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antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

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vida. Esses erros eram dele, e não dela. Portanto, ao assumir a responsabilidade por

seu humor e seus atos, ela estava se responsabilizando por algo que estava fora do seu

controle. O máximo que se poderia esperar dela era que tentasse ajudá-lo, o que

vinha fazendo dentro dos limites da sua capacidade.

Ressaltei que foi uma pena ela não ter tido o discernimento necessário para

evitar sua morte. Se tivesse se dado conta de que ele estava prestes a fazer uma nova

tentativa de suicídio, ela teria intervindo de todas as maneiras possíveis. Contudo,

uma vez que não tinha esse discernimento, não lhe foi possível intervir. Portanto, ao

se culpar pela morte dele, ela estava presumindo sem a menor lógica que pudesse

prever o futuro com absoluta certeza, e que tinha todo o conhecimento do universo

à sua disposição. Como essas duas expectativas não eram nada realistas, não havia

razão para se menosprezar. Apontei que nem mesmo os terapeutas profissionais são

infalíveis em seu conhecimento da natureza humana, e frequentemente deixam-se

enganar por pacientes suicidas apesar de sua suposta experiência.

Por todas essas razões, era um grande erro considerar-se responsável pelo seu

comportamento porque, definitivamente, ela não tinha controle sobre ele. Enfatizei

que ela era responsável pela sua própria vida e bem-estar. Nessa hora ela se deu conta

de que estava agindo de forma irresponsável, não porque “deixou-o triste”, mas

porque estava se permitindo ficar deprimida e considerando seu próprio suicídio.

A coisa responsável a fazer era recusar qualquer sentimento de culpa e acabar com

a depressão, depois procurar viver com felicidade e satisfação. Isso seria agir de maneira

responsável.

Após essa discussão Kay apresentou uma rápida melhora em seu humor. Ela atribuiu

isso a uma profunda mudança em sua atitude. Percebeu que havíamos exposto

as concepções equivocadas que a faziam querer se matar. Então decidiu continuar

a terapia por algum tempo para tentar melhorar a qualidade da sua própria vida, e

afastar a sensação crônica de opressão que a havia atormentado por muitos anos antes

do suicídio de seu irmão.

TRISTEZA SEM SOFRIMENTO

Surge, então, a pergunta: Como seria uma “tristeza saudável” que não está totalmente

contaminada pela distorção? Ou, em outras palavras ‒ a tristeza precisa

necessariamente envolver sofrimento?

Embora eu não possa afirmar saber a resposta definitiva para essa pergunta,

gostaria de compartilhar uma experiência que tive quando era um estudante de Medicina

inseguro e fazia meu plantão clínico no setor de urologia do hospital do Centro

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