pesquisa

e publicar os resultados. Portanto, não são realizações de verdade. Todos

os membros da faculdade fazem isso e, de qualquer modo, minha

pesquisa não é muito importante. Minhas ideias são apenas comuns. No

fundo, minha vida é um fracasso.

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