antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

adilio.mouracosta
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13.08.2023 Views

David: Não! Podemos continuar sendo amigos, desde que você admita que éuma pessoa inferior, de outra categoria. Só quero lembrá-la de me respeitara partir de agora, e quero que perceba que vou tratá-la com superioridade,pois sou melhor que você. Podemos concluir isso a partirdaquele nosso pressuposto: valor = realizações. Lembra daquela opiniãoque você defende? Eu realizei mais coisas, portanto tenho mais valor.Você: Bom, espero não encontrá-lo de novo tão cedo, David. Não foi um prazerfalar com você.Esse diálogo tranquiliza rapidamente a maioria das pessoas, pois mostra queesse sistema de classificação como inferior ou superior é uma consequência lógicaquando alguém nivela o seu valor pelas suas realizações. Na verdade, muitas pessoassentem-se inferiores. A encenação pode ajudar a ver o quanto esse pressuposto éabsurdo. No diálogo anterior, quem estava agindo feito um idiota? A dona de casa/professora feliz ou o executivo arrogante tentando convencer que era melhor que osoutros? Espero que essa conversa imaginária o ajude a ver claramente o quanto osistema inteiro é maluco.Se quiser, podemos fazer uma inversão de papéis para fechar com chave de ouro.Desta vez você faz o papel da pessoa bem-sucedida, e quero que tente me humilharda maneira mais sádica que puder. Você pode fingir que é a editora da revista Cosmopolitan,Helen Gurley Brown 21 . Estudamos juntos no colégio; hoje sou apenasum professor de Ensino Médio, e sua tarefa é argumentar que você é melhor que eu.Você (fazendo o papel de Helen Gurley Brown): David, como tem passado?Há quanto tempo!David (fazendo o papel de um professor de Ensino Médio): Tudo bem. Eutenho uma pequena família e dou aulas para o Ensino Médio. Sou professorde Educação Física e estou aproveitando bastante a vida. Vejo quevocê se deu muito bem.Você: É, eu tive sorte, mesmo. Sou editora da Cosmopolitan, agora. Talvez tenhaouvido falar.David: É claro que sim. Já vi muitas entrevistas suas em programas de tevê.Ouvi dizer que ganha um dinheirão e tem até o seu próprio agente.Você: Minha vida está boa. É, está mesmo fantástica.David: Mas só tem uma coisa que ouvi a seu respeito e que realmente não entendi.Você andou conversando com um amigo nosso e dizendo que é21. Este é um diálogo totalmente imaginário, que não tem a menor relação com a verdadeira HelenGurley Brown.

muito melhor do que eu agora que se deu bem, enquanto a minha carreiraé medíocre. O que você quis dizer com isso?Você: Bom, David, quero dizer... É só pensar em tudo que conquistei na minhavida. Aqui estou eu, influenciando milhões de pessoas, e quem já ouviufalar de David Burns na Filadélfia? Eu convivo com celebridades, e vocêjoga basquete numa quadra com um bando de crianças. Não me leve amal. Com certeza, você é uma pessoa normal, educada e sincera. Só quenunca se deu bem, então pode muito bem encarar os fatos!David: Você causou um grande impacto, é uma mulher influente e famosa.Eu respeito muito isso, e parece ser bem empolgante e recompensador.Mas, por favor, perdoe a minha ignorância. Simplesmente não consigoentender como isso faz de você uma pessoa melhor. Como isso me tornainferior a você ou faz que tenha mais valor? Com a minha visão provinciana,não devo estar percebendo alguma coisa óbvia.Você: Vamos encarar, você só fica aí sentado falando com as pessoas, sem nenhummotivo especial. Eu tenho carisma. Faço as coisas acontecerem.Isso me dá uma certa vantagem, não acha?David: Bom, eu não falo com as pessoas sem nenhum motivo especial, mas talvezos meus motivos pareçam modestos comparados aos seus. Eu douaulas de Educação Física, sou treinador dos times locais de futebol e coisasdo gênero. Com certeza, o seu círculo social é maior e mais requintadoque o meu. Mas eu não entendo como isso faz de você uma pessoamelhor do que eu, ou por que significa que eu sou inferior a você.Você: Eu sou apenas mais evoluída e sofisticada. Penso em coisas mais importantes.Quando vou dar uma palestra, milhares de pessoas se reúnempara me ouvir. Escritores famosos trabalham para mim. Para quem vocêdá palestras? Para a APM local?David: Em termos de realizações, dinheiro e influência, com certeza você estámuito à frente de mim. Você se saiu muito bem. Você era muito inteligente,para começar, e se esforçou bastante. É um grande sucesso agora.Mas como isso faz você ter mais valor do que eu? Desculpe, mas aindanão entendi a sua lógica.Você: Eu sou mais interessante. É como comparar uma ameba a um estruturabiológica altamente desenvolvida. As amebas perdem a graça depois deum tempo. Estou querendo dizer que a sua vida deve ser como a de umaameba. Você só fica cambaleando sem rumo por aí. Eu sou uma pessoamais interessante, dinâmica, atraente; você não tem a mesma categoria.

David: Não! Podemos continuar sendo amigos, desde que você admita que é

uma pessoa inferior, de outra categoria. Só quero lembrá-la de me respeitar

a partir de agora, e quero que perceba que vou tratá-la com superioridade,

pois sou melhor que você. Podemos concluir isso a partir

daquele nosso pressuposto: valor = realizações. Lembra daquela opinião

que você defende? Eu realizei mais coisas, portanto tenho mais valor.

Você: Bom, espero não encontrá-lo de novo tão cedo, David. Não foi um prazer

falar com você.

Esse diálogo tranquiliza rapidamente a maioria das pessoas, pois mostra que

esse sistema de classificação como inferior ou superior é uma consequência lógica

quando alguém nivela o seu valor pelas suas realizações. Na verdade, muitas pessoas

sentem-se inferiores. A encenação pode ajudar a ver o quanto esse pressuposto é

absurdo. No diálogo anterior, quem estava agindo feito um idiota? A dona de casa/

professora feliz ou o executivo arrogante tentando convencer que era melhor que os

outros? Espero que essa conversa imaginária o ajude a ver claramente o quanto o

sistema inteiro é maluco.

Se quiser, podemos fazer uma inversão de papéis para fechar com chave de ouro.

Desta vez você faz o papel da pessoa bem-sucedida, e quero que tente me humilhar

da maneira mais sádica que puder. Você pode fingir que é a editora da revista Cosmopolitan,

Helen Gurley Brown 21 . Estudamos juntos no colégio; hoje sou apenas

um professor de Ensino Médio, e sua tarefa é argumentar que você é melhor que eu.

Você (fazendo o papel de Helen Gurley Brown): David, como tem passado?

Há quanto tempo!

David (fazendo o papel de um professor de Ensino Médio): Tudo bem. Eu

tenho uma pequena família e dou aulas para o Ensino Médio. Sou professor

de Educação Física e estou aproveitando bastante a vida. Vejo que

você se deu muito bem.

Você: É, eu tive sorte, mesmo. Sou editora da Cosmopolitan, agora. Talvez tenha

ouvido falar.

David: É claro que sim. Já vi muitas entrevistas suas em programas de tevê.

Ouvi dizer que ganha um dinheirão e tem até o seu próprio agente.

Você: Minha vida está boa. É, está mesmo fantástica.

David: Mas só tem uma coisa que ouvi a seu respeito e que realmente não entendi.

Você andou conversando com um amigo nosso e dizendo que é

21. Este é um diálogo totalmente imaginário, que não tem a menor relação com a verdadeira Helen

Gurley Brown.

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