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antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

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Eu apliquei vários testes psicológicos em Holly. O Inventário de Depressão de

Beck indicou depressão grave, e outros testes confirmaram um elevado grau de desespero

e séria intenção de suicídio. Holly me disse claramente “Eu quero me matar”.

O histórico da família indicava que vários parentes haviam tentado o suicídio ‒ dois

deles com sucesso. Quando perguntei a Holly por que queria se matar, ela me disse

que era uma pessoa preguiçosa. E explicou que, por ser preguiçosa, não era digna e

merecia morrer.

Eu quis descobrir se ela reagiria favoravelmente à terapia cognitiva, então usei

uma técnica que eu esperava que atraísse a sua atenção. Propus que fizéssemos uma

encenação e ela imaginasse que dois advogados estavam discutindo o seu caso no

tribunal. Aliás, por acaso o pai dela era um advogado especializado em erros médicos!

Como eu era um terapeuta principiante na época, isso aumentou ainda mais

a minha ansiedade e insegurança de lidar com um caso tão complicado. Eu disse a

Holly para fazer o papel do promotor e tentar convencer o júri de que ela merecia

a pena de morte. Disse a ela que eu faria o papel do advogado de defesa e questionaria

toda acusação que ela fizesse. Expliquei que, dessa forma, poderíamos avaliar suas

razões para viver e suas razões para morrer, e ver em que ponto estava a verdade:

Holly: Para este indivíduo, o suicídio seria uma forma de se libertar da vida.

David: Esse argumento poderia se aplicar a qualquer pessoa do mundo. Por si

só, ele não é um motivo convincente para morrer.

Holly: A promotoria responde que a vida da paciente é tão infeliz que ela não

pode aguentar nem mais um minuto.

David: Ela conseguiu aguentar até agora, então talvez possa aguentar um pouco

mais. Ela nem sempre foi infeliz no passado, e não há nenhuma prova de

será sempre infeliz no futuro.

Holly: A promotoria ressalta que a vida dela é um fardo para sua família.

David: A defesa enfatiza que o suicídio não resolverá esse problema, uma vez

que sua morte pode se mostrar um golpe ainda pior para sua família.

Holly: Mas ela é uma pessoa egoísta, preguiçosa e sem valor, e merece morrer!

David: Que percentual da população é preguiçosa?

Holly: Provavelmente 20%... Não, eu diria que apenas 10%.

David: Isso significa que 20 milhões de americanos são preguiçosos. A defesa

ressalta que eles não devem morrer por causa disso, portanto não há razão

para que a paciente seja escolhida para morrer. Vossa Excelência acredita

que preguiça e apatia sejam sintomas de depressão?

Holly: Provavelmente.

David: A defesa ressalta que, na nossa cultura, as pessoas não são condenadas à

morte por apresentar sintomas de alguma doença, seja ela pneumonia,

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